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1 Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins PJe - Processo Judicial Eletrônico 28/09/2016 Número: Classe: MANDADO DE SEGURANÇA Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral Órgão julgador: Gabinete Juiz de Direito 2 - Agenor Alexandre da Silva Última distribuição : 28/09/2016 Valor da causa: R$ 0.0 Processo referência: Assuntos: Divulgação de Fatos Inverídicos na Propaganda Eleitoral, Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Horário Eleitoral Gratuito/Inserções de Propaganda, Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Truncagem, Montagem, Utilização de Gravação Externa, Computação Gráfica, Desenho Animado ou Efeito Especial Objeto do processo: Trata-se de Mandado de Segurança com pedido de LIMINAR, interposto por WALTER BARROSO VITORINO JÚNIOR, candidato ao cargo de Prefeito pela COLIGAÇÃO "COMPROMISSO E RESPEITO POR VOCÊ "(PSDB/ PRTB/ PSL, PTN/ PHS), com o fito de fazer cessar a propaganda eleitoral irregular nos autos da Representação , tendente a caluniar, difamar e injuriar, além de denegrir a imagem do impetrante junto a população de Gurupi. Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Partes Tipo Nome ADVOGADO FISCAL DA LEI IMPETRANTE IMPETRADO REGES DE SOUZA SOARES Procuradoria Regional Eleitoral WALTER BARROSO VITORINO JUNIOR Juízo da 2ª Zona Eleitoral Id. Data da Assinatura Documento Documentos /09/ :35 Decisão Decisão Tipo

2 MANDADO DE SEGURANÇA Nº PROCEDÊNCIA: GURUPI ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA PEDIDO DE CONCESSÃO DE LIMINAR IMPETRANTE: WALTER BARROSO VITORINO JÚNIOR ADVOGADO: RÉGES DE SOUZA SOARES OAB/TO 5943 ADVOGADO: SADRAQUE NÓBREGA CAVALCANTE OAB/TO 5842 IMPETRADO: JUÍZO ELEITORAL DA 2ª ZONA ELEITORAL DE GURUPI/TO RELATOR: JUIZ AGENOR ALEXANDRE DA SILVA DECISÃO Cuida-se de Mandado de Segurança ajuizado pelo candidato a prefeito WALTER BARROSO VITORINO JÚNIOR contra ato do juízo eleitoral da 2ª Zona Eleitoral de Gurupi/TO que, na representação eleitoral protocolo n.º /2016, indeferiu pedido de liminar inaudita altera pars para determinar a imediata cessação da veiculação (televisão), do Facebook e do Youtube, tanto do perfil do prefeito Laurez Moreira como dos seus asseclas (sic), as propagandas eleitorais produzidas a partir de conteúdo vedado em lei. Alega a teratologia da decisão que ora combate por meio do presente remédio constitucional, reside no fato do juiz eleitoral permitir a propagação de propaganda que ridiculariza o candidato. Sustenta estarem presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, pois a legislação eleitoral veda a utilização do horário eleitoral para denegrir a imagem do candidato, bem como veda a utilização de montagens, trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais sendo que amanhã é o último para a propaganda na televisão, devendo a Justiça Eleitoral paralisar a propaganda vedada por lei. Foi apresentado em anexo os vídeos que estariam sendo divulgados pelo candidato a prefeito Laurez Moreira em sua propaganda na televisão. Num Pág. 1

3 É o relatório do necessário. O mandado de segurança é remédio de natureza excepcional, a ser manejado para proteger direito líquido e certo, violado por ato ilegal ou proferido com abuso de poder. Em se tratando de decisão judicial, necessário ainda que dela não caiba recurso previsto em lei, para que o mandado de segurança possa ser admitido (art. 5º, II, da Lei n.º /2009). Para a concessão da medida liminar, o julgador deve cercar-se de requisitos que lhe assegurem a necessidade da medida, sobretudo à demonstração da existência da fumaça do bom direito ( fumus boni juris ) e do perigo da demora ( periculum in mora), de forma a evidenciar prejuízo irreparável ao representante acaso concedido provimento judicial tardio. O Impetrante ajuizou Representação Eleitoral perante o juízo da 2º zona eleitoral de Gurupi a fim de que lhe fosse concedida liminar para suspender a veiculação de propaganda que, em tese, teria o objetivo de criar, no eleitor, estado emocional diverso da realidade sugerindo que o candidato da coligação representante estaria fazendo uso dessa propaganda para caluniar, difamar e injuriar o mesmo, além de denegrir sua imagem junto à população de Gurupi, tais vídeos tem sido divulgados na propaganda veiculada na televisão do candidato a prefeito Laurez. Sobre o assunto, dispõe o art. 45 da Resolução do TSE nº /2014: Art. 45. A partir de 1º de julho do ano da eleição, é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e noticiário: I - transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados; II - usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito; III - veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes; IV - dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação; Num Pág. 2

4 (...) VI - divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome do candidato ou com a variação nominal por ele adotada. Sendo o nome do programa o mesmo que o do candidato, fica proibida a sua divulgação, sob pena de cancelamento do respectivo registro. (...) 4 o Entende-se por trucagem todo e qualquer efeito realizado em áudio ou vídeo que degradar ou ridicularizar candidato, partido político ou coligação, ou que desvirtuar a realidade e beneficiar ou prejudicar qualquer candidato, partido político ou coligação. 5 o Entende-se por montagem toda e qualquer junção de registros de áudio ou vídeo que degradar ou ridicularizar candidato, partido político ou coligação, ou que desvirtuar a realidade e beneficiar ou prejudicar qualquer candidato, partido político ou coligação 6 o É permitido ao partido político utilizar na propaganda eleitoral de seus candidatos em âmbito regional, inclusive no horário eleitoral gratuito, a imagem e a voz de candidato ou militante de partido político que integre a sua coligação em âmbito nacional. Os vídeos acostados demonstram que é, em tese, atribuído ao candidato Walter a realização de caixa dois em sua campanha, com trechos de gravação de sua voz, locução que sugere ao eleitor que o candidato não esta apto para governar o município, colocando os trechos que mais desfavorecem o candidato, podendo assim criar na consciência dos eleitores estados mentais ou passionais em desacordo com a legislação. Quanto ao conceito de trucagem ou montagem Leciona Joel J. Cândido ( CÂNDIDDO, Joel j. Direito eleitoral brasileiro 15ª ed., revista, atualizada e ampliada São Paulo: EDIPRO, 2012, p. 548/549.): Na trucagem, em essência, o agente dá ao conteúdo original de áudio ou vídeo um outro efeito qualquer, degradando ou ridicularizando a pessoa (o que o conteúdo original não fazia). Com o emprego desse efeito diverso, mesmo sem essas ofensas. Desvirtua a realidade (do conteúdo original) e, com isso, beneficia ou prejudica alguém. Já na montagem, o agente justapõe registros á peça original, retirada desta ou de outros vídeos ou áudios, chegando aos idênticos resultados da trucagem (prejuízo ou benefício) e que, lá como aqui, são indicados na norma. Num Pág. 3

5 No presente caso, entendo foram utilizados efeitos de edição para modificar o conteúdo original, com o corte, em tese, proposital de determinadas falas do impetrante desvirtuando, a priori, o conteúdo original. A Justiça Eleitoral deve intervir nesses casos para garantir a lisura e equilíbrio do pleito eleitoral, resguardando a moralidade e a igualdade de oportunidades entre os candidatos, além do que protege o direito à privacidade a intimidade, cujos direitos personalíssimos são protegidos em nível constitucional. Assim, a princípio, vislumbra-se o perigo da demora, posto que amanhã dia 29 de setembro é o último dia para a veiculação de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Ante o exposto, DEFIRO A LIMINAR pleiteada neste particular, para determinar que o candidato a prefeito Laurez Moreira e sua Coligação se abstenham de exibir os vídeos acostados aos autos. Devendo a presente liminar ser comunicada imediatamente ao douto juiz eleitoral da 2ª zona eleitoral para que faça cumprir a presente decisão comunicando as emissoras de rádio e televisão locais para que deixem de veicular os referidos vídeos. Fixo multa diária no valor de ,00(dez mil reais) por descumprimento para cada um dos representados. Palmas, 28 de setembro de Juiz Agenor Alexandre da Silva Relator Num Pág. 4

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