Tendência do Risco de Morte por Doenças Circulatórias, Cerebrovasculares e Isquêmicas do Coração em 11 Capitais do Brasil de 1980 a 1998
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- Tomás Aleixo Martinho
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1 Arq Bras Cardiol Artigo Original Mansur e cols Tendência do Risco de Morte por Doenças Circulatórias, Cerebrovasculares e Isquêmicas do Coração em 11 Capitais do Brasil de 1980 a 1998 Antonio de Padua Mansur, Maria de Fátima M. Souza, Ari Timermann, José Antonio F. Ramires São Paulo, SP Objetivo -Analisar tendências do risco de morte por doenças circulatórias (DC) em 11 capitais do Brasil, de 1980 a Métodos - Dados de mortalidade por DC, isquêmicas do coração (DIC) e cerebrovasculares (DCbV) foram obtidos do Ministério da Saúde e as estimativas das populações, foram calculadas por meio de interpolação, pelo método de Lagrange, com base nos dados dos Censos de 1980, 1991 e contagem populacional de As tendências foram analisadas pelo modelo de regressão linear múltipla. Resultados - DC mostraram tendência de queda na maioria das capitais, exceto discreto aumento em Brasília. Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Cuiabá, Goiânia, Belém e Manaus tiveram redução do risco de morte por DIC e DCbV; em Brasília, aumento das DIC e DCbV; em São Paulo, discreto aumento das DIC em ambos os sexos na faixa etária de 30 a 39 anos e nas mulheres de 40 a 59 anos; e, em Recife e Salvador, redução das DC para todas as faixas etárias, em ambos os sexos. Porém, em Recife, observou-se aumento das DIC nas faixas etárias mais jovens (30 a 49 anos), decrescendo até redução discreta (-4%) nos homens com 70 anos. Conclusão - Em geral, observou-se redução do risco de morte para as DC e aumento das DIC, principalmente, em Recife e Brasília. Palavras-chave: epidemiologia, doenças circulatórias, mortalidade Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP, Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP e FUNCOR - Sociedade Brasileira de Cardiologia Correspondência: Antonio de Padua Mansur - InCor - Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, São Paulo, SP - corantonio@incor.usp.br Recebido para publicação em 18/6/01 Aceito em 12/9/01 O risco de morte por doenças circulatórias (DC), isquêmicas do coração (DIC) e cerebrovasculares (DCbV) na população brasileira apresentou tendência de queda a partir de A queda do risco de morte por DIC foi maior nos homens enquanto por doenças cerebrovasculares foi semelhante nos homens e mulheres 1. Porém, quando analisada a tendência do risco de morte por doenças circulatórias nas cinco regiões do Brasil, observou-se no Nordeste e Centro-Oeste aumento do risco de morte para a população com 30 anos de idade 2. Segundo os autores, esses dados foram reflexos da tendência de aumento das doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares nessas regiões. Esse aumento poderia ser real ou estar relacionado com a melhoria na qualidade da informação dos atestados de óbito. Um indicador indireto da qualidade do dado é a proporção de atestados de óbito com o diagnóstico da causa da morte, como sintomas, sinais e afecções mal definidas. A região Nordeste foi a que apresentou a maior proporção de mortalidade sem diagnóstico definido e, em 1995, chegou a representar 40% dos óbitos. Porém, devido à melhor capacidade técnico-científica das condições médicas nas capitais em relação ao interior dos estados é, de se esperar também, melhor qualidade de informação dos atestados de óbitos nessas capitais. Estudos recentes mostraram melhora na qualidade dos atestados. Siqueira e cols. observaram alta sensibilidade (91,9%) entre as declarações de óbito originais e corrigidas nos grupos de causas das doenças do aparelho circulatório na mortalidade feminina na região Sul do Município de São Paulo 3. Paes e Albuquerque mostraram melhora na qualidade de informação das declarações de óbito na maioria dos estados brasileiros 4. Portanto, este estudo analisou a tendência do risco de morte por doenças circulatórias, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares, nas 11 capitais selecionadas das cinco regiões do Brasil, com o objetivo de validar resultados anteriores de tendências da mortalidade por doenças circulatórias, isto é, melhor qualidade de informação das declarações de óbito das capitais mais confiáveis as tendências de mortalidade. Arq Bras Cardiol, volume 79 (nº 3), ,
2 Mansur e cols Arq Bras Cardiol Métodos Foram selecionadas as 11 capitais mais populosas das cinco regiões do Brasil: Norte, Manaus e Belém; Nordeste, Recife e Salvador; Centro-Oeste, Brasília e Cuiabá; Sudeste, São Paulo e Rio de Janeiro; e, Sul, Curitiba e Porto Alegre. Os dados de mortalidade para doenças circulatórias, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares foram obtidos através do Ministério da Saúde entre 1980 a As estimativas das populações em 1 o de julho para os anos de 1980 a 1998, nas cinco regiões brasileiras, foram calculadas por meio de interpolação, pelo método de Lagrange 6, com base nos dados nos Censos de 1980, 1991 e contagem populacional de 1996, para cada faixa etária e sexo Utilizou-se o modelo estatístico de regressão linear múltipla 11,12. Foram modeladas as informações sobre mortalidade por todas as doenças circulatórias e, em seguida os dados sobre mortalidade por doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares. Utilizou-se como variável dependente o logaritmo natural do coeficiente bruto (número de óbitos/população estimado em 1 o de julho) e variáveis independentes as doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares, as 11 capitais brasileiras, sexo, anos do calendário do estudo (1980 a 1996), faixas etárias (30-39, 40-49, 50-59, e 70 em diante) e suas respectivas interações. Foi realizado o teste F parcial para retirar as interações não significativas para os modelos. O objetivo foi chegar ao final do processo de modelagem com o menor número de interações possíveis. O ajuste dos modelos foi testado pela análise dos resíduos e pelo coeficiente de correlação. Foram realizadas análises de resíduos por meio de gráficos do tipo envelope e gráficos dos resíduos do modelo versus valores ajustados para avaliar o ajuste dos modelos adotados. Fig. 1 - Tendência do risco de morte por DIC em 11 capitais do Brasil na faixa de 30 a 39 anos. A) homens; B) mulheres. Resultados Fig. 2 - Tendência do risco de morte por DIC em 11 capitais do Brasil na faixa de 40 a 49 anos. A) homens; B) mulheres. As tendências do risco de morte por doenças circulatórias, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares estão apresentadas nas figuras de 1 a 10. Os coeficientes são apresentados em logaritmo neperiano, segundo faixa etária e sexo e em duas tabelas com os coeficientes brutos para os anos de 1980, 1989 e 1998 da série e a variação percentual entre os anos de 1980 a A análise de resíduos mostrou um bom ajuste do modelo de regressão linear múltipla. Os coeficientes e as percentagem de variações da mortalidade para as doenças circulatórias, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares encontram-se na tabela I e II. Observou-se: 1) Porto Alegre e Curitiba (região Sul): uma tendência de queda das doenças circulatórias, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares, para todas as faixas etárias, em ambos os sexos, em 1980 a A maior redução ocorreu para as doenças cerebrovasculares, em todas as faixas etárias e em ambos os sexos, porém, mais intensa nos homens da cidade de Porto Alegre; 2) Rio de Janeiro e São Paulo (região Sudeste): uma tendência de queda das doenças circulatórias, sendo mais acentuada na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, as doenças isquêmicas do coração tiveram discreto aumento em ambos 270
3 Arq Bras Cardiol Mansur e cols Fig. 3 - Tendência do risco de morte por DIC em 11 capitais do Brasil na faixa de 50 a 59 anos. A) homens; B) mulheres. Fig. 5 - Tendência do risco de morte por DIC em 11 capitais do Brasil na faixa de >70 anos. A) homens; B) mulheres. Fig. 4 - Tendência do risco de morte por DIC em 11 capitais do Brasil na faixa de 60 a 69 anos. A) homens; B) mulheres. os sexos na faixa etária de 30 a 39 anos e nas mulheres entre 40 a 59 anos. Nas demais faixas etárias observou-se discreta Fig. 6 - Tendência do risco de morte por DCbV em 11 capitais do Brasil na faixa de 30 a 39 anos. A) homens; B) mulheres. redução no risco de morte, exceto na de 70 anos, onde a redução foi maior e de 32% e 23%, respectivamente, nos ho- 271
4 Mansur e cols Arq Bras Cardiol Fig. 7 - Tendência do risco de morte por DCbV em 11 capitais do Brasil na faixa de 40 a 49 anos. A) homens; B) mulheres. Fig. 9 - Tendência do risco de morte por DCbV em 11 capitais do Brasil na faixa de 60 a 69 anos. A) homens; B) mulheres. Fig. 8 - Tendência do risco de morte por DCbV em 11 capitais do Brasil na faixa de 50 a 59 anos. A) homens; B) mulheres. Fig Tendência do risco de morte por DCbV em 11 capitais do Brasil na faixa de > 70 anos. A) homens; B) mulheres. mens e mulheres. De forma diferente, observou-se redução acentuada do risco de morte por doenças cerebrovasculares. No Rio de Janeiro, a redução no risco de morte por doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares 272
5 Arq Bras Cardiol Mansur e cols Tabela I Risco de morte por doenças circulatórias por habitantes estimado em 11 capitais do Brasil segundo sexo e faixa etária para os anos de 1980, 1989 e Faixas Capitais Doenças Circulatórias Etárias Homens Mulheres %V %V 30-39a Belém 55,39 43,59 34, ,1 30,85 23,15-44 Brasilia 58,33 56,11 53, ,69 35,13 30,32-25 Cuiabá 99,54 57, ,22 39,01 20,5-72 Curitiba 77,98 56,09 40, ,54 33,37 21,2-60 Goiânia 76,01 53,83 38, ,1 33,17 18,31-70 Manaus 55,77 30,83 17, ,76 19,36 9,67-75 Porto Alegre 90,66 63,05 43, ,5 30,66 19,79-58 Recife 64,31 63,34 62, ,44 35,35 28,77-34 Rio de Janeiro 88,46 66,14 49, ,55 44,36 30,03-54 São Paulo 71,14 64,43 58, ,04 36,9 29,58-36 Salvador 77,89 60,42 46, ,94 46,35 30, a Belém 220,33 156,09 110, ,09 89,04 69,5-39 Brasília 182,5 173,64 165, ,76 108,25 106,77-3 Cuiabá 261,21 189,41 137, ,7 126,72 96,91-42 Curitiba 292,44 220,42 166, ,73 120,51 92,66-41 Goiânia 206,99 165,58 132, ,07 108,83 78,4-48 Manaus 191,6 127,95 85, ,84 73,77 51,41-51 Porto Alegre 307,78 225,93 165, ,82 100,62 79,2-38 Recife 227,64 216, ,99 130,76 118,75-18 Rio de Janeiro 309,92 246,08 195, ,15 141,29 117,33-31 São Paulo 247,28 222,4 200, ,16 116,01 106,68-15 Salvador 232,83 194,2 161, ,21 140,1 115, a Belém 726,58 526,73 381, ,84 253,96 198,55-39 Brasília 470,9 452,45 434, ,56 284,28 277,18-5 Cuiabá 499,25 473,18 448, ,06 279,9 273,87-4 Curitiba 883,38 670,42 508, ,1 331,25 251,03-43 Goiânia 584,29 511,66 448, ,43 304,48 235,04-40 Manaus 573,04 394,97 272, ,09 243,7 171,61-50 Porto Alegre 778,1 608,87 476, ,23 256,47 210,66-33 Recife 623,33 617,58 611, ,22 357,58 331,07-14 Rio de Janeiro 860,74 687,63 549, ,15 340,35 278,36-33 São Paulo 651,64 601,31 554, ,88 291,72 269,41-15 Salvador 564,68 529,4 496, ,22 366,99 332, a Belém 1780,9 1341,4 1010, ,99 720,49 583,93-34 Brasília 1121, , , ,01 717,63 731,52 4 Cuiabá 1409, ,83 985, ,4 711,97 613,39-26 Curitiba 2001, , , ,13 907,69 742,17-33 Goiânia 1340, , , ,52 792,68 633,09-36 Manaus 1451, ,94 835, ,51 608,13 470,2-40 Porto Alegre 1730, , , ,6 668,97 560,39-30 Recife 1678, , , ,35 857,38 731,19-27 Rio de Janeiro 1874, ,8 1248, ,77 815,92 680,17-31 São Paulo 1535, , , ,98 744,23 664,15-20 Salvador 1503, , , ,21 827,01 708,6-27 >70a Belém 7245, , , , , ,95-31 Brasília 3624, , , , , ,61 0 Cuiabá 3745, ,4 2950, , , ,82-19 Curitiba 5745, , , , ,28-30 Goiânia 3745, , , , , ,48-35 Manaus 5452, , , , , ,07-55 Porto Alegre 4605, , , , , ,05-19 Recife 5193, , , , , ,6-33 Rio de Janeiro 5454, , , , , ,67-35 São Paulo 4681, , , , , ,12-25 Salvador 4728, , , , , ,63-35 foi importante para todas as faixas etárias e em ambos os sexos; 3) Brasília, Cuiabá e Goiânia (região Centro-Oeste): uma tendência de queda das doenças circulatórias em Cuiabá e Goiânia para todas as faixas etárias e em ambos os sexos. Em Brasília, observou-se, nos homens e mulheres, discreta redução e estabilização das doenças circulatórias, respectivamente, nas faixas etárias de 30 a 59 anos e 70 anos e discreto aumento na de 60 a 69 anos. Porém, observou-se em ambos os sexos aumento significativo no risco de morte por doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovas- 273
6 Mansur e cols Arq Bras Cardiol Tabela II - Coeficiente de mortalidade por doença isquêmica do coração e doença cerebrovascular por habitantes estimado em 11 capitais do Brasil segundo sexo e faixa etária, para os anos de 1980, 1987 e Faixas Etárias Doenças Isquêmicas do Coração Doenças Cerebrovasculares e Capitais Homens Mulheres Homens Mulheres 30-39a %V %V %V %V Belém 12,82 11,91 11, ,62 4,55 4, ,02 11,89 8, ,71 11,07 8,32-43 Brasília 7,89 9,25 10, ,22 1,51 1, ,68 14,66 13, ,18 14,98 14,77-3 Cuiabá 25,33 10,04 3, ,97 3,35 1, ,55 12,33 11, ,6 14,94 14,31-8 Curitiba 28,16 18,97 12, ,38 5,27 3, ,25 17,53 10, ,75 15,44 9,63-61 Goiânia 7,59 7,8 8,01 6 2,57 2,8 3, ,43 17,3 9, ,38 15,4 8,07-73 Manaus 19,83 7,77 3, ,39 1,82 0, ,14 10,08 7, ,56 8,94 6,91-40 Porto Alegre 35,2 22,33 14, ,9 5,98 4, ,29 21,46 13, ,5 6,48 4,94-42 Recife 14,2 18,36 23, ,05 5,55 7, ,11 17,58 18, ,7 12,59 11,57-16 Rio de Janeiro 37,53 23,72 14, ,25 9,55 6, ,72 19,97 13, ,19 19,57 13,58-52 São Paulo 20,27 20,61 20,94 3 6,01 6,47 6, ,56 20,21 15, ,62 16,54 12,65-41 Salvador 16,85 10,57 6, ,48 4,31 2, ,9 15,05 11, ,49 5,36 5, a Belém 63,49 50,53 40, ,91 16,8 14, ,27 56,75 46, ,86 38,7 34,15-22 Brasília 41,19 41,41 41, ,45 14,34 15, ,06 47,46 48, ,94 42,32 45,99 18 Cuiabá 56,17 42,33 31, ,36 12,28 9, ,4 45,88 40, ,71 48,59 45,66-12 Curitiba 128,17 98,64 75, ,83 36,58 29, ,23 62,26 42, ,38 46,22 31,7-53 Goiânia 40,39 40,88 41, ,49 12,33 13, ,98 58,08 37, ,85 47,47 30,11-60 Manaus 79,61 43,01 23, ,91 11,4 6, ,54 46,14 41, ,91 37,78 34,05-19 Porto Alegre 132,12 99,67 75, ,39 24, ,61 90,25 57, ,86 31,26 25,15-35 Recife 54,49 74,13 100, ,47 26,64 38, ,21 59,31 58, ,77 47,39 41,76-22 Rio de Janeiro 140,21 102,76 75, ,11 38,94 30, ,66 75,95 62, ,71 59,5 48,68-33 São Paulo 94,76 92,68 90, ,7 28,72 29, ,21 65,7 55, ,8 48,59 41,57-27 Salvador 60,54 46,59 35, ,54 20,02 16, ,85 56,76 49, ,06 22,69 25, a Belém 243,12 185,96 142, ,95 55,92 45, ,9 170,77 135, ,67 108,75 92,63-27 Brasília 119,61 135,44 153, ,98 55,21 66, ,24 116,81 127, ,95 94,14 108,15 32 Cuiabá 110,02 100,45 91, ,59 30,58 29,6-6 86,08 114,8 153, ,14 88,65 124,47 97 Curitiba 390,12 304,91 238, ,22 109,58 90, ,03 188,49 120, ,46 113,55 72,66-59 Goiânia 127,82 122,53 117, ,33 47,1 47, ,41 174,99 134, ,17 86,69-43 Manaus 213,53 131,23 80, ,44 46,56 30, ,57 145,14 120, ,21 112,36 94,07-30 Porto Alegre 375,97 285,93 217, ,29 88,11 71, ,7 261,99 164, , ,18-38 Recife 204,85 229,64 257, ,57 71,01 108, ,21 167,13 158, ,6 126,09 106,99-28 Rio de Janeiro 414,81 301,75 219, ,16 107,34 82, ,47 204,22 163, ,24 131,58 105,42-36 São Paulo 284,33 275,09 266, ,62 92,96 95, ,95 160,16 134, ,96 96,93 81,74-29 Salvador 171,78 140,09 114, ,01 61,4 53, ,02 156,58 143, ,52 69,24 81, a Belém 538,13 424,36 334, ,76 187,1 156, ,77 475,87 373, ,57 295,26 249,39-29 Brasília 281,37 337,4 404, ,16 178,21 226, ,15 305,07 355, ,82 217,02 266,35 51 Cuiabá 291,02 280,46 270, ,8 126,5 129, ,43 297,88 340, ,32 207,52 249,9 45 Curitiba 867,34 739,55 630, ,31 338,42 305, ,38 478,68 355, ,16 273,35 204,06-44 Goiânia 302,48 311,71 321, ,12 136,72 149, ,65 431,15 341, ,96 281,26 219,16-39 Manaus 419,67 305,8 222, ,33 133,15 102, ,68 387,19 373, ,4 237,23 230,26-6 Porto Alegre 896,92 669,88 500, ,14 275,7 218, ,2 612,61 365, ,95 268,57 200,95-44 Recife 501,21 541,59 585, ,13 240,76 275, ,09 476,76 407, ,49 309,9 236,85-42 Rio de Janeiro 864,13 654,69 496, ,37 279,86 224, ,22 450,76 360, ,74 277,82 221,97-36 São Paulo 676,09 615,79 560, ,21 276,41 266, ,64 344,34 285, ,27 206,78 172,22-31 Salvador 386,74 338,08 295, ,51 163,62 151, ,02 439,04 372, ,61 175,91 192,67 20 >70a Belém 1797, , , ,83 827,22 694, , , , , , ,53-29 Brasília 833, , , ,71 716,87 916, , , , ,5 885, ,73 34 Cuiabá 484,54 484,67 484, ,39 368,45 390, ,79 925, , ,61 762,2 972,12 63 Curitiba 2153, , , , , , , , , , ,01 936,97-41 Goiânia 979,73 773,93 611, ,1 582,22 487, , , , , ,24 885,47-30 Manaus 843,16 745,82 659, ,75 573,78 538, , , , , ,7 1030,55-3 Porto Alegre 2092, , , , , , , , , , ,75 997,8-26 Recife 1412, , , ,41 970, , , , , , , ,84-40 Rio de Janeiro 2125, , , , ,7 919, , ,91 981, , ,9 875,92-43 São Paulo 1997, , , ,7 1255, , , ,57 916, ,75 911,6 788,64-25 Salvador 1207,85 932,48 719, ,86 675,23 552, , , , ,77 749,71 796,
7 Arq Bras Cardiol Mansur e cols culares em, praticamente, todas as faixas etárias, exceto nos homens com 70 anos para as doenças isquêmicas do coração e na de 30 a 39 anos para as doenças cerebrovasculares, nos homens e mulheres. A cidade de Brasília foi responsável pelo maior aumento do risco de morte por doenças cerebrovasculares de 78% e 97%, respectivamente, nos homens e mulheres na faixa etária de 50 a 59 anos e, também, pela maior diminuição do risco de morte por doenças isquêmicas do coração nos homens com 70 anos. Em Cuiabá, observou-se, nos homens e mulheres, importante redução do risco de morte por doenças circulatórias, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares, exceto discreto aumento nas doenças isquêmicas do coração nas mulheres com mais de 60 anos e aumento acentuado nas doenças cerebrovasculares nos homens e mulheres com mais de 50 anos. A cidade de Cuiabá foi responsável pela maior diminuição do risco de morte por doenças isquêmicas do coração de -82% nas mulheres na faixa etária de 30 a 39 anos. Em Goiânia, observou-se importante redução do risco de morte por doenças circulatórias e doenças cerebrovasculares para todas as faixas etárias e em ambos os sexos. Porém, discreto aumento das doenças isquêmicas do coração nos homens entre 30 e 49 anos e nas mulheres entre 50 a 69 anos. Aumento maior foi observado nas mulheres entre 30 a 49 anos e 70 anos. A cidade de Goiânia foi responsável pela maior redução do risco de morte por doenças cerebrovasculares de -72% e -73%, respectivamente, nos homens e mulheres na faixa etária de 30 a 39 anos; 4) Recife e Salvador (região Nordeste): uma tendência de queda das doenças circulatórias em Recife e Salvador para todas as faixas etárias e em ambos os sexos. Porém, em Recife, observou-se um significativo aumento do risco de morte por doenças isquêmicas do coração, principalmente nas faixas etárias mais jovens (30 a 49 anos) decrescendo progressivamente até redução discreta (-4%) nos homens com 70 anos. Observou-se redução significativa no risco de morte por doenças cerebrovasculares para todas as faixas etárias em ambos os sexos. A cidade de Recife foi responsável pelo maior aumento do risco de morte por doenças isquêmicas do coração de 85% e 108%, respectivamente, nos homens e mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos. Em Salvador, observou-se redução significativa do risco de morte por doenças isquêmicas do coração, exceto nos homens e mulheres de 60 a 69 anos. Aumento das doenças cerebrovasculares nas mulheres com 50 anos e, ao contrário, redução significativa nos homens para todas as faixas etárias; 5) Belém e Manaus (região Norte): uma tendência de queda das doenças circulatórias, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares em Belém e Manaus para todas as faixas etárias e em ambos os sexos. Discussão Este estudo mostrou a mesma tendência de queda observada para as doenças circulatórias na população brasileira 1. Apenas a cidade de Brasília apresentou um discreto aumento na tendência do risco de morte. Estudo anterior 2 das regiões brasileiras também mostrou tendência de queda das doenças circulatórias nas regiões Sudeste, Sul e Norte, para todas as faixas etárias, em ambos os sexos, no período de 1979 a 1996 mas, nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, a tendência de aumento do risco de morte, para quase todas as faixas etárias decenais analisadas. O aumento foi significativamente maior na região Nordeste, nos homens e nas faixas etárias de 40 a 69 anos. Importante observar uma participação quase duas vezes maior do risco de morte por doenças isquêmicas do coração do que por doenças cerebrovasculares 2. Estudos prévios, principalmente na população brasileira mais jovem, mostraram maior participação das doenças isquêmicas do coração no risco de morte por doenças circulatórias nos homens e das doenças cerebrovasculares nas mulheres 13,14, apesar de relatos sobre maior letalidade por infarto agudo do miocárdio em mulheres 15,16. Em relação às capitais, Recife teve maior aumento do risco de morte por doenças isquêmicas do coração do que doenças cerebrovasculares; Brasília, aumento semelhante das doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares e Cuiabá, por doenças cerebrovasculares na população acima de 50 anos. O incremento do risco nessas capitais pode ter sido influenciado por: 1) pela melhora no diagnóstico da causa de morte; 2) resultado de um aumento na urbanização; 3) piora das condições socioeconômicas dessa região; 4) baixa escolaridade; e, 5) outros, ainda discutíveis, que incluem desde peso ao nascimento a aspectos culturais. A melhoria nos certificados de óbitos é uma hipótese interessante pois as doenças circulatórias, provavelmente, compõem a maior parcela dos óbitos mal definidos. Portanto, a redução observada nos óbitos mal definidos no período pode explicar o aumento do risco de morte por doenças circulatórias nessas capitais e corroborar a tendência de queda na maioria das capitais, isto é, respectivamente, aumento artificial e menor redução nas tendências do risco de morte para as doenças circulatórias, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares. Esses resultados podem gerar distorções de opinião ou mitos sobre as doenças circulatórias na área da epidemiologia 17,18. Piora das condições socioeconômicas, urbanização e baixa escolaridade, são hipóteses também atrativas, pois a piora na qualidade de vida está associada à redução do risco de morte por doenças circulatórias O motivo da maior participação das doenças isquêmicas do coração ou doenças cerebrovasculares no risco de morte por doenças circulatórias nas capitais citadas é desconhecido. Aspectos culturais regionais e fatores de riscos podem estar envolvidos. Portanto, uma análise do comportamento temporal dos principais fatores de risco para as doenças circulatórias, como, tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes, deve ser feita inicialmente para detectar os mais importantes para regiões e cidades específicas. Essas informações facilitarão a instituição de programas de controle adequados com o objetivo de reverter as tendências de aumento observadas para as doenças circulatórias. Este estudo mostrou a importância da análise das tendências do risco de morte de micro-regiões e cidades específicas, porque estas podem não refletir ten- 275
8 Mansur e cols Arq Bras Cardiol dências nacionais ou de macro-regiões e servem, também, para adequação das prioridades nas prevenções primária e secundária locais. Por exemplo, na cidade de São Paulo, observou-se discreto aumento das doenças isquêmicas do coração em faixas etárias específicas, homens e mulheres de 30 aos 39 anos e nas mulheres de 40 a 59 anos. Isto é, indivíduos nessas faixas etárias estão sob ação de importantes mecanismos responsáveis pela etiopatogenia do processo da aterosclerose e, portanto, um grupo de risco precoce para as doenças circulatórias, que irá influenciar a morbidade e a mortalidade das subseqüentes faixas etárias. Este estudo mostrou, também, aspectos importantes do risco de morte por doenças circulatórias no Brasil. Apesar da tendência de queda do risco de morte por doenças circulatórias, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares no Brasil 1, a análise regional mostrou realidades distintas 2, intensificadas pela análise das capitais. A magnitude das diferenças ficou ainda maior quando foram analisadas, separadamente, o risco de morte por doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares nas capitais. Homens e mulheres também tiveram particularidades em relação ao risco de morte por doenças circulatórias. Assim, este estudo mostrou a necessidade e a importância de análises setoriais da mortalidade por doenças circulatórias na população brasileira, facilitando a implantação de políticas de atenção à saúde do ponto de vista cardiovascular. Os dados de mortalidade, existentes no sistema de informação do Ministério da Saúde, estão sujeitos a problemas, como erros de diagnóstico, deficiências no preenchimento da declaração de óbito, existência de uma proporção de mortes que não têm causa esclarecida e erros na digitação. Estudos de validação das informações de mortalidade não existem para a maioria dos estados e cidades do país. Todavia, um indicador indireto da qualidade do dado é a proporção de atestados de óbito com o diagnóstico da causa da morte, como sintomas, sinais e afecções mal definidas, ainda significativo na maioria das cidades brasileiras das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Referências 1. Mansur AP, Favarato D, Souza MFM, et al. Tendência da Mortalidade por Doenças Circulatórias no Brasil de 1979 a Arq Bras Cardiol 2001; 76: Souza MFM, Timerman A, Serrano Jr CV, Santos RD, Mansur AP. 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Fundação IBGE. Censo demográfico 1991: resultados do universo relativo às características da população e dos domicílios. Rio de Janeiro; n.27: Goiás. 10. Fundação IBGE. Contagem da população Rio de Janeiro; v.1. (Resultados relativos a sexo da população e situação da unidade domiciliar). 11. Neter J, Kutner MH, Nachtschiem CJ, Wasserman W. Applied Linear Statistical Models. 4 th ed. Chicago: Irwin Series in Statistics; p , Kleinbaum DG, Kupper LL, Muller KE. Applied regression analysis and other multivariable methods. 2 nd ed. Belmont, California: Duxbury Press; p Haddad N, Silva MB. Mortalidade por doenças cardiovasculares em mulheres em idade reprodutivas (15 a 49 anos), no Estado de São Paulo, Brasil, 1991 a Arq Bras Cardiol 2000; 75: Mansur AP. Tendência da mortalidade por doenças circulatórias, cerebrovasculares e isquêmicas do coração no Brasil de 1979 a [Tese Livre Docência] São Paulo, p. 15. Marcopito LF, Goldfeder AJ, Schenkman S. 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