O ritmo de difusão de uma tecnologia se refere à velocidade (uma taxa de unidades por tempo) de sua adoção pela sociedade ou mercado, medida pela evol
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- Gabriella de Vieira Peres
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1 SEMINÁRIO TEMÁTICO VIII: TECNOLOGIA E INOVAÇÃO AULA 02: INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES TÓPICO 02: DIFUSÃO TECNOLÓGICA DIFUSÃO TECNOLÓGICA Conforme Tigre (2006) a dinâmica da difusão pode ser entendida como a trajetória de adoção de uma tecnologia no mercado, com foco nas características da tecnologia e nos demais elementos que condicionam seu ritmo e direção. As teorias sobre difusão procuram identificar regularidades empíricas que permitam descrever e, eventualmente, antecipar o ritmo de adoção de inovações. O processo de difusão tecnológica pode ser analisado a partir de quatro dimensões básicas: TRAJETÓRIA TECNOLÓGICA DIREÇÃO A direção assumida de uma tecnologia se refere às opções técnicas adotadas ao longo de sua trajetória "evolutiva", por exemplo, quais materiais utilizados, processos de fabricação, sistemas operacionais, protocolos de comunicação, tecnologias complementares, áreas de aplicação, etc. Decisões que viabilizam uma nova tecnologia e a adaptam a demanda. ROTAS TECNOLÓGICAS Quando surge uma inovação radical, sua viabilidade técnica e econômica não está ainda efetivamente testada no mercado. Nessa fase, costumam ocorrer "guerras de padrões" até que uma ou poucas rotas tecnológicas se consolidem na indústria. PADRÃO O padrão pode ser resultado do sucesso comercial de um determinado protocolo ou grupo de regras de interrelação técnica ("padrões de fato"), ou ser estabelecido em comum acordo por governos, associações de empresas ou organismos multilaterais e definido como "padrão oficial" (por exemplo padrões de vídeo, CD ou DVD). RITMO DE DIFUSÃO A difusão de uma inovação ou tecnologia não se dá de modo constante e uniforme no tempo e no espaço. Os mercados em diferentes países e regiões buscam e selecionam tecnologias sob a influência de diferentes fatores condicionantes locais.
2 O ritmo de difusão de uma tecnologia se refere à velocidade (uma taxa de unidades por tempo) de sua adoção pela sociedade ou mercado, medida pela evolução do número de adotantes ao longo do tempo, considerando um universo potencial de usuários. Para analisarmos o ritmo de difusão usa-se uma analogia a biologia, especificamente em caso de epidemias: a velocidade com que uma doença contagiosa se espalhada é diretamente proporcional ao número de pessoas infectadas até o momento e ao tamanho da população da cidade que está potencialmente exposta à doença. Na área de operações podemos fazer uma analogia a modelo de filas com população finita. PARADA OBRIGATÓRIA CURVA S Na área tecnológica Mansfield (1961 apud TIGRE 2006) é considerado um dos pioneiros neste tipo de análise. Ele mostrou que a evolução temporal da adoção de uma tecnologia pode ser representada por uma função logística de crescimento. Essa função é simétrica e tem a forma de um gradiente S positivo, sendo conhecida com a "Curva S da Inovação Tecnológica", seguindo os princípios de estudos epidêmicos. A forma genérica como uma tecnologia evolui e se difunde no mercado é frequentemente associada ao conceito de ciclo de vida, também usado na análise mercadológica (e a curva se parece com a curva do ciclo de vida, apesar de seu final não ser tão "negativo", muitas vezes tendendo a estabilização). No caso da Curva S da inovação, se propõe um ciclo dividido em quatro estágios: introdução, crescimento, maturação e declínio. É esperado que nem todas as tecnologias apresentem esse ciclo de vida com todas estas fases, mesmo assim o modelo é considerado apropriado para descrever de forma genérica a trajetória das inovações. A Figura 1 apresenta quatro fases distintas do processo de difusão de uma tecnologia segundo o modelo em forma de S.
3 Figura 1: Curva S de Inovação tecnológica e suas fases Podemos explicar as fases de difusão da seguinte maneira: INTRODUÇÃO DE UM NOVO PRODUTO, PROCESSO OU SERVIÇO CRESCIMENTO MATURAÇÃO ESTABILIZAÇÃO E DECLÍNIO INTRODUÇÃO DE UM NOVO PRODUTO, PROCESSO OU SERVIÇO Nesta fase um número pequeno de empresas adota a tecnologia pois há uma grande incerteza quanto aos resultados da inovação. À medida que o inovador pioneiro tem sucesso e ocorre uma melhoria progressiva do desempenho da tecnologia, ela entra na fase de crescimento. CRESCIMENTO O processo de difusão se acelera à medida que o conhecimento acumulado aumenta e o desempenho tecnológico melhora. Sucessivas inovações incrementais são realizadas visando a melhorar a performance e o design do produto, assim como investimentos para aumentar a escala do processo. MATURAÇÃO Na fase de maturação, as vendas começam a se estabilizar, as inovações incrementais tornam-se menos frequentes e os processos produtivos se tornam mais padronizados. ESTABILIZAÇÃO E DECLÍNIO Na fase final uma tecnologia se estabiliza até o surgimento de uma inovação radical que quebre a continuidade e provoque o declínio. Geralmente o declínio de uma tecnologia está ligado a ascensão de uma nova tecnologia, uma descontinuidade ou uma nova tecnologia que nasce de uma inovação radical. DESCONTINUIDADE
4 Atenção para as exceções Entretanto, a analogia com o modelo biológico de epidemias precisa ser adequada a situações específicas quando aplicada à difusão de inovações. A trajetória de uma tecnologia não segue necessariamente o padrão em S. o Na nova dinâmica de produtos eletrônicos, algumas tecnologias passam diretamente do crescimento ao declínio, não chegando a fase de maturidade o Por outro lado, em alguns casos, o processo de difusão da tecnologia é revitalizado após um período de declínio por meio de mudanças incrementais de design, redução de custos ou melhoria de desempenho, revertendo assim o ciclo de declínio sugerido pela curva em S. o Usualmente empresas prolongam o ciclo de vida de uma tecnologia por meio de inovações complementares e do reposicionamento do produto no mercado. FATORES CONDICIONANTES Fatores condicionantes de ordem técnica, econômica ou de caráter institucional podem atuar tanto de forma positiva, no sentido de estimular a adoção de uma tecnologia ou inovação, quanto negativa, restringindo seu uso. CONDICIONANTES TÉCNICOS COMPLEXIDADE Tecnicamente a difusão é condicionada pelo grau em que uma inovação é percebida como difícil de ser entendida e usada, pela sociedade que a está assimilando. Quanto mais complexa a tecnologia, maior será a necessidade de suporte técnico para a solução de problemas. Tecnologias muito inovadoras podem criar impasses no processo decisório devido à insuficiência de informações, incertezas quanto a sua direção e aos riscos inerentes ao pioneirismo. Da mesma forma, quando há muitas variedades de alternativas tecnológicas, a comparação entre elas se torna difícil. "Voce compraria um Kindle da Amazon?"... ou um i-pad? RELAÇÕES SISTÊMICAS
5 A difusão de alguns produtos e serviços dependem da disponibilidade de outras inovações. Esta co-evolução é especialmente relevante em indústrias de rede, como as das telecomunicações, onde a introdução de um novo equipamento ou tecnologia depende da possibilidade de interconectá-la às diversas partes e componentes de um determinado sistema conforme as aplicações requeridas pelos usuários. "Quais livros vocês carregaria no seu Kindle, hoje" Inovações de caráter sistêmico aumentam seu valor à medida que mais usuários as adotam, em um feedback positivo. Novos usuários trazem retornos crescentes aos usuários existentes. Quanto mais se usa, mais se aprende sobre ela e mais ela é desenvolvida e aprimorada. "E se seu livros de literatura preferidos e a bibliografia do seu curso estiver disponível" CAPACIDADE TECNOLÓGICA Para a difusão é importante a capacidade tecnológica da empresa de avaliar e incorporar novos componentes tecnológicos, assim deve existir uma estrutura operacional e gerencial implantada, assim como rotinas, procedimentos e uma subjacente cultura organizacional para a inovação. "Você saberia usar um Kindle?" Quando uma empresa decide inovar, está, em maior ou menor grau, tomando uma decisão organizacional e assumindo os riscos de mudança. O impacto é diferenciado segundo a natureza da inovação e as características do ambiente interno em que é incorporada. A flexibilidade organizacional e a capacidade cognitiva para absorver novos conhecimentos são elementos críticos identificados pela capacidade dos recursos humanos de transformar informação em conhecimento, possibilitando a solução de problemas na introdução, otimização e adaptação de tecnologias específicas. Usuários qualificados também podem contribuir ativamente para aperfeiçoar equipamentos e sistemas, através do processo de "aprenderusando". CONDICIONANTES ECONÔMICOS E FINANCEIROS como: O ritmo de difusão depende de condicionantes econômicos financeiros custos de aquisição e implantação da inovação, cálculo preciso do projeto, considerando as expectativas de retorno do investimento, custos de manutenção, e questões como a possibilidade de aproveitamento de investimentos já realizados em equipamentos e em sistemas legados. Outra questão econômica são os riscos de dependência de um determinado fornecedor, que poderá aumentar os custos de transação.
6 Quando oportunidades para economias de escala e de escopo são significativas, a difusão é limitada a grandes empresas, cujo volume de operações justifica a adoção de tecnologias e equipamentos de maior porte. Estrutura da Indústria e definição de mercado Três fatores relativos a cadeia produtiva são importantes para o desenvolvimento de inovações DEFINIÇÃO DO MERCADO (NOVO PARA QUEM?) Empresas voltadas para o mercado externo se defrontam com maiores exigências tecnológicas e, portanto, tendem a adotar mais rapidamente novas tecnologias. CONCENTRAÇÃO DO MERCADO Uma estrutura muito pulverizada pode retardar as inovações, já que as empresas pequenas dificilmente contam com os recursos técnicos e financeiros necessários para investir em novas tecnologias. Setores mais concentrados (oligopólios), as economias de escala e de escopo proporcionadas pelo grande volume de produção podem viabilizar a absorção de inovações. GRAU DE ARTICULAÇÃO DA CADEIA Redes de firmas coordenadas por empresas tecnologicamente avançadas tendem a adotar procedimentos técnicos comuns, visando a assegurar a qualidade e a eficiência ao longo da cadeia produtiva. CONDICIONANTES INSTITUCIONAIS -MACROAMBIENTE Os fatores institucionais que condicionam o processo de difusão tecnológica são: i. disponibilidade de financiamentos e incentivos fiscais à inovação; ii. clima favorável ao investimento no país; iii. acordos internacionais de comércio e investimento; iv. sistema de propriedade intelectual; e v. existência de capital humano e instituições de apoio. Os fatores institucionais que condicionam a difusão de novas tecnologias também podem incluir a estratificação social, a cultura, a religião, o marco regulatório e o regime jurídico do setor ou do país como um todo.
7 Veremos mais sobre o tema ao analisarmos a estrutura dos Sistemas de Inovação nas aulas seguintes. IMPACTOS DA DIFUSÃO TECNOLÓGICA Conforme Tigre (2006) expõe, a difusão de novas tecnologias traz em seu bojo consequências positivas e negativas para diferentes setores da economia e da sociedade. Os impactos da difusão podem ser analisados sob diferentes enfoques, incluindo os de natureza econômica, social e ambiental (Clique em cada elemento do tripé da sustentabilidade). ECONÔMICO A difusão de novas tecnologias pode afetar a estrutura industrial, destruir e criar empresas e setores, afetar o ritmo de crescimento econômico e a competitividade de empresas e países. A difusão de novas tecnologias pode levar tanto à concentração quanto à desconcentração da indústria. * Quando envolve aumento de escala de produção ou grandes saltos de produtividade, a inovação tende a ter um caráter concentrador, pois poucos grandes produtores podem atender às necessidades da demanda. * Já determinadas inovações em componentes ou fases críticas do processo produtivo podem desconcentrar uma indústria ao facilitar a entrada de novas empresas no mercado. SOCIAL O aspecto a logo tempo discutido na literatura é o impacto das novas tecnologias sobre o emprego e as qualificações. Os impactos da automação tratam tanto sobre volume de empregos perdidos ou ganhos com a difusão de inovações, quanto sobre mudanças nas qualificações requeridas dos trabalhadores. Novas tecnologias exigem qualificações profissionais diferentes. O volume de emprego gerado ou eliminado depende tanto da natureza do processo quanto das mudanças organizacionais necessárias para sua implantação. AMBIENTAL Visto que o problema ambiental tem caráter acumulativo, uma inovação aparentemente inofensiva ao meio ambiente, como foi a dos veículos automotivos a base de combustíveis fósseis, pode resultar em
8 graves problemas devido ao acúmulo crescente de emissões em todo o mundo. Assim uma nova demanda por questões ambientais influencia a difusão de novas tecnologias diante das preocupações da sociedade com a preservação do ar, da água e dos recursos naturais. Há uma emergência de inovações destinadas a reduzir os impactos ambientais, desenvolver fontes alternativas de energia, reduzir emissões e produzir de forma mais limpa. REFERÊNCIAS TIGRE Paulo Bastos. Gestão da Inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, FONTES DAS IMAGENS Responsável: Prof. José Carlos Lázaro da Silva Filho Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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