Chuvas intensas em parte de Pernambuco e da Paraíba entre os dias 15 e 17/07/2011: análise sinótica do evento

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1 Chuvas intensas em parte de Pernambuco e da Paraíba entre os dias 15 e 17/07/2011: análise sinótica do evento Entre a tarde do dia 15 e o domingo 17/07/2011 houve chuva com acumulados bastante significativos no litoral leste do Nordeste, atingindo cidades do litoral e agreste da Região. Os municípios mais atingindos foram Olinda-PE, Recife-PE, Goiana-PE, Campina Grande-PB, Areia-PB. Dados obtidos nas estações automáticas do INMET: Recife-PE : 175,6 mm das 22Z do dia 15 às 16Z do dia 17/07 João Pessoa-PB : 110,6mm das 18Z do dia 15 às 21Z do dia 17/07 Campina Grande-PB 117,2mm das 18Z do dia 15/07 à 00Z do dia 18/07. A quantidade de chuva registrada no período foi de intermitente a contínua na região, que provocou muitos alagamentos e transbordamentos de rios e deslizamento de encosta, vindo a provocar vítimas fatais, num total de 11 pessoas entre a Paraíba e Pernambuco. No litoral norte de Pernambuco o município de Goiania foi o mais castigado com a enchente que deixou mais de 200 casas submersas e 4000 pessoas desabrigadas. Nas figuras a seguir serão mostradas imagens de satélite, dados meteorológicos e cartas sinóticas para caracterizar o ambiente atmosférico em que se desenvolveu toda esta instabilidade.

2 (a) Figura 1- Imagem de satélite GOES-12 realçada dos dias 16 e 17/07/2011 do canal infravermelho. (a) 16/07 às 10:00 UTC, 16/07 às18:00 UTC, 17/07 à 00:00 UTC, e 17/07 às 06:30 UTC. O tom azul claro representa nuvens com temperaturas de topos entre - 50 C e -60 C e azul escuro de -60 C a -70 C. ou seja, que tem um significativo desenvolvimento na vertical. Na imagem da figura nota-se que a nebulosidade na região de Goiana-PE atinge topos de -50 C e -60 C. Isto significa que a região estava sob influência de nebulosidade mais desenvolvida com nuvens mais frias do que o comum. Na figura a nebulosidade que atinge a PB também tem topos de -50 C e -60 C e, na

3 figura topos isolados de -60 C e -70 C. Na sequência das imagens b, c e d nota-se o deslocamento da nebulosidade do oceano em direção a Paraíba, onde mais de 26 municípios foram atingidos pela forte chuva do litoral ao agreste. Na carta de superfície dos dias 16 (a e b) e 17/07 (c e d) nota-se que há um cavado de leste no litoral do Nordeste, e isto, contribui para advectar umidade do oceano para o continente, com ventos predominantes de sudeste atingindo, principalmente os Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. (a) Figura 2 Cartas de superfície da 00Z do dia 16/07 (a) e das 12Z e do dia 17/07 da 00z e das 12Z.

4 No nível de 250 hpa (Figura 3) nota-se que o leste da Região Nordeste está sob a influência de uma circulação anticiclônica que tem o eixo quase zonal nas proximidades de 6S. Os ventos de nordeste entre Fernando de Noronha e o RN evidenciam um escoamento favorável a divergência. (a) Figura 3 Carta do nível de 250 hpa dos dias 16/07 (a -00Z e b-12z) e 17/07 (c-00z e d-12z). No nível de 850 hpa o escoamento apresenta um cavado de leste nas proximidades do litoral leste do Nordeste com ventos leste com

5 intensidade variando de knots no dia 16/07, Figuras 4a e 4b. O mesmo padrão é observado no dia 17/07, Figuras 4c e 4d. Este sistema contribui para a convergência de umidade para a região, oriunda do Atlântico. (a) Figura 4 Cartas do nível de 850 hpa dos dias 16/07 (a-00z e b-12z) e 17/07 (c-00z e d-12z). A coluna atmosférica apresenta valores de umidade relativa do ar bastante elevados entre a superfície e 500 hpa no dia 16/07 às 12Z, que se manteve para as próximas 24h, mas com a presença de ar mais seco em níveis médios, como pode ser visto nas Figuras 4a e 4b.

6 (a) Figura 5 Radiossondagem da estação de Recife-PE dos dias 16 (a) e 17/07 das 12Z. Fonte: Universidade de Wyoming. Na análise desses campos atmosféricos pode-se concluir que a atmosfera estava bastante instável na região, onde havia uma quantidade de água precipitável significativa, oriunda da forte convergência em baixos níveis, de ar frio em níveis médios e da presença de divergência no escoamento em altitude, foram determinantes para a presença de chuva intensa e persistente nesta área da Região Nordeste. Também a característica geográfica da região mais atingida, que fica em áreas de várzea, como no caso de Goiana-PE, contribuiu para que o escoamento da água da chuva transbordasse o rio que corta o município. Elaborado pelo Meteorologista Luiz Kondraski de Souza