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1 Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso PJe - Processo Judicial Eletrônico 20/07/2018 Número: Classe: REPRESENTAÇÃO Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral Órgão julgador: Juiz de Direito 2 - Luís Aparecido Bortolussi Júnior Última distribuição : 18/07/2018 Valor da causa: R$ 0,00 Assuntos: Conduta Vedada a Agente Público Objeto do processo: Representação com pedido de tutela de urgência inaudita altera pars aviada pelo PARTIDO DA REPÚBLICA - PR/MT em desfavor de JOSE PEDRO GONÇALVES TAQUES, por suposta veiculação de propaganda institucional na página pessoal do representado em rede social facebook, cujas matérias foram produzidas pela assessoria de comunicação do governo do Estado de Mato Grosso (Onildo Cruz Filho, Natalino do Nascimento, Rodolfo Gil Baptista Perdigão e Robinson Leal Dos Anjos), quais sejam: em 05/07/2018, entrega de títulos definitivos a moradores do bairro CPA; em 04/07/2018, reforma do ganha tempo do centro de Cuiabá/MT; em 04/07/2018, depoimento da Sra Jurema a respeito da caravana da transformação e em 30/06/2018, diz respeito a reabertura do Complexo da Salgadeira. Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM Partes Procurador/Terceiro vinculado PR - PARTIDO DA REPÚBLICA - COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL DE MATO GROSSO (REPRESENTANTE) JOSE PEDRO GONCALVES TAQUES (REPRESENTADO) PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL (FISCAL DA LEI) Id. Data da Assinatura Documento Documentos MAURICIO JOSE CAMARGO CASTILHO SOARES (ADVOGADO) /07/ :04 Decisão Decisão Tipo

2 Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO MATO GROSSO REPRESENTAÇÃO Nº REPRESENTANTE: PR - PARTIDO DA REPÚBLICA - COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL DE MATO GROSSO REPRESENTADO: JOSE PEDRO GONCALVES TAQUES Vistos etc. Trata-se de REPRESENTAÇÃO ELEITORAL POR CONDUTA VEDADA À AGENTE PÚBLICO (com pedido de tutela de urgência inaudita altera pars), com fulcro nos artigos 73 da Lei n.º 9.504/1997 e 22 da Lei Complementar n.º 64/90, interposta pela Comissão Provisória do Partido da República (PR/MT) em desfavor de Pedro Gonçalves Taques. O representante alega que o representado retirou do site do governo ( as publicidades institucionais lá constantes, produzidas pela assessoria de comunicação do Governo do Estado de Mato Grosso, à custa do erário e as publicou em sua página pessoal no facebook ( que continuam disponíveis para visualização a todo cidadão. Aduz que a primeira matéria, publicada em 05 de julho de 2018, diz respeito à entrega de títulos definitivos a moradores do bairro CPA; a segunda, publicada em 04 de julho de 2018, diz respeito à reforma do ganha tempo ; a terceira, publicada também em 04 de julho de 2018, diz respeito ao depoimento de cidadã a respeito da caravana da transformação; e a quarta, publicada em 30 de junho, diz respeito à reabertura do Complexo Turístico da Salgadeira. Afirma que as propagandas apontadas não deixam dúvidas de que são institucionais, eis que contém símbolos do governo e são realizadas por profissionais custeados com erário público, e que estariam vedadas em face do art. 73, inciso VI, inciso b, da Lei n.º 9.504/1997. Entende que, no período vedado pela lei, ou seja, nos três meses que antecedem o pleito, as propagandas institucionais não deveriam fazer constar em qualquer meio de comunicação, seja site, rede social, rádio ou televisão. Argumenta, o representante, ainda, que não é o que se vê. o representado para dar ares de Num Pág. 1

3 legalidade, retirou a propaganda do site do Governo mas manteve-a em sua página oficial, incidindo assim, tal conduta na alínea b), VI do artigo 73 da lei das eleições. (sic) Sustenta que não se insurge contra as publicações realizadas pelo representado de próprio punho (tais fatos serão apurados em momento e ação própria), o que se busca combater na presente representação é especificamente a veiculação em período vedado de propaganda institucional, custeada e produzida com dinheiro público, pois entendemos que a permanência desta espécie de propaganda seja onde for, caracteriza a conduta vedada, ainda mais se levarmos em consideração que a mesma encontra-se publicada na página oficial do governador do estado, ora representado. (sic) Verbera que sejam concedidos os efeitos da tutela de urgência porquanto o parágrafo 4.º, do artigo 73, da Lei das Eleições dispõe que o descumprimento do disposto no mencionado artigo acarretará a suspensão imediata da conduta vedada. Pondera que a fumaça do direito, já está demonstrada na conduta vedada praticada pelo representado, que vem, inadvertidamente, mantendo em sua página oficial, publicidade institucional, dentro do período vedado. Quanto ao perigo da demora, defende que, caso não seja concedida a liminar, o prejuízo será inevitável, porquanto mais e mais eleitores poderão ter acesso as matérias, que contém forte cunho eleitoral apelativo. Afirma que, até o presente momento somente uma das matérias teve mais de 2,9 mil visualizações. Por outro lado, a página oficial do representado, conta com mais de 160 mil curtidas. Tais fatos reforçam o perigo da demora a fim de justificar a concessão da liminar. Com base nesses argumentos, requer seja concedida, inaudita altera pars, a Tutela de Urgência, para que o representado retire imediatamente da sua pagina oficial, sob pena de multa diária, as propagandas institucionais, especialmente as mencionadas nos links: a) ( b) ; c) e d) Requer, ainda, em caso de descumprimento, seja o Facebook oficiado para que promova a retirada dos referidos links da rede social. É o breve relatório. Decido. Num Pág. 2

4 Ab initio, pontuo, que conforme o art. 2.º da Resolução TRE/MT n.º 2.092/2017, a competência jurisdicional das representações que tenham por objetivo apurar as hipóteses previstas nos Arts. 23, 30-A, 41-A, 3., 45, inciso VI, 73, 74, 75 e 77 da Lei n.º 9.504/97, é dos Juízes-Membros deste e. Tribunal Regional Eleitoral. Isto posto, passo a análise do pedido de tutela de urgência formulado. O Código de Processo Civil inovou ao suprimir a diferenciação existente entre os requisitos necessários ao deferimento da tutela cautelar e da tutela antecipada. Hodiernamente, o que se tem é a chamada Tutela de Urgência, que pode ter natureza satisfativa ou assecuratória. Para o deferimento da tutela de urgência exige-se (CPC/2015, artigo 300): a) elementos que evidenciem a probabilidade do direito; e b) o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Cassio Scarpinella Bueno, sobre o tema, assim leciona: A concessão da Tutela Provisória de Urgência pressupõe: a) probabilidade do direito e b) perigo de dano ou o risco do resultado útil do processo (art. 300, caput). O magistrado pode exigir prestação de caução dos danos a serem suportados pelo requerido, ressalvada, expressamente, a situação do hipossuficiente economicamente (art. 300, 1º). (BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, p.24). Compulsando os autos, vislumbra-se a existência do pressuposto que caracteriza a tutela de urgência provisória, consoante a prova documental acostada aos autos. Com efeito, no caso dos autos, o requerente alega que o representado teria cometido conduta vedada ao disponibilizar em sua página pessoal, em rede social, em período vedado pela Lei das Eleições, peças publicitárias produzidas pela assessoria de comunicação do Governo do Estado de Mato Grosso. Pois bem, como se sabe, a Lei das Eleições vedou aos agentes públicos, servidores ou não, no período de 3 (três) meses que antecedem o pleito, autorizar a produção de propaganda de atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, in verbis : Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: (...). VI - nos três meses que antecedem o pleito: (...). Num Pág. 3

5 b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral; (destaquei) Nesse passo, verifica-se que nas imagens gravadas nos vídeos, indicados pelo representante, é visualizado o brasão do Estado de Mato Grosso, sendo que, as matérias disponibilizadas são peças de divulgação de ações e programas de governo, tais como, inauguração do Complexo Salgadeira e realização da caravana da transformação, o que denota, em tese, a prática de propaganda institucional. Afere-se, também, que aludidas propagandas institucionais foram postadas, em rede social, entre dias 30 de junho e 05 de julho, permanecendo, até o presente momento, disponibilizadas, via internet, a todos que tem acesso à rede social, razão pela qual, se afigura propaganda em período vedado, uma vez que a legislação eleitoral proibiu a propaganda institucional a partir do dia 07 de julho (Resolução n.º /2017/TSE). Por oportuno, consigno que não ilide a vedação dessa propaganda o fato das matérias terem sido disponibilizadas em rede social antes do período proibitivo da propaganda institucional, pois, as matérias publicitárias trazidas à tona permanecem até o presente momento disponíveis para o acesso, em rede social. A respeito, cito os seguintes julgados: ELEIÇÕES AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO. CONDUTA VEDADA. PROPAGANDA INSTITUCIONAL. CARÁTER ELEITOREIRO. DESNECESSIDADE. PERÍODO VEDADO. MANUTENÇÃO. CONFIGURAÇÃO. DESPROVIMENTO. 1. A configuração da conduta vedada do art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/97 - proibição de publicidade institucional nos três meses que antecedem a eleição - ante a natureza objetiva da referida norma independe do momento em que autorizada a publicidade, bastando a sua manutenção no período vedado. 2. A jurisprudência desta Corte é pacífica quanto ao fato de não ser necessário que a mensagem divulgada na publicidade institucional apresente caráter eleitoreiro para que fique caracterizada a conduta vedada do art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/97, bastando que ela seja veiculada nos três meses anteriores ao pleito. 3. Agravo regimental desprovido. (TSE, Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 60414, Acórdão de 17/12/2015, Relator(a) Min. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 041, Data 01/03/2016, Página 42/43) (destaquei) Recurso eleitoral. Conduta vedada. Propaganda institucional veiculada no sítio da Câmara Municipal e na rede social Facebook. Liminar deferida. Pedido procedente. (...). Mérito. Apesar de as postagens serem datadas de antes do período vedado, a sua manutenção nos três meses anteriores ao pleito, como é Num Pág. 4

6 o caso dos autos, atrai a penalidade por violação ao art. 73, VI 'b' da Lei nº 9.504/97. A responsabilidade do recorrente é irrefutável, porquanto a ele cabe, na condição de Chefe do Legislativo Municipal, acompanhar e supervisionar todos os órgãos da Prefeitura, ainda que por meio de seus servidores comissionados. Recomendação feita pelo Ministério Público Eleitoral entregue nas dependências da Câmara Municipal. Recurso a que se nega provimento. (TRE/MGRECURSO ELEITORAL nº 5924, Acórdão de 24/11/2016, Relator(a) ANTÔNIO AUGUSTO MESQUITA FONTE BOA, Publicação: DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Data 30/11/2016) (destaquei) Dessa forma, portanto, verifico que não se trata de propaganda acobertada por uma das ressalvas legais, sendo que a sua manutenção na rede social poderá causar considerável risco de desequilíbrio na disputa eleitoral. Assim, em juízo de cognição sumária e não exauriente, consubstanciada nos autos a necessidade da medida, como cautela, entendo que a medida liminar deve ser deferida, deixando para o julgamento do mérito a análise minuciosa acerca da prática de conduta vedada pela legislação eleitoral. Isto posto, com fulcro no art. 73, Inc. VI, b, da Lei n. 9504/97 e art. 77, Inc. VI, b, da Res /2017/TSE, concedo, inaudita altera pars, a liminar postulada para suspender aludida conduta vedada (propagandas institucionais noticiadas) e, para tanto, determino que o representado JOSÉ PEDRO GONÇALVES TAQUES, no prazo improrrogável de 24 (vinte e quatro) horas, providencie a retirada das matérias insertas em sua página pessoal do Facebook, mais precisamente, as vinculadas aos seguintes links: a) ; b) c) ; d) Fixo, para o caso de descumprimento, multa diária no valor de R$ ,00 (quinze mil reais) [Art. 73, IV, Lei 9.504/97 c.c. Art. 77, 4º., da Res /2017/TSE). CITE-SE José Pedro Gonçalves Taques para que, no prazo de cinco dias, querendo, apresente resposta, nos termos do art. 24, da Resolução n.º /2017/TSE. Após, vista à Procuradoria Regional Eleitoral. A seguir, à conclusão. Num Pág. 5

7 Intime-se o representante acerca desta decisão (art. 8.º, 5.º, da Resolução n.º /2017/TSE. Cumpra-se expedindo-se todos aos atos necessários. Cuiabá, 19 de julho de JUIZ(A) LUÍS APARECIDO BORTOLUSSI JÚNIOR RELATOR(A) Num Pág. 6