SÍNTESE SINÓTICA MENSAL OUTUBRO DE 2012

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1 SÍNTESE SINÓTICA MENSAL OUTUBRO DE Acompanhamento dos principais sistemas meteorológicos que atuaram na América do Sul ao norte do paralelo 40 S no mês de outubro de 2012 O destaque para o início do mês foi a presença da Baixa do Chaco, que influenciou os temporais entre a Argentina, Uruguai, Paraguai, Mato Grosso do Sul e Região Sul do Brasil. Em vários municípios do RS, de SC, do PR e de MS houve fortes rajadas de vento, chuva forte e queda de granizo (vide tabela de casos significativos). Além disso os três primeiros dias tiveram acumulados de chuva significativos de quase 200 mm em algumas áreas do RS. Também, o mês foi caracterizado por muitos eventos de granizo e rajadas de ventos fortes. No total foram 12 sistemas frontais que atuaram entre latitudes inferiores a 40 S e a maioria até o RS, apenas o sétimo do mês houve um deslocamento mais adentro do continente e litoral, que atingiu o Estado do Espírito Santo e se prolongou até o sul de Rondônia. A primeira onda frontal passou rápida na Província de Buenos Aires no dia 01 e logo se afastou para o Atlântico sem provocar tempo significativo. Entretanto, devido a presença das Baixas do Chaco e do noroeste da Argentina, além do Jato de Baixos Níveis, houve temporais entre o nordeste da Argentina e o RS entre a tarde e a noite desse dia. A segunda frente fria se formou entre o Uruguai e nordeste da Argentina no dia 03, no dia seguinte atingiu o sul e o oeste do RS e se deslocou para o Atlântico sem atingir SC. No entanto, a presença de cavado na média e alta troposfera, do Jato de Baixos Níveis (JBN) e da difluência no escoamento em 250 hpa provocaram chuva entre SC, PR, MS e sudoeste de MT entre os dias 03 e 05. No dia 06 a terceira onda frontal atingiu a Bahia Blanca na Argentina, mas ficou na Província de Buenos Aires e até o fim do dia já estava no Atlântico. Ao mesmo tempo a Baixa do Chaco voltou a atuar e propagar cavados invertidos até a Bacia do Plata, sul do Paraguai e litoral norte do RS. O cavado invertido da Bacia do Plata e a passagem de um cavado em 500 hpa contribuíram para temporais na Província de Entre Rios da Argentina e no Uruguai no dia 06, sendo que entre a tarde e a noite desse dia a instabilidade se propagou entre o oeste e nordeste do RS, provocando vários temporais, com forte rajadas de vento, queda de granizo e chuva forte, principalmente na região metropolitana de Porto Alegre. A quarta onda frontal se formou no dia 07 na Bacia do Rio de La Plata e teve seu deslocamento para o Atlântico. Isto ocorreu pela passagem de um cavado em 500 hpa, enviado por um Vórtice Ciclônico no Pacífico nas proximidades de Santiago do Chile, que reforçou bastante a instabilidade, pois o JBN

2 também atuava. O Uruguai e o RS tiveram novos temporais, com chuva forte, rajadas de vento e queda de granizo isolado, mas associados a passagem de cavado na média e alta troposfera. No dia 08 persistiu a chuva localmente forte no RS e no Uruguai por causa de um cavado invertido em superfície e do JBN. A quinta onda frontal atuou entre as Províncias de Buenos Aires e de Santiago Del Estero e o extremo sul do RS no dia 09 e provocou temporais entre o nordeste da Argentina, RS e o Uruguai. A sexta frente fria avançou para a Província de Buenos Aires no dia 09 pela manhã e em seguida seguiu para o Atlântico, vindo a intensificar a convergência de umidade no oceano. A sétima onda frontal se formou no dia 10 no RS e foi a mais extensa do mês, vindo a adentrar até o sul do AC e de RO no dia 11 e pelo litoral até o ES no dia 13, mas com a presença de uma baixa pressão nas proximidades do litoral do Sudeste. Essa frente fria contribuiu para formar o primeiro episódio de Zona de Convergência de Umidade (ZCOU), no dia 13 entre o RJ, GO, noroeste de MT e sudeste/centro do AM até o dia 15 entre o sul da BA, norte de GO, noroeste de MT e sudeste do AM. Os temporais ocorreram entre o norte e nordeste de MT e o sul do PA, influenciados também pela presença de forte divergência de massa em altitude. No dia 16 começou a se formar um novo ciclone extratropical entre a Argentina e o Uruguai, organizando a oitava onda frontal. A frente fria associada ao sistema atuou até o Paraguai, provocando temporais entre o centro desse país, também no norte e noroeste do RS e em MS. O segundo episódio de ZCOU atuou entre os dias 18 e 19 entre o sul da BA, norte de MT e sudeste do AM e foi resultante do reforço da convergência de umidade pelo deslocamento do ciclone extratropical do dia 16, que avançou com a frente fria para as proximidades do litoral do Sudeste. A ZCOU trouxe um pouco de chuva para o oeste da BA, onde no município de Barreiras não chovia a mais de 210 dias, mas os acumulados foram baixos. No norte de MG o período com falta de chuva foi o mais prolongado dos últimos 40 anos. No dia 21 a passagem de uma linha de instabilidade provocou temporais entre o PR e SP entre a tarde e a noite, respectivamente. Um ciclone extratropical se formou no Uruguai no dia 22 e deu origem a nona onda frontal, a qual atuou até o litoral de SP e em MS no dia 24. Esse ciclone atingiu o valor de 975 hpa no Atlântico a leste do Uruguai, um dos mais intensos das últimas duas décadas, pelo menos. A intensidade dos ventos atingiu rajada de 180 km/h em Punta Del Este no Uruguai. Também houve ventos forte no sul e litoral sul do RS.

3 A décima frente fria atuou na Província de Buenos Aires sem causar tempo significativo. A décima primeira frente fria passou rápida pela Província de Buenos Aires no dia 28 sem causar tempo significativo. Entretanto houve temporais na Província de Buenos Aires, devido a presença de um cavado em 500 hpa e do Jato de Baixos Níveis (JBN), o acumulado chegou a 118 mm entre a madrugada e o começo da manhã. A décima segunda onda frontal se formou no Uruguai no dia 30, resultado de um ciclone extratropical na região. Essa frente foi rápida e alcançou a metade sul do RS nesse dia e logo se deslocou para o Atlântico. Entretanto a atividade pré-frontal causou temporais no nordeste do RS, com queda de granizo em vários municípios da região. Os últimos dias do mês de outubro foi caracterizado como muito quente, principalmente entre 28 e 31, onde recordes de temperatura máxima ocorreram nas capitais São Paulo e Belo Horizonte. Figura 1: Acompanhamento das frentes frias ao longo do mês de outubro de Litoral

4 Figura 2: Acompanhamento das frentes frias ao longo do mês de outubro de Interior Figura 3: Acompanhamento das frentes frias ao longo do mês de outubro de Central 1 Figura 4: Acompanhamento das frentes frias ao longo do mês de outubro de Central 2

5 2. Acompanhamento dos Ciclones Subtropicais e Extratropicais As figuras 5a e 5b mostram a distribuição espacial dos principais ciclones observados ao sul de 20 S durante o mês de outubro de Este mês foram observados 14 ciclones sobre o domínio, restritos ao sul de 35 S aproximadamente, que se formaram principalmente no oceano. Na segunda quinzena (Figura 5b) os ciclones 1, 3 e 8 se formaram sobre o continente, um no leste da Argentina e outros dois no Uruguai. O ciclone 3 se formou no dia 23 e provocou ventos extremos que atingiram rajadas de 180 km/h em Punta del Este. Outras cidades do Uruguai também tiveram ventos fortes que superaram a 100 km/h. Este ciclone atingiu às 18UTC o valor de pressão no oceano e a leste do Uruguai no valor de 975 hpa, um dos mais intensos centro de baixa pressão das últimas duas décadas. Fonte de dados obtidos do site meteorologiauruguay.blogspot.com.br. Figura 5a: Acompanhamento dos ciclones ocorridos durante a primeira quinzena do mês de outubro de Em cada ponto está plotado o valor mínimo de pressão do ciclone (00 e 12Z).

6 Figura 5b: Acompanhamento dos ciclones ocorridos durante a segunda quinzena do mês de outubro de Em cada ponto está plotado o valor mínimo de pressão do ciclone (00 e 12Z). 3. Análise das Anomalias de Precipitação e Temperatura 3.1 Precipitação A Figura 6 mostra a distribuição espacial da anomalia mensal e quinzenal de precipitação para o mês de outubro de Observa-se anomalia negativa de precipitação em grande parte do Brasil. Nota-se uma mudança de padrão, que se inicou no mês anterior, com chuva acima da normal em boa parte do Sul do Brasil, principalmente sobre o RS, onde os valores são mais significativos, que refletem a atuação principalmente da primeira quinzena. De forma mais pontual notam-se valores de anomalia positiva de precipitação entre o interior do Brasil e parte da Região Norte, indicativo da estação chuvosa. No leste do Nordeste destacam-se as anomalias positivas de chuva na primeira quinzena.

7 Figura 6: Anomalia de precipitação do mês de outubro de Temperatura A figura abaixo mostra a distribuição espacial da anomalia de temperatura máxima para o mês de outubro de 2012 e para as duas quinzenas. No geral, notam-se anomalias positivas de temperatura máxima, principalmente no setor mais a leste, onde os valores são extremamente altos. Este padrão se intensificou na segunda quinzena (Figura 7, abaixo direita). Na primeira quinzena (Figura 7, abaixo esquerda) observam-se anomalias negativas em parte do Nordeste (entre o nordeste da BA, SE, parte de AL e de PE), em parte do ES e do RJ e de forma menos expressiva, na verdade com valores dentro da normal e/ou levemente abaixo do sul do PR ao RS. Este padrão reflete o comportamento da precipitação, que esteve acima da normal nestes setores indicados. Na segunda quinzena, como já comentado, este padrão se inverteu em alguns setores, como no leste do Sul do

8 Brasil, RJ, ES e parte do Nordeste, de acordo com a mudança de padrão da precipitação, com anomalias negativas. Durante todo o mês os valores de temperatura máxima ficaram dentro da normal ou levemente abaixo no norte de MT e no setor mais oeste da Região Sul do Brasil, onde se observaram anomalias positivas de precipitação. Sobre o setor centro-sul do Brasil a anomalia negativa de temperatura máxima também reflete a atuação dos transientes, mas de forma secundária, uma vez que estes tiveram pouca atividade. Figura 7: Anomalia de temperatura máxima do mês de outubro A figura abaixo mostra a distribuição espacial da anomalia de temperatura mínima para o mês de outubro de No geral, notam-se anomalias positivas da temperatura mínima, de forma mais pontual alguns valores mais extremos, mas que fazem parte da variabilidade climática. Destaca-se que na primeira quinzena (Figura 8 abaixo

9 esquerda) sobre parte do Sudeste do Brasil a temperatura mínima ficou abaixo da normal. Figura 8: Anomalia de temperatura mínima do mês de outubro de Análise da Circulação Atmosférica hpa A circulação em altitude mostra a configuração já da estação chuvosa, com o Anticiclone da Bolívia (AB) e o cavado do Nordeste sobre o setor norte do domínio, com posicionamento mais próximo ou mais afastado do continente entre a primeira e a segunda quinzena, respectivamente. Sobre o setor mais ao sul do domínio nota-se a presença de um cavado sobre o Pacífico, mais próximo do continente na primeira

10 quinzena. Na segunda quinzena observa-se a intensificação dos ventos de oeste entre o norte da Argentina, Uruguai e RS, que reflete a atuação da corrente de jato. Ao sul de 50 S nota-se uma mudança significativa da primeira para a segunda quinzena, quando se nota uma circulação ciclônica fechada (Vórtice Ciclônico). Figura 9: Linhas de corrente e anomalia da componente zonal do vento em 250 hpa para o mês de outubro de hpa No campo de 500 hpa nota-se na primeira quinzena (Figura abaixo esquerda) o predomínio de uma crista sobre o oceano Atlântico, com anomalias positivas de

11 geopotencial significativas. Esta crista se estende de forma menos intensa para o centrosul do Brasil. A oeste deste sistema observa-se o cavado da onda (reflexo do sistema em altitude). Na segunda quinzena (Figura abaixo direita) observa-se uma mudança de padrão sobre o setor onde a crista atuava no primeiro período, com a atuação de uma curvatura ciclônica e o afastamento da crista para leste no oceano Atlântico. Esta mudança de padrão reflete principalmente a passagem de cavados entre os altos e médios níveis, mas tabém os poucos transientes que passaram. Sobre o extremo sul do domínio no oceano Atlântico observa-se uma intensificação da circulação, com um Vórtice Ciclônico (VC) bem amplo. Figura 10: Altura geopotencial e anomalia de geopotencial em 500 hpa para o mês hpa de outubro de 2012.

12 O campo de linhas de corrente em 850 hpa para o mês de outubro (Figura 11 acima) mostra a influência do Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) sobre boa parte do Brasil. Nota-se que na primeira quinzena (Figura 11 abaixo esquerda) este sistema se posicionou um pouco mais ao norte e mais próximo do continente em relação a segunda quinzena (Figura 11 abaixo direita). Associado a este padrão notam-se anomalias positivas do vento meridonal sobre o leste do Nordeste, o que contribuíram para um maior transporte de umidade, que por sua vez reflete nas anomalias levemente positivas de precipitação. Entre o interior e centro-sul do Brasil a ASAS favorece o escoamento de norte, que transporta ar relativamente mais quente e úmido, associado ao Jato de Baixos Níveis (JBN). Na primeira quinzena estes ventos são mais intensos entre MS, Paraguai e oeste da Região Sul do Brasil, onde se observaram as anomalias positivas de precipitação. Na segunda quinzena as anomalias positivas dos ventos de norte atuaram em uma área mais abrangente, porém as anomalias mais significativas ficaram restritas mais ao interior do país.

13 Figura 11: Linhas de corrente e anomalia da componente meridional do vento em 850 hpa para o mês de outubro de Superfície: O importante de se destacar no campo de PNM e anomalia de PNM (Figura 12) é a mudança de intensidade e posicionamento da ASAS. Na primeira quinzena (Figura 12 abaixo esquerda), como foi descrito também acima, a ASAS está mais próxima do continente e mais intensa. Isto propiciou ventos de leste mais significativos na costa leste do Brasil, o que favoreceu dias frequentes de nebulosidade e/ou chuva e deixou a temperatura máxima dentro da normal ou levemente abaixo. Já na segunda quinzena (Figura 12 abaixo direita) a ASAS está mais afastada do continente e menos intensa, o que propiciou ventos de nordeste menos significativos. Assim, houve advecção de temperatura quente, que reflete nas anomalias positivas de temperatura máxima. Ao sul de 40 S também se observa uma mudança de padrão, onde o escoamento zonal baroclínico adquiri curvatura ciclônica na segunda quinzena. Este padrão reflete o padrão em em altitude e 500 hpa. Também associado a esta mudança notam-se anomalias negativas de PNM, que se estendem para o centro-sul do Brasil, o que indica a presença de cavados ou sistemas transientes (menor frequência).

14 Figura 12: Pressão ao nível médio do mar (PNMM) e anomalia de pressão para o mês de outubro de Elaborado por : Luiz Kondraski e Caroline Vidal Colaboradores: Camilla Correia