RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS: A VARIÁVEL FINANCEIRA E A DINÂMICA DE MERCADO COl\-fO REGRA DE LIQUIDAÇÃO DE CRÉDITOS PROBLEMÁTICOS
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- Marta Franco Cordeiro
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1 FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÁO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS: A VARIÁVEL FINANCEIRA E A DINÂMICA DE MERCADO COl\-fO REGRA DE LIQUIDAÇÃO DE CRÉDITOS PROBLEMÁTICOS DrSSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EDUARDO DE OLIVEIRA MARTINS Rio de Janeiro 2001
2 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQIDSA CURSO DE MESTRADO TÍTULO RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS: A VARIÁVEL FINANCEIRA E A DINÂMICA DE MERCADO COMO REGRA DE LIQIDDAÇÃO DE CRÉDITOS PROBLEMÁTICOS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR: EDUARDO DE OLIVEIRA MARTINS E APROVADO EM 13/1 1/2001 ISTV ~~P PhD EM BUSINESS ADMINISTRA TION ~.f/7,<;:. FE;tgG0íum~ TENÓ~ DOUTOREM ENGENHARIA DA PRODUÇÃO rrj~ eu.o~.~. WAL TER LEE NESS JÚNIOR PhD EM MANAGEMENT
3 11 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS EBAPE - ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA Eduardo de Oliveira Martins Recuperação de Créditos: A Variável Financeira e a Dinâmica de Mercado como Regra de Liquidação de Créditos Problemáticos Dissertação apresentada para a obtenção do título de Mestre em Gestão Pública/Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Orientador: Praf. Istvan Karaly Kasznar - PhD. BRASíLIA
4 111 AGRADECIMENTOS Um sincero obrigado. Aos colegas de curso, que, pela amizade e companheirismo, sempre prestaram o apoio nece>sário para um excelente aproveitamento dos estudos. Ao professor Istvan que, sempre prestativo e atencioso, soube administrar com excelência as contingências e etapas do processo de orientação, conferindo importantes nortes para o desenvolvimento das linhas científicas objeto deste estudo. Aos professores Fernando Tenório e Walter Ness, pela importante colaboração para a fonna final do trabalho. Aos funcionários da Fundação Getúlio Vargas, em especial da EBAP, pela atenção e cortesia no trato do nosso dia a dia acadêmico. Ao Banro do BrasiL pelo apoio financeiro e institucional. Ao Conglomerado Goldman Sachs, inclusive empresas delegadas no Brasil, em especial nas pessoas de Brad Gillman, Nicolas Kogan, Salman Khan, Lance West, Edemar Dalmaso, Milton Betenheuser, Nilton Neves e Ulisses Rodrigues, pela oportunidade de mostrar, na prática, os conceitos técnicos de mercado inerentes ao dia a dia de uma empresa privada de administração de créditos. Aos colegas de trabalho, pela colaboração pennanente e esportânea. Ao Sr. Edísio e Sra. Teresinha, pelo exemplo de serenidade, honestidade e de valorização da família.
5 IV A Téia, amor e companheira de todas as horas e tempestades. Aos amigos Valmir e Cássia, que sempre prestaram o apoio moral e técnico para a conclusão deste trabalho.
6 v SUMÁRIO Página LISTA DE ILUSTRAÇÕES... VIII RESUMO... X 1. INTRODUÇÃO Prop'lsitos e Objetivos do Estudo Resultados Esperada;: Hipóteses Fundamental e Secundária Delimitação do Estudo Metodologia BANCO DO BRASIL: ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL, INSUMOS E PROCESSOS Organograma: Foco no Cliente Áreas de Desenvolvimento da Dissertação O PROBLEMA Primeira Questão: as barreiras legais Segunda Questão: a titularidade da carteira Objetivos do Estudo PARADOXOS E PARADIGMAS O Valor dadívida & Capacidade de Pagamento O Paradoxo do "Dever de Diligência" do Administrador Público & Expectativa de Retorno (Custo de Oportunidade) Dimensionamento Orçamentário da Departamentalização da Cobrança: Custos Invisíveis da Manut. e Adm de Créditos Problemáticos Análise de Alternativas... 35
7 VI 5. A INADIMPLÊNCIA E A RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS NO BB Fases do Processo de Crédito e Acionamento da Equipe de Recuperação A Origem da Inadimplência Estudos Acadêmicos sobre Causas da Inadimplência Criticas à Avaliação de Causas da Inadimp. no Sistema Bancário Brasileiro A Abordagem da "Cultura da Inadimplência" O Processo de Crédito como Co-Resprnsável pela Inadimplência INADIMPLÊNCIA: EFEITO CONTÁBIL E PROCESSO NEGOCIAL Como o BB passa a tratar as dívida vencidas e os respectivos devedores A Situação Contábil O Processo NegociaI no BB: o Conceito Patrimonial O DILEMA DA RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS: O CUSTO DE OPORTUNIDADE E O DEVER DE DILIGÊNCIA Considerações Legais sobre o Dever de Diligência O Uso do Conceito de Custo de Oportunidade e Economia Futura como Instrumentos de Recuperação de Créditos A EXPERIÊNCIA DAS COMPANHIAS SECURITIZADORAS DE CRÉDITOS FINANCEIROS: FOCO ESTRATÉGICO E ÚNICO NA RECUPERAÇÃO As Vantagens do Modelo de Cessão de Créditos Problemáticos para Emissores Primários (Bancos) Atuação Segmentada: o Foco em Diferentes Grupamentos de Créditos... 93
8 VIl 8.3 Os Instrumentos de Medição da Eficiência da Recuperação de Créditos: Foco ejti Resultados A Outras Medidas de Avaliação Paralela CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APÊNDICE Resolução BACEN 2.686, de 26 de janeiro de Resolução BACEN 2A71, de 26 de fevereiro de Lei 8.429, de 02 de junho de lia Lei 8.443, de 16 de julho de Lei 9.138, de 29 de novembro de Lei 9.430, de 27 de dezembro de
9 V1l1 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Lista de Quadros Página Quadro 1 - Composição Acionária Quadro 2 - Diretoria de Finanças Quadro 3 - Controladcria Quadro 4 - Fases do Processo de Crfdito Quadro 5 - Recovery Rates Quadro 6 - Performance Citibank - "Workout" a partir do vencimento Quadro 7 - Performance securitizadora - "Workout" a partir da aquisição Quadro 8 - Paralelos entre recuperação de créditos em bancos e securitizadoras Lista de Figuras Figura I - Organograma Figura 2 - Desempenho das Operações Ativas Figura 3 - Estimativa do Estoque de Créditos Problemáticos Figura 4 - Retomo do Acionista Figura 5 - Causas da Inadimplência - Amostra 200 casos Figura 6 - Fluxo Contábil da Dívida Figura 7 - Linha de Negociação de Dívidas segundo o Conceito Patrimonial Figura 8 - Fluxograma de Avaliação da Diligência Administrativa
10 IX Figura 9 - Critérios de Precificação de Dívidas Figura 10 - Etapas da Segmentação Figura 11 - Compararativo das Curva;;; de Recuperação
11 x RESUMO A presente dissertação tem a finalidade de consolidar o objeto de estudos acadêmicos feitos em face do Curso de Mestrado e realizados pelo autor com base na situação hodierna enfrentada pelo no Banco do Brasil S.A na área de Recuperação de Créditos. A dissertação aduz a caracterização da organização após sua reforrnulação estrutural ocorrida em 1995 e aborda a problemática da inadimplência dos empréstimos concedidos pelo Banco no passado, sugerindo urna análise mais aprofundada do paradoxo "dever de diligência" versus geração de caixa por meio da securitização de créditos em prejuízo e o emprego de alternativas negociais heterodoxas e inovadoras de mercado, fundamentada no conceito financeiro de custo de oportunidade.
12 1. INTRODUÇÃO Em tempos de Real, nunca um assunto esteve tão em voga no meio econômico quanto o problema da inadimplência generalizada que assola o País. Se, por um lado, a estabilidade da economia propiciou pequena melhoria da qualidade de vida da classe de baixa renda e a estagnação da inflação em patamares abaixo de um dígito, por outro, o setor produtivo vive o dilema da recessão decorrente de diversos fatores, que vão desde a crise vivida pelos parceiros do Mercosul, sobretudo a Argentina e o Uruguai, o "fantasma" do racionamento de energia até o impacto de medidas monetárias e cambiais representadas, respectivamente, pela manutenção das taxas de juros em patamares elevados e a alta volatilidade do mercado cambial, isso sem contar aspectos mais pontuais, como é o caso da "Tensão Pré Eleitoral". Obviamente, a ação de todas essas variáveis econômicas acaba por impactar diretamente os integrantes do setor produtivo, que ao se vaticinar qualquer vestígio de crise, vêem-se no centro de um furacão econômico cujas conseqüências devastadoras são constatadas no aumento do número de cheques emitidos sem a devida provisão de fundos, no recrudescimento dos registros restritivos ao crédito nas agências de proteção às empresas e, dentre diversos outros termômetros, no acúmulo de protocolos de concordatas ou mesmo convolações em falência de solicitações preventivas anteriores. O principal -e maléfico- efeito da recessão é a inadimplência do consumidor em relação ao seu crediário, ao seu fornecedor, ao seu banco e ao próprio Estado, motivada pelo desemprego ou arrefecimento do mercado. O trabalho em apreço reúne, em seu escopo, a problemática da inadimplência vivida e administrada por um credor bancário dos setores produtivos e conumidores: o Banco do Brasil. Sugere abordagem histórica à questão da inadimplência e a relaciona com a existência, na atualidade, de elevados estoques de dívidas vencidas e impagas, registradas nas contas de provisão e perdas da instituição financeira.
13 2 Discute, ainda, a falta de eficácia da atual estrutura designada pelo Banco para o trato do problema da inadimplência, calcada essencialmente em limitações legais e antigos paradigmas e paradoxos que impedem urna atuação mais combativa dos negociadores. A abordagem apresentada pelo autor estabelece, ainda, relação de causa e conseqüência da inadimplência no Banco com o processo de crédito amplamente empregado pelo Sistema Financeiro Nacional, inclusive pelo próprio Banco do Brasil, e com as ações de cobrança utilizadas quando do vencimento das dívidas, cuja timidez, no passado, ensejou a instituição e disseminação da cultura da inadimplência (idéia de que dever a um banco público pode ser urna grande vantagem). o autor sugere, ainda, que o tratamento da dívida vencida merece análise diferenciada e segregada daquela utilizada no processo de crédito, quando se estuda urna proposta de empréstimo e se estima urna receita obtenível pelo Banco com a operação. Afinal, urna dívida vencida representa, no mínimo, a confirmação de que o nsco analisado quando da concessão do financiamento se transformou, agora, na iminência de perda financeira para o Banco e que qualquer esforço de recuperação deve ser dinâmico e estar despido dos conceitos financeiros que deram origem ao empréstimo (expectativa de realização de urna receita de juros). Nessa linha de pensamento, o autor, corno tentativa de colaborar com os esforços da empresa para solucionar o hodierno elevado estoque de dívidas vencidas, alvitra alternativas e conceitos de solução das pendências com base na premissa do custo de oportunidade -agora ajustado a urna visão de risco-, além de mostrar corno as propaladas securitizações de créditos podem servir como chave para melhor gerenciamento da relação custolbeneficio da administração de carteiras de créditos problemáticos, assim corno definição de alternativas e atitudes mais agressivas de cobrança.
14 3 Um dos objetivos desse estudo é o de estabelecer uma relação entre o melhor conhecimento das carteiras de créditos problemáticos e indicativos de como tratar propostas de reestruturação de operações vencidas, tudo isso com base em premissas de avaliação de custos de gestão do portfólio, comparativos financeiros de alternativas e atuação focada na realização de dinheiro sobre ativos "engessados" em face da inadimplência. A importância dos tópicos aqui abordados servirá, como fim subsidiário, para também respaldar o administrador estatutário quanto a eventuais questionamentos de fiscalizadores externos sobre o cumprimento do dever de diligência no trato das ações de cobrança do Banco, assim como para oferecer maior conforto aos acionistas a propósito da eficiência dessas ações em horizonte estritamente financeiro. Adicionalmente, o estudo aborda uma questão inédita no País: como ver sem quaisquer desconfianças o desempenho das sociedades securitizadoras de créditos financeiros, examinando-se como a especialização na gestão de créditos problemáticos pode se mostrar como alternativa capaz de gerar excelente retomo ao acionista comparativamente ao modelo tradicional de departamentalização da recuperação de créditos dentro dos bancos originalmente emprestadores. A idéia, nesse contexto, é mostrar a diferença entre duas formas de gestão de carteiras de créditos problemáticos: a tradicional, que consiste na designação de empregados do banco credor para cobrar as dívidas não pagas; e de mercado, que envolve a precificação desses créditos e a sua venda para empresa que fará da administração dessas operações um negócio efetivamente, com geração de caixa, orçamentos e demais requisitos financeiros, econômicos e de controle para o desenvolvimento de uma atividade lucrativa. Dentre as diferenças a serem apontadas, o autor pretende mostrar que por meio dos modelos de companhias securitizadoras de créditos financeiros os bancos podem potencializar seus resultados na gestão de créditos inadimplidos de duas formas: uma primeira, denominada passiva, que consiste em gozar dos benef1cios fiscais e
15 4 financeiros advindos da simples venda da carteira; e a segunda, chamada de ativa, onde além de ter os referidos beneficios os bancos auferem rendas desse "novo negócio", por meio de previsões contratuais ou participações acionárias nas companhias securitizadoras de créditos financeiros. 1.1 Propósitos e Objetivos do Estudo o estudo pretende examinar como o problema dos créditos inadimplidos vem sendo enfrentado pelo Banco do Brasil e como alguns velhos paradigmas e temores gerenciais acabam contribuindo significativamente para a geração de um resultado insatisfatório de recuperações frente ao volume de despesas empregado para sustentar uma pesada estrutura de cobranças e administração de créditos. São estudadas, ainda, considerações de geração de ganhos para o acionista mediante privilégio do conceito do custo de oportunidade nas negociações de crédito em detrimento do que se pensa ser algumas máximas sobre dever de diligência e atos de liberalidade do decisor/negociador. É abordado, no escopo do conceito de custo de oportunidade, o impacto favorável de determinada proposta de renegociação sob o ponto de vista de economia, a valor presente, de custos futuros de administração de créditos problemáticos. É estudada, ainda, a alternativa de "privatização" da carteira de créditos como solução de mercado e geradora de resultados financeiros -a valor presente- mais atrativos para o acionista do que a manutenção da atual estrutura de administração e cobrança de créditos inadimplidos Questão Fundamental Visão tradicional: o critério patrimonial como piso intransponível para qualquer acordo, sob pena de caracterização de "atos de liberalidade'" por parte do gestor público. A cobrança de dívidas como atribuição de um departamento do Banco. Uso da criatividade e da especialização direcionados para a criação de programas globais de recuperação de créditos, sedimentados em paradigmas gerenciais e jurídicos. 1 Conceito jurídico de que "comete ato de liberalidade o gestor que propor acordos em valores inferiores aos saldos obteníveis na Justiça com a execução de garantias".
16 5 Visão atualizada: conceito de custo de oportunidade, economia em logística de administração de créditos e valor presente como determinante de solução e decisão de créditos problemáticos. Segregação -inclusive contábil- das atividades de cobrança (com foco na prestação de serviços de inteligência de soluções de problemas) da atividade bancária (com foco na intermediação financeira). Uso da inteligência corporativa na modelagem de soluções específicas e de maior impacto. 1.2 Resultados Esperados: Hipóteses Fundamental e Secundária o estudo pretende demonstrar a hipótese fundamental de que é possível maximizar os resultados financeiros da empresa e dos acionistas mediante uma gestão de créditos problemáticos mais eficiente e desprendida de preconceitos e paradigmas que atualmente só contribuem para a manutenção do engessamento do capital empregado em operações de crédito mal sucedidas. Como hipóteses secundárias, pretende-se demonstrar que: a) contrariamente ao que afirmam as abordagens jurídicas sobre a gestão de recursos ligados a empresas controladas pela União, o critério de avaliação financeira dos empréstimos problemáticos para fins de renegociações amigáveis deve prevalecer sobre a escala de perspectiva de sucesso de ações de cobrança litigiosas estabelecida com base na análise de garantias; b) existem instrumentos de mercado hoje disponíveis no mercado capazes de alavancar a posição financeira do Banco sobre as contas de operações compensadas em prejuízo ou contabilizadas em Créditos em Liquidação e, como conseqüência, de aduzir maior economia em logística e liberar capital financeiro e humano para emprego em outros negócios-fim do Banco (intermediação financeira). Para que isso ocorra, é necessário haver uma mudança severa de conceitos e avaliação criteriosa de impacto dos plano de ação voltados para recuperação de créditos sob a dinâmica do mercado.
17 6 1.3 Delimitação do Estudo o estudo foi realizado sob a definição de um diagnóstico da inadimplência histórica do Banco, as experiências empregadas anteriormente pelas diretorias na tentativa de combater esse estoque de créditos problemáticos e a visão atual dos trabalhos de recuperação. Tendo esse diagnóstico, foi empreendido trabalho de relação de tratamento da carteira de créditos vencidos pelos bancos no exterior (experiência nos Estados Unidos da América, México e Japão) com a atitude dos banqueiros brasileiros, com observações técnicas e acadêmicas pontuais sobre alguns critérios mundialmente aceitos tal como correlação próxima de sucesso de recuperação de créditos e margem de cobertura de garantias; senioridade do colateral em relação à velocidade de recuperação de créditos; índices de perda de capital em relação ao tempo de "delinqüência" de determinada operação de créditos; comportamento do volume de falências e concordatas na carteira versus perspectivas de recuperação e outros estudos afins. o estudo delimita, ainda, como as Companhias Securitizadoras de Créditos Financeiras, autorizadas a funcionar no País a partir da edição da Resolução 2.686, de fevereiro de 2000, do Banco Central do Brasil, podem se apresentar como veículo eficaz de gestão de créditos problemáticos, através do conceito de recuperação de créditos como negócio e não "oficina" de reparos atrelada à área de crédito. 1.4 Metodologia Tipo de Pesquisa Considerando os objetivos traçados para o estudo, foram realizados 2 tipos de pesquisa exploratória: ru. Levantamento de dados numéricos, da legislação aplicável e das ações pretéritas de recuperação de créditos, em que, através de dados estatísticos, se demonstra o esgotamento do modelo tradicional de gestão de créditos problemáticos.
18 7 hl Pesquisa bibliográfica: em que são abordadas as referências e as análises sobre o assunto realizadas por especialistas Coleta dos Dados A coleta dos dados foi realizada por meio de: pesquisa de campo com relato de fatos vivenciados pelo autor no período em que era gestor de carteiras no Banco do Brasil e atual, em que gerencia a única Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros independente do País, controlada pelo Goldman, Sachs & Co; pesquisa documental mediante o acesso a documentos internos das empresas, como reportes de performance na cobrança de créditos vencidos; pesquisa bibliográfica em livros, periódicos, teses e dissertações com dados e informações pertinentes ao assunto Universo e Amostra Quanto aos dados numéricos, elaborou-se correlação entre os critérios e remédios utilizados pelos negociadores do Banco no passado e e seu impacto nos números alusivos ao estoque de créditos vencidos. Quanto à legislação aplicável ao negócio de gestão de carteiras, mostrou-se a diferença legal entre o veículo detentor de carteiras cedidas (Cias. Securitizadoras de Créditos Financeiros) e o credor primário, assim como os impactos nas demonstrações financeiras de cada um. Foi utilizada, ainda como amostra, o comportamento da carteira de créditos vencidos da Cia Securitizadora Rio Paraná no periodo de um ano após a cessão de carteiras no segmento de dívidas estruturadas e customizadas, contratadas originalmente junto a um Banco Público: o Banestado. A pouca bibliografia disponível sobre a matéria foi selecionada e levantada a partir de estudos de especialistas que se dedicaram ao assunto.
19 8 2. BANCO DO BRASIL: ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL, INSUMOS E PROCESSOS o Banco do Brasil S.A é uma sociedade anônima de economia mista, tendo a Secretaria do Tesouro Nacional como acionista majoritário. Atua no mercado financeiro na forma de Conglomerado e é classificado como autoridade de apoio do Sistema Financeiro Nacional - SFN. Além do Governo Federal, os principais acionistas do Banco são as associações de minoritários, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (PREVI), e o BNDESPAR. Em , o quadro societário do Banco poderia ser assim visualizado: Composição Acionária Acionista 1- Tesouro Nacional 2- PREVI 3- BNDESPAR 4- Minoritários Total Ações ON (%) 73,23% 11,17% 2,68% 12,92% 100,0% Fonte: balancete contábil publicado pela instituiç ão em Ações PN (%) 70,10% 16,8% 0,32% 12,78% 100,0% Participação Geral (%) 71,85% 13,64% 1,64% 12,87% 100,0% Trata-se de Conglomerado por conceituação do Banco Central do Brasil, que assim classifica os agentes integrantes do Sistema Financeiro Nacional que operam em diversas carteiras por meio de subsidiárias integrais (Fortuna, 1997:35). O Banco do Brasil opera na carteira comercial e, por meio de subsidiárias integrais, nas carteiras financeira (BB-Financeira), de arrendamento mercantil (BB-Leasing), de investimento (BB Investimentos), de cartões de crédito (BB Cartões) e de distribuição de títulos e valores mobiliários (BB-DTVM). É considerado autoridade de apoio do Sistema Financeiro Nacional por, dentre outras atribuições, centralizar os serviços de compensação de cheques e outros papéis e ser o agente de financiamento da agricultura do Governo Federal. No passado, chegou a participar do Conselho Monetário Nacional -entidade máxima do Sistema Financeiro Nacional- e a centralizar as operações de caixa do Tesouro Nacional: a conhecida conta-movimento.
20 9 o Banco do Brasil é o maior agente financeiro nacional em volume de ativos e tem como objetivo precípuo fomentar a produção nacional, fortalecer o mercado financeiro e incentivar o comércio exterior, através de operações ativas e passivas (Nova Arquitetura Organizacional do Banco do Brasil, 1996). Como qualquer agente integrante do Sistema Financeiro Nacional, o negócio do Banco deriva da intennediação financeira. Nesse sentido, o Banco busca intennediar transações entre os agentes econômicos superavitários (poupadores) e os agentes deficitários (investidores) através de seu portfólio de produtos e serviços. O Banco do Brasil contava, até 30/06/2002, com pontos de atendimento, dos quais integrados ao sistema on-line. Além disso, existem tenninais de saque, tenninais de extrato e 696 quiosques Banc024Horas. No exterior, o Banco mantém 32 unidades. Seu Conselho de Administração, fonnado por cinco integrantes, é dividido da seguinte fonna: 01 (dois) representantes do Governo Federal; 02 (dois) representantes da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil - PREVI e dos acionistas minoritários; e 01 (um) representante do corpo funcional. A Diretoria Executiva é exercida por um presidente e seis vice-presidentes, estes liderando as áreas de Crédito Geral, Recuperação de Crédito, Seguridade, Recursos Humanos, Distribuição, Recursos Tecnológicos, Varejo, Crédito Rural, Relacionamento com o Governo, Finanças, Relações com o Mercado, Comercial e Internacional. 2.1 ORGAl'lOGRAMA: Foco NO CLIENTE o Organograma do Banco do Brasil foi estabelecido com o objetivo de propiciar foco no cliente e no resultado, por meio da interação entre o Conselho Diretor, o Stafl a Unidades de Negócios e as Unidades de Função.
21 10 Vale destacar que, na prática, cada Diretor é responsável pela coordenação de detenninadas unidades de negócios e de função. Em reuniões com os comitês das unidades, fixa metas e objetivos, além de estruturar estratégias para os negócios em foco, dos quais cada unidade é responsável. Assim, sob supervlsao do diretor, a Unidade de Negócios desenvolve suas atividades, interagindo com as Unidades de Função e com as demais células negociais. Controla seu orçamento (a partir de limites definidos pela UA Controladoria) e gerencia seu portfólio. o modelo não impede, todavia, que o Conselho Diretor reunido venha debater assuntos inerentes a detenninada unidade de função ou de negócio e tomar, assim, uma decisão colegiada. Conselho de Administraçãc I- ~I Auditoria I I SECEX I II ii Conselho Diretor 1/): Oi õ i 'o i Cli Q)! z'......: I/) w I/) Q) "t:i ra :2 c: :::> I z I/) w :::> ii I Jurídico I H~ 1I I... ~... ~... ~.. ~... ~... ~.. ~... t... ~... ~... ~.. ~... ~.~... T.'...,: ~~~~;;~~~II ~ + ~IControladorial I Marketing : --Ib'~~~~~~========~================~... ~~-'[--~~~~~~===::;!... 0.' F... ~... === I Varejo it--+-~i Governo I o Tecnologia it--+-~ Ira I Comercial it--... ~lagribusinessl ~ I Interna- I J Distribuiçãol ~ l cional I 1 'I ~ ra IMer~v~~f.- e: : ~~~~~s I ~ I Seguridade f-- Q) LL :::> Finanças It--... ~ I Infraestrutura Rec. Humanos... Crédito '=====.. ~,~==========================~
22 Áreas de Desenvolvimento da Dissertação o desenvolvimento do trabalho em apreço ocorreu na Diretoria de Finanças e na Unidade de Negócios Recuperação de Créditos. Ambas estruturas gerenciam os ativos do Banco, sendo que a pnmeira também presta consultoria em assuntos envolvendo administração financeira. As estruturas internas abrangidas no presente trabalho são três: a Diretoria de Finanças, a Unidade de Apoio Controladoria e a Unidade de Recuperação de Créditos. Veja-se: Finanças A área de finanças do Banco é dividida em duas: controladoria, que engloba a contabilidade, e a área de finanças A Diretoria de Finanças A Diretoria de Finanças tem o objetivo principal de gerenciar os ativos e passivos financeiros com o intuito de otimizar a rentabilidade a curto e longo prazos. Tem como principais funções (no país e no exterior) a gestão da liquidez financeira, de riscos (descasamentos), do fluxo de caixa, de mesas de operações e as relações com o mercado. Estruturalmente, a Diretoria de Finanças está assim organizada no Conglomerado: Administração Relações com o Tesouraria Mercado Elaboração de políticas e Relações com o mercado Administração do fluxo de administração de passivo e Relações com acionistas caixa ativo financeiro Gestão das mesas de Administração de risco operação financeiro Credenciamento e Assessoria para a descredenciamento de engenharia financeira de instituições financeiras produtos
23 A Unidade de Apoio Controladoria (Staft) A Controladoria tem o objetivo principal de propiciar aos gestores condições para o acompanhamento e controle dos resultados dos negócios, subsidiar o processo de planejamento e induzir os gestores das unidades à otimização dos resultados globais do Banco. Tem como principais funções o orçamento, a avaliação econômico-financeira do desempenho gerencial das unidades, a contabilidade e a definição de conceitos c padrões das infoffi1ações gerenciais para a base de dados. Estrutura organizacional da Controladoria: Planejamento Contabilidade Controle e Orçamentário Informações Gerenciais Proposição de planos Desenvolvimento e Acompanhamento e anuais e plurianuais manutenção de controle orçamentário orçamentários metodologia contábil e do Avaliação do desempenho Consolidação dos planos Plano de Contas e das unidades orçamentários propostos classificação contábil Desenvolvimento de pelas unidades Elaboração das sistemática para a Desenvolvimento de demonstrações financeiras obtenção de informações metodologias para Execução da contabilidade gerenciais (conceitos e elaboração de orçamentos, geral padrões; meios/tipos de contabilidade gerencial e sistemas; necessidades de medição de rentabilidade. informações nas bases de Assessorar as unidades dados centralizadas). para a análise de custos e rentabilidade Unidade de Recuperação de Créditos Trata-se de Unidade de Negócios que objetiva possibilitar ao Banco o retomo dos ativos mutuados que se encontram em atraso. Para cumprir seus objetivos, a Unidade de Recuperação de Créditos divide-se, estruturalmente, em duas áreas: técnico-administrativa e negociai. A pnmelra se incumbe da coordenação da cobrança ele dívidas, de levantamentos estatísticos sobre a inadimplência no conglomerado, de apoio
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