TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO TOCANTINS

Transcrição

1 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO TOCANTINS 29ª ZONA ELEITORAL DE PALMAS PUBLICAÇÃO EM MURAL ELETRÔNICO Nº 2740/2016 CONTEÚDO DA DECISÃO RP Nº Classe REPRESENTAÇÃO REPRESENTANTE: COLIGAÇÃO "PALMAS BEM CUIDADA" REPRESENTANTE: CARLOS ENRIQUE FRANCO AMASTHA REPRESENTADO: RAUL DE JESUS LUSTOSA FILHO REPRESENTADA: COLIGAÇÃO CORAGEM PRA FAZER DIFERENTE JUIZ: LUIZ ASTOLFO DE DEUS AMORIM SENTENÇA PROTOCOLO N.º 35527/2016 REPRESENTANTES: COLIGAÇÃO PALMAS BEM CUIDADA e CARLOS ENRIQUE FRANCO AMASTHA ADVOGADOS: LEANDRO MANZANO SORROHE (OAB/TO N.º 4792) e outros REPRESENTADOS: COLIGAÇÃO CORAGEM PRA FAZER DIFERENTE e RAUL DE JESUS LUSTOSA FILHO ADVOGADOS: RIVADAVIA VITORIANO DE BARROS GARÇÃO (OAB/TO N.º 1803), MARCELO WALACE DE LIMA (OAB/TO N.º 1954) e PEDRO HENRIQUE HOLANDA AGUIAR FILHO (OAB/TO n.º 4737) e outros SENTENÇA A Coligação Palmas Bem Cuidada e o candidato a Prefeito Carlos Henrique Franco Amastha, representados por advogados, ajuizaram a presente Representação por Propaganda Irregular com Pedido de Liminar c/c Pedido de Direito de Resposta em face do candidato a Prefeito Raul de Jesus Lustosa Filho e a Coligação Coragem Pra Fazer Diferente (fls. 02/39). Alegam os representantes que a Coligação Coragem Pra Fazer Diferente e seu candidato ao cargo de Prefeito, veicularam, no horário reservado a propaganda eleitoral em inserções exibidas nos dias 26 e 27/08/2016, as seguintes afirmações, as quais seriam absolutamente inverídicas: a) RAUL CONSTRUIU MAIS DE OITO MIL CASAS DE QUALIDADE E DEIXOU EM CONSTRUÇÃO TODAS AS CASAS QUE FORAM ENTREGUES PELO ATUAL PREFEITO e; b) que Raul DEIXOU EM CONSTRUÇÃO TODAS AS CASAS QUE FORAM ENTREGUES PELO ATUAL PREFEITO. Os Representantes juntaram aos autos documentos nos quais alegam comprovarem a inverdade das afirmações acima transcritas. Foi juntada, igualmente, mídia contendo a gravação da propaganda objurgada e

2 a contra-fé exigida pela legislação eleitoral. Requereram, ao final: a) a concessão de medida liminar inaudita altera pars para que seja determinada a imediata retirada da propaganda eleitoral irregular, fixando multa de R$ 500,00 por inserção veiculada de modo irregular; b) a notificação dos representados para, querendo, apresentarem defesa nos termos do art. 8º da Resolução TSE n.º 23462; c) a procedência da presente representação, reconhecendo a prática de veiculação de propaganda eleitoral irregular, ensejando a aplicação das sanções legais cabíveis, bem como o deferimento do pedido de direito de resposta, nos termos do art. 58, 3º, III, da Lei n.º 9.504/97; d) no mesmo prazo de defesa, requer a expedição de ofício para que a emissora de televisão informe a quantidade de inserções, objeto da presente representação, veiculadas nos dias 26 e 27 de agosto de Em sede de análise liminar houve o indeferimento do pedido de retirada imediata da propaganda eleitoral, conforme decisão de fls. 42/43, uma vez que, nos termos, argumentos e fundamentos, não restou devidamente caracterizado o requisito fumus boni juris, tendo, a referida decisão sido publicada no mural eletrônico n.º 2000/2016 no dia 28/08/2016 às 10H47MIN. Os requeridos foram notificados por meio de ciência da decisão no dia 28/08/2016 às 10H00MIN, conforme fls. 46 e apresentaram resposta no dia 29/08/2016, às 11H59MIN. Em sua manifestação alegaram que o material probatório utilizado não é instrumento hábil para provar que o Representado Raul filho não construiu mais de oito mil casas populares e que no site informado há vários contratos de Habitação, assinados na gestão , os quais não foram citados pelos representantes. Os autos foram remetidos ao Ministério Público Eleitoral em 28/08/2016, tendo o parquet apresentado manifestação pela procedência da representação no dia 30/08/2016, às 10H43MIN, aduzindo que houve a veiculação de afirmações sabidamente inverídicas, com intenção clara de causar impressão negativa junto ao eleitorado. Retornaram os autos conclusos. É o relatório. Decido. A Resolução TSE n.º /2015, a qual trata sobre propaganda eleitoral, utilização e geração do horário gratuito e condutas ilícitas em campanha eleitoral nas eleições de 2016, dispõe em seu art. 6º que: Art. 6º A propaganda, qualquer que seja sua forma ou modalidade, mencionará sempre a legenda partidária e só poderá ser feita em língua nacional, não devendo empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais (Código Eleitoral, art. 242 e Lei nº /2002, arts. 1º e 2º). No caso em apreciação, confrontando-se a afirmação feita na propaganda eleitoral dos representados com os dados apresentados às fls. 4-7, os quais foram extraídos do site da CAIXA relativo ao acompanhamento de obras oriundas de convênios com o poder público, denota-se que tal afirmação foi altamente imprecisa e transmite um caráter absoluto, no sentido de fomentar na mente do receptor da propaganda eleitoral a ideia de supervalorizar o candidato representado, bem como desvalorizar o atual gestor e candidato à reeleição, posto ficar clara a informação de que o candidato representante não teria contratado ou construído casa popular alguma para a população de Palmas durante a sua gestão. Tal fato, portanto, traz um desequilíbrio na competição eleitoral, que só pode ser

3 restaurado através do direito de resposta, como bem se vê na jurisprudência, aqui colacionada: E M E N T A - RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. DIREITO DE RESPOSTA. ART. 58 DA LEI N.º 9.504/97. PROPAGANDA ELEITORAL EM HORÁRIO GRATUITO. INFORMAÇÃO INVERÍDICA E DIFAMATÓRIA. MANIFESTAÇÕES QUE ULTRAPASSAM O LIMITE DAS CRÍTICAS ÁSPERAS. OFENSIVIDADE. IMPROVIMENTO. A veiculação de informações acerca de fatos relacionados a candidato, em horário reservado a propaganda eleitoral, deve cingir a críticas, mesmo que ásperas, não se permitindo que se desdobre para afirmações inverídicas, causando desequilíbrio entre as forças políticas e atingindo ilegalmente a intenção de voto, posto que ofendem bens jurídicos dispostos no aludido art. 58 da Lei das Eleicoes, com desconfiguração das críticas normais e inerentes ao jogo político/democrático do período eleitoral.restando claro que foram divulgados fatos, pertinentes a realizações do candidato enquanto prefeito, que não condizem com a realidade, distorcendo as críticas para atingir ofensivamente o adversário, com falas inverídicas, cabível o exercício do direito de resposta, como meio de restaurar a verdade e readequar o debate político.recurso improvido, mantendo a sentença que deferiu o direito de resposta. (TRE-MS - RE: MS, Relator: ARY RAGHIANT NETO, Data de Julgamento: 27/09/2012, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 27/09/2012) RECURSO. REPRESENTAÇÃO. DIREITO DE RESPOSTA. JUIZ AUXILIAR. RECEBIMENTO DE CASA PRÓPRIA. AFIRMAÇÃO SABIDAMENTE INVERÍDICA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. PRESENÇA DE INFRAÇÃO APTA A ENSEJAR TAL CONDENAÇÃO. NÃO VERIFICAÇÃO. RECURSOIMPROVIDO. Improcede a alegação de que não houve na propaganda impugnada afirmação sabidamente inverídica, mas apenas em estratégia de marketing, porquanto a propaganda impugnada afirmou expressamente que famílias receberam a casa própria em Mato Grosso do Sul, o que se comprovou nos autos não ser a necessária verdade. Os documentos trazidos aos autos atestam um total de casas, mas em variados estágios de execução: casas inauguradas (14.235), casa concluídas (4.161), obras a contratar (1.114), obras contratadas e não iniciadas (7.790), obras não iniciadas (3.130), obras a iniciar (1.053) e obras em andamento (8.189). É evidente que não pode ter sido recebida uma casa que sequer foi construída, pelo que os representados veicularam informação falseada quando quiseram fazer crer que famílias teriam recebido a casa própria, com todos os seus consectários. O ato de entrega deve ser entendido como levado a efeito após a conclusão da construção, ou seja, tem-se como apoderar-se fisicamente do objeto, entrar na posse de (algo), obter ou alcançar o gozo de. A bem dizer, embora a população possa ter sido cadastrada para ser beneficiada pelo programa habitacional, ou mesmo inscrita ou até sorteada para o recebimento da casa própria, tais situações não permitem ao governante considerar cumprida a extensão desse benefício social, haja vista fases atuais contempladas pelo Relatório das Obras Habitacionais, pelo que permite concluir pela falsidade dos números apresentados. Não obstante a ocorrência de afirmação sabidamente inverídica na propaganda impugnada, a expressão No governo sério a competência faz a diferença. André 15 (quinze) Governador, cuida-se de associar o candidato à reeleição e ora recorrente à significativa marca no programa habitacional do Estado, além de, eventualmente, comparar a atual administração com o governo antecessor, cujo candidato, trata-se de seu principal adversário neste pleito eleitoral, o qual é atingido ainda que indiretamente pelo conteúdo da publicidade, demonstrando assim a necessidade de concessão da reposta deferida. No que toca à litigância de má-fé, não há presença de infração apta a ensejar tal condenação. Provimento negado, confirmando-se a decisão que julgou procedente as representantes, concedendo o direito de

4 resposta. RECURSO. REPRESENTAÇÃO. DIREITO DE RESPOSTA. JUIZ AUXILIAR. RECEBIMENTO DE CASA PRÓPRIA. AFIRMAÇÃO SABIDAMENTE INVERÍDICA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. PRESENÇA DE INFRAÇÃO APTA A ENSEJAR TAL CONDENAÇÃO. NÃO VERIFICAÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. Improcede a alegação de que não houve na propaganda impugnada afirmação sabidamente inverídica, mas apenas em estratégia de marketing, porquanto a propaganda impugnada afirmou expressamente que famílias receberam a casa própria em Mato Grosso do Sul, o que se comprovou nos autos não ser a necessária verdade. Os documentos trazidos aos autos atestam um total de casas, mas em variados estágios de execução: casas inauguradas (14.235), casa concluídas (4.161), obras a contratar (1.114), obras contratadas e não iniciadas (7.790), obras não iniciadas (3.130), obras a iniciar (1.053) e obras em andamento (8.189). É evidente que não pode ter sido recebida uma casa que sequer foi construída, pelo que os representados veicularam informação falseada quando quiseram fazer crer que famílias teriam recebido a casa própria, com todos os seus consectários. O ato de entrega deve ser entendido como levado a efeito após a conclusão da construção, ou seja, tem-se como apoderar-se fisicamente do objeto, entrar na posse de (algo), obter ou alcançar o gozo de. A bem dizer, embora a população possa ter sido cadastrada para ser beneficiada pelo programa habitacional, ou mesmo inscrita ou até sorteada para o recebimento da casa própria, tais situações não permitem ao governante considerar cumprida a extensão desse benefício social, haja vista fases atuais contempladas pelo Relatório das Obras Habitacionais, pelo que permite concluir pela falsidade dos números apresentados. Não obstante a ocorrência de afirmação sabidamente inverídica na propaganda impugnada, a expressão No governo sério a competência faz a diferença. André 15 (quinze) Governador, cuida-se de associar o candidato à reeleição e ora recorrente à significativa marca no programa habitacional do Estado, além de, eventualmente, comparar a atual administração com o governo antecessor, cujo candidato, trata-se de seu principal adversário neste pleito eleitoral, o qual é atingido ainda que indiretamente pelo conteúdo da publicidade, demonstrando assim a necessidade de concessão da reposta deferida. No que toca à litigância de má-fé, não há presença de infração apta a ensejar tal condenação. Provimento negado, confirmando-se a decisão que julgou procedente as representantes, concedendo o direito de resposta.(representação nº , Acórdão nº 6827 de 28/09/2010, Relator (a) RENATO TONIASSO, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 28/09/2010 ) TRE-MS - RP: MS, Relator: RENATO TONIASSO, Data de Julgamento: 28/09/2010, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 28/09/2010) Ademais, os documentos apresentados e constantes às fls demonstram de maneira inquestionável, de fácil percepção, que a atual gestão da Prefeitura de Palmas teria firmado contratos habitacionais no período de 2013 a 2016 com a Caixa Econômica Federal, restando, assim, evidenciada inverídica a informação veiculada. Portanto, DEFIRO o DIREITO DE RESPOSTA proporcional a ofensa, devendo o mesmo ser veiculado em inserções, em quantias idênticas veiculadas nos dias 26 e 27/08/2016, no horário da propaganda eleitoral de inserções majoritárias dos representados. Sirva-se o oficial do presente como mandado. Palmas, 30 de agosto de 2016 Luiz Astolfo de Deus Amorim Juiz Eleitoral

5 PALMAS - TO, 30 de Agosto de 2016 (original assinado) Juiz Eleitoral LUIZ ASTOLFO DE DEUS AMORIM JUIZ DE ZONA ELEITORAL Certifico que a(o) presente SENTENÇA, proferido(a) em 30 de Agosto de 2016, foi publicado(a) em Mural Eletrônico, sob nº 2740/2016, com fundamento no(a) Portaria TRE-TO n⺠338/2016. Do que eu, ADILSON CUNHA SILVA, lavrei em 30 de Agosto de 2016 às 14:05 horas.