INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA INMET 5º DISME BELO HORIZONTE
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- Luiz Fernando Carreira Amaral
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1 BOLETIM AGROMETEOROLÓGICO DE JANEIRO E PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O TRIMESTRE FEVEREIRO, MARÇO E ABRIL DE I. DIAGNÓSTICO Em Minas Gerais, janeiro iniciou-se com chuvas fortes, frequentes e generalizadas, encerrando-se com dias secos e ensolarados. Os sete primeiros dias do mês foram de chuvas intensas no centro-sul e oeste do Estado, associadas à atuação de um episódio de ZCAS 1 que havia se configurado no final de dezembro. Entre os dias 10 e 15, uma frente fria estacionária, nas adjacências do litoral do Rio de Janeiro e Espírito Santo, manteve o tempo instável e chuvoso em toda a Região Sudeste, com pancadas de chuvas recorrentes, principalmente no centro-sul do Estado. Entre os dias 16 e 20, o posicionamento de um VCAN 2 sobre o continente manteve grande parte da Região Sudeste e da Bahia sob o predomínio de céu claro, situação que se estendeu até o final de janeiro. Os totais acumulados mensais variaram entre 33 mm e 529 mm, Figura 1, registrados em Espinosa e São Lourenço, respectivamente. Em relação à média do mês, as chuvas foram escassas na maior parte do Estado, como mostra a Figura 1. Valores acima da média restringiram-se ao Sul, parte do Triângulo Mineiro e pequenas áreas do Centro, Norte e Zona da Mata. Figura 1 Total acumulado e anomalia de chuvas no mês de janeiro de ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) é uma banda de nebulosidade, orientada no sentido noroeste-sudeste, que se estende desde a Amazônia, passando pelas Regiões Sudeste e Centro-Oeste e prolongando-se sobre o Atlântico Sul. Trata-se de um sistema resultante da associação entre a atividade convectiva e um sistema frontal estacionário. Normalmente, a área sobre a qual a ZCAS se configura experimenta chuvas por dias consecutivos. Este sistema atua por, no mínimo, 4 dias consecutivos. 2 VCAN Vórtice Ciclônico de Altos Níveis é um centro de baixa pressão em altos níveis da atmosfera, caracterizado por manter céu claro abaixo de sua área central e convecção nas bordas, principalmente a oeste e sul.
2 O número total de dias chuvosos variou entre 3 e 17 em todo o Estado, como pode ser observado na Figura 2, com maior frequência no Sul, Mata, Triângulo e Centro. O número de dias chuvosos consecutivos chegou a 6, nestas mesmas regiões. Menor frequência de dias chuvosos ocorreu no Leste e Nordeste, com registros máximos de 2 dias chuvosos consecutivos, Figura 2. Figura 2 Número de dias chuvosos: total e maior intervalo de dias consecutivos, com registro de chuva igual ou superior a 5 mm no mês. Em decorrência da escassez de chuvas na segunda quinzena de janeiro, pode-se ver na Figura 3 uma grande área, compreendendo a Zona da Mata, o Leste, grande parte da área Central, o Norte e o Nordeste, onde foram registrados mais de 12 dias secos consecutivos, caracterizando o primeiro evento de veranico da atual estação chuvosa, situação agravada em localidades do Norte, Noroeste e Vale do Jequitinhonha, onde o veranico estendeu-se por 19 dias no final do mês de janeiro. Figura 3 Número de dias consecutivos sem registro de chuva igual ou superior a 5 mm, após o registro da última chuva.
3 Umidade Relativa do Ar A umidade relativa do ar manteve-se elevada nos dois primeiros decêndios, apresentando expressiva redução no terceiro, fato associado ao veranico observado em quase todo o Estado. Apesar disso, a média mensal situou-se acima de 70% em quase todo o Estado, atingindo mais de 80% em áreas do Sul, Mata e Triângulo. Umidade relativa abaixo de 70% ocorreu em pequenas áreas isoladas, como se vê na Figura 4. Em relação à média histórica de janeiro, na maior parte do Estado os índices de umidade situaram-se próximos da normalidade. Valores abaixo da média foram verificados numa grande área central e no Noroeste, Figura 4. Figura 4 Média mensal e anomalia da umidade relativa do ar, em janeiro de Temperaturas As temperaturas foram fortemente moduladas pela nebulosidade na primeira quinzena de janeiro, principalmente no centro-sul do Estado. Na segunda quinzena, devido ao tempo claro e ensolarado, a temperatura máxima manteve-se próxima ou acima dos 30 c em todo o Estado. A combinação de temperaturas elevadas e de índices de umidade relativamente altos, acima de 60%, aumentou a sensação de calor no último decêndio. Os mapas das Figuras 5 e 5(d) mostram que tanto as temperaturas máximas quanto as mínimas estiveram acima da média na maior parte do Estado, situando-se, em média, entre 24 C e 34 C, a máxima, e entre 16 C e 22 C, a mínima, Figura 5 e 5(c), respectivamente.
4 (c) (d) Figura 5 Médias mensais (a e c) e anomalias (b e d) das temperaturas máximas e mínimas observadas em janeiro de Condições Hídricas dos Solos e Índices de Aridez A escassez de chuva na segunda quinzena de janeiro resultou em expressiva queda do armazenamento de água no solo, que se situou abaixo de 70% na maior parte do Estado, Figura 6. Pela mesma razão, grandes áreas do Centro-norte e Leste apresentavam-se sob condições de déficit hídrico no final do mês, Figura 6, já apresentando algum estresse hídrico para a vegetação, como ilustra o índice da Figura 7.
5 Figura 6 Condições hídricas do solo e armazenamento de água no solo em Minas Gerais, no final do mês de janeiro. Figura 7 Índice de Aridez Agrometeorológico no final do mês de janeiro. II CONDIÇÕES CLIMATOLÓGICAS EM MINAS GERAIS, PARA OS MESES DE FEVEREIRO, MARÇO E ABRIL. O conjunto de mapas representados na Figura 8 ilustra os valores climatológicos das temperaturas máximas e mínimas, valores médios mensais, para os meses de fevereiro, março e abril.
6 Figura 8 Campos de temperaturas máximas e mínimas para Minas Gerais, meses de fevereiro, março e abril, médias climatológicas referentes ao período de
7 A Tabela 1 sintetiza os limites extremos das temperaturas máximas e mínimas esperadas para os meses de fevereiro, março e abril. Ao longo do trimestre há um gradual declínio no limite superior da temperatura máxima e no limite inferior da temperatura mínima, indicando o início da transição do verão para o outono, que iniciará no dia 20 de março, às 20h21min. Como a estação chuvosa estende-se até março, sendo abril mês de transição para a estação seca, as temperaturas do trimestre fevereiro-março-abril ainda são fortemente moduladas pela nebulosidade. LIMITES SUPERIORES E INFERIORES DAS TEMPERATURAS MÁXIMAS E MÍNIMAS EM MINAS GERAIS, PARA OS MESES DE FEVEREIRO, MARÇO E ABRIL COM BASE NAS NORMAIS CLIMATOLÓGICAS DE 1961 A MESES TEMPERATURAS MÁXIMAS ESPERADAS ( C) TEMPERATURAS MÍNIMAS ESPERADAS ( C) LIMITE SUPERIOR LIMITE INFERIOR LIMITE SUPERIOR LIMITE INFERIOR FEVEREIRO MARÇO ABRIL Tabela 1 Limites superiores e inferiores das temperaturas máximas e mínimas em Minas Gerais, meses de fevereiro, março e abril, médias climatológicas para o período Na Figura 9 estão representados os campos das chuvas normalmente esperadas para o período de fevereiro a abril. Historicamente, o declínio da estação chuvosa inicia-se em fevereiro, com uma expressiva redução nos totais de chuvas em relação ao mês de janeiro, sendo também comum a ocorrência de veranicos. Contudo, em março as chuvas ainda são frequentes, ocorrendo preferencialmente sob a forma de pancadas ocasionais e localizadas. Abril é mês típico de transição entre a estação chuvosa e a seca, quando as chuvas se reduzem gradativamente ao longo do mês, tornando-se cada vez mais raras. Como podem ser observados nas legendas dos mapas, os valores mensais variam entre 69 mm e 245 mm em fevereiro, entre 63 mm e 223 mm em março e, entre 39 mm e 131 mm em abril.
8 Figura 9 Distribuição das chuvas em Minas Gerais, para os meses de fevereiro, março e abril, médias climatológicas para o período III. PROGNÓSTICO TRIMESTRAL PARA MINAS GERAIS Com base nos modelos numéricos de previsão climática, assim como na evolução das condições atmosféricas e oceânicas nos últimos meses, a previsão de consenso, elaborada conjuntamente pelo INMET e CPTEC/INPE, para o trimestre fevereiro a abril, é de chuvas em torno da normal climatológica, porém com grande variabilidade na distribuição espacial e temporal no decorrer do trimestre. As temperaturas deverão situar-se acima da média histórica.
9 EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE: Rubens Leite Vianello, Anete dos Santos Fernandes, Cléber Afonso de Souza, Lizandro Gemiacki, Claudemir de Azevedo Félix e Jorge Luiz Batista Moreira. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: As análises contidas neste Boletim são baseadas nos dados meteorológicos diariamente coletados nas redes de estações de superfície, convencionais e automáticas, pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia, INMET. Como a densidade das redes de observações é limitada, a tomada de decisão, em nível de propriedade, deve ser também baseada em observações locais, onde o conhecimento do agricultor e do extensionista é igualmente importante. Portanto, o uso das informações aqui contidas é de inteira responsabilidade do usuário.
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