BOLETIM PROJETO CHUVA 24 DE JUNHO DE 2011

Transcrição

1 BOLETIM PROJETO CHUVA 24 DE JUNHO DE 2011 Condições Climáticas O campo de Temperatura da Superfície do Mar (TSM), que pode ser analisado através da (Figura 1a), mostra anomalias positivas de TSM sobre o Atlântico Tropical Norte. Tais águas mais aquecidas aumentaram sua área de abrangência, se prolongando até a região equatorial com anomalias de até 1 C. Porém, as anomalias mais intensas continuam localizadas sobre o Atlântico Tropical Norte (10 N- 20 N) com anomalias positivas de até 2 C. Essa configuração deixa o Atlântico Equatorial com uma nebulosidade diagonal alinhada a Zona de Convergência Intertropical. Observa-se, ainda, a existência de uma anomalia negativa de TSM sobre o Atlântico Equatorial, próximo da costa africana, com temperatura de até -2,5 C e com uma área maior. A distribuição espacial do acumulado de precipitação para o dia 24 de Junho é mostrada na Figura 1b. Neste caso pode-se verificar que os maiores índices de chuva ocorreram sobre a Ilha de Marajó, Nordeste e a porção Noroeste do estado do Maranhão, onde ocorreram acumulados acima de 30 mm. A distribuição desta chuva configura, aparentemente, a ocorrência de uma Linha de Instabilidade (LI) formada sobre o continente. Houve também registros de chuvas na região sudoeste do Pará com acumulados abaixo de 10 mm. Figura 1: Anomalia de TSM (a) para o período de 15 a 24 de Junho de (b) Precipitação acumulada do dia 24 de Junho de Fonte: National Centers for Environmental Prediction (NCEP), processado pelo Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM).

2 Análise Sinótica Pela Figura 2, podem-se analisar os sistemas de grandes escalas que estão atuando na América e no Oceano Atlântico. Com é o caso da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), a qual está posicionada mais ao norte, oscilando entre 8 N e 9 N, em função da presença de águas mais quentes no Atlântico Tropical Norte, favorecendo deste modo sua ativação sobre essa região. No litoral Norte e Nordeste do Brasil, observa-se uma zona de nebulosidade ativa, a qual se organizou e alinhou devido um resquício de sistema frontal presente no Atlântico Sul. Além deste sistema frontal, existe outro, porém estacionário, sobre o sul do Brasil. Na parte central do Brasil, observa-se um sistema de Alta pressão em níveis médios, o qual está perdendo sua configuração, mas ainda continua ajudando a inibir a formação de nebulosidade significativa sobre essa região, deixando a atmosfera estável e com baixos valores de umidade. Figura 2: Imagem de satélite no canal Infravermelho (IR) às 12 GMT de 24 de Junho 2011 do METEOSAT-09. Fonte: CENSIPAM/CR-BELÉM. Mesoescala GMT dia 24/06/11 (Figura3a e b) Pelas imagens de satélite das 06 e 12 GMT, observar-se que na porção sul do estado da Pará, o dia amanheceu com o céu claro, devido à massa de ar seco presente na região. Entretanto, a porção norte do estado, que corresponde ao Baixo Amazonas, Ilha de Marajó, Nordeste e Belem. O amanhecer foi marcado com o céu parcialmente nublado, mas sem nuvens significativas. Contudo, existia uma instabilidade na atmosfera gerada por uma zona de confluência, presente no litoral, a qual ficou mais intensa e organizada a partir das 13 GMT, aparecendo várias células convectivas. Essa condição provocou vários eventos de chuvas leves e intermitentes ao longo da manhã e início da tarde na ilha de Marajó, Nordeste do Estado do Pará e Belém.

3 Mesoescala 18 GMT dia 24/06/11 (Figura3c) A partir das 19 GMT, estes núcleos convectivos começaram a ficar cada vez mais intensos, com áreas onde a temperatura de brilho atingiu -60 C, sendo que sua maior ativação ocorreu devido à circulação de brisa. Esse sistema convectivo se organizou em forma de linha sobre o continente, atingindo a Ilha de Marajó, Nordeste do Pará e o norte do Maranhão, com destaque para Belém, onde foram registrados vários eventos de chuvas com intensidade variando de fraca a moderada e com ventos moderados de 12 kt. Mesoescala 00 GMT dia 25/06/11 (Figura3d) Neste horário, o sistema convectivo começou a entra em dissipação ficando sua parte estratiforme sobre Belém, provocando eventos de chuvas leves e isoladas. Na porção sul da Ilha de Marajó, esses sistema ainda permaneceram ativos por algumas horas. Mas apesar da sua dissipação a atmosfera na porção norte do estado permaneceu bastante instável, com o céu bastante nublado. Para a porção sul do estado, o tempo continuou estável. (a) (c) (b) (d) Figura 3: Imagens de satélite GOES-12 realçadas no canal infravermelho (IR) referentes aos horários de (a) 06 GMT do dia 24/06/11, (b) 12 GMT do dia 24/06/11, (c) 18 GMT do dia 24/06/11 e (d) 00 GMT do dia 25/06/11. Fonte: CPTEC/INPE.

4 Perfil Termodinâmico de Belém Observando a sondagem da estação localizada em Belém, as 12 GMT (Figura 4), ao qual mostra o perfil vertical da atmosfera de Belém, que é representado pela temperatura do ar (linha vermelha à esquerda) e temperatura do ponto de orvalho (linha azul à direita). Verifica-se que da superfície até o nível de 750 hpa aproximadamente, existe uma camada úmida, sobreposta a uma camada de ar bastante seco vel, indicando que existe condição favorável a formação de tempestades de intensidade variando de fraca a moderada. Em relação ao vento, observa-se a presença de ventos fortes em níveis médios, indicando um jato, com direção de leste até este nível. Em altos níveis o vento fica de oeste e depois fica de sudeste. O cisalhamento mais intenso é observado baixos níveis. A CAPE (Energia Potencial Disponível para Convecção) se mostra com valores abaixo de 1000JKg -1, indicando que há pouca energia disponível para a convecção. Em contra partida, os índices de Instabilidade (K, TT e LI) dispostos na tabela, indicam uma atmosfera bastante instável, ou seja, com condições favoráveis para a formação de tempestade. Figura 4: Perfil termodinâmico da atmosfera em Belém às 12 UTC para o dia 24 de Junho de 2011.

5 Informações RADAR meteorológico de Belém Para o dia 24 de junho, a distribuição espacial da refletividade obtido através dos dados do Radar de Belém, utilizando o Software TITAN, registraram um total de 283 células convectivas, ao qual ocorreu uma distribuição uniforme ficando os valores de maior dbz nas proximidade do radar sobre a região metropolitana de Belém. Para esse dia, a variação no intervalo de dbz foi de 47 a 22 dbz. Sobre a Ilha de Mosqueiro, a variação de refletividade foi de 36 a 42 dbz, predominado sobre a Região de Outeiro e Icoaraci, valores entre 45 e 48 dbz (ver Figura 5a). A variação e a distribuição espacial da altura das células convectivas para esse dia foi entre 17 km e 4 km, isso pode ser visto na Figura 5b. Com uma espacialização uniforme e algumas predominâncias de topo de 17 km no Nordeste e Sudeste do radar. ( a ) ( b ) (b) Figura 5a. Distribuição espacial do valor de refletividade em (dbz) e Figura 5b distribuição espacial dos valores dos topos das células convectivas (Km), para o dia 24 de junho de 2011, na área abrangente do Radar de Belém-CENSIPAM.