Postula o suscitante a instituição de 6 (seis) cláusulas econômicas e sociais, constantes do rol

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1 Acórdão-SE1 DC DISSÍDIO COLETIVO. REIVINDICAÇÕES EM CONFORMIDADE COM AS TENDÊNCIAS NORMATIVAS APROVADAS PELA RESOLUÇÃO SDC Nº 002/99 DESTE TRIBUNAL. INSTITUIÇÃO. Instituem-se as reivindicações da categoria profissional que estão em harmonia com as tendências normativas aprovadas pela Resolução SDC nº 002/99 deste Egrégio Regional. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de DISSÍDIO COLETIVO, originários deste Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, SC, sendo suscitante SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CHAPECÓ E REGIÃO e suscitado SINDICATO DOS ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DA REGIÃO OESTE CATARINENSE. O SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CHAPECÓ E REGIÃO ajuizou o presente dissídio coletivo originário contra o SINDICATO DOS ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DA REGIÃO OESTE CATARINENSE. Postula o suscitante a instituição de 6 (seis) cláusulas econômicas e sociais, constantes do rol 01057/2010

2 DC de reivindicações, para vigência no período de 1º de maio de 2010 a 31 abril de Afirma que as negociações entre as partes, incluindo duas com mediação do órgão local do Ministério do Trabalho, foram exaustivas, porém fracassaram. Como proposta conciliatória, indica o reajuste salarial de 10% (dez por cento), o piso salarial único de R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais) e o deferimento das demais cláusulas. Salienta que o suscitado ofertou reposição integral do INPC e piso equivalente ao mínimo estadual, de acordo com a ata de reunião de negociação coletiva nº 05/2010 (fl. 76). Junta documentos (fls ) e atribui à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Na audiência de conciliação e instrução realizada em (fl. 125), o suscitante postulou aumento real de 1,7% mais o INPC (5,30%), totalizando um reajuste de 7% (sete por cento), bem como piso salarial de R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais), ao passo que o suscitado ofertou reposição integral do INPC (5,30%) e piso salarial de R$ 550,00 (quinhentos e cinquenta reais), a partir de abril de 2010, e R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais), a partir de outubro de 2010, com a ressalva de não vinculação ao salário mínimo regional. A tentativa de conciliação foi inexitosa. O suscitado apresenta contestação, arguindo as preliminares de extinção do processo, sem resolução do mérito, por ilegitimidade ativa ad causam,

3 DC ausência de pressuposto processual ante a não conclusão do processo de negociação e ausência de comum acordo. No mérito, manifesta-se sobre as reivindicações do suscitante (fls ). Junta documentos (fls ). O Ministério Público do Trabalho opina pelo acolhimento da preliminar de extinção do processo por ausência de comum acordo. No mérito, opina pela total improcedência do pedido (fls ). É o relatório. VOTO PRELIMINARES ARGUIDAS PELO SUSCITADO 1.ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM O suscitado argúi em contestação a preliminar de ilegitimidade ativa ad causam. Alega que o dissídio coletivo foi instaurado por sindicato profissional representante dos médicos veterinários cuja base territorial compreende todo o Estado de Santa Catarina, que convocou para a assembléia geral todos os trabalhadores por ele representados, sindicalizados ou não. Sustenta ainda a inobservância do quorum deliberativo previsto no art. 612 da CLT. É totalmente infundada a preliminar, a começar pela manifesta impropriedade e flagrante equívoco na indicação do suscitante - SINDICATO DOS TRABALHADORES EM

4 DC ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE CHAPECÓ E REGIÃO - como sendo representante dos médicos veterinários cuja base territorial compreende todo o Estado de Santa Catarina (fl. 128, grifei). Por outro lado, as atas da assembléia geral realizada nas principais cidades da base territorial do suscitante - São Miguel do Oeste, Xanxerê, Concórdia, Pinhalzinho, São Carlos, São Lourenço do Oeste, Palmitos e Chapecó (fls ), com deliberação em segunda convocação, e as respectivas listas de presença, com assinatura de dezenas de trabalhadores (fls ), comprovam a observância do quorum para instauração de dissídio coletivo previsto na parte final do art. 859 da CLT, ou seja, em segunda convocação, por 2/3 (dois terços) dos presentes. Ressalto que a Orientação Jurisprudencial nº 13 da SDC do TST, que condicionava a validade da assembléia deliberativa à observância do quorum estabelecido no art. 612 da CLT, foi cancelada em Essa exigência contrariava a expressa vedação constitucional de interferência do Poder Público na organização sindical (art. 8º, I, da CF). ativa ad causam. Rejeito a preliminar de ilegitimidade 2.AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL ANTE A NÃO CONCLUSÃO DO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO

5 DC O suscitado pede a extinção do processo, sem resolução do mérito, por ausência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo coletivo, em face da não conclusão do processo de negociação. Alega ter havido duas reuniões na Gerência Regional do Ministério do Trabalho e que, na última delas, o suscitante assumiu o compromisso de levar aos trabalhadores por ele representados a proposta formulada pelo suscitado. Diz que, antes mesmo de uma nova reunião para que o suscitante apresentasse concordância ou contraproposta, ele instaurou o dissídio coletivo, sem que as tratativas de negociação tivessem findado, afrontando assim o disposto no art. 616, 4º, da CLT. Deve ser rejeitada essa preliminar. De acordo com a ata da fl. 76, na segunda reunião entre as partes realizada na Gerência Regional do Trabalho de Chapecó, em , o suscitado e os demais requeridos apresentaram proposta de reposição integral do INPC e piso salarial de R$ 550,00 (quinhentos e cinquenta reais), a partir de abril de 2010, com a garantia de aplicação do piso salarial estadual, ressalvando eventual decisão judicial em contrário, a exemplo de julgamento de ação direta de inconstitucionalidade. Reiteraram os requeridos a impossibilidade de concessão de aumento real neste momento. Ao final da ata, está consignado que o suscitante ficou de levar a proposta à categoria, para posterior avaliação.

6 DC Ora, o simples fato de o suscitante ter instaurado o dissídio coletivo significa que a categoria profissional decidiu não aceitar a proposta apresentada pelo suscitado, sendo desnecessária uma terceira reunião entre as partes no órgão local do Ministério do Trabalho apenas para consignar essa recusa. Ademais, na audiência realizada, por delegação de competência, perante o MM. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de Chapecó, tanto o suscitante quanto o suscitado apresentaram nova proposta para conciliação entre as partes, mas, mesmo assim, a conciliação continuou inexitosa, conforme o termo de audiência da fl Rejeito a preliminar de ausência de pressuposto processual ante a não conclusão do processo de negociação. 3.AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO O suscitado argúi em contestação a preliminar de extinção do processo, sem resolução do mérito, por ausência de comum acordo. Alega que o dissídio coletivo foi instaurado unilateralmente pelo suscitante, afrontando a exigência constitucional do comum acordo. Ressalvado o entendimento deste Relator em sentido contrário, entendeu a douta maioria do Colegiado estar preenchido o pressuposto processual do comum acordo para ajuizamento do dissídio coletivo, previsto no 2º do art. 114 da Constituição Federal, com a

7 DC redação conferida pela Emenda Constitucional nº 45/2004, mormente em face das tratativas de negociação entre as partes, inclusive com apresentação de propostas pelo suscitado, na reunião realizada na Gerência Regional do Trabalho de Chapecó e na audiência de conciliação e instrução. Portanto, foi rejeitada a preliminar de ausência de comum acordo, arguida pelo suscitado. MÉRITO Passo a analisar, cláusula por cláusula, as reivindicações do suscitante. DE SALÁRIOS: 1 - CORREÇÃO SALARIAL E AUMENTO REAL Reivindica correção salarial de 10% (dez por cento), a partir de 1º de abril de 2010 (que é a data-base da categoria, conforme a CCT vigente no período imediatamente anterior - fls ). Registro que o índice INPC-IBGE acumulado no período de 12 meses anterior à data-base ficou em 5,30% (cinco vírgula trinta por cento), conforme tabela do Setor de Contadoria deste Regional. Destaco, por oportuno, que na audiência de conciliação e instrução realizada em

8 DC (fl. 125), o suscitante apresentou como proposta para conciliação um aumento real de 1,7% mais o INPC (5,30%), totalizando um reajuste de 7% (sete por cento), bem como piso salarial de R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais), e o suscitado apresentou proposta de reposição integral do INPC (5,30%) e piso salarial de R$ 550,00 (quinhentos e cinquenta reais), a partir de abril de 2010, e R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais), a partir de outubro de 2010, com a ressalva de não vinculação ao salário mínimo regional. Considerando a proposta apresentada pelo suscitado em audiência, de reposição integral do INPC (5,30%), e que não se deve assegurar aumento real de salários em sede de sentença normativa, instituo a reivindicação, de acordo com a Tendência Normativa nº 1, aprovada pela Resolução SDC nº 002/99, alterando-se o índice de reajuste salarial: Cláusula 1ª - REAJUSTE SALARIAL: os salários dos integrantes da categoria profissional serão reajustados a partir de 1 º , pela aplicação do índice correspondente a 5,30% (cinco vírgula trinta por cento), compensados os adiantamentos legais ou espontaneamente pagos no período, salvo os decorrentes de promoção, término de aprendizagem, transferência de cargo, função, estabelecimento ou localidade e equiparação salarial

9 DC determinada por sentença transitada em julgado. 2 - PISO SALARIAL: Reivindica piso salarial para os integrantes da categoria profissional, nas seguintes bases: R$ 616,00; -Copa, cozinha, limpeza e lavanderia: -Auxiliar escriturário, recepcionista, secretária de médico ou dentista: R$ 924,00; -Auxiliar de enfermagem, auxiliar de laboratório e auxiliar de farmácia: R$ 1232,00; -Técnico de enfermagem, técnico em radiologia: R$ 1.540,00; -Enfermeiro e demais funções de nível superior: R$ 3.080,00. Destaco novamente que na audiência de conciliação e instrução (fl. 125), o suscitante propôs piso salarial de R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais) e o suscitado apresentou proposta de piso salarial de R$ 550,00 (quinhentos e cinquenta reais), a partir de abril de 2010, e R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais), a partir de outubro de 2010, com a ressalva de não vinculação ao salário mínimo regional.

10 DC Registro que o piso salarial estadual para a categoria dos empregados em estabelecimentos de serviços de saúde é de R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais), conforme previsto no art. 1º, II, g, da Lei Complementar Estadual nº 459/2009, com vigência a partir de 1º de janeiro de Registro também que o piso salarial previsto na CCT vigente no período imediatamente anterior varia entre R$ 480,00 e R$ 525,00 (fls ). Dessarte, não é possível a simples manutenção do piso preexistente, corrigido com o índice de reajuste previsto na cláusula 1ª desta decisão (5,30%), sob pena de o piso normativo ficar em valor inferior ao do piso salarial estadual. Pelo exposto, instituo a reivindicação, estabelecendo piso salarial único, com base na redação da Tendência Normativa nº 2.A, aprovada pela Resolução SDC nº 002/99. Cláusula 2ª - PISO SALARIAL: fica instituído o piso salarial da categoria profissional correspondente a R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais), observado o valor do piso salarial estadual. 3 - ABONO SALARIAL:

11 DC Reivindica um abono salarial no valor de um salário mínimo estadual, a ser pago no mês de outubro. Não instituo a reivindicação. Trata-se de matéria para negociação direta entre as partes. 4 - VALE-ALIMENTAÇÃO: Reivindica o fornecimento mensal de vale-alimentação aos trabalhadores, no valor de R$ 100,00. Não instituo a reivindicação. Trata-se de matéria para negociação direta entre as partes. INSALUBRIDADE: 5 - BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE Reivindica a adoção do salário mínimo estadual como base de cálculo do adicional de insalubridade, a partir de 1º de abril de Não instituo a reivindicação, porque contrária à Súmula Vinculante nº 4 do Supremo Tribunal Federal: Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. Essa Súmula Vinculante veda a substituição da base de cálculo do adicional de

12 DC insalubridade por decisão judicial. Logo, enquanto não for editada Lei que defina nova base de cálculo, a referida vantagem deve ser calculada sobre o salário mínimo, instituído por lei ordinária federal. 6 - PLANO DE SAÚDE: Reivindica a concessão aos trabalhadores da categoria, a partir de 1º de abril de 2010, de um plano de saúde que assegure, no mínimo, atendimento em leito separado, se necessário. Não instituo a reivindicação. Trata-se de matéria para negociação direta entre as partes. 7 - VIGÊNCIA: Reivindica vigência para as cláusulas instituídas de 1º de maio de 2010 a 31 abril de 2011 (fl. 5). Trata-se de manifesto erro material, evidenciado inclusive pela inexistência do dia 31 abril. A data-base da categoria é 1º de abril, conforme a CCT vigente no período imediatamente anterior (fls ). Ademais, o próprio suscitante reivindica correção salarial e demais vantagens a partir de 1º de abril de 2010, por ser essa a data-base da categoria.

13 DC seguintes termos: Assim, instituo a reivindicação, nos Cláusula 3ª - VIGÊNCIA: a presente sentença normativa terá vigência de 1 (um) ano, com início em 1º de abril de 2010 e término em 31 de março de Pelo que, ACORDAM os Juízes Seção Especializada 1 do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, à unanimidade, REJEITAR as preliminares de ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM e de AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL ANTE A NÃO CONCLUSÃO DO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO, formuladas pelo suscitado. Por maioria, vencidos os Exmos. Juízes Edson Mendes de Oliveira, relator e Garibaldi Tadeu Pereira Ferreira, revisor, REJEITAR a preliminar de AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO, formulada na defesa. No mérito, instituir as seguintes normas e condições de trabalho entre o suscitante e o suscitado:

14 DC Cláusula 1ª - REAJUSTE SALARIAL: os salários dos integrantes da categoria profissional serão reajustados a partir de 1 º , pela aplicação do índice correspondente a 5,30% (cinco vírgula trinta por cento), compensados os adiantamentos legais ou espontaneamente pagos no período, salvo os decorrentes de promoção, término de aprendizagem, transferência de cargo, função, estabelecimento ou localidade e equiparação salarial determinada por sentença transitada em julgado. Cláusula 2ª - PISO SALARIAL: fica instituído o piso salarial da categoria profissional correspondente a R$ 616,00 (seiscentos e dezesseis reais), observado o valor do piso salarial estadual. Cláusula 3ª - VIGÊNCIA: a presente sentença normativa terá vigência de 1 (um) ano, com início em 1º de abril de 2010 e término em 31 de março de A seguir, resolveram os Exmos. Juízes da Seção Especializada 1, não instituir as postulações abaixo relacionadas pela sua numeração original: 3 - ABONO SALARIAL; 4 - VALE-ALIMENTAÇÃO;

15 DC BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE; vencido o Exmo. Juiz Jorge Luiz Volpato e 6 - PLANO DE SAÚDE. Intimem-se. Participaram do julgamento realizado na sessão do dia 04 de abril de 2011, sob a Presidência do Exmo. Juiz Gerson Paulo Taboada Conrado e os Exmos. Juízes Jorge Luiz Volpato, Viviane Colucci, Garibaldi Tadeu Pereira Ferreira, Edson Mendes de Oliveira e José Ernesto Manzi. Presente a Exma. Dra. Silvia Maria Zimmermann, Procuradora do Trabalho. Florianópolis, 07 de abril de EDSON MENDES DE OLIVEIRA Relator MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO