Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina Juízo da 90ª Zona Eleitoral Concórdia/SC

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1 AUTOS Nº: /2016 REPRESENTANTE: Rogério Luciano Pacheco e Coligação Concórdia Somos Todos Nós (PSDB/PR/PP/PSB/PSDC) REPRESENTADO: Coligação Somos Todos Concórdia (PT/PCdoB/PRB/PDT/ PSC/PROS). Vistos etc. ROGÉRIO LUCIANO PACHECO e a COLIGAÇÃO CONCÓRDIA SOMOS TODOS NÓS (PSDB/PR/PP/PSB/PSDC) formularam pedido de direito de resposta em desfavor da COLIGAÇÃO SOMOS TODOS CONCÓRDIA (PT/PCdoB/PRB/PDT/PSC/PROS). Narraram que no programa eleitoral gratuito de rádio veiculado no dia 22/09/2016, na parte da manhã, a Coligação Representada utilizou o espaço para lançar inverdade e de forma maliciosa e dar a entender o envolvimento do candidato a prefeito Rogério Pacheco em suposta má gestão ocorrida na UNC e seu afastamento da mesma, ainda, utilizaram fala do Candidato Rogério Luciano Pacheco fora de contexto para dar a entender que o mesmo esta com a vida ganha, como eles mesmo dizem em seu programa, passando para o ouvinte as inverdade, e confundindo o eleitor,... (sic) (fl. 02) Discorreram sobre o direito e requereram a concessão de direito de resposta. Não houve pedido liminar. Notificada, a Coligação Representada apresentou manifestação onde, em resumo, defendeu a improcedência do pedido de resposta, ao argumento de que no programa mencionado na exordial não foi feita menção expressa ao nome do Candidato Representante e, também, porque os fatos a que se fez alusão no programa eleitoral não são inverídicos. Juntou documentação.

2 pedido inaugural. O Ministério Público Eleitoral manifestou-se pela procedência do Os autos vieram conclusos, hoje, 25/09/2016, às 14h. É o relato. Decido. De início, impende mencionar que o direito de resposta encontra previsão legal no artigo 58 da Lei 9.504/97, cuja redação é reproduzida no art. 3º da Resolução TSE n /2015, que regulamenta tal instituto nas eleições de 2016: Art. 3º A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o exercício do direito de resposta ao candidato, ao partido político ou à coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social (Lei nº 9.504/1997, art. 58, caput). Já com relação aos requisitos da exordial de representação objetivando a concessão de direito de resposta, no que importa para os autos, dispõe: Art. 17. Serão observadas, ainda, as seguintes regras no caso de pedido de direito de resposta relativo à ofensa veiculada: [...] III - no horário eleitoral gratuito: a) o pedido deverá ser feito no prazo de vinte e quatro horas, contado a partir da veiculação do programa (Lei nº 9.504/1997, art. 58, 1º, inciso I); b) o pedido deverá especificar o trecho considerado ofensivo ou inverídico e ser instruído com a mídia da gravação do programa, acompanhada da respectiva degravação; [...] O Candidato Representante fundamenta seu pedido nas assertivas feitas durante o programa da Coligação Representada no horário de propaganda eleitoral gratuita da manhã do dia 22/09/2016, as quais foram transcritas na inicial e na manifestação do Ministério Público Eleitoral. A afirmações no programa eleitoral gratuito atacado dão conta de que Pacheco teria incorrido em irregularidades quando exercia da presidência de

3 Universidade em Concórdia e, logo após, menciona que o candidato diz que está com a vida resolvida. Pois bem. De fato, como observou o Ministério Público, atribuir genericamente fatos a pessoa nominada Pacheco, sem dizer a quem se está fazendo alusão, é informação apta a induzir em erro os eleitores. Nesse sentido, veja-se que o Candidato Representante, utiliza o nome Pacheco, como identificador de sua pessoa na campanha eleitoral, de modo que, fazer menção ao nome Pacheco sem qualquer referência ao prenome pode, perfeitamente, confundir eleitores, fazendo-os crer que as assertivas se referem ao Candidato, quando, pelos próprios documentos juntados com a defesa, tem-se que as afirmações se referem ao pai do Candidato Representante. Cabe anotar que o fato de o programa da Coligação Representada não ter feito menção expressa ao nome do Candidato Representante não tem qualquer relevância, por dois motivos: O primeiro, é que a norma de regência (art. 58 da Lei 9.504/97) prevê a concessão de direito de resposta também àqueles que são citados ainda que de forma indireta ; o segundo, é porque apesar de não mencionar expressamente o nome do Candidato, fez várias menções ao sobrenome Pacheco, que é o mesmo do Candidato Representante. Oportuno observar, mais uma vez, que não é inédito neste juízo eleitoral representações decorrentes da veiculação de material de propaganda eleitoral fazendo menção ao suposto envolvimento do Candidato Representado e ou seus familiares com possíveis práticas de irregularidades na Universidade UNC. Ocorre que em outros procedimentos já analisados por este juízo, alguns dos quais com pedidos negados, o material divulgado, apesar de visar o Candidato Representante, informava que quem administrou a Universidade e responde a processos seria familiar do Representante, ou mesmo indicava o seu genitor. Contudo, no caso em apreço, justamente em razão da forma como mencionados os fatos, a Coligação Representada não fez tal distinção e acabou por

4 apresentar declarações que podem induzir os ouvintes/eleitores a concluírem que quem administrou a Universidade e é acusado pela prática de atos de má gestão, seria o Candidato Representante, o que, repete-se, ao que consta, não é verdadeiro, porquanto, com já mencionado, quem administrou a citada Universidade foi o Sr. José Plínio Pacheco, pai do Candidato Representante. Com efeito, se a Coligação Representada optou por apresentar, de maneira velada e indireta, a sua versão acerca de fatos, sem explicar exatamente aquilo que dizia, tem o autor o direito de, agora, apresentar a sua versão da história para que, assim, os eleitores deste município, de posse de ambas as teses, possam conscientemente analisar e ponderar sobre os fatos. Desta feita, como já ficou claro pelo acima exposto, o DEFERIMENTO do direito de resposta é a medida que se entende cabível. A respeito da forma como deve se dar o exercício de tal instituto, retira-se da Resolução TSE n /2015: Art. 17. Serão observadas, ainda, as seguintes regras no caso de pedido de direito de resposta relativo à ofensa veiculada: [...] III - no horário eleitoral gratuito: a) o pedido deverá ser feito no prazo de vinte e quatro horas, contado a partir da veiculação do programa (Lei nº 9.504/1997, art. 58, 1º, inciso I); b) o pedido deverá especificar o trecho considerado ofensivo ou inverídico e ser instruído com a mídia da gravação do programa, acompanhada da respectiva degravação; c) deferido o pedido, o ofendido usará, para a resposta, tempo igual ao da ofensa, porém nunca inferior a um minuto (Lei nº 9.504/1997, art. 58, 3º, inciso III, alínea a); d) a resposta será veiculada no horário destinado ao partido político ou à coligação responsável pela ofensa, devendo dirigir-se aos fatos nela veiculados (Lei nº 9.504/1997, art. 58, 3º, inciso III, alínea b); e) se o tempo reservado ao partido político ou à coligação responsável pela ofensa for inferior a um minuto, a resposta será levada ao ar tantas vezes quantas forem necessárias para a sua complementação (Lei nº 9.504/1997, art. 58, 3º, inciso III, alínea c); f) deferido o pedido para resposta, a emissora geradora e o partido político ou a coligação atingidos deverão ser notificados imediatamente da decisão, na qual deverão estar indicados os períodos, diurno ou noturno, para a veiculação da resposta, sempre no início do programa do partido político ou da coligação, e, ainda, o bloco de audiência, caso se trate de inserção (Lei nº 9.504/1997, art. 58, 3º, inciso III, alínea d); g) o meio de armazenamento com a resposta deverá ser entregue à emissora geradora até trinta e seis horas após a ciência da decisão, para

5 veiculação no programa subsequente do partido político ou da coligação em cujo horário se praticou a ofensa (Lei nº 9.504/97, art. 58, 3º, inciso III, alínea e); h) se o ofendido for candidato, partido político ou coligação que tenha usado o tempo concedido sem responder aos fatos veiculados na ofensa, terá subtraído tempo idêntico do respectivo programa eleitoral; tratandose de terceiros, ficarão sujeitos à suspensão de igual tempo em eventuais novos pedidos de resposta e à multa no valor de R$ 2.128,20 (dois mil, cento e vinte e oito reais e vinte centavos) a R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta centavos) (Lei nº 9.504/1997, art. 58, 3º, inciso III, alínea f). Com base nas premissas legais supra, necessário consignar que, considerando o tempo utilizado para fazer menção ao Candidato Representante (entre e 3 55, totalizando 01 15, do programa eleitoral da manhã de 22/09/2016), o Direito de Resposta aos Representantes será pelo tempo igual ao da ofensa, ou seja, terá duração de um minuto e quinze segundos (alínea c); a resposta deverá ser veiculada no início do programa de rede da Coligação Representada, no período matutino (alínea f) e a mídia contendo a resposta deverá ser entregue à emissora geradora em até trinta e seis horas da ciência da presente decisão, sob pena de decadência do direito (alínea g). Ainda, a Resposta deverá ser veiculada uma única vez, pois não há informação de repetição do programa. Prudente anotar que, apesar de não ser passível de censura prévia, o direito de resposta deverá se ater aos fatos que motivaram a presente representação, sob pena de incorrer nas sanções da alínea h, acima transcrita. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o presente pedido de resposta formulado por ROGÉRIO LUCIANO PACHECO e COLIGAÇÃO CONCÓRDIA SOMOS TODOS NÓS (PSDB/PR/PP/PSB/PSDC) em desfavor da COLIGAÇÃO SOMOS TODOS CONCÓRDIA (PT/PCdoB/PRB/PDT/PSC/PROS) em razão da manifestação feita pela Representada em seu programa veiculado durante o horário eleitoral gratuito do dia 22/09/2016, no período matutino.

6 Consoante disposto na fundamentação, a resposta deverá ter duração de um minuto e quinze segundos, será veiculada uma única vez, no início do programa eleitoral gratuito de rede da Coligação Representada, no período matutino. A mídia contendo a resposta dos Representantes deverá ser entregue no prazo máximo de 36 horas a contar da intimação da presente decisão, sob pena de decadência. programas de rádio. Notifiquem-se as partes bem como a emissora geradora dos Publique-se. Registre-se. Intime-se. Transitada em julgado, arquivem-se. Concórdia, 25 de setembro de Lizandra Pinto de Souza Juíza Eleitoral 90ª Z.E.

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