TERMODINÂMICA, DIVERGÊNCIA E VCAN PROVOCAM CHUVA INTENSA NO TOCANTINS
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- Herman Alves Brunelli
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1 TERMODINÂMICA, DIVERGÊNCIA E VCAN PROVOCAM CHUVA INTENSA NO TOCANTINS Introdução No final da manhã e durante a tarde/noite do dia 18/10/2008 verificou-se, sobre grande parte do Estado do Tocantins, forte atividade convectiva onde se pôde observar nuvens de grande desenvolvimento vertical com topos de até -80C. Chuva e descargas elétricas foram registradas. Observou-se que a instabilidade atingiu também o extremo sudoeste do Pará (PA) e o nordeste do Mato Grosso (MT). Toda a instabilidade sobre esta área foi favorecida, principalmente, pelo padrão termodinâmico e pelo escoamento difluente na alta troposfera. Este padrão ainda foi reforçado pela circulação associada a atuação de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), cujo centro estava posicionado sobre o centro-sul do Estado da Bahia (BA), e ao padrão termodinâmico. Análise Na análise em 250 (Figura 01) hpa pode-se notar a presença de um VCAN centrado, nesta análise, sobre o centro-sul do Estado da BA, sistema esta que teve reflexo no campo de geopotencial. Este sistema desprendia um cavado em direção ao centronorte do TO, leste e norte do PA. A circulação associada a este sistema provocou difluência no escoamento que favoreceu a intensificação da divergência entre o TO e o centro-leste do Estado do PA. Este padrão provoca forte movimento vertical ascendente em níveis mais baixos colaborando de forma significativa para a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical. Figura 01 Análise sinótica em 250 hpa
2 No campo médio (Figura 02), pôde-se verificar um padrão de cavado com eixo estendendo-se entre o nordeste do PA, oeste do Maranhão (MA), leste do TO e noroeste da BA. Outro cavado se estendia entre o nordeste de MT, norte de GO e extremo sudoeste da BA. Estes sistemas também colaboraram para reforçar o levantamento e a instabilidade sobre as áreas afetadas do TO, MT e PA. Figura 02 Análise sinótica em 500 hpa A área de cavado atuava também em superfície (Figura 03), que também mostra temperaturas elevadas na região do centro-sul e sudeste do PA, grande parte do TO, oeste da BA, TO e nordeste do MT. Nestas áreas verificavam-se temperaturas do ar em torno de 35C e temperatura do ponto de orvaho(td) de 23C, o que indicava uma atmosfera bastante úmida próximo à superfície e com potencial elevado para o forte levantamento sobre estas áreas. Este padrão fortaleceu a convecção sobre as áreas atingidas pela instabilidade.
3 Figura 03 Campo de pressão e de temperatura do ar em 1000 hpa Na figura 04, podemos observar melhor um gradiente no campo de Td sobre o Estado do Tocantins. Podemos ver também, na mesma figura, o escoamento dos ventos do quadrante nordeste/norte sobre a área de estudo indicando um transporte de umidade e massa da região do Atlântico, próximo ao litoral norte do Brasil, para o interior do continente sobre o TO e redondezas o que indicava um aumento do potencial para instabilidade observada inclusive no campo de água previpitável. Este padrão de umidade associado ao intenso aquecimento diurno que favoreceu temperaturas acima de 30C sobre boa parte deste Estado e ao padrão de ventos em médios e altos níveis contribuíram para os eventos severos verificados sobre estas áreas (TO, PA e MT). Figura 04 Análise do campo de Td e vento em 1000 hpa e água precipitável.
4 Previsão Analisando os campos previstos do modelo ETA para o período da tarde (Figura 05) verificamos que ele subestimou o campo de chuva em todo o Estado do TO e sobre o nordeste do MT. Este fato pode ser bem observado na Figura 05-C que mostra ainda o VC centrado no sul do Estado do TO. As áreas de umidade acima de 60% na camada hpa e na camada hpa e ômega são favoráveis a instabilidade e para condição de chuva no sudeste e sul do PA. Já no TO e no nordeste do MT estas variáveis não favoreciam a ocorrência de chuva. A figura 05-D mostra a umidade na camada hpa e na camada hpa, juntamente com valores negativos de ômega, divergência, índice K > 30, Tota Totals (TTs) > 45 e Cross Totals (CT) > 23. Estes valores indicam potencial para forte instabilidade que pode vir a causar chuva com trovoadas e, novamente, não se percebe condição favorável sobre o TO e nordeste do MT. No entanto, a figura 05-A mostra no campo de vento um escoamento de nordeste/norte que indica uma advecção de umidade e massa para a área em estudo. Ventos de nordeste/leste acima de 10 m/s também é notado no norte do TO Figura 05-B, reforçando o transporte de umidade do Atlântico Norte para o interior do continente, assim como, K > 30, CT > 23 e TTs > 45 sobre o TO, PA e nordeste do MT. Os meteorologistas do GPT levaram em consideração o padrão termodinâmico, o padrão de vento na alta e baixa troposfera e os índices de instabilidade para prognosticar condição de chuva severa para esta parte do país, mesmo com os diversos modelos numéricos não prevendo chuva para estas áreas como pode ser observado tamém nas Figuras 05-E e 05-F. A B C D E F Fugura 05 Campos previstos pelo modelo ETA rodada 00z
5 O aquecimento diurno é bastante intenso sobre estas áreas e qualquer entrada adicional de umidade, por menor que seja esta taxa adicional, poderá desencadear instabilidade e convecção profunda que darão origem a nuvens carregadas, indicando que a termodinâmica é o fator determinante para provocar chuva nesta parte do Brasil. A condição de tempo foi bem prognosticada pelo GPT como pode ser observada na Figura 06 onde se natam nuvens de grande desenvolvimento vertical com topos bastante frios indicando forte atividade convectiva sobre grande parte do TO, nordeste do MT e faixa sul do PA. Fugura 05 Imagem realçada do satélite GOES10 Este caso específico mostra a dificuldade dos modelos numéricos de indicarem as áreas de chuva para esta parte da América do Sul e mostra o papel importante da intervenção e experiência do meteorologista previsor que analisa com maior cuidado a condição atmosférica podendo inferir um padrão atmosférico diferente do que apontam os campos de saída dos modelos numéricos de previsão de tempo. Olivio Bahia do Sacramento Neto
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