Célia Maria Vilela Pontes. Casas Brasonadas de Guimarães: Um itinerário Turístico-Cultural. Volume I

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Célia Maria Vilela Pontes. Casas Brasonadas de Guimarães: Um itinerário Turístico-Cultural. Volume I"

Transcrição

1 Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociais Casas Brasonadas de Guimarães: Um itinerário Turístico-Cultural UMinho 2013 Célia Maria Vilela Pontes Casas Brasonadas de Guimarães: Um itinerário Turístico-Cultural Célia Maria Vilela Pontes Janeiro de 2013

2 Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociais Célia Maria Vilela Pontes Casas Brasonadas de Guimarães: Um itinerário Turístico-Cultural Dissertação de Mestrado Mestrado em Património e Turismo Cultural Trabalho realizado sob a orientação do Professor Doutor José Manuel Lopes Cordeiro e do Mestre Manuel Sampaio Pimentel Azevedo Graça Janeiro de 2013

3 DECLARAÇÃO Nome: Célia Maria Vilela Pontes Endereço electrónico: Telefone: Número do Cartão do Cidadão: Título dissertação: Casas Brasonadas de Guimarães: Um Itinerário Turístico-Cultural Orientadores: Professor Doutor José Manuel Lopes Cordeiro e o Mestre Manuel Sampaio Pimentel Azevedo Graça Ano de conclusão: 2013 Designação do Mestrado: Património e Turismo Cultural 1. É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE; Universidade do Minho, / / Assinatura:

4 AGRADECIMENTOS Para a elaboração deste trabalho foi imprescindível o apoio e o envolvimento de algumas pessoas e Instituições. Como tal aqui deixo o meu reconhecimento e gratidão a todos eles. O desenvolvimento de uma investigação pressupõe várias etapas e os seus contributos constituíram-se elementares para a sua conclusão. Em primeiro lugar quero agradecer aos meus orientadores, Professor Doutor José Manuel Lopes Cordeiro (Docente da Universidade do Minho) e ao Mestre Manuel Azevedo Graça (Diretor do Museu de Alberto Sampaio, Paço dos Duques de Bragança e Museu de Etnologia do Porto), pelos incentivos e ensinamentos e por terem acreditado neste projeto. Ao António José Oliveira por todo o apoio e carinho, pelas palavras de encorajamento, discussão de ideias e pela cedência de Bibliografia. Um agradecimento a todos os que se mostraram disponíveis para responder aos questionários e aos que prontamente abriram as portas das suas Casas Brasonadas. Um agradecimento especial ao Sérgio Ferreira e ao Dr. António Alberto Rodrigues Ribeiro, Juiz Desembargador do tribunal da Relação pela simpatia e disponibilidade em mostrar-me a Casa dos Couto. Ao Sr. Francisco Vieira, Presidente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás os Montes, pela disponibilidade em mostrar-me a Casa dos Moreira de Sá. À Dona Guilhermina e ao Francisco Viamonte da Silveira pela simpatia e disponibilidade na visita que efetuamos ao jardim e Casa dos Pombais. À Dona Maria Adelaide Pereira de Moraes pelas informações sobre algumas Casas Brasonadas de Guimarães. À Dra. Maria José Nascimento da DGPC (Direção Geral do Património Cultural) pela disponibilidade no tratamento dos questionários. Aos colegas do grupo Origens, Genealogia e História da Família do facebook pelos incentivos e pelos ensinamentos, um especial agradecimento ao Dr. Miguel de Sousa e ao genealogista Fernando Manuel Moreira de Sá Monteiro pela cedência de documentação. À Emília Cunha, pela cedência de dados estatísticos do Turismo de Guimarães. Aos colegas de trabalho do Museu de Alberto Sampaio pelas palavras de encorajamento, em particular à Adriana Lopes pelo profissionalismo na tradução do resumo da tese. Aos colegas de Mestrado pelo apoio e trocas de saber. Por último, um agradecimento aos meus Pais e ao meu irmão, que sempre estiveram presentes na minha vida. A todos um enorme obrigada. iii

5 iv

6 RESUMO A casa é um documento autêntico da vida do homem, documento de pedra e cal, mas de extraordinária importância para estudarmos os costumes, a evolução do gosto e da vida social. Nas casas está resumido todo um estilo de vida, por isso ela é um elemento importantíssimo para o estudo duma sociedade, em qualquer época que se considere. A cidade de Guimarães em especial o seu centro histórico tem vários exemplos que testemunham a sua historia ao longo dos tempos. Abordar as Casas Brasonadas de Guimarães como património a ser valorizado através de um itinerário turísticocultural, foi a divisa que deu início a este nosso estudo. Pensamos como área de estudo, o concelho de Guimarães, no entanto e devido a questões metodológicas e temporais descartamos esta ideia, cingindo-nos ao centro urbano. Espaço em que delimitamos ao centro histórico e seus arrabaldes. Temos, no entanto, noção da necessidade de prolongarmos o nosso itinerário ao vasto concelho de Guimarães, que possui um diversificado conjunto de casas brasonadas. Após selecionada a área de estudo, foram identificadas e posteriormente selecionadas as casas de interesse para esta investigação, baseando-se a escolha em critérios previamente estabelecidos. Estas casas já foram estudadas por diferentes autores, nomeadamente a sua genealogia e heráldica, no entanto, a sua valorização não pode passar só por essa investigação. O estudo de um património cultural é essencial para o conhecermos, mas só isto não chega para que lhe possamos dar o respetivo valor, é necessário colocá-lo a comunicar com o visitante. Nas Casas Brasonadas encontramos um recurso que depois de trabalhado poderá contribuir para o enriquecimento da oferta cultural da cidade. O objetivo geral desta investigação prende-se com a proposta de elaboração de um itinerário turístico-cultural. Especificamente procurou-se identificar, examinar e valorizar as Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães, realçando o seu potencial atrativo turístico para organizar uma Rota. Um dos objetivos centrais do estudo foi reconhecer a potencialidade turística de casas com esta tipologia. No terreno visitamos as Casas, falamos com alguns proprietários e conseguimos analisar estes elementos âncora da nossa Rota. Abordámos as fases de preparação e desenvolvimento da Rota, e tivemos também a preocupação de incluir a possível entidade promotora, analisar a perceção dos sujeitos responsáveis por algumas entidades a envolver no Projeto e sugerir elementos para a sua dinamização. Ficou excluída a implementação e teste da Rota, por não ser esse um dos objetivos a que nos propúnhamos. Contudo, ficou reconhecida a atratividade que estas Casas suscitam na população local e nos visitantes. Motivo suficiente para ser implementada a Rota das Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães, e quem sabe, no futuro alargar ao concelho no seu todo. v

7 vi

8 ABSTRACT A house is a genuine document of human life, a document of stone and lime, but of an extraordinary importance to the study of the habits, the evolution of taste and social life. The houses reveal a lifestyle and are therefore a very important factor to the study of a society at any period of time. The city of Guimarães, especially the historical centre, has several examples that demonstrate its history. Approaching the houses with coat of arms of Guimarães as a heritage to be highlighted through a touristic and cultural itinerary was the reason that led to this study. For this purpose, we first considered the area of the municipality of Guimarães, however, and because of methodological and time issues, we abandoned this intention, taking into account only the urban centre: a geographic area limited to the historic centre and its suburbs. We have though the notion that there s need to expand our itinerary to the vast municipality of Guimarães, which possesses a wide set of emblazoned houses. After selecting a field of study, we identified and later chose the houses with interest to this research, basing our choice in previously established criteria. These houses have already been studied by different authors, namely in what concerns genealogy and heraldic. But its valorization can not be reduced to that research. Studying a cultural heritage is essential for us to know it but not enough to value it. It is necessary to put it into communication with the visitor. In the houses with coat of arms we find a resource that after being worked can contribute to enrich the cultural offer of the city. The main purpose of this research is to propose the elaboration of a touristic and cultural itinerary. Specifically, we tried to identify, examine and highlight the noble houses of the historic centre of Guimarães, underlining its touristic potential in order to develop a route. A key objective of this study was to acknowledge the touristic potential of houses belonging to this category. On the field we visited the houses, spoke to some of the owners and managed to analyse these anchor elements of our route. We addressed the stages of preparation and development of the route, yet seeking to include the possible promoter, analysing the perception of those who are responsible for some of the entities to involve in the route and suggesting elements to promote it. The implementation and testing of the route have been excluded from this project since they weren't part of the aims. However, the attractiveness that these houses have both on the population and the visitors became evident. Reason enough to implement the route of the houses with coat of arms of the urban centre of Guimarães and, in the future, extend it to the entire municipality. vii

9 viii

10 ÍNDICE GERAL I INTRODUÇÃO Apresentação do Tema Objetivos Metodologia 4 II ENQUADRAMENTO TEÓRICO Estado da Arte Turismo Cultural: definição e potencialidade A relevância das Rotas no Turismo Cultural 14 III GUIMARÃES: NA ROTA DO TURISMO CULTURAL Caracterização do município Caracterização física Caracterização humana Caracterização histórica Análise do Turismo de Guimarães Evolução recente Recursos e atrativos turísticos da cidade Oferta: equipamentos e serviços turísticos Procura Turística. 49 IV ESTUDO DE CASO: CASAS BRASONADAS DE GUIMARÃES E AS SUAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS A casa nobre: breve caracterização Casa nobre armoriada: conceito Casas brasonadas de Guimarães: um património a valorizar Enquadramento geral Identificação e caracterização do objeto de estudo Rota das Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães Objetivos gerais e específicos Avaliação.79 ix

11 x

12 Definição e descrição dos itinerários Principais itinerários Itinerários curtos e temáticos...98 V ELEMENTOS PARA A DINAMIZAÇÃO E PROMOÇÃO DA ROTA..110 VI Considerações finais..118 Bibliografia 120 I Nota Introdutória Anexo 1 - Recursos turísticos: Património civil e religioso Anexo 2 - Equipamentos e serviços turísticos Anexo 3 - Modelo de questionário Anexo 4 - Tratamento de dados dos questionários através do software SPSS Anexo 5 Fichas de Inventário Anexo 6 Mapa com a localização geral das Casas Brasonadas do Centro Urbano de Guimarães xi

13 xii

14 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACIG Associação Comercial e Industrial de Guimarães AL Alojamento Local A.M.A.P. Arquivo Municipal Alfredo Pimenta A.S.C.M.G. Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães CAAA Centro de Assuntos da Arte e Arquitetura CEC Capital Europeia da Cultura CMG Câmara Municipal de Guimarães DCH Divisão do Centro Histórico DGEMN Direção Geral dos Monumentos Nacionais DG Diário do Governo DR Diário da República Fig. Figura GPS Global Positioning System ICOMOS International Council on Monuments and Sites IGESPAR Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico MAS Museu de Alberto Sampaio NUT Nomenclatura de Unidades Territoriais OMT Organização Mundial de Turismo SPSS Statistical Package for the Social Sciences SWOT Strenghts, Weakness, Opportunities e Threats. Vol. Volume UM Universidade do Minho UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization xiii

15 xiv

16 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 Carta militar de Guimarães e freguesias vizinhas. Serviços Cartográficos do Exército, Escala 1/25 000, Continente (Série M888) Figura 2 Atual concelho de Guimarães e seus limites urbanos (CMG, 2011) Figura 3 Densidade populacional das freguesias do concelho de Guimarães (CMG, 2011) Figura 4 - Principais vias de comunicação do Concelho de Guimarães (CMG) Figura 5 - Vista aérea do largo do Toural (CMG, 2001)..25 Figura 6 - Mapa com a Zona Classificada como Património Cultural da Humanidade e Zona de Intervenção da D.C.H (CMG/DCH, 2012) Figura 7 - Litografia da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira (século XIX)..27 Figura 8 - Litografia de Nossa Senhora da Oliveira (século XIX) Figura 9 - Palácio e Centro Cultural Vila Flor (Foto da Autora) Figura 10 - Plataforma das Artes (Foto da Autora)...33 Figura 11 - Vista aérea do centro histórico de Guimarães (CMG, 2001).34 Figura 12 - Bordado de Guimarães (retirado de Figura 13 - Cantarinha dos Namorados (MAS)...37 Figura 14 Maria Guimarães ( Figura 15 - Jardins do Palácio Vila Flor (Foto da Autora)...41 Figura 16 Parque do Monte Latito (Foto da Autora).. 41 Figura 17 - Cerca do Convento de Santa Marinha da Costa (Foto da Autora)...42 Figura 18 Perspetiva da Montanha da Penha (Foto da Autora) Figura 19 Largo da Oliveira (Foto da Autora)...44 Figura 20 Praça de Santiago (Foto da Autora). 44 Figura 21 Praça de Santiago durante a realização do Euro 2004 (Foto da Autora). 46 Figura 22 - Reconstituição do voto de D. João I pelas escolas da cidade de Guimarães e MAS (MAS, 2001) Figura 23 Instituto de Design (antiga Fábrica de Curtumes da Ramada de António Martins Ribeiro) (Foto da Autora).49 Figura 24 Torre dos Almadas...54 Figura 25 Casa do Arco na rua de Santa Maria (Foto da Autora) 56 xv

17 xvi

18 Figura 26 Localização das 30 Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães (mapa extraído no Google Earth).. 68 Figura 27 - Pedra de Armas pintado no teto de uma das salas da casa dos Couto (Foto da Autora)..73 Figura 28 Museu de Alberto Sampaio (Foto da Autora) Figura 29 - Pinturas com motivos heráldicos, no travejamento do teto da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira (DGEMN)..85 Figura 30 Padrão do Salado e antigos Paços do Concelho (Foto da Autora).. 86 Figura 31 Vista aérea do antigo convento de Santa Clara (CMG, 2001)..87 Figura 32 Vista aérea do largo Martins Sarmento (CMG, 2001)..88 Figura 33 Vista aérea sobre o Monte Latito (CMG, 2001)..89 Figura 34 Antigo Convento de Santo António dos Capuchos (Foto da Autora)..89 Figura 35 Vista aérea do Largo João Franco (CMG, 2001) 91 Figura 36 Itinerário do centro histórico de Guimarães com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth)...92 Figura 37 Padrão de D. João I (Foto da Autora).94 Figura 38 Fachada da capela da Ordem Terceira de São Domingos e da Igreja com o mesmo nome (Foto da Autora).94 Figura 39 Viela de ligação entre a rua da Liberdade e a rua da Caldeiroa (Foto da Autora) 95 Figura 40 Igreja do antigo Convento de São Francisco e capela da Venerável Ordem de São Francisco (Foto da Autora).96 Figura 41 Igreja de Nossa Senhora da Consolação e dos Santos Passos (Foto da Autora).97 Figura 42 Itinerário dos arrabaldes com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth)..98 Figura 43 Itinerário Casas brasonadas numa rua de Elite com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth)...99 Figura 44 Itinerário Uma Casa, uma peça com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth) Figura 45 Itinerário Uma Casa, uma Instituição com a localização das respetivas Casas Brasonadas e instituições religiosas (extraído do Google Earth)..103 Figura 46 Vista aérea da Casa do proposto e Jardim posterior (extraído do Google Earth) 104 Figura 47 Pormenor do jardim da Casa dos Pombais (Foto da Autora). 105 xvii

19 xviii

20 Figura 48 Vista aérea da Casa dos Pombais e jardim (extraído do Google Earth).105 Figura 49 e 50 Pormenores do jardim do Palácio Vila Flor (Fotos da Autora) Figura 51 Itinerário Uma Casa, um jardim com a localização das respetivas Casas Brasonadas e jardins (extraído do Google Earth) Figura 52 Retrato de D. José de Bragança. Paço Arquiepiscopal de Braga. 107 Figura 53 Casa dos Carvalho onde D. José de Bragança se hospedou (extraído BARBOSA: 1886)..107 Figura 54 Postal dos inícios do século XX: Largo João Franco. Ao fundo a Casa dos Carvalho e do lado direito perspetiva da Casa dos Couto Figura 55 Itinerário Três Casas, um arcebispo com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth) Figura 56 Retábulo de São Jorge (MAS, ED2). 112 Figura 57 Túmulo com jacente de Manuel Valadares (MAS,L-63) Figura 58 - Relicário com relíquia de São Torcato (MAS, O-26) Figura 59 Cruz processional (MAS, O-19)..113 Figura 60 - Batuta do último fidalgo do Toural (MAS,O-155). 113 Figura 61 Teto da capela de São Jorge, Casa Navarros de Andrade (MAS, P-70). 113 xix

21 xx

22 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 Elementos facilitadores e inibidores à implementação da Rota das Casas Brasonadas no centro urbano de Guimarães..79 Tabela 2 - Peças do MAS com ligação a Casas Brasonadas..100 Tabela 3 - Componentes para a comercialização do produto turístico..110 ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 Localização das Casas Brasonadas.71 Gráfico 2 Estado de conservação das pedras de armas.71 Gráfico 3 Número de pedras de armas existentes em cada Casa.. 72 Gráfico 4 Tipo de material utilizado na feitura da pedra de armas da fachada. 73 Gráfico 5 Leitura Heráldica. 74 Gráfico 6 Casas com Jardim esteticamente relevante. 75 Gráfico 7 Utilização atual. 76 Gráfico 8 Tipo de proprietário da Casa..77 xxi

23

24 O património cultural de um povo é um dos seus mais caros valores e sociedade que não tem passado, que não tem património moral e cultural, é pobre, ainda que possa ser rica no gozo de efémeros bens materiais. Compete-nos pois guardar ciosamente cada pedra, cada manuscrito, cada obra de arte ou de simples respeito histórico, o simples relicário, os conceitos da própria forma de vida, as normas muito especiais da nossa maneira de estar no mundo (ALVES, 1984:6). I INTRODUÇÃO 1.1. Apresentação do tema Iniciamos o presente estudo com uma frase que demonstra a importância do Minho no panorama turístico: O Minho região turisticamente privilegiada é relicário das melhores tradições portuguesas (DIAS, 1970: ). Como minhota que somos não poderíamos deixar de estudar um tema que se enquadra nesta região. De facto e como nos refere Basílio Dias, é Terra de nobreza e de famílias ilustres das mais antigas de Portugal era a região escolhida, em tempos remotos, para deleite e descanso. Delimitamos a área geográfica do nosso estudo à cidade de Guimarães, berço nobilíssimo da monarquia portuguesa 1. O primeiro contacto com o tema deste nosso estudo surgiu acerca de doze anos atrás, aquando da realização da nossa licenciatura. Na época foi-nos solicitado a feitura de um trabalho para a disciplina de Gestão do Património, ministrada pela Arquiteta Margarida Coelho. O tema foi quase de imediato escolhido, tendo em conta que pouco tempo antes e durante uma passagem pelo centro histórico de Guimarães, deparámo-nos com uma vasta oferta de casas brasonadas. Este testemunho importantíssimo da história da cidade despertou-nos o interesse e a preocupação na sua salvaguarda. Demonstrar que estes imóveis constituem um património valioso capaz de enriquecer a oferta cultural da cidade de Guimarães, foi um dos objetivos desse trabalho de licenciatura. Hoje e depois de passado alguns anos decidimos aprofundar o tema e alargar o nosso espaço de estudo (de onze casas estudadas ao de leve, passamos para trinta e uma na atualidade). O conhecimento adquirido ao longo dos anos, sobre a história, o património e o turismo de Guimarães permitiu aprofundar a temática deste nosso trabalho. Abordar as casas brasonadas de 1 Assim se refere CALDAS, 1996: 25. 1

25 Guimarães como património a ser valorizado através de um itinerário turístico, foi a divisa que deu início a este nosso estudo. No turismo há um grande interesse por património cultural, lugares históricos e cidades com uma oferta cultural variada, surgindo novas perspetivas para a economia urbana de uma localidade. O turismo também é visto como um meio de viabilizar a conservação de patrimónios culturais e um incentivo para a inovação de atividades, podendo tornar-se uma força importante para a defesa da herança cultural. Os itinerários turísticos são na atualidade uns das melhores formas de salvaguardar e promover o nosso património cultural. Além de contribuir para o desenvolvimento da região onde o itinerário está inserido. Pensamos como espaço geográfico, o concelho de Guimarães, no entanto e devido a questões metodológicas e restrições temporais descartamos esta ideia, cingindo-nos ao centro urbano. Espaço que delimitamos ao centro histórico e seus arrabaldes. Temos no entanto noção da necessidade de prolongarmos o nosso itinerário ao vasto concelho de Guimarães, que possui um amplo conjunto de casas brasonadas. Após selecionada a área de estudo, foram identificadas e posteriormente selecionadas as casas de interesse para esta investigação, baseando-se a escolha em critérios previamente estabelecidos. Estas casas já foram estudadas por diferentes autores, nomeadamente a genealogia e heráldica, no entanto a sua valorização não pode passar só por esse estudo. O estudo de um património cultural é essencial para o valorizarmos, mas só isto não chega para mostrar o seu interesse, é necessário colocá-lo a comunicar com o visitante. E nada melhor que a criação de itinerários. E nas casas brasonadas encontramos um recurso que depois de trabalhado pode contribuir para o enriquecimento da oferta turística de uma cidade. No nosso estudo, além da proposta de criação de uma Rota de Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães, incluímos igualmente elementos para a dinamização da respetiva Rota, que poderão funcionar como um motor de arranque para uma possível e futura implementação. Demonstrar que a implementação de uma Rota das Casas Brasonadas no centro urbano de Guimarães é uma maisvalia na oferta turística da cidade é outro dos objetivos genéricos que se pretende desenvolver neste estudo. 2

26 1.2. Objetivos O objetivo geral desta investigação prende-se com a proposta de elaboração de uma Rota de Casas Brasonadas existentes em Guimarães que abranja diferentes itinerários. Deste modo, procurou-se identificar, examinar e valorizar as casas brasonadas do centro urbano de Guimarães, realçando o seu potencial como atrativo turístico para que se organizasse uma Rota. Neste trabalho abordámos as fases de preparação e desenvolvimento da rota. Contudo, houve a preocupação de incluir a possível entidade promotora, analisar a perceção dos sujeitos responsáveis por algumas entidades a envolver na rota e sugerir elementos para a sua dinamização. Ficará excluída a implementação no terreno e teste da rota, por não ser esse um dos objetivos a que nos propúnhamos. Neste sentido, os objetivos específicos compreendem: Analisar o estado da arte, realizando uma revisão bibliográfica com a identificação das teses de doutoramento; dissertações de mestrados; artigos científicos e outras obras que contribuam para o conhecimento das Casas Brasonadas e do turismo cultural, nomeadamente sobre Rotas. - Reconhecer a importância económica, social, religiosa e artística de Guimarães ao longo dos séculos; - Desenvolver o interesse pela história local; - Promover o estudo científico das Casas Brasonadas e do centro urbano; - Proteger, valorizar e divulgar um património edificado que testemunha a evolução urbana da cidade; -Promover a genealogia e heráldica local; - Demonstrar as potencialidades turísticas das Casas Brasonadas, com particular incidência em Guimarães; - Apresentar e desenvolver elementos para a criação de uma Rota de Casas brasonadas; - Aferir da viabilidade da criação de uma Rota de Casas Brasonadas no centro urbano de Guimarães; -Promover parcerias entre as diversas Instituições e entidades locais. 3

27 1.3. Metodologia Para a realização de um projeto turístico-cultural é necessário primeiramente um estudo histórico sobre o que pretendemos valorizar. Assim, neste trabalho a metodologia utilizada foi a pesquisa documental e a pesquisa de campo. Na pesquisa documental, reunimos informações secundárias, ou seja, aquelas obtidas em pesquisas anteriores e em informações bibliográficas coletadas em livros, documentos, arquivos, folhetos, Internet e outras fontes esclarecedoras. Estas informações permitiram definir alguns conceitos-chave, caracterizar o espaço em estudo para além de identificar critérios de constituição das rotas. Em complemento, a investigação de campo proporcionou a verificação de algumas informações obtidas na pesquisa de laboratório, nomeadamente no que se refere ao levantamento da oferta da cidade (recursos, atrativos, equipamentos e serviços turísticos).na pesquisa documental encontramos elementos para definir o nosso objeto de estudo. Conseguiu-se definir o que é uma Casa Brasonada, o elemento-âncora na construção da nossa Rota. Para demonstrarmos a importância da valorização destas casas efetuamos o enquadramento legal das mesmas, através da consulta de legislação sobre o tema. Reconhecido o seu valor legal e patrimonial como Bem Cultural, passamos à identificação cartográfica das casas, não sem antes limitar o espaço de estudo. Primitivamente pensamos numa Rota que abrangesse o concelho de Guimarães. Devido ao fator temporal, este pensamento foi descartado. Optamos pelo centro histórico de Guimarães, mas decidimos não nos limitar ao espaço intramuros por acharmos que estas casas se prolongam aos arruamentos limítrofes. Para o levantamento das Casas Brasonadas do espaço limitado por nós, foi necessário percorrer todas as ruas e identificar as casas que ostentam uma pedra de armas. Esta identificação só foi possível com uma pesquisa de campo que se traduziu no contacto com arrendatários e/ou proprietários das casas. É de referir que a abordagem aos proprietários e/ou arrendatários permitiu sensibiliza-los para o nosso trabalho, sendo notório a disponibilidade de muitos em participar numa possível Rota de Casas Brasonadas. Salientamos o fato do sucesso de qualquer projeto turístico passar primeiramente pela envolvência da população local. A pesquisa de campo foi essencial para obter informações in loco das casas selecionadas, conseguindo desta forma completar, comprovar e atualizar dados. As informações referentes a cada casa selecionada foram coligidas numa ficha de inventário realizada para o efeito. Conseguimos deste modo conhecer detalhadamente cada casa em estudo. Por uma questão organizacional foram colocadas no volume II. Por fim, houve 4

28 necessidade de obter elementos concretos, que permitissem aferir e confirmar da importância que uma Rota de Casas Brasonadas teria para Guimarães. Deste modo auscultamos algumas entidades representativas da cidade, tendo em conta o contacto que à posteriori estas pessoas possam vir a ter com a Rota em causa. A seleção da Amostra recaiu sobre entidades estabelecidas no centro da cidade, e que representam diferentes áreas: alojamento 2, restauração 3, entretenimento noturno 4, comércio local 5, residentes 6, turismo 7, entidades culturais 8. Escolhemos aleatoriamente três entidades por cada área selecionada, totalizando 21 questionários. A recolha consistiu na realização de questionários 9 de resposta fechada, através dos quais foram colocadas questões relacionadas não só com a oferta cultural/turística de Guimarães, mas também com o conhecimento e importância que as entidades representativas locais dão às Casas Brasonadas. Os questionários foram realizados entre os dias 10 e 16 de outubro de Para o tratamento dos dados recolhidos utilizou-se o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 10. Da sua análise chegamos às seguintes conclusões 11 : Acerca da questão se consideram que Guimarães possui uma vasta oferta cultural, 52,4% dos inquiridos respondeu muito, deixando para 2º lugar com 28,6% quem considera que tem média e com 19% responderam elevada oferta cultural. Relativamente ao que sugerem para visitar em Guimarães notou-se que a maioria (57,1%), escolhe o centro histórico de Guimarães. Quanto às rotas turísticas do concelho, a Rota da Penha é sem sombra de dúvida a mais conhecida pelos inquiridos (95,2%). A Rota da Citânia é conhecida por 76,2% e a Rota de São 2 Os seguintes: Hotel do Toural e dois Hostels. 3 A saber: Restaurante Histórico, Restaurante Paraxut e Restaurante Cozinha Regional Santiago. 4 Os seguintes: Rolhas e Rótulos, Cocunuts e Egas Moniz. 5 A saber: Associação Comercial e Industrial de Guimarães, Artesanato Santiago e Vimaranes Artesanato. 6 Moradores no Centro Histórico. 7 Turismo Porto e Norte de Portugal, Turismo de Guimarães e Qualititours. 8 Museu de Alberto Sampaio, Paço dos Duques e Muralha-Associação de Guimarães para a Defesa do Património. 9 Ver em anexo modelo do questionário. 10 É um software aplicativo do tipo científico, teve a sua primeira versão em 1968 e é um dos programas de análise estatística mais usados nas ciências sociais. 11 O tratamento dos dados analisados informaticamente (tabelas e gráficos), encontram-se reproduzidos no I. 5

29 Torcato é conhecida por 66,7% dos inquiridos. A menos conhecida é a Rota do património Industrial do Vale do Ave (66,7%). Quando se pergunta se já as visitou, 85,7% respondeu que sim, sendo a Rota da Penha a que obteve maior pontuação com 61,9% a responder que já a tinha visitado. Com igualdade percentual (33,3%) temos a Rota do Vinho Verde e a Rota do Património Industrial do Vale do Ave, portanto as menos visitadas. Denota-se contudo que 81% dos inquiridos estão interessados em visitá-las e quando lhes perguntamos quais as que teriam mais interesse respondem todas (23,8%). Constatamos também que a maioria dos inquiridos (57%1) considera que as Rotas não são em número suficiente. Relativamente às Casas Brasonadas da cidade, os inquiridos são conhecedores da sua existência (76,2%), sendo a Casa do Arco a mais conhecida (76,2%). Denotamos, no entanto, que existe pouco conhecimento das denominações destas casas e que 85,7% dos inquiridos gostariam de obter informações acerca de cada uma das Casas Brasonadas. Por fim, salientamos que a totalidade dos inquiridos consideram que seria uma mais-valia para a cidade a existência de uma Rota sobre Casas Brasonadas. Tendo em conta estes resultados confirmarmos a importância que poderá ter a criação de uma Rota de Casas Brasonadas no centro urbano de Guimarães. 6

30 II ENQUADRAMENTO TEÓRICO 2.1. Estado da Arte Neste subcapítulo pretende-se realizar uma abordagem aos artigos científicos e monografias mais antigas e recentes sobre as temáticas que nos debruçamos neste trabalho académico. Esta revisão da literatura permite-nos compreender as ideias principais dos diversos autores que se interessam pela temática em estudo e as suas publicações. Sendo as Casas Brasonadas habitadas ao longo de gerações por famílias, foi necessária a consulta de alguma bibliografia de Genealogia que serviu como suporte ao estudo central, neste caso Cristóvão Alão de Morais, que escreveu Pedatura Lusitana (MORAIS, ), uma das obras de referência da Genealogia Portuguesa. Também nesta área temos Felgueiras Gayo, um dos mais importantes genealogistas portugueses, que redigiu Nobiliário de Famílias de Portugal, edição composta por 33 volumes. Este importante trabalho genealógico em formato manuscrito foi legado à Santa Casa da Misericórdia de Barcelos e só veio a ser impresso em meados do século XX, com uma reedição na segunda metade do mesmo século (GAYO, 1989). Outra obra de referência na literatura Genealógica Portuguesa é a de Manuel de Sousa da Silva, Nobiliário das Gerações de Entre Douro e Minho, escrita entre 1680 e 1705 (que se encontra na Casa Museu de Camilo Castelo Branco em S. Miguel de Ceide) e reeditada em 2000 (SILVA, 2000). Para a lição heráldica de alguns brasões existentes nas casas em estudo utilizamos alguma bibliografia geral sobre a heráldica portuguesa, nomeadamente a obra de Manuel Artur Norton Algumas características da heráldica portuguesa (NORTON, 2004), o Armorial Lusitano de Afonso Eduardo Martins Zuquete (ZUQUETE, 1961) e o Vocabulário de heráldica, de Luís Bandeira (BANDEIRA, 1985). De igual modo, recorremos a endereços eletrónicos que nos forneceram dados sobre a interpretação heráldica 12. Sobre a heráldica das pedras de armas das casas vimaranenses temos o estudo pioneiro para Guimarães da obra de Armando de Mattos Pedras de Armas de Portugal, no qual dedica um capítulo aos brasões de algumas casas por nós estudadas (MATTOS, s/d). Mais tarde, em 1985, Artur Vaz Osório da Nóbrega faz um levantamento exaustivo das pedras de armas de Guimarães em 12 Citamos como exemplo, os seguintes: geneall.net; armorial. net/; www. heraldica. genealogias. org/; http: // www. Biblioteca -genealogica-lisboa.org 7

31 dois volumes da sua obra Pedra de Armas e Armas Tumulares do Distrito de Braga (NÓBREGA, ). Para o estudo da casa nobre portuguesa consultamos diversas obras de referência. Nesse sentido recorremos às dissertações de mestrado em Historia de Arte, de Manuel Azevedo Graça (GRAÇA, 2004) e de José Carlos Ribeiro da Silva (SILVA, 2007). Relativamente monografias foram consultadas vários autores. Podemos citar, os seguintes: António Lambert Pereira da Silva (SILVA, s/d), Joaquim Jaime B. Ferreira-Alves (ALVES, 2001), onde são referenciadas as características das casas nobres na época moderna no espaço urbano, que apresentam características diferentes das do espaço rural, que são estudadas na obra de Carlos de Azevedo (AZEVEDO, 1988). Nesta obra, o autor aborda a evolução da casa nobre portuguesa, procurando interpretar os edifícios à luz dos diferentes estilos e buscando as preocupações dominantes das várias épocas. Marcus Binney e Nicolas Sapieha (BINNEY; SAPIEHA, 1987) fazem referência à designação de solar e à sua cronologia, bem como às características regionais da habitação nobre em Portugal. Na obra de Francisco de Azeredo (AZEREDO, 1978) podemos ter uma perspetiva da evolução da casa senhorial portuguesa. As obras de Anne de Stoop: Quintas e Palácios nos Arredores de Lisboa (STOOP, 1986), Palácios e Casas Senhoriais do Minho (STOOP, 1993) e Living in Portugal (STOOP, 2007), podem contribuir para termos noções da história e características destas casas. Sobre as Casas Brasonadas de Guimarães temos vários artigos publicados por Maria Adelaide Pereira de Moraes denominados Velhas Casas no Boletim de Trabalhos Históricos, do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, ao longo de mais de trinta anos e reunidos em dois volumes editados em 2001 (MORAES, 2001). Estes trabalhos foram pioneiros e servem de base para qualquer investigador que se dedique à genealogia vimaranense. A extinta Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais no seu inventário do património arquitetónico relativo aos diversos distritos Portugueses, existente no endereço eletrónico efetua uma descrição arquitetónica e cronológica de algumas casas brasonadas de Guimarães. Também o site do IGESPAR ( apresenta interessantes descrições sobre o património vimaranense e legislação sobre património. Bernardo Ferrão e José Ferrão Afonso no seu artigo O Património Habitacional de Guimarães inserido na publicação de candidatura de Guimarães a Património Mundial debruçam-se sobre a história e análise arquitetónica de alguns dos exemplares das casas por nós estudadas (FERRÃO; AFONSO, 1998). Especificamente sobre uma das nossas casas (Casa dos Lobo Machado), temos o estudo de Manuel Alves de Oliveira Retificação a uma nota de Robert 8

32 Smith, datado de 1977, que se revela interessante por o autor ter publicado na íntegra o contrato de obra deste imóvel (OLIVEIRA, 1977). Também acerca da Casa dos Lobo Machado temos o artigo de Fernando Conceição inserido numa monografia publicada pela ACIG em 2009 dedicada exclusivamente a este imóvel (CONCEIÇÃO, 2009). Sobre o estudo de uma das artérias onde possuímos quatro casas temos o trabalho de Maria Conceição Falcão Ferreira (FERREIRA, 1989). A mesma autora na sua dissertação de Doutoramento (FERREIRA, 2010) prolonga o estudo para todas as artérias do espaço urbano intramuros e extramuros de Guimarães medieval. Relativamente à bibliografia existente sobre a história local vimaranense e seu património, esta é vasta, existem vários estudos editados. Como obras de referência e de monógrafos utilizamos os estudos do padre Torcato Peixoto de Azevedo que nos dá uma perspetiva de Guimarães em 1692 (AZEVEDO, 2000). Outra obra, publicada em Lisboa, em 1706, de António Carvalho da Costa intitulada Corografia Portuguesa (COSTA, 1706) fornece-nos no capítulo dedicado a Guimarães informações sobre a sua história urbana, embora se baseie no trabalho do Padre Torcato de Azevedo. Outro testemunho de Guimarães no século XVIII é a publicação das Memórias Paroquiais de 1758, referente ao distrito de Braga, transcritas por Viriato Capela (CAPELA, 2003). Para o século XIX, consultamos a obra do Padre António José Ferreira Caldas importante testemunho para a genealogia e história vimaranense (CALDAS, 1996). Quanto ao século XX utilizamos diversos estudos de Alberto Vieira Braga, de Alfredo Guimarães, os trabalhos de Maria Adelaide Pereira de Morais (MORAES, 1978; MORAES, 1998) e a obra de José Maria Gomes Alves (ALVES, 1994). Também o trabalho de Manuela Alcântara Santos e Nuno Vassalo da Silva (SANTOS; SILVA, 1998) sobre a coleção de ourivesaria do Museu de Alberto Sampaio foram importantes para o conhecimento e proveniência de algumas peças. Os catálogos das exposições Guimarães, mil anos a construir Portugal e D. Manuel e a sua época nas coleções do Museu de Alberto Sampaio editados respetivamente em 2000 e 2001, coordenados por Isabel Maria Fernandes, foram uma base importante de trabalho. Relativamente a trabalhos académicos sobre a história de Guimarães, utilizamos a tese de mestrado de Maria José Meireles (MEIRELES, 2000) e a tese de doutoramento de António José de Oliveira (OLIVEIRA, 2011A). No que se refere a publicações periódicas utilizamos diversos artigos da Revista de Guimarães (editada pela Sociedade Martins Sarmento) e o Boletim de Trabalhos Históricos (do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta). Para a área do turismo de Guimarães, consultamos a tese de mestrado de Vítor Marques (MARQUES, 2011), que contém os dados 9

33 estatísticos mais completos e recentes sobre o turismo vimaranense. Também as Atas das diversas edições do Congresso da Casa Nobre, realizado em Arcos de Valdevez, contribuíram para o estudo do tema, especificamente a comunicação sobre Património Cultural e Estratégia de Desenvolvimento Turístico da Cidade de Guimarães de J. Cadima Ribeiro e Paula Cristina Remoaldo (RIBEIRO; REMOALDO, 2011). Outros estudos relacionados com o turismo de Guimarães foram consultados, tais como: Guimarães: Guia de Turismo de Alfredo Guimarães (GUIMARÃES, 1953); Guia de Turismo Cientifico de Guimarães coordenado por Said Jalali (GUIA, 2009); Guia de Portugal no volume dedicado ao Minho, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian; Guimarães de António Carlos de Azeredo (AZERED0, 2011); e o Guia de Arquitetura de Guimarães de Eduardo Fernandes (FERNANDES, 2011). A nível de endereços eletrónicos sobre o património e turismo vimaranense consultamos os seguintes sites: guimaraesturismo.com; e No que diz respeito ao turismo, nomeadamente o turismo cultural utilizamos alguns trabalhos académicos nomeadamente dissertações de mestrado e doutoramento, bem como artigos científicos. No que se refere a artigos científicos sobre turismo em particular turismo cultural, salientamos os trabalhos de Luís Saldanha Martins (MARTINS, 2011); José Vicente Andrade (ANDRADE, 1976); José Newton Coelho Menezes (MENEZES, 2004); Priscilla Roberta Camargo Ferreira (FERREIRA, 2011); Reinaldo Dias (DIAS, 2005); Elsa Peralta da Silva (SILVA, 2000A). Importante também foi a consulta da Carta Internacional do Turismo Cultural adotada pelo ICOMOS em 1999 e a consulta do site do turismo de Portugal ( Para o estudo das Rotas e itinerários consultamos a Carta dos Itinerários Culturais, elaborada pelo Comité Científico Internacional dos Itinerários Culturais do ICOMOS, ratificada em Importante foram também os estudos de Xerardo Pereiro (PERÉZ, 2002) ; de Pedro Manuel Mendonça Silva Cravo (CRAVO, s/d); J. Paula e L. Bastos Fotointerpretação aplicada na otimização de rotas turísticas ; Ana Paula Amaral Simões da Silva (SILVA, 2011). Acrescentamos ainda o Plano de ação e dinamização turística e cultural da rota do Românico do Vale do Sousa, publicado em 2002 (PLANO, 2002). Recorrendo à pesquisa bibliográfica e online, quisemos averiguar a existência de outras rotas/ itinerários com tema idêntico ao nosso objeto de estudo. Assim relativamente ao nosso País existem diversas rotas turísticas, não se conhecendo, no entanto, a existência de uma ligada exclusivamente às casas brasonadas. A que mais se aproxima com o tema deste projeto é o roteiro 10

34 de casas brasonadas na cidade de Portalegre. Esta traduz-se num circuito urbano com dezasseis casas. Contudo, a única informação sobre este roteiro é no site da Câmara Municipal de Portalegre 13 e num desdobrável realizado para o efeito, com informações reduzidas sobre as casas. Podemos afirmar que a implementação de uma Rota sobre o tema de Casas Brasonadas será uma novidade em Portugal, tendo em conta que uma rota deve ter um centro de interpretação, ser dinamizada e possuir uma entidade gestora. Quanto ao País vizinho, temos em Espanha, mais concretamente em Santiago de Compostela um roteiro de casas brasonadas e apalaçadas, embora este roteiro se traduza num desdobrável com reduzidas informações sobre as casas. Ainda em Espanha no município de Vimianzo, Província da Corunha, temos a Rota dos Paços e Casas Brasonadas Rutas de Pazos e Casas Blasonadas 14, um itinerário rural que abrange várias freguesias do município Turismo Cultural: definição e potencialidade A atividade turística assume na sociedade contemporânea uma importância económica fundamental 15. Tanto a nível local ou regional, como à escala nacional e, mesmo, mundial, o turismo desempenha um importante papel enquanto gerador de riqueza e enquanto fenómeno capaz de contribuir para o desenvolvimento de economias deprimidas, nomeadamente, através do aproveitamento de recursos endógenos. No que concerne a Portugal, a OMT estima, para o período , uma taxa de crescimento médio anual de 2,1%, passando dos 9,5 milhões de chegadas de turistas internacionais, em 1995, para 16 milhões, em 2020 (TURISMO, 2002: 143). Segundo esta Organização o Turismo é o conjunto de atividades praticadas pelos indivíduos durante as suas viagens e permanência em locais situados fora do seu ambiente habitual, por um período contínuo que não ultrapasse um ano, por motivos de lazer, negócios e outros (TURISMO, 2002:143). Eduardo Porto propõe como definição de turismo um deslocamento de uma ou mais pessoas que deixam a sua residência para ir a outro local por livre escolha, por vontade própria, onde serão utilizados serviços como meios de hospedagem, transporte, alimentação, entretenimento e que muitas vezes possibilita a participação em atividades da comunidade local, havendo trocas culturais (PORTO, 2009:15-16) Acerca deste assunto ver: MARTINS,

35 Um dos sectores do turismo com mais impacto é sem dúvida o turismo cultural. Para Dias (DIAS, 2005: 71), esta é uma das modalidades de turismo alternativo que apresenta uma das maiores possibilidades de crescimento, "dada à diversidade de conteúdos que podem ser explorados, tornando-se excelente complemento a qualquer outra forma de turismo". O turismo cultural é assim caracterizado pela necessidade de descoberta, de encontro com outras pessoas e lugares, com o objetivo de se conhecer os costumes e tradições, ou seja a identidade cultural do local visitado. Sobre este assunto referem que o turismo cultural pode definir-se como sendo a principal motivação do turista ao procurar novas formas de conhecimento e novas emoções através do contacto com o território e do seu património histórico e cultural (AGUIAR; FERREIRA; PINTO, 2009: 1-23). Esta natureza cultural nas viagens é bem antiga, já em 3000 a. C., sabe-se que o Egipto era uma Meca para os viajantes que para lá afluíam para contemplar as pirâmides e outros monumentos 16. Contudo, a história contemporânea do turismo emerge entre o século XVIII e XIX: o Grande Tour, que era uma viagem de formação (e iniciação) dos nobres e burgueses com o objetivo de contactar com outros povos e culturas, criando assim um capital cultural que lhes serviria para ser melhor aceite no seu próprio país e investir nas tarefas de liderança e governança (PEREIRO PERÉZ, 2009). De acordo com Costa (2010) e citado por Ferreira (FERREIRA, 2011) no século XVIII o Grande Tour consistia em viagens organizadas para a elite Inglesa, pois estava geograficamente afastada dos demais países europeus. Desse modo, apenas as classes abastadas podiam viajar com o objetivo de aprender, de ganharem cultura, pois através de pinturas, artes e a vivência com diferentes culturas, a elite aumentava seu conhecimento. Considera-se assim essas viagens como um marco no turismo cultural. Já no século XIX, Thomas Cook é considerado o mais famoso organizador de viagens turísticas pela Europa. Ele possibilitou uma maior democratização das viagens na Europa, criou roteiros pré-estabelecidos não só para a elite, mas para as demais classes. Essa iniciativa revolucionou o mundo moderno e hoje é tido como um marco histórico do turismo. Podemos constatar que a natureza cultural do turismo é antiga, no entanto a ligação entre turismo e cultura é relativamente recente mais, ainda quando nos referimos ao conceito turismo cultural, definido por vários autores e com diferentes perspetivas disciplinares (PEREIRO PERÉZ, 2009). Na Carta Internacional sobre Turismo Cultural do ICOMOS (1999), este é definido como 16 monografias. com (GOMES, Mariana Elias - Patrimônio cultural e turismo: estudo de caso sobre a relação entre o órgão Arp Schinitger e a população local de Mariana) 12

36 uma forma de turismo que tem por objeto central o conhecimento de monumentos, sítios históricos e artísticos ou qualquer elemento do património cultural. Refere ainda esta Carta que é um movimento de pessoas motivadas essencialmente por algum interesse cultural, como representações artísticas, festivais e outros eventos culturais, visitas a lugares e monumentos históricos, viagem de estudos, folclore, arte ou peregrinação. Confirma Andrade (ANDRADE, 1976), que representa uma modalidade de turismo cuja motivação do deslocamento se dá, com o objetivo de encontros artísticos, científicos, de formação e informação. Em nosso entender turismo cultural é tudo o que faz pulsar uma região, uma cidade, os monumentos, mas também as festas e romarias. Outras definições existem: para Pereiro Pérez (PEREIRO PERÉZ, 2003) pode ser entendido como um ato e uma prática cultural, face ao turismo convencional e de massas; (BARRETO 1995: 21) apresenta a seguinte definição: aquele que não tem como atrativo principal um recurso natural. As coisas feitas pelo homem constituem a oferta cultural, portanto turismo cultural seria aquele que tem como objetivo conhecer os bens materiais e imateriais produzidos pelo homem. Citando Ferreira (FERREIRA, 2011) é comum atribuir Turismo Cultural apenas a cidades históricas, com um vasto acervo de museus, galerias e centros históricos. Contudo, este pode acontecer também nas regiões. Na verdade, as grandes transformações da economia e da sociedade criaram condições para o desenvolvimento turístico em meio urbano. O crescente interesse pelo património e pelas atividades culturais, levado a cabo pelo desenvolvimento de novos padrões de consumo e de gostos, conduziu a um fenómeno de valorização e dinamização do turismo em espaço urbano. A isto se refere Pereiro Peréz na atualidade a cidade ressurge com a reinvenção do lazer e o consumo; o marketing tenta renovar a imagem dos centros urbanos para atrair capital (PEREIRO PERÉZ, 2009). Nesse contexto, Pereiro Peréz conclui que: Em síntese, podemos afirmar que a cidade, enquanto modo de vida e de habitar o espaço, é produto da história e obedece à articulação entre vários modelos de urbanismo. Estes modelos são não apenas morfológicos e arquitetónicos, mas também sociais e culturais. [...] o conceito de cultura é um conceito alargado que pode integrar desde um evento cultural até a atmosfera ou ambiente de uma cidade, isto é, os modos de vida quotidianos. A definição contempla produtos culturais como o patrimônio cultural, as artes, as indústrias culturais e os estilos de vida de um destino (PEREIRO PERÉZ, 2009: 292, 294). Constatamos que a existência de pessoas motivadas em conhecer culturas diversas é a base do turismo cultural. Na realidade, o turista cultural aposta na qualidade do produto e exige um nível 13

37 elevado de qualidade das infraestruturas e serviços; procura uma oferta personalizada; visita monumentos, museus, festas tradicionais, etc.; gasta mais dinheiro que o turista tradicional; tem tendência a alojar-se no seio da comunidade que visita em detrimento dos resorts turísticos; possui ainda um nível cultural médio-alto. Salientamos que o turismo cultural promove o desenvolvimento social e económico do município por via da cultura local e do seu património. É instrumento de valorização da identidade cultural, da preservação e conservação do património, e da promoção económica de bens culturais. O seu papel na preservação e utilização dos patrimónios culturais (materiais e imateriais) contribui para a manutenção dos lugares históricos e constitui ainda um enorme potencial quando combina o patrimonio cultural com as tendências modernas do turismo. Todavia, o desenvolvimento do turismo cultural tem algumas particularidades, pois apresenta uma diversidade de elementos que nele podem ser inseridos para que se possa confecionar um produto turístico de qualidade. Impera portanto, estabelecer um conjunto de atividades que tenham algo de comum entre si, para que num só produto o turista possa experimentar toda a diversidade cultural da região. É necessário o estabelecimento de redes de organizações para a sua construção devendo estar envolvidos produtores artesanais, museus, teatros, grupos etnográficos, etc. Requer pois uma estratégia concertada entre os diversos atores envolvidos, público e privados, de caráter local, regional e Internacional A relevância das Rotas no Turismo Cultural O touring cultural e paisagístico, é considerado um dos 10 produtos estratégicos para o desenvolvimento turístico em Portugal. A sua motivação principal é descobrir, conhecer e explorar os atrativos de uma região e a sua atividade prende-se com percursos em tours, rotas ou circuitos de diferente duração e extensão, em viagens independentes ou organizadas 17. De fato, as rotas são uma das práticas turísticas mais procuradas na vertente de turismo cultural. As rotas ou itinerários culturais são um sistema de compactação de recursos e/ou de produtos que conferem conteúdos culturais aos lugares visitados, concedendo assim um sinal de prestigio social aos visitantes que os percorrem e simultaneamente uma adquisição de conhecimentos e redistribuição económica. Sobre 17 Acerca do perfil do consumidor de viagens de Touring vêr: Touring cultural e paisagístico in 14

38 este assunto a Carta dos Itinerários Culturais 18, refere que: os Itinerários Culturais representam processos evolutivos, interactivos e dinâmicos das relações humanas interculturais, realçando a rica diversidade das contribuições dos diferentes povos para o património cultural. Servem de fato para promover/divulgar recursos e, até mesmo, despertar o interesse daqueles que ainda não são devidamente (re)conhecidos. Na verdade os recursos, quando adequadamente selecionados e utilizados, valorizam os itinerários e podem torna-lo num serviço diferenciado 19. No Dia Europeu do Turismo, comemorado em Bruxelas a 27 de setembro de 2010, a Comunidade Europeia, os Estados Membros e o Conselho da Europa anunciaram a concertação de políticas que valorizam as rotas culturais como veículo de promoção da Europa enquanto destino turístico de excelência 20. Salientaram ainda que o conceito de rotas culturais corresponde a uma crescente procura dos turistas relativamente a novos destinos e culturas, propondo um novo modelo de turismo não só capaz de reduzir a concentração e sazonalidade mas, simultaneamente, reforçar os laços de uma Europa comum através da descoberta de um património partilhado. Desenvolvidos nos anos 1980 e 1990 pelo Conselho de Europa e pela Unesco, os itinerários culturais aparecem agora impulsados por muitas organizações públicas e privadas. Pereiro Peréz define itinerário da seguinte forma:...um circuito marcado por sítios e etapas relacionados com um tema. Este tema deverá ser representativo de uma identidade regional própria, para favorecer um sentimento de pertença, de reconhecimento ancorado na memória coletiva. O conjunto organizado formado pelos sítios e etapas tem um valor emblemático e simbólico para a população local e, para o conjunto de pessoas externas, denominadas de visitantes. O tema designado pode dar-se a conhecer a volta de diferentes valores culturais: o vínculo histórico, o vínculo etnográfico, o vínculo social, uma corrente artística, uma identidade geográfica, uma identidade arquitetónica, as atividades tradicionais, as atividades artísticas, as produções artísticas (PEREIRO PERÉZ, 2009: ). De acordo com esta definição, os critérios de criação de um itinerário cultural devem atender aos valores culturais, à memória histórica, à História, ao património cultural e à pluralidade de identidades de um território. Acrescenta ainda Begoña Bernal de Santa Olalla, que do ponto de vista 18 Elaborada pelo Comité Científico Internacional dos Itinerários Culturais (CIIC) do ICOMOS, retificada pela 16ª Assembleia Geral do ICOMOS, em 4 de Outubro de 2008, no Québec, Canadá Retirado de 15

39 científico um itinerário cultural é um caminho com base territorial real, objetivo e fisicamente identificável (SANTA OLALLA, 2002). Portanto, o conceito de rota e itinerários culturais assentam, na existência de um espaço real, com história. Em síntese a Rota Cultural é uma atividade que pode ser promovida pelo setor público e/ou privado. Resulta do estabelecimento de redes, é uma excelente forma de organizar a oferta em torno de uma temática e por último, permite e facilita o acesso/consumo dos recursos de um destino. O gosto e motivação dos turistas têm-se alterado, estes procuram um maior número de formas de turismo cultural. A cultura é sem dúvida das mais importantes motivações associadas ao turismo e tem crescido em importância na oferta turística de uma região. Tem dado origem a itinerários temáticos muito interessantes baseados nas especificidades de cada região. No entanto é preciso ter em conta que as rotas têm uma identidade temática e que o turista atual procura diversidade. Nos últimos anos assistiram-se a várias experiências portuguesas de criação de rotas turísticas de motivação cultural 21. Porém, são poucas as ações de nível qualitativo superior, capazes de gerar, pela sua exemplaridade, sinergias e atitudes de continuidade (PLANO, 2004). Constatamos que o aproveitamento dos recursos de uma região, sejam eles de qualquer tipologia, para fins turísticos ou de lazer deve ser sempre devidamente acautelado. De fato, apesar de estarem no suporte de qualquer atividade turística, não são todavia, suficientes para garantir o seu efetivo desenvolvimento. À sua volta devem emergir diferentes serviços e infraestruturas, tais como: o alojamento, a restauração, as atividades de animação e diversão, os serviços de informação turística, etc. Só deste modo, podemos assegurar uma contínua procura que, por sua vez, irá garantir a sustentabilidade económica destas atividades e o desenvolvimento do espaço envolvente. Mas como se elabora um itinerário cultural? Sem o propósito de aqui apresentar um levantamento exaustivo dos vários autores que definem as fases de elaboração e implementação de uma rota ou itinerário cultural podemos sintetizar as diversas abordagens do seguinte modo: 21 Segundo um estudo de Patrícia Remelgado em Setembro de 2011 havia em Portugal cerca de 500 Rotas Culturais, em Maio de 2012 havia já mais 10 Rotas Culturais ( Rotas e Percursos Culturais: Onde está o negócio?, comunicação apresentada no seminário Rotas e Percurso Culturais: do conteúdo ao negócio, organizado pela Fundação da Juventude e pportodosmuseus.pt, realizado nos dias 15 e 16 de Novembro de 2012 na Fundação Engenheiro António de Almeida). 16

40 Para Paula & Bastos (PAULA; BASTOS, 2002), a elaboração de uma rota passa por quatro etapas: definição da rota a implementar; apresentação dos pontos turísticos que irão compor a rota; efetuar o levantamento geográfico e de acesso que ligam os pontos turísticos; e aplicar um programa que irá traçar a rota. Estes aspetos referem-se apenas às etapas de preparação e desenvolvimento da rota, fases que constam na elaboração do nosso estudo. Joaquim Graça e Raquel Moreira (GRAÇA; MOREIRA, 2006) acrescentam outras fases essenciais para a construção e gestão de uma rota turística: - realização de visitas exploratórias à região; - consulta de bibliografia e outras fontes relevantes; - levantamento de inventário dos recursos existentes; - caracterização de definição das potencialidades; - definição dos produtos e sub-produtos; - monitorização das rotas. Por fim, Pedro Cravo (CRAVO, S/D) referindo-se à criação de circuitos turísticos apresenta uma proposta que julgamos ser de igual modo útil e complementar à criação de uma rota ou itinerário cultural. Vejamos a proposta: - levantamento e localização dos diferentes recursos da região; - identificação dos diversos percursos possíveis (consoante os locais por onde se pretenda passar); - análise das distâncias, tempos e custos relativos a cada uma das hipóteses; - determinação do(s) percurso(s) final(is) a implementar; - acompanhamento e monitorização do funcionamento do circuito ( para que se possam efetuar as alterações que se mostrem necessárias com passar do tempo). A criação de um itinerário não determina que este possa assegurar por si mesmo a sua viabilidade financeira. Stasiak citado por Ana Paula Silva (SILVA, 2011) constata isso mesmo: uma rota não é automaticamente um produto turístico. É necessária a sua comercialização. De fato, é necessário agrupar um conjunto de bens e serviços (transporte, restauração, alojamento, etc.) com o objetivo de satisfazer o público-alvo. Este autor refere que se não for comercializado o percurso é apenas um traçado sem qualquer significado comercial. Para tal, é imperativo um correto posicionamento no mercado, uma estratégia, uma imagem de marca, etc. 17

41 III GUIMARÃES: NA ROTA DO TURISMO CULTURAL 3.1. Caracterização do Município Caracterização Física Guimarães está situado no Distrito de Braga, pertence à sub-região do Vale do Ave (Nut III) 22 limitado a norte e noroeste pelos concelhos de Póvoa de Lanhoso e Braga, respetivamente, a sudoeste por Santo Tirso, a sul e sudoeste por Felgueiras e Vizela, a nascente pelo concelho de Fafe e a poente por Vila Nova de Famalicão. Integrado numa sub-região granítica (bacia hidrográfica do Ave) 23, na Província do Minho no Noroeste de Portugal. No concelho de Guimarães, as linhas de água mais representativas do Ave são o rio Vizela e o rio Selho, sendo de referir a elevada densidade de linhas de água existentes, associada a declives suaves e perturbações de escoamento que originam zonas com drenagem deficiente traduzido por longos períodos de encharcamento e, na ocorrência de cheias em determinadas áreas durante a estação do Inverno 24. Foi a abundância de ribeiros espalhados pelo termo, como o rio Selho e o rio Vizela, afluentes do Ave, que contribuíram para o desenvolvimento desta região e para a fertilidade das suas terras (COSTA, 1999:17). 22 NUT- Nomenclatura de Unidades Territoriais para fins estatísticos criada pelo Decreto lei nº 46/89, 15 de Fevereiro. Sobre a caraterização geográfica do Vale do Ave consulte-se: GONÇALVES; COSTA, A bacia hidrográfica do Ave, possui uma área total de 1390 Km2, é limitada a norte pela bacia do Cávado, a leste pela bacia do Douro e a sul pelas bacias do Leça e do Douro ( 24 In 18

42 Fig.1 Carta militar de Guimarães e freguesias vizinhas. Serviços Cartográficos do Exército, Escala 1/25 000, Continente (Série M888) Relativamente ao clima, a cidade e concelho de Guimarães é caracterizado por Invernos frescos e Verões moderados a quentes; a temperatura mínima média do mês mais frio varia entre 2 e 5ºC, verificando-se durante 10/15 a 30 dias por ano temperaturas negativas. A temperatura máxima média do mês mais quente varia entre 23 e 32ºC, verificando-se durante 20 a 120 dias por ano temperaturas máximas superiores a 25ºC 25.Relativamente à precipitação esta apresenta elevados índices devido à passagem de superfícies frontais, conjugadas com o efeito das montanhas, apresentando totais anuais de precipitação superiores a 1500 mm Dados retirados in: Dados retirados in: wwwcm-guimaraes.pt 19

43 Achamos justificável a referência a estes dados sobre o clima, visto que é um dos fatores motivadores ou repulsores á feitura do nosso itinerário. Relativamente à morfologia, o concelho de Guimarães apresenta três unidades morfológicas que estruturam a paisagem e que assentam nos vales do rio Ave, Selho e Vizela, correspondentes à paisagem de menor altitude ( metros) onde predominam sistemas agrícolas e onde se desenvolvem os sistemas urbanizados, assim como numa orla mais montanhosa (florestal) nas áreas limítrofes do concelho. Neste contexto morfológico salienta-se ainda a existência de um maciço montanhoso que se destaca pela sua altitude (613 metros) - a Serra da Penha 27. Quanto à natureza geológica, o concelho de Guimarães é essencialmente ocupado por rochas graníticas, com pequenos afloramentos de rochas xistentas a noroeste e sudeste do concelho; ao longo dos Rios Ave, Vizela e Selho encontram-se depósitos superficiais recentes constituídos por cascalheiras fluviais e por argilas pouco espessas. A fauna existente no concelho de Guimarães e, em particular, na área urbana, constitui uma comunidade relativamente pobre e pouco diversificada. Ainda assim existem espécies com interesse ecológico e que interessa proteger Caracterização Humana Administrativamente Guimarães é um concelho composto por 69 freguesias que se inserem numa área de 242,32 km2 28. Nas últimas décadas revelou um forte dinamismo de cariz demográfico e económico, De acordo com dados preliminares dos Censos de 2011, o município de Guimarães tinha, no ano de 2011, um total de habitantes. 27 In (Ver também Morfologicamente o concelho é, de forma genérica, rodeado a NE. pelas Serras de Outeiro e Penedice, Sameiro e Falperra, a Norte pela Serra da Senhora do Monte e a SO. pelos montes de Santa Marinha e de Santa Catarina (Penha). A Sul localiza-se o vale do rio Vizela e de NE. para SO., dividindo o concelho, apresenta-se o vale do rio Ave e o rio Selho, que é um dos seus principais afluentes 28 In 20

44 Figura 2 - Atual concelho de Guimarães e seus limites urbanos (C.M.G. 2011) 21

45 Fig. 3 Densidade populacional das freguesias do concelho de Guimarães (CMG, 2011) A sede do concelho - local definido para a implementação do nosso itinerário - possui um centro histórico com 121 hectares de área correspondendo a apenas 5,3% da cidade de Guimarães (MARQUES, 2011). Este principal recurso e atrativo turístico do Município sofreu entre 1940 e 2001 uma diminuição de cerca de 20% da sua população residente. Como resultado do processo de reabilitação urbana, iniciado na década de 80 do século XX e a indicação como Património Cultural da Humanidade, em dezembro de 2001, associada à construção de novos equipamentos culturais e desportivos, a cidade tem sido capaz de atrair um número crescente de visitantes (MARQUES, 2011). 22

46 É um dos concelhos mais jovens de Portugal dista, aproximadamente, 350 km da sua capital, Lisboa e cerca de 50 km da cidade do Porto. As vias de acesso mais diretas, para quem pretende deslocar-se á cidade de Guimarães, são as vias rodoviárias e ferroviária. A este nível a cidade está bem posicionada já que possui uma boa rede de autoestradas. Utilizando a atual rede de autoestradas, de Guimarães chega-se ao Porto em aproximadamente 30 minutos (A7 e A3), a Braga em 15 minutos (A11), a Vigo em 90 minutos (A7 e A3) e a Lisboa em 180 minutos (A3, A7 e A1) 29. Existem várias empresas rodoviárias que efetuam ligações, diretas e/ou não diretas, entre qualquer ponto de Portugal e Guimarães. 29 Dados retirados em 23

47 Fig. 4 Principais vias de comunicação do Concelho de Guimarães (CMG) 24

48 A nível da rede ferroviária a ligação faz-se através da linha eletrificada, a partir da qual são estabelecidas várias ligações diretas e/ou não diretas entre vários destinos, e que permite que a deslocação entre Guimarães/Porto, e vice-versa, demore aproximadamente 60 minutos. (Informação: O aeroporto mais próximo de Guimarães é o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, que dista cerca de 50 km de Guimarães. Desde o dia 25 de Junho de 2012 que está em funcionamento um serviço de transfer entre a cidade de Guimarães e o Aeroporto do Porto. A ligação é efetuada diariamente e tem uma duração de 50 minutos, sem qualquer paragem 30. As coordenadas GPS do centro da cidade, mais concretamente do largo do Toural são as seguintes: latitude: / longitude: Fig. 5 Vista aérea do largo do Toural (CMG, 2001) Guimarães caracteriza-se, na sua globalidade, por ser um território onde a atividade industrial predomina. Como diz José Augusto Vieira (VIEIRA, 1886:585): O berço da monarquia diz reverentemente a tradição. A colmeia industrial do Minho deve acrescentar modernamente a história. 30 Retirado no dia 21/09/2012 em 25

49 Analisando a sua estrutura económica, deve ser destacada a importância e o impacto histórico das indústrias dos têxteis e do vestuário. Hoje, e apesar das dificuldades que estas indústrias enfrentam, ainda contribuem fortemente para as exportações e para o emprego local. A sua estrutura produtiva possui, por um lado uma elevada taxa de população ativa (53,8%), e por outro, uma percentagem extraordinariamente elevada da população empregada no Sector Secundário (64,8%), com uma participação inferior à média nos sectores primário (1,5%) e terciário (33,7%). Excetua-se a área urbana da Cidade, principalmente o Centro Histórico onde o sector terciário é mais representativo. Desde o dia 13 de Dezembro de 2001 que o Centro Histórico de Guimarães está classificado pela UNESCO, assumindo-se como um dos investimentos mais reprodutivo e duradoiro do município. O seu carácter de singularidade, reconhecido a nível mundial é um dos seus atributos mais rentáveis (MARQUES, 2011). Fig. 6 Mapa com a Zona Classificada como Património Cultural da Humanidade e Zona de Intervenção da D.C.H (CMG/DCH, 2012) 26

50 Caraterização histórica A fundação da cidade de Guimarães remonta a tempos anteriores aos da fundação da nacionalidade, aqui, começaram a dar-se os primeiros passos no caminho que levaria ao nascimento da terra portuguesa. Considerada berço da nacionalidade, sobre ela muitos já escreveram. Segundo Alberto Sá desses trabalhos, é possível, com alguma nitidez, apreciar no tempo o curso do processo de formação do núcleo habitacional, prefigurador do centro urbano medieval (SÁ, 2001:33). Para entendermos o prestígio histórico desta cidade, vila até 22 de Junho de 1853, temos que recuar à centúria de novecentos, quando a condessa Mumadona Dias 31 decide construir um mosteiro 32 dedicado ao Salvador do Mundo, à Virgem Maria e aos Santos Apóstolos, junto à importante via Braga Coimbra. Fig. 7 Litografia da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira (século XIX) 31 Viúva do conde Hermenegildo Gonçalves, que faleceu antes de 950. Mumadona assumiu o governo do Condado Portucalense e, na zona de Vimaranes mandou erguer duas obras de grande importância: o Mosteiro de Sta Maria de Guimarães e o primeiro castelo de Guimarães que serviu de defesa do Mosteiro. 32 O Mosteiro de Guimarães era, nesses primeiros tempos, uma instituição dúplice, que albergava frades e freiras, e que se regia pela Regra Comunis, a regra monástica ditada por S. Frutuoso e reformada por S. Rosendo (MONTEIRO, 1981:41-42). 27

51 Para o sucesso urbano de Guimarães, a fundação do mosteiro foi acontecimento de crucial importância, ele foi o elemento nuclear, em torno do qual começou a estruturar-se uma povoação, com as suas origens, instituições, realidades materiais, sociais, religiosas, etc. (MONTEIRO, 1981:40). Mário Jorge Barroca acerca deste Mosteiro refere que seria em seu redor que se começaram a fixar os primeiros habitantes da futura cidade. O Mosteiro afirmou-se, portanto, como verdadeiro núcleo gerador do fenómeno urbano (BARROCA, 2000: 16-17). Devido a um contexto de instabilidade Mumadona manda edificar um Castelo a pouca distância do Mosteiro que serviu de defesa a este, contra as investidas dos infiéis. Cria-se assim dois pontos de fixação a vila baixa em torno do mosteiro, centro religioso e vila alta ao redor do castelo, local de defesa. O primeiro, à medida que os séculos foram passando, foi reforçando a sua importância, transformando o espaço à sua volta, a praça maior 33, no centro religioso e político da vila, ao qual confluíram as principais ruas. Enquanto que o segundo, foi perdendo o seu papel aglutinador. No século XI, o Conde D. Henrique e sua mulher D. Teresa estabelecem-se como detentores do condado portucalense 34, e o velho Mosteiro dedicado a Santa Maria dá origem a uma Colegiada 35. É também em Guimarães que seu filho, D. Afonso Henriques, conquista o direito ao trono do condado e do reino que haveria de ser Portugal, após a Batalha de S. Mamede a 24 de Julho de Da colegiada fez D. Afonso Henriques quase uma Sé, tais foram as prerrogativas que em seu favor acrescentou. Estendendo-se a fama milagreira da Senhora, afluíam de toda a parte os romeiros para suplicar a sua intercessão (VIEIRA, 1886: 13). Na verdade a Colegiada de Santa Maria, designada mais tarde de Nossa Senhora da Oliveira, foi instituída por El-Rei D. Afonso Henriques e privilegiada por Papas e Reis. Ao longo dos seus vários séculos de existência, foi formando e ampliando o seu tesouro com a doação de preciosos 33 Referimo-nos ao Largo da Oliveira. 34 Os condes tiveram um importante papel no desenvolvimento urbano de Guimarães fomentando a fixação de uma comunidade de francos, fazendo em 1096 uma doação para que estes edificassem um templo dedicado a Santiago na praça com o mesmo nome (BARROCA, 2000A :21). E nesse mesmo ano atribuíram a Carta de Foral, que regulamentou pela primeira vez a vida urbana da urbe, com sucessivas alterações pelos monarcas até O Conde D. Henrique resolveu considerá-lo capela real, alcançando do papa a extinção do mosteiro e a ereção da sua igreja em colegiada subordinada a um Dom Prior (VIEIRA, 1886: 13). 28

52 bens móveis, muito fruto da ligação dos seus priores á Casa Real 36. Podemos dizer que desde o tempo da Mumadona até ao fim da Renascença as joias de oferta somaram-se aos milhares. A vila de Guimarães transformou-se lentamente num grande centro de romagem, adquirindo assim uma importante função religiosa. A igreja de Santa Maria transformou-se num dos maiores centros de peregrinação do Portugal medievo, onde afluíam imensos romeiros e peregrinos 37. Fig. 8 Litografia de Nossa Senhora da Oliveira (século XIX) Foi com D. João I e seus privilégios à Virgem Maria e à Vila de Guimarães que o afluxo de peregrinos aumentou 38. A Vila prosperou par a par com o santuário. A Importância de Guimarães 36 Vieram ali, em peregrinação devota, todos os reis portugueses da primeira dinastia e grande parte dos da segunda (GUIMARÃES, 1930:6). 37 Várias são as monografias que atribuem ao santuário de Santa Maria uma grande importância, só ultrapassada por Santiago de Compostela (FERREIRA, 1989; FERREIRA,2010; OLIVEIRA, 1998). 38 Sobre estes privilégios e a devoção de D. João I à Virgem Maria consultar a seguinte bibliografia: CATÁLOGO, 1992; CATÁLOGO, 1985; BRITO, 1981: ; BANDEIRA, 1981: ; SEGURADO, 1981: ; TEIXEIRA, 1973; CARVALHO, 1947: 25-28; AMARAL, 1967: 6-7; PINA,1953: 13; MEIRA, 1921:134; AZEVEDO, 2000: ; MORAES, 1998: 27-34; MARQUES, 1994: 80-82; ESTAÇO, 1754; LOPES, 1990:

53 no quadro urbano do reino parece, todavia, ser já algo provado, assim refere Conceição Falcão (FERREIRA, 2010: 115). Algumas habitações nobres ficaram como testemunho da presença de elementos da mais alta condição que haviam integrado o séquito real (FERREIRA, 1989: 16). No século XVIII o cabido da Colegiada detinha importantes rendimentos. O culto à virgem milagrosa, chamariz de peregrinos, deu a Guimarães uma grande importância religiosa (COSTA, 1999: 17). Foram várias as visitas régias à Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, os nossos monarcas tinham uma devoção especial à Senhora da Oliveira e uma singular atenção à Colegiada, da qual eram padroeiros. Uma visita régia feita a qualquer vila ou cidade, representou sempre, em todos os tempos, e de um modo geral, um acontecimento de primeira plana, de brilhante giro planetário, de alta significação e distinção, de louco regozijo popular, de transcendente prestigio para a politica encapotada e enxofrada dos concelhos, e de orgulho doirado para a gema fidalga e para a nobreza de linha, que urdiam e teciam, vulgarmente, todos os atos administrativos, militares e sociais dentro da esfera dos partidos e dos interesses da região visitada. Assim refere-nos Alberto Vieira Braga (BRAGA, 1993: ). As visitas dos reis das primeiras dinastias, representaram e assinalaram acontecimentos históricos, marcaram a História porque quase sempre eram registados em documentos com um fundo de política e de governo nacional. Algumas visitas régias eram mais ou menos demoradas, começando a figurar casas brasonadas em vários locais onde a corte 39 decidia assentar arraiais. A aposentadoria dos primeiros Reis que Guimarães recebeu e daqueles que aqui fazem corte, foi o riquíssimo e então faustoso Paço dos Duques de Bragança. Os palacetes de Vila Flor, Arco e Conde de Margaride, foram depois as pousadas graciosas de muitos Soberanos e Nobres do Reino que nos visitaram (BRAGA, 1993: 116). Nos séculos XVII e XVIII era um concelho bastante populoso e desenvolvido, comparativamente aos restantes concelhos limítrofes. A população urbana de Guimarães rondaria 39 A corte resolvia ditar, instituir ou decretar, consoante as regalias pedidas ou os privilégios deliberadamente concedidos. Formaramse cortes em diversas partes, e as visitas régias demoravam-se, mais dias, menos dias, em determinados pontos. (BRAGA, 1993: ). 30

54 os 7852 habitantes no século XVIII, assim nos refere Maria Norberta Amorim (AMORIM, 1987: 477). A vila torna-se num Pólo de atração para comerciantes, para viajantes e peregrinos a caminho de Santiago de Compostela e pelo culto e devoção local a Santa Maria da Oliveira. O acolhimento além das estalagens era igualmente proporcionado por uma vasta rede de mosteiros, albergarias e hospitais (OLIVEIRA, 1998: 115). A vila detinha infraestruturas vitais a toda a população que refletiam um cunho cosmopolita. Podemos denotar que Guimarães desde muito cedo atraiu a vinda de forasteiros, teve um importante papel na história do Pais e conseguiu manter até aos nossos dias a riqueza de outrora Análise do Turismo de Guimarães Evolução recente A cidade de Guimarães assume-se como um território com elevada carga simbólica, não fosse ela berço da nacionalidade. Constitui um bom exemplo de conservação do património urbano português, justificando a designação de Património da Humanidade, que lhe foi atribuída pela UNESCO em A sua atratividade é incrementada pela oferta de infra estruturas e a implementação de um programa de animação turística crescentemente diversificado (RIBEIRO; REMOALDO, 2011: 627). Guimarães, tradicionalmente ligado à atividade Industrial, conseguiu ao longo dos anos dotar o município de um razoável parque hoteleiro. Isto devido à presença de um vasto número de empresas exportadoras essencialmente ligadas aos têxteis e à produção de calçado. Esta forte ligação ao setor produtivo local criou um mercado de turismo de negócios que secundarizou o turismo de lazer. Todavia o declínio de algumas atividades industriais, nomeadamente do setor exportador do têxtil, refletiu-se na hotelaria local com as taxas de ocupação a diminuir. Este declínio teve nos finais dos anos 90 do século XX, o acompanhamento por parte da autarquia do desenvolvimento de uma estratégia de desenvolvimento turístico apoiado na requalificação e regeneração urbana do seu centro histórico. 31

55 Em simultâneo os agentes turísticos locais, nomeadamente os hoteleiros, que até aqui tinham a sua atenção e estratégias comerciais focadas na captação de hóspedes junto do tecido empresarial local, tiveram que alterar o seu posicionamento no mercado atualizando as suas estratégias de comunicação e comercialização direcionando-as aos clientes com motivações na área do turismo cultural urbano (MARQUES, 2011:27-28). Isto refletiu-se no aumento de turistas, desde 1995 até 1999 a cidade de Guimarães teve segundo os dados estatísticos dos postos de turismo de Guimarães, uma média de crescimento de 15,9%. A forte aposta na implantação de estruturas culturais e desportivas proporcionaram condições de apresentação de um programa anual alargado de atividades. Em 2004 a cidade acolheu alguns jogos do Campeonato do Europeu de Futebol, levando a uma visibilidade nacional e internacional importante. Preparando a cidade para o acolhimento de grandes eventos e elevados montantes de visitantes. Em 2005 é inaugurado o Pavilhão Multiusos de Guimarães, capaz de receber grandes eventos culturais, desportivos e congressos. Em 2006 é aberto o Centro Cultural Vila Flor, com dois auditórios, salas de conferências e uma grande área expositiva. O município fica assim dotado de infra estruturas essenciais ao desenvolvimento de atividades culturais e desportivas de grande nível. Fig. 9 Palácio e Centro Cultural Vila Flor (Foto da Autora) 32

56 Mais recentemente outros projetos foram desenvolvidos, inseridos na Capital Europeia da Cultura 2012, a regeneração urbana da Zona de Couros 40, a criação da Plataforma das Artes, a abertura da Casa da Memória, do CAAA Centro de Assuntos da Arte e Arquitetura, cuja missão será apoiar e estimular a produção e a criação artística em Guimarães. Estes espaços e todo o programa cultural inserido na CEC vieram reforçar o posicionamento do município no contexto nacional na área do turismo cultural e urbano. Estes investimentos públicos também tiveram reflexo na capacidade hoteleira instalada no município. Houve uma evolução relativamente à criação de novos equipamentos hoteleiros em 2011 e Também o número de visitantes aos dois postos de turismo da cidade registou nos últimos dez anos uma clara tendência de subida 41. De fato o município tem visto aumentar a sua notoriedade e capacidade de atrair visitantes de forma crescente. Dos turistas que mais visitam o município, destacamos os Espanhóis. E relativamente à origem por províncias dos visitantes espanhóis em 2010, verifica-se que 33% são oriundos da província espanhola mais próxima e com melhores acessibilidades com a nossa região a Galiza 42. Fig. 10 Plataforma das Artes (Foto da Autora) 40 As caraterísticas que a indústria de curtumes de Guimarães apresentou ao longo dos tempos- nomeadamente a sua localização na zona de Rio de Couros, compreendendo diversas pequenas ruas, pequenos largos e becos, e contendo nem a área reduzida uma grande aglomeração de casas, lagares, lagaretas, barracas, tinas, secadouros- conferiu-lhe uma importância histórica e patrimonial que hoje em dia integra a própria fisionomia urbana da cidade. ( ) Para além da sua importância do ponto de vista patrimonial a zona de Rio de Couros assume também um particular significado na história da arqueologia industrial no nosso pais, em virtude da proposta para a sua classificação como imóvel de interesse público, aprovada em Julho de 1977 pela então Direção- Geral do Património Cultural (In CORDEIRO, 1996: 259). 41 A última década registou um crescimento médio anual de 6,7%, no número de visitantes (In: MARQUES, 2011:29). 42 Sobre este assunto veja-se: MARQUES, 2011:30. 33

57 Recursos e atrativos turísticos da cidade Guimarães assume-se como um destino com destaque na região onde se localiza e um importante destino nacional. O seu centro histórico está classificado como património da Humanidade (2001), mantém as suas tradições, as suas raízes e identidade, como ninguém. A isto se refere já Ramalho Ortigão, como podemos verificar no seguinte extrato: A pequena cidade de Guimarães é a mais rica de Portugal, a mais trabalhadora, a de mais recursos próprios e independentes de todo o favor alheio ( ) Lisboa - inútil é dizê-lo não tem indústria nenhuma que se sustente independentemente ( ) Guimarães, no meio do movimento interior do seu trabalho conserva o fundo cunho tradicional, antigo legitimamente português (ORTIGÃO,1885). É este aspeto que a torna diferente da maior parte das outras cidades, dos outros centros históricos. Aqui vivemos oito séculos de história ligados à fundação de Portugal. E como diz José Augusto Vieira (VIEIRA, 1886: 585) é o berço da monarquia. Um centro histórico classificado de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO, a sua importância cultural pela associação à origem da nação Portuguesa e mais recentemente, a sua indicação como Capital Europeia da Cultura em 2012, assumem-se como os seus principais destaques e elementos diferenciadores no contexto da oferta turística nacional e internacional. Fig. 11 Vista aérea do centro histórico de Guimarães (CMG, 2001) 34

58 Para chegar a estas classificações foi necessário o trabalho das diversas entidades e gentes de Guimarães. E pegando no slogan do evento Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012, o Património somos nós. Património são as pessoas que dão vida a esta cidade, que mantém as suas lendas, tradições, festas, romarias, que cimentam a sua identidade e o seu orgulho em ser vimaranense. Existe um grande sentimento de paternidade pelos habitantes da cidade, a noção de património parece intrínseca a quem nela vive. E é notório a admiração de quem é de fora por esta cidade e pelo bairrismo da sua população. Entendemos que nesta cidade a tradição e o progresso andam de mãos dadas. Aqui encontramos testemunhos de outrora enlaçados num contexto de modernidade. Como diz Maria José Meireles (MEIRELES, 2000:19), uma cidade pode cristalizar no tempo, manter-se idêntica alguns séculos, ou ser destruída por catástrofe natural, ou ainda evoluir mas deixar permanecer as marcas da passagem do tempo. Nesta cidade respira-se património nas suas múltiplas dimensões, seja ele arquitetónico, arqueológico, industrial, natural, etnográfico ou gastronómico. Os atrativos da cidade passam por toda esta diversificação de património e os seus recursos turísticos imperam tanto na quantidade como na qualidade. Só no centro histórico de Guimarães estão classificados 22 imóveis, conjuntos ou sítios (10 monumentos nacionais, 10 imóveis de interesse público e 2 imóveis de interesse municipal). Encontrando-se 3 em vias de classificação 43. Identificamos cinco áreas específicas de recursos turísticos, que importa apreciar em Guimarães: património edificado e artístico; património religioso; parques e jardins; festas, tradições e artesanato; gastronomia e vinhos. Património edificado e artístico 44 - Com um glorioso passado histórico, excecionalmente bem preservada, a cidade de Guimarães reflete a evolução de alguns edifícios particulares desde os tempos medievais até ao presente, com particular incidência entre os séculos XV e XIX. O valor do seu património edificado é reflexo da sua importância histórica, religiosa, política e económica. Pelas ruas estreitas do seu centro histórico, emergem edifícios arquitetonicamente ricos. Casas nobres, com brasão ou sem ele, monumentos alusivos a acontecimentos históricos, chafarizes, 43 consultado em 10 de Outubro de No I podemos visualizar a Tabela 1 com o património edificado e artístico classificado ou em vias de ser classificado. E a Tabela 2 com o restante património edificado e artístico da cidade. (Decidimos selecionar o existente no espaço intramuros e arrabaldes, situados no nosso percurso ou perto deste). 35

59 fontes e parte da sua muralha. De facto Guimarães é possuidor de um património cultural e religioso de forte relevo artístico e histórico. Património religioso 45 - A sociedade portuguesa é profundamente marcada pelo Catolicismo e é detentora de um património rico e moldado, que conjuga a cultura com a religião 46. A Igreja assumiu-se ao longo dos séculos como o maior encomendador de obras artísticas no campo da talha, pintura, pedraria, carpintaria, ourivesaria e organaria. Esta diversidade artística pode ser ainda hoje apreciada nas antigas igrejas conventuais e das Ordens Terceiras, bem como nos Museus da cidade. O património religioso de Guimarães conseguiu percorrer os séculos mantendo viva a mensagem do seu passado, possibilitando a todos aqueles que o percorrem atentamente constatar o trabalho artístico de mestres oriundos de diferentes locais do noroeste português e da Galiza. Transformaram-se as funções, modificaram-se e laicizaram-se os espaços 47. Património etnológico: festas, tradições e artesanato Em Guimarães há uma grande tradição no Artesanato. Bordados em linho, olaria, ferro forjado, ourivesaria e filigrana, cestos e mobiliário de verga, cutelaria, cantaria e a talha. As peças símbolo deste rico Artesanato Vimaranense, é a Cantarinha dos Namorados 48 e o Bordado de Guimarães. A Cantarinha dos Namorados servia para um rapaz pedir uma rapariga em casamento, e sendo o pedido aceite e consentido pelos pais, era o local onde se colocavam as oferendas aos noivos. O Bordado de Guimarães, certificado em 2010, é a evolução do bordado popular usado nos trajes rurais vimaranenses, desde pelo menos o final do século XIX, e que por sua vez foi influenciado pelo bordado oitocentista No I ver as Tabelas 3 e 4 com o património religioso classificado e outro não classificado de Guimarães. 46 O património religioso tem um carácter particular, em virtude de nele coexistirem e, por vezes, haver conflito entre dois cultos diferentes, um estético e outro divino (BAUER, 1993: 24-37). 47 Podemos apresentar os seguintes exemplos: O extinto Convento de Santa Clara transformou-se no edifício sede da Câmara Municipal de Guimarães e o Convento de Santa Marinha da Costa em Pousada 48 A "Cantarinha dos Namorados" é a peça símbolo de toda uma riqueza criativa que começou como atividade secundária dos criadores e hoje representa uma verdadeira indústria com representatividade patente em dezenas de empresas. In: (tirado em 13/10/2012). Sobre a evolução da Olaria Vimaranense veja-se: FERNANDES, 2002: Sobre o Bordado de Guimarães veja-se: FERNANDES,

60 Fig Bordado de Guimarães (retirado de Fig Cantarinha dos Namorados (MAS) As vivências culturais e as tradições são fundamentais para a atração de turistas e visitantes a uma determinada região. Em Guimarães as festividades tradicionais - festas religiosas e romarias - 37

61 ocupam um lugar de destaque nas vivências culturais com tradição no concelho. Em todas as freguesias realizam-se numerosas festas religiosas durante quase todo o ano, mas a grande festa da cidade e do concelho são as Gualterianas, em honra de São Gualter, decorrem sempre no primeiro fim-de-semana de agosto. Trata-se de uma festividade que se iniciou em 1906 e tem caráter laico. A festa profana é marcada pelo Cortejo do Linho, pela Batalha das Flores e por fim, como é tradição, a Marcha Gualteriana encerra as festas. É de referir também as Nicolinas, que chamam à cidade uma multidão de visitantes. Esta Festa dos Estudantes de Guimarães é celebrada em honra de São Nicolau de Mira. Iniciam-se a 29 de novembro e terminam a 7 de dezembro. São compostas por vários números: o Pinheiro e Ceias Nicolinas, as Novenas, as Posses, o Pregão Académico Vimaranense, as Maçãzinhas, as Danças de São Nicolau, o Baile da Saudade e a Roubalheira. Sem o impacto das duas festas atrás referidas, mas de grande tradição popular, temos a Festa de Santa Luzia. Esta festividade acontece anualmente a 13 de dezembro, junto à capela de Santa Luzia, na Rua Francisco Agra. Associada a esta festa está a tradicional venda de bolos, confecionados com farinha de centeio e açúcar, designados como Sardões e Passarinhas, com óbvias conotações sexuais. Estas festas poderão, certamente, potenciar o desenvolvimento e dinamização da Rota das Casas Brasonadas do Centro Urbano de Guimarães, aproveitando a realização das atividades religiosas e de manifestações culturais paralelas, bem como o fluxo de pessoas que ocorrem a estes eventos. No âmbito da CEC 2012, foi criada uma figura que sintetiza numa imagem icónica as referências e tradições de Guimarães: Maria Guimarães 50. Este novo símbolo tem associado uma pequena linha de merchandising que inclui ímanes, crachás e sombrinhas de chocolate. Maria Guimarães é representada com um elmo, uma referência a D. Afonso Henriques, e um lenço azul, que simboliza a primeira bandeira do Reino. No alto do elmo, apresenta ainda a cantarinha dos namorados, peça artesanal da cidade. Esta boneca de barro pretende simbolizar as tradições Vimaranenses. Nesta peça estão expressadas as indústrias representativas de Guimarães: cutelarias, curtumes, calçado, bordados e artesanato. 50 A criadora foi Madalena Martins. 38

62 Fig Maria Guimarães ( Património gastronómico - A arte de bem cozinhar e de bem comer está bem vincado neste concelho. Os principais pratos revelam-se nas receitas tradicionais da cozinha minhota e não são muito diferentes dos que se podem encontrar noutras cidades do Minho: arroz de frango de "pica no chão", rojões e bucho recheado, papas de sarrabulho e arroz do mesmo, bacalhau assado ou recheado. A acompanhar estes pratos está, invariavelmente, o vinho verde da região 51. A doçaria tradicional vimaranense é composta por doces conventuais: o toucinho-do-céu 52 e as tortas de Guimarães 53. Mas outras há que adoçam a boca dos vimaranenses e de quem visita a cidade: os Amores, os Beijinhos de Noiva, as Rochas, o Creme Queimado, a Aletria, o Pão-de-ló de Guimarães as Douradinhas e as Brisas da Penha. Em grande parte os doces tradicionais foram deixados pelo Convento de Santa Clara de geração em geração até aos nossos dias. Encontrando-se atualmente à venda em algumas pastelarias típicas da cidade 54. Património natural: parques e jardins - Guimarães é um concelho privilegiado a nível do património natural e paisagístico, não estivesse ele situado num vale da região mais verde de 51 (retirado em: 15/10/2012). A Casa de Sezim, situada na freguesia de Tabuadelo, no concelho de Guimarães, produz e comercializa vinho verde com a marca da própria casa. Em pergaminhos medievais existentes no arquivo particular desta Casa brasonada, referem já a produção vinícola nessa época. Sobre a história desta casa e sua família veja-se o estudo: MORAES, 2001: , vol.2 52 Doce confecionado em vários locais em Portugal, fazia-se em tempos idos, em Guimarães, no convento de Santa Clara, e, parece que também, no de Santa Rosa de Lima. O toucinho-do-céu era presença obrigatória na mesa, no período Pascal. (citado de: TOUCINHO, Sobre a doçaria conventual Vimaranense veja-se: BRAGA, 1927: ; FERNANDES;OLIVEIRA, 2004: As Tortas de Guimarães, confecionadas unicamente na cidade e Guimarães, são um doce originário do antigo Convento de Santa Clara, fundado no século XVI pelo cónego Baltasar de Andrade (sobre a bibliografia das Tortas de Guimarães veja-se a nota anterior). 54 Destacamos e Casa Costinhas e a Pastelaria Clarinha. 39

63 Portugal. Nos últimos anos, o Município tem desempenhado um papel fulcral na preservação do ambiente, com a criação de espaços verdes, o Concelho viu assim surgir vários jardins 55 e parques de lazer de média 56 e grande dimensão. Com a principal função de garantir uma boa qualidade de vida dos habitantes, os espaços verdes do concelho de Guimarães para além de serem ecologicamente importantes, têm também uma elevada importância no embelezamento da cidade. A este propósito vejamos o seguinte extrato: São espaços que geram uma biodiversidade elevada (principais potenciadores da fauna e flora locais), com base nos princípios da sustentabilidade, diversidade biológica e sensorial dos sistemas vivos. A sua importância torna-se essencial principalmente nas cidades que são grandes centros de poluição, contribuindo para moderar o microclima urbano, permitindo a redução da amplitude térmica e regularização das temperaturas 57. É de referir que a Câmara municipal de Guimarães já recebeu três prémios Nacionais pelos seus espaços verdes: - Prémio Nacional, atribuído em 2004 ao Cemitério de Monchique na sequência da sua candidatura ao Prémio Nacional de Arquitetura Paisagista. - Menção Honrosa em 2006 aos espaços exteriores dos Jardins do Centro Cultural Vila Flor 58, na sequência da sua candidatura ao Prémio Nacional de Arquitetura Paisagista. - Prémio Nacional na categoria de Espaços Públicos Urbanos em 2009,ao parque Lazer da Ínsua, localizado na Vila de Ponte. 55 A título de exemplo: O jardim do Carmo é um pequeno jardim no centro da cidade e apresenta uma envolvente arbórea com alguma expressão como plátanos, castanheiros da Índia, cedro, tílias, ciprestes e camélias. Há também sebes de azáleas, buxo, hera, murta e canteiros de amores e margaridas. 56 A título de exemplo: O parque da Quintã tem cerca de 12 hectares, é uma zona verde que foi reabilitada e tem hoje grande importância para a urbanização das Quintãs. Trata-se aliás, da única área de razoáveis dimensões e características passíveis de uso para lazer da população nomeadamente, parque infantil e percursos pedonais. 57 In 58 Localizado na área central da cidade de Guimarães, o Palácio Vila Flor e os seus jardins (com cerca de 1,5 hectares) remontam ao século XVIII e, desde então, as suas funções e intervenções foram numerosas. Dos espaços constantes da Quinta de Vila Flor, mantiveram-se intactos os jardins de buxo que se desdobram em socalcos fronteiriços à fachada norte do palácio In: 40

64 Fig. 15 Jardins do Palácio Vila Flor (Foto da Autora) Fig. 16 Parque do Monte Latito (Foto da Autora) O Departamento de Ambiente da Câmara Municipal, tem vindo a implementar uma estratégia integrada de valorização e requalificação ambiental. É seu intuito a promoção do desenvolvimento Sustentável através da elaboração, em curso, da Agenda 21 Local para o Município de Guimarães 59 Um dos projetos que o Município implementou nos últimos anos (inaugurada a 24 de junho de 2008) e que contribui para um Município ambientalmente sustentável foi a criação de uma Horta pedagógica 60. Noutro ponto da cidade, mais precisamente no Monte Latito, encontramos um parque com cerca de 10 hectares, criado nos anos 50 para a valorização dos monumentos-símbolo da nação 61. Também o Parque da cidade, que compreende uma área de cerca de 30 hectares, localiza-se no centro da cidade, é uma mais-valia ambiental e paisagística da cidade. Como alternativa a este parque existe o espaço verde do Campus de Azurém da Universidade do Minho 62. Oferece uma vasta área relvada para a constante prática desportiva onde os percursos pedonais criados interligam os espaços. A passagem da Ribeira de Santa Luzia bem como os lagos, são enquadrados pela vegetação existente que integram paisagisticamente o espaço do Campus. 59 o nosso objetivo último é a criação de um Município ambientalmente sustentável, assente na participação e corresponsabilização de todos os cidadãos neste ambicioso desígnio, capaz de proporcionar às atuais e às futuras gerações os melhores níveis de qualidade ambiental e de vida. In : 60 A Horta Pedagógica e Social de Guimarães é um espaço de domínio público onde se possibilita a melhoria da qualidade de vida das populações e o aumento da experiência prática e sensorial na ligação com a Natureza que se traduz na possibilidade de contacto entre a população e as espécies agrícolas que utilizamos na nossa alimentação, através do seu envolvimento em diversas atividades In: In 61 Adaptado à colina, é constituído por amplos relvados e frondosas árvores, de que se destacam plátanos, castanheiros, castanheiros da Índia e ciprestes, aproveitando o traçado de antigas ruas como caminhos de peões In: 62 Neste parque encontra-se uma escultura da autoria de José de Guimarães. 41

65 Já fora do centro da cidade, mas nas suas proximidades temos o extenso parque, muito arborizado e com várias espécies botânicas 63, parte da antiga cerca do convento de Santa Marinha da Costa, hoje transformado em Pousada. Subindo a encosta vamos ter ao ex-libris natural deste concelho: a Montanha da Penha. Um local privilegiado pela natureza e de extrema importância para a população, não só pelo impacto visual que tem sobre a cidade vimaranense, mas também porque conjuga religiosidade e natureza, elementos que ocupam um lugar de extraordinária importância. Ao esplendor do Santuário, altivo no topo da montanha, junta-se uma paisagem verdejante, fortemente pontuada pela imponência do granito e recantos singulares 64. Fig. 17 Cerca do Convento de Santa Marinha da Costa (Foto da Autora) Fig. 18 Perspetiva da Montanha da Penha (Foto da Autora) Em suma, podemos afirmar que o património cultural, nas suas diversas vertentes, é sem dúvida o atrativo com um potencial mais elevado. A cidade tem-se assumido cada vez mais como destino turístico cultural Oferta: equipamentos e serviços turísticos A oferta turística de Guimarães, ao nível das infra estruturas tanto públicas (requalificação de espaços públicos, equipamentos culturais, desportivos e de lazer) como privadas (capacidade hoteleira, espaços de restauração, entretenimento noturno e comercio tradicional), dotam o município de uma mais-valia no contexto turístico do noroeste peninsular. A diversificação de oferta 63 Em 1992, foi efetuado a identificação das árvores e arbustos da cerca do convento (FERNANDES; SILVA: 63-70). 64 A Penha possui 60 hectares de área verde preservada, situando-se a cinco quilómetros do centro da cidade e a 5 minutos de teleférico. Aqui conjuga-se variadíssimas vertentes tais como a religião, a cultura (grutas e ermidas), a desportiva, o lazer (com percursos pedestres pelos trilhos, teleférico e visitas guiadas de minitrem) e a ambiental (diversidade ecológica em termos de fauna e flora). 42

66 turística, coloca Guimarães numa posição bastante atrativa. Durante a preparação e realização do Programa da Capital Europeia da Cultura 2012, a cidade viu intensificar e diversificar a sua oferta ao nível de equipamentos e serviços turísticos. Relativamente ao alojamento houve o melhoramento de alguns equipamentos Hoteleiros, no entanto a grande novidade foi a abertura de novas ofertas: os Hostels. Decidimos fazer o levantamento das unidades de alojamento que se situam no percurso e/ou na zona envolvente do nosso trajeto. Tal como evidencia a Tabela 5 65, a cidade possui uma vasta variedade de unidades de alojamento. A novidade turística em Guimarães neste ano de festa da cultura não se ficou pelo alojamento mas estendeu-se ao meio de transporte. Criou-se o primeiro Yeollow Bus, um mini autocarro que leva os visitantes a conhecer os principais pontos de interesse turístico da cidade. Bem mais tradicional é o outro meio de transporte que surgiu durante 2012, uma charrete puxada por dois magníficos cavalos. Os visitantes podem assim recuar no tempo e conhecer a cidade através deste tradicional meio de transporte. Também não podemos esquecer o autocarro que efetua o serviço de transfer diário entre a cidade de Guimarães e o Aeroporto Francisco de Sá Carneiro. É de referir que as infraestruturas culturais foram um dos impactos mais positivos da cidade, novos equipamentos surgiram para atrair população e visitantes: Casa da Memória, Plataforma das Artes, Fábrica Asa, CAAA. Mas também projetos culturais foram implementados como é exemplo o projeto Descobrir Guimarães-lugares criativos 66 e Guimarães Intimo 67. Uma cidade que antes de ser Capital Europeia da Cultura, já era atrativa aos turistas, no ano 2012 viu intensificar o seu número. Em simultâneo, o comércio de venda de produtos para turistas aumentou na cidade. Guimarães viu nascer mais e diferentes pontos de venda de produtos regionais e artesanato. Podemos dizer que o comércio tradicional impera nas principais artérias da cidade, com maior destaque para o seu centro histórico. Como referem J. Cadima Ribeiro e 65 I: Tabela 5 Alojamento. 66 O projeto Descobrir Guimarães é uma proposta de design urbano que desenvolve um sistema de sinalização original, cujo objetivo é lançar desafios para que habitantes e visitantes percorram circuitos alternativos na exploração da cidade. O participante é conduzido a pontos de interesse e lugares inesperados, criando-se uma experiência inovadora e lúdica, base de uma narrativa que possibilita a construção de uma nova leitura da cidade e que provoca um sentido crítico sobre a estrutura urbana (In: 67 Projeto que engloba elementos performativos com a comunidade, turismo interativo e jogos urbanos. 43

67 Paula Cristina Remoaldo: Aqui persiste este tipo de comércio, com as vantagens e inconvenientes que lhe são associadas, apesar da população que ai reside não ultrapassar os 14,2% do total da população da cidade (RIBEIRO; REMOALDO, 2011: 637). É também no centro histórico que reside um número razoável de serviços direcionados para públicos mais jovens e turistas. Destes serviços destacam-se os restaurantes 68 e bares 69 que se concentram principalmente nos dois locais com mais simbolismo da cidade: o largo da Oliveira e a praça de Santiago. Locais que sobretudo no Verão são palco de intensa atividade cultural. Fig.19 Largo da Oliveira (Foto da Autora) Fig. 20 Praça de Santiago (Foto da Autora) Como cidade cultural que é, Guimarães possui vários espaços que dinamizam a atividade cultural da cidade. Espaços que já enriqueciam a cidade antes desta ser Capital Europeia da Cultura, mas que viu o seu numero de visitantes aumentar 70. O castelo e os museus são sem sombra de dúvida os equipamentos de cultura com mais procura. E segundo os dados estatísticos deste ano todos os museus da cidade aumentaram o seu número de entradas 71. De facto a riqueza das coleções dos museus de Guimarães constituem uma atratividade que é importante salientar. Vejamos esta oferta: museu de Alberto Sampaio, museu arqueológico Martins Sarmento, Paço dos Duques de Bragança, os núcleos e percursos museológicos (núcleo arqueológico da Associação Comercial e Industrial de Guimarães, percurso museológico do Convento de Santo António dos Capuchos), as Bibliotecas, as Galerias de Arte, etc. Os equipamentos e serviços de cultura da cidade revelam-se uma mais-valia na atratividade turística de Guimarães. Esta oferta estende-se ainda, às rotas e percursos implantados ou que simplesmente 68 Acerca da oferta do serviço de restauração ver Tabela 5 no I 69 Acerca da oferta de serviço de entretenimento noturno ver Tabela 5 no I 70 Informação cedida pelo Posto de Turismo de Guimarães. 71 Informação cedida pelo Posto de Turismo de Guimarães. 44

68 passam pelo concelho: Rota de São Torcato, Rota da Penha, Rota da Citânia, Rota do Vinho Verde, Rota do Património Industrial do Vale do Ave. Mas a visita cultural a uma cidade estende-se quase sempre às compras e em Guimarães este simples gesto pode proporcionar momentos enriquecedores. De fato fazer compras em Guimarães permite associar a visita à cidade patrimonial entrando em espaços reabilitados e encontrando os principais produtos da economia regional: têxteis-lar (segmento onde o concelho de Guimarães é o maior produtor), linhos, cutelarias e bordados. Encontramos também uma variedade de lojas de vestuário e calçado, com design próprio, criado em empresas locais inovadoras, que localizaram na cidade a venda de produtos que destinam predominantemente aos mercados internacionais. O visitante mais universal poderá ir procurar centros comerciais, uns localizados em empreendimentos residenciais acolhedores e de convívio, outros de maior dimensão com as lojas das marcas comerciais mais atrativas. A pensar no grande aumento de visitantes que um evento como a Capital Europeia da Cultura podia trazer, a Câmara Municipal criou o Roteiro Guimarães Marca, iniciativa que divulga os produtos industriais com origem local e os espaços de venda a que podem aceder. É com certeza uma iniciativa que veio valorizar o empreendedorismo local. O desporto e o lazer são um complemento á atratividade de Guimarães, o concelho desenvolveu um elevado padrão de atividade no contexto do associativismo desportivo e das suas Instituições. De facto, a prática desportiva alargou-se a uma grande franja da população, atraindo atletas para as diferentes modalidades e competições, sensibilizando um número crescente de pessoas para hábitos saudáveis de vida 72. Os números demonstram que Guimarães é uma terra de gente amante do desporto. Pensando neste facto a autarquia tem vindo a empreender trabalho na construção de equipamentos de desporto e lazer. É de referir que a maioria e/ou diversificação das instalações desportivas e de lazer estão centradas na sede do Concelho ou a escassos quilómetros. Como é sabido a atividade desportiva seja ela federada ou amadora, movimenta a população. São os torneios, os campeonatos ou simplesmente as festas desportivas, que impulsionam o desenvolvimento da economia local. Exemplo disso foi o campeonato europeu de futebol realizado em 2004 em Portugal, que teve como um dos vários palcos a cidade de Guimarães. 72 Podemos salientar que Guimarães tem trezentas e trinta e três (333) entidades ligadas ao desporto, que utilizam duzentas e sessenta (260) instalações desportivas, distribuídas pelas sessenta e nove (69) freguesias do Concelho de Guimarães (Dados retirados de: 45

69 Fig. 21 Praça de Santiago durante a realização do Euro 2004 (Foto da Autora) Também é notório o movimento da cidade e dos estabelecimentos de restauração, nos dias em que o maior clube da cidade joga, seja no seu estádio, seja através da televisão. Na verdade, o Vitória Sport Clube com uma massa associativa fervorosa, é dos clubes que mais adeptos leva ao estádio, sem dúvida um impulsionador de desenvolvimento da economia da cidade. Mas nem só de futebol vive o principal clube do concelho, natação, basquetebol, andebol, voleibol, Pólo aquático, boxe/ kickboxing, ténis de mesa, judo, atletismo, voleibol feminino, ciclismo, futebol de praia e uma equipa de veteranos compõem este clube. Modalidades que já deram mostra de dinamismo e sucesso, ingredientes para atrair adeptos e consequentemente para a dinamização da cidade nos dias de jogos. A par da dinamização nos dias de jogos, não podemos esquecer que muitas das equipas do Vitória Sport Clube entram em torneios e campeonatos internacionais e aguçam a curiosidade pela cidade Património da Humanidade. Muitas das atividades desportivas amadoras fazem-se ao ar livre, e de fato no concelho têm surgido vários circuitos para a prática do pedestrianismo e cicloturismo. Relativamente aos circuitos de manutenção, existem dois: um encontra-se inserido no Parque da Cidade com uma extensão de 900 metros, o outro com igual extensão encontra-se inserido no Parque da Cidade Desportiva Além do circuito de manutenção o Parque da Cidade Desportiva integra em si três Piscinas, a Pista de Atletismo Irmãos Gémeos Castro, a Pista de Cicloturismo e o Pavilhão Multiusos. Para mais informações consultar o site: 46

70 O golf é outra modalidade praticada ao ar livre e a cidade oferece através da Universidade do Minho um Campo de Práticas de Golf 74. Este espaço ocupa uma área de 1,4 hectares, no campus da UM em Azurém. Os Serviços de Ação Social da UM, dinamizadores da ideia, argumentam que se trata de um projeto inovador, dada a sua ligação a uma universidade, mas também por associar a prática desportiva à investigação científica. O teleférico compõe a oferta de espaços de lazer da cidade, único na região, proporciona uma viagem de metros, vencendo uma altitude de 400 metros em apenas alguns minutos. Ótimos acessos e parque de estacionamento para ligeiros e autocarros, o Teleférico transforma uma visita a Guimarães num momento inesquecível 75. Este meio de transporte leva-nos ao ex-libris natural do concelho o Monte da Penha. Mas também durante a CEC 2012, proporcionou momentos de cultura através de exposições temporárias. Como culminar da importância do Desporto em Guimarães, salientamos a realização no ano de 2013 do evento: Guimarães Cidade Europeia do Desporto Um acontecimento que possibilitará uma maior oferta na cidade. Relativamente ao ensino e atividade pedagógica, este pode contribuir para atratividade turística de um destino? Sem dúvida, o facto de Guimarães possuir uma Universidade com referência nacional e internacional, leva a que seja um pólo atrativo para jovens. E de facto é um concelho com uma taxa de juventude muito elevada. No entanto, atrai também alunos e investigadores estrangeiros através de programas europeus e na realização de congressos internacionais. A própria Universidade do Minho através do seu corpo docente, dos cursos ai ministrados e de publicações científicas 76 apresenta-se como um dos fatores de desenvolvimento na investigação do património e turismo. Em simultâneo tem-se verificado uma forte dinâmica pedagógica a nível das suas Instituições de ensino, com a organização de eventos, concursos e outras atividades, que dinamizam a cidade. É muito frequente estas Instituições interagirem com a população através da demonstração daquilo que aprendem em contexto de sala de aula. 74 Acerca deste Campo de Práticas de Golf consultar o site: 75 In: 76 Além de teses de mestrado na área do património e turismo de Guimarães, destacamos o Guia de Turismo Cientifico de Guimarães, publicado em 2009, em colaboração com a Câmara Municipal de Guimarães e com a Escola de Engenharia da Universidade do Minho (GUIA, 2009). 47

71 Fig. 22 Reconstituição do voto de D. João I pelas escolas da cidade de Guimarães e MAS (MAS,2001) Recentemente o edifício da antiga Fábrica de Curtumes da Ramada 77 (Zona de Couros) foi reabilitado para atividades académicas. Inaugurado em julho de 2012, alberga o Instituto de Design 78. Este Instituto, segundo palavras de António Almeida Henriques, secretário de Estado adjunto da Economia, é exemplo promissor, uma semente para o futuro, fazendo de Guimarães mais do que o berço da nacionalidade, o berço da criatividade em Portugal Fábrica da António Martins Ribeiro da Silva, fundada na década de 1930, o edifício preserva vestígios da sua arquitetura Industrial nomeadamente as cores da fachada, o amarelo palha e o sangue de boi das caixilharias referidos na documentação como características dos edifícios industriais da zona de couros. Esta fábrica laborou até 2005, estando sempre ligada à família Martins Ribeiro da Silva os Painços, tendo sido a última fabrica que fechou portas na zona de Couros (In retirado em 20/10/2012). 78 O Instituto de Design nasceu na zona de Couros, no âmbito do projeto CamUrbis. Para além de acolher o curso de Design da Universidade do Minho, é também a sede do FinD Lab Guimarães um Laboratório de Fabricação Digital munido dos mais recentes meios de conceção e fabrico assistido por computador. 79 Em entrevista ao Noticias de Guimarães, retirado em 12/09/2012 in 48

72 Fig. 23 Instituto de Design (antiga Fábrica de Curtumes da Ramada de António Martins Ribeiro) (Foto da Autora) Procura Turística A análise da procura turística de Guimarães revela-se de grande importância, já que a partir dos dados recolhidos sobre essa mesma procura, é possível tirar ilações acerca do estado turístico da cidade, bem como concluir se este satisfaz as motivações e anseios dos turistas. Os dados apurados constituirão instrumentos de trabalho que possibilitarão aos sectores público e privado que operam no turismo, reformular e direcionar os seus produtos, de forma a melhorarem a qualidade dos seus serviços. Os dados mais atuais acerca da procura turística de Guimarães encontram-se devidamente analisados na tese de mestrado de Vítor Marques (MARQUES, 2011). Este autor apresenta as seguintes conclusões (MARQUES, 2011:44-45) com base em inquéritos elaborados nos meses de Dezembro de 2010 e abril, julho e agosto de 2011: - O fato de Guimarães ser um destino classificado como Património Mundial surge como a principal indicação de motivo da visita, com 39% das respostas, logo seguido do Touring (visita das cidades históricas) da região, com 28% das respostas; - A classificação de Guimarães como Património Mundial, está fortemente relacionada com os atributos físicos, patrimoniais e arquitetónicos do destino, evidenciando a sua importância como elemento que integra o processo de decisão como motivação de viagem. 49

73 Atualmente, poderá ser acrescentado como motivação da procura turística do destino Guimarães, a realização da CEC A programação do evento foi um dos fatores de procura durante o ano No entanto, o marketing ao redor da CEC 2012 e todas as infraestruturas criadas vão proporcionar certamente a continuação da procura turística. 80 Disto mesmo nos dá conta os dados estatísticos da afluência de turistas nos postos de turismo da cidade. 50

74 IV - ESTUDO DE CASO: CASAS BRASONADAS DE GUIMARÃES E AS SUAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS 4.1. A Casa nobre: breve caracterização Guimarães, berço da nação, conserva ainda hoje um riquíssimo património mercê dos acontecimentos históricos que testemunhou ao longo dos séculos, como podemos observar no seguinte extrato: Aqui nasceu a Casa de Bragança, Reis, nobreza, clero e povo fizeram a cidade onde hoje habitamos, deixaram as suas marcas no granito dos edifícios, nas palavras dos documentos, na beleza das obras de arte, nos artefactos de trabalho, e, também, na memória e no devir do vimaranense atual (FERNANDES, 2000: 10). Possuidora de um núcleo urbano de formação medieval estruturado em função de uma dinâmica urbana gerada por duas forças opostas de atração e proteção - o Castelo na colina e o mosteiro dúplice na planície, com a localização que hoje corresponde à do complexo da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira. Palco de acontecimentos históricos ligados ao poderio real e eclesiástico, de uma posição geográfica privilegiada (cruzamento de estradas), que desde cedo permitiu o aparecimento de uma próspera comunidade de mercadores e o aspeto sociológico de ter uma elite com certo poder político e económico no noroeste de Portugal. Foram fatores que contribuíram para a evolução da urbe vimaranense. Acerca deste assunto refere António José de Oliveira, como não poderia deixar de ser, o próspero crescimento do aglomerado atraiu à vila um número crescente de habitantes dos mais diversos ofícios e estratos sociais que obviamente imprimiram uma fisionomia característica à estrutura urbana, mas que cuja tipologia própria se reflete na existência de um dédalo de ruas medievais confinadas numa malha urbana estreita, que nos oferecem muitas vezes a surpresa de desembocar em praças monumentais ou em espaços valorizados com edifícios de mole imponente construídos em época posterior já no século XVII e XVIII, em que as edificações de estilo Barroco e Rococó se destacam no meio do apinhado casario medieval (OLIVEIRA, 2011: 27). De fato, o centro histórico de Guimarães é como conjunto testemunho de um desenvolvimento urbano, reunindo exemplares únicos de construção. Pela sua uniformidade, sistema construtivo, técnicas construtivas tradicionais, características arquitetónicas, tipologias 51

75 distintas, enriquecem a cidade de elementos que demonstram a evolução da cidade em diferentes épocas, além da sua inclusão na paisagem constituir uma riqueza excecional. Estes elementos permitiram a classificação do Centro Histórico de Guimarães a Património Mundial da Humanidade. Muitas e arquitetonicamente ricas são as casas que Guimarães possui, dignas de uma referência especial. Diversos autores as tratam com algum cuidado porque elas representam épocas e estilos bem diferentes e merecedores de estudos específicos. Como nos diz Carlos de Azevedo (AZEVEDO, 1988: 13) a casa é um documento autêntico da vida do homem, documento de pedra e cal, mas de extraordinária importância para estudarmos os costumes, a evolução do gosto e da vida social. Nas casas está resumido todo um estilo de vida, por isso ela é um elemento importantíssimo para o estudo duma sociedade, em qualquer época que se considere. Em muitos casos não é possível saber com precisão a época em que muitas foram construídas. É muito frequente que a casa que atravessou gerações e subsistiu pelos séculos fora tenha sofrido obras, restauros, ampliações e transformações, quer no exterior, quer no interior. No entender de Carlos Azevedo tal fato tem originado certa confusão no espirito de muitas pessoas que, não compreendendo o edifício como um complexo e não sabendo, possivelmente, ler os elementos estilísticos que definem as várias épocas, o julgam mais antigo por nele se conservar qualquer elemento de séculos mais recuados. Esta mistura de estilos que se observa numa casa não a torna menos digna, pois através das sucessivas transformações é-nos dado acompanhar a evolução do gosto e as alterações que se deram na vida social das diferentes épocas. Em Guimarães a riqueza do inventário das casas mais flamejantes de frontaria, ou mais modestas e corridas é relativamente grande. Caracteriza-se pela autenticidade de tipos arquitetónicos diferenciados, erguidos com os sistemas construtivos tradicionais, constituindo exemplos de evolução da cidade nas suas diferentes épocas. Entre a diversidade de tipos arquitetónicos, devemos destacar a casa nobre urbana 81. De facto a diversidade e riqueza arquitetónica das casas nobres na urbe vimaranense são dignas de uma referência especial. São vários os exemplos que testemunham a história da cidade. Umas outrora respeitadas, com o asseio e dignidade dos seus proprietários, não são hoje mais do que relíquias envergonhadas pelo seu lamentável estado de conservação; outras perderam a sua função original e servem hoje como sede de alguns serviços públicos. Mas todas elas continuam a enriquecer a cidade e a testemunhar as vivências dos Vimaranenses como sempre o fizeram ao longo da sua existência. 81 In 52

76 Na elaboração deste nosso trabalho deparámo-nos com a diversidade de definições de tipologias por parte de algumas obras de referência 82 decidimos no entanto usar o termo casa nobre 83. Acerca das primeiras casas nobres portuguesas diz-nos Carlos Azevedo (AZEVEDO, 1988: 19) que estas começam com a torre, e é no Norte, na região de Entre Douro e Minho berço da nacionalidade, onde vamos encontrar os primeiros exemplos deste tipo de construção, que tanta influência havia de exercer no posterior desenvolvimento da casa portuguesa. Relativamente à contemporânea malha urbana de Guimarães podemos encontrar algumas casas-torres que teriam sido residências de linhagens secundárias da nobreza, mas só uma chegou até nós, já dos finais do século XIV e provavelmente adulterada pela D.G.E.M.N. Referimo-nos à torre dos Almada, no largo da Tulha 84. Acerca destas torres Francisco Azeredo diz-nos: existem em algumas casas do norte e centro do país foram construídas, mediante autorização régia a partir do século XV. Raríssimas são as anteriores. Datam desta época as torres mais antigas que, no entanto, não atingem mais de 12 metros de altura e que são, de uma maneira geral, construídas em lugares chãos (AZEREDO, 1978:12-13). 82 AZEVEDO, 1988; AZEREDO, 1978; STOOP, 1986; STOOP, 1993; SILVA, 1995; ALVES, 1995; ALVES, 2001; GRAÇA, 2004). 83 Casas nobres chamamos às que tem logea, ou pateo, com aposentos capazes para huma família (BLUTEAU, 1716: tomo 5, 731). 84 Acerca desta casa torre vejam-se as palavras de Bernardo Ferrão e José Ferrão Afonso: Provavelmente em finais do primeiro quartel do séc. XVI, a antiga casa torre dos Almadas no largo da Tulha, hoje Dr. Avelino Germano foi alterada, e as obras incluíram o rasgar de uma bela janela de sacada renascentista, moldurada com colunelos e decoração de tipo lombardo que, ainda hoje se pode admirar, no primeiro piso, sobre o portal chanfrado e ligeiramente apontado de entrada (FERRÃO; AFONSO, 2002: ). 53

77 Fig. 24 Torre dos Almadas (Foto da Autora) Esta tipologia permaneceu ao longo dos séculos XVI e mesmo XVII, mas associada a um corpo habitacional, exemplo disso é a Casa dos Laranjais 85 com a sua torre seiscentista, constitui um excelente exemplar desta situação evolutiva. Acerca das casas nobres portuguesas 86 mais antigas, Francisco Azeredo refere-nos que são anteriores ao século XV, de extrema modéstia, de dimensões muito reduzidas e de arquitetura muito simples. De uma forma geral distinguiam-se das outras por terem, além do andar térreo, onde se situavam as lojas e estábulos, um outro andar, o andar nobre, que era a habitação propriamente dita. Eram despidas de qualquer ornamentação de cantaria ou até de reboco, que só veio a aparecer mais tarde. Condiziam com o teor de vida modesto dos seus proprietários, embora fossem condes, ricos-homens ou infanções, a quem não repugnava pegar no arado ou fazer os mais trabalhos rurais (AZEREDO,1978). No século XV, o espaço destinado a habitação torna-se mais amplo e há uma maior necessidade de contacto com a natureza, pelo que as fachadas se tornam mais abertas e surgem as janelas amaineladas, e a noção de conforto é mais exigente, e dai a profusão de chaminés de fogões de aquecimento. 85 Ver ficha de inventário no I. 86 Casas Senhoriais é o termo utilizado pelo autor. 54

78 A mais complexa de todas as casas do século XV (final da Idade Média), é o Paço dos Duques de Bragança 87, embora este nada tenha a ver com o tipo de casas mais características desta época. Acerca deste monumento diz Carlos Azevedo (AZEVEDO,1988: 31) que este não vai desempenhar papel preponderante no ulterior desenvolvimento da casa nobre portuguesa. A partir do século XV, verificou-se em Portugal uma intensificação da edificação de paços, sobretudo urbanos, para habitação da nobreza principal. Assim, e provavelmente influenciado pela imponente e contemporânea presença do Paço do Duque de Bragança de quem era fidalgo, Fernão de Sousa mandará construir, em finais do século XV, na rua de Santa Maria, os seus paços, usando como material a pedra. Casa hoje conhecida como do Arco, é uma precoce e pragmática planta em H na qual o corpo central se lança, balconado, sobre a rua de Santa Maria, seguindo o exemplo do não muito distante paço do concelho manuelino (AFONSO, 2007: 257). Com uma estrutura muito característica noutras povoações medievais portuguesas, esta será um bom exemplo da casa nobre urbana seiscentista de Guimarães, da sua vontade de conquista de espaço, variedade, audácia e inovação. Uma das mais antigas artérias de feição medieval, eixo principal de ligação entre o núcleo do Castelo, situado na cota alta e o núcleo do mosteiro, na parte baixa da vila, é a rua de Santa Maria 88. Outrora rua de elite, situada perto da igreja principal e da praça, num ponto fácil de acesso às portas da cidade e ao castelo, nela residiu o clero e a nobreza. Testemunha na atualidade belos exemplares com fachadas a cantaria de granito, salientando-se a já referida Casa do Arco 89, também conhecida como Casa dos Condes de Azenha, exemplar de influência neoclássica, uma das mais características desta artéria. 87 É justamente a partir de 1401 e 1420 que se constroem os paços de Barcelos e Guimarães por iniciativa do primeiro Duque de Bragança, filho natural de D. João I, que mercê das suas viagens e cultura, introduziu na arquitetura da casa senhorial ideias novas. (AZEREDO, 1978:87). 88 Acerca desta rua consultar: FERREIRA, Ver ficha de inventário no I. 55

79 Fig. 25 Casa do Arco na rua de Santa Maria (Foto da Autora) Mas também aqui encontramos a casa dos Valadares de Carvalho 90, a casa de Francisco Duarte de Meireles 91, local onde nasceu o arqueólogo Mário Cardoso, já no fim da rua deparámo-nos com a casa dos Peixoto 92 bem junto à belíssima igreja de Nossa Senhora da Oliveira. A Rua de Santa Maria foi desde a época medieval uma das ruas mais importantes da vila, tornando-se por isso objeto de diversos estudos. Com o tempo perdeu alguma da sua importância, o que se foi refletindo na sua história. Já nos inquéritos de 1258 deixam perceber que as casas nobres estavam em baixo, nas proximidades da igreja de Santa Maria, para onde pendia, já, o essencial dos dias (FERREIRA, 2010: 133). Ao longo do século XVI e para além das casas já referidas, outras tipologias habitacionais aristocráticas se foram criando, com frontarias cuidadosamente aparelhadas em cantaria de granito, e com dimensões relativamente pequenas, estas novas residências nobres obedecem já a uma regularização do loteamento urbano com o consequente alinhamento das frentes e nivelamento das alturas (piso térreo e um ou dois sobrados) (FERRÃO; AFONSO, 1998: 43). Algumas casas propriedade de ricos mercadores e de oficiais régios enriquecidos, apresentam 90 Ver ficha de inventário no I. 91 Ver ficha de inventário no I. 92 Ver ficha de inventário no I. 56

80 fachadas com uma decoração imponente, sendo apenas a ausência da pedra de armas que as diferencia das suas congéneres detidas pela nobreza. Acerca desta época (séculos XVI/ XVII) Francisco Azeredo (AZEREDO, 1978) refere que a era dos descobrimentos e da expansão ultramarina e consequente contacto com outros povos, o estreitar de relações comerciais com o norte da Europa e com o Mediterrâneo e as novas possibilidades económicas da nobreza e burguesia, possibilitaram novos horizontes à arquitetura e nomeadamente no que se refere à habitação nobre. Esta deixa de se limitar ao estritamente necessário para abrigo dos seus utilizadores e passa a ter outras exigências, não só de conforto como de arte. Assim vemos surgir os espaços livres para varandas e terraços e a ornamentação do Manuelino e do Renascimento. Um facto curioso, é o aparecimento da torre como elemento decorativo, ou até como representação da nobreza do edifício que aliada à escadaria e ao brasão em cantaria na fachada dão ao edifício um aspeto de solenidade que os individualiza em relação aos restantes. O século XVII assistirá à construção das grandes casas nobres no espaço intramuros. Elas sucederam às torres medievais e ao despertar do valor simbólico das fachadas em Quinhentos (AFONSO, 2007). Ao contrário do final da época medieval em que os construtores portugueses tinham elaborado um tipo de casa nobre que se inspirava fundamentalmente na arquitetura militar. Nascera dessa forma a casa-torre, o primeiro tipo evoluído da residência nobre portuguesa que vai manter-se através dos séculos. Agora, a principal contribuição do século XVII é a casa de planta em U (AZEVEDO, 1988:55). Utilizando a pedra como material construtivo a casa nobre urbana nesta época é de grandes dimensões, algumas como na Casa Mota Prego 93, resultam já de um desenvolvimento orgânico de estruturas anteriores, de finais do século XV e XVI, que a centúria de seiscentos regularizará (FERRÃO; AFONSO, 1998: 45). Os mesmos autores referem que a casa dos Navarros de Andrade e a dos Coutos são imóveis do século XVII 94, que possuem ainda elementos de casas quinhentistas, nomeadamente nas pequenas dimensões do lote e na decoração da sua fachada (FERRÃO; AFONSO, 1998: 45). A tipologia da casa nobre urbana sofrerá, algumas alterações ao longo do século XVII no que se refere aos materiais construtivos, a disposição dos pisos, o tipo de varandas e a variedade decorativa das fachadas (FERRÃO; AFONSO, 1998: 45). Em Portugal assiste-se ao aparecimento de novos edifícios que correspondem a um esforço para adaptar os conhecimentos obtidos na época renascentista a um tipo de casa mais conforme às 93 Também designada de Casa dos Carvalho (ver ficha de inventário no I). 94 O mesmo sucedendo com a Casa dos Valadares, apesar de mais antiga (1620). 57

81 nossas exigências (AZEVEDO, 1988: 55). Esta época deixou entre nós algumas boas e enriquecidas construções, sobretudo de carácter civil, apalaçadas e armoriadas, duma arquitetura de sóbrio gosto clássico, como era corrente na época 95. Estendem-se por todas as ruas, em pedra trabalhada, nas janelas, nas portas, nos cachorros, nos portais e na elegância dos átrios. Nesta época o Minho é assinalado por uma intensa atividade de remodelação e construção patente em edifícios religiosos e civis que continuará durante todo o século XVIII. A este fenómeno não é alheia a revitalização económica, ligada à extensão da cultura do milho e à chegada das primeiras remessas de ouro do Brasil (ROCHA, 1993: 144). Assiste-se a um novo labor arquitetónico de palácios senhoriais, fortemente implantados nesta região. Estendendo-se esta dinâmica a casas urbanas ou rurais, que esperavam igualmente, intervenções que proporcionassem ao seu proprietário uma exibição social do seu poder económico, através de uma arquitetura de fachada. Raramente em Guimarães, encontramos diferentes tipologias de habitação corrente da primeira metade do século XVIII, mantendo estas geralmente características das suas precedentes seiscentistas (FERRÃO; AFONSO, 1998: 46). Acerca desta época diz-nos Alberto Vieira Braga, que por entre disformidades e contrastes de formas e feitios, levantaram-se várias casas de boa cantaria, amplas de sólida construção, com dependências interiores desafogadas, rasgado pé direito e elegantes decorações exteriores, na harmonia das padieiras horizontais ou arqueadas, de um alinhamento airoso e regional (BRAGA, 1986: 1148). Também Natália Ferreira Alves (ALVES, 2000: 58) refere que o século XVIII foi um dos períodos mais fecundos sob o ponto de vista artístico, tendo deixado testemunhos eloquentes nas suas diversas expressões. Neste século vemos desenvolverem-se as fachadas principais e assistimos ao enriquecimento da decoração envolvente de portas e janelas de cantaria e o aparecimento de frontões para exibir o brasão, normalmente extraordinariamente rico de decoração no seu paquife 96 e com o escudo de forma abaulada (AZEREDO, 1978: 87). Esta política económica favorável à construção arquitetónica constatou que a resposta dos artistas locais não era suficiente. Esta situação levou à necessidade de chamar artistas galegos ao 95 Em Portugal encontram-se os seguintes exemplos: Palácio dos Marqueses de Fronteira (Lisboa), Casa dos Duques de Aveiro ( Setúbal), a Casa da Tapada ( Amares), Palácio Galveias ( Lisboa), Casa de Vale de Flores( Braga), Casa do Calhariz ( Sesimbra), Casa de Covas ( Vila Nova de Cerveira), Paço dos Cunhas (Nelas). 96 Vejamos a definição extraída do Vocabulário Heráldico: O paquife originou-se numa peça de pano leve que servia para proteger o elmo da incidência do sol e que se prolongava sobre as costas do cavaleiro servindo de cobre-nucas. ( ) É a esta peça que faz parte integrante do elmo que se dá o nome de paquife (BANDEIRA, 1985: 177). 58

82 Minho 97. Disto mesmo damos conta na construção de algumas das casas nobres que encontramos no centro histórico de Guimarães e que são referidas neste nosso projeto. Ao longo da segunda metade do séc. XVIII, nas ruas de maior movimento da urbe vimaranense ergueram-se uma série de casas nobres urbanas que apresentam, no trato das suas fachadas, uma decoração rococó, respeitando as frentes em que se inserem, do qual o mais singular exemplo é a casa dos Lobo Machado 98, construída em 1754, em parceria, pelos mestres pedreiros Galegos Amaro Farto e Vicente de Carvalho 99. Em algumas pedras de armas encontramos a decoração rocaille, como o da Casa do Proposto, ou em portões, como na Casa do Canto. Contendo ainda uma fachada com elementos decorativos rococós, mas já sensível ao neoclássico, temos o exemplo da casa das Hortas. Algumas das casas tardo-barrocos possuem jardins, sendo de salientar o do Palácio Vila Flor 100 e o Palácio de Vila Pouca 101. Outro tipo de casas nobres surgem também nesta altura no espaço extramuros de Guimarães, com cariz urbano, de grandes dimensões e desenvolvendo-se horizontalmente, citamos: a Casa do Fidalgo do Toural 102 e a Casa do Carmo (dos Condes de Margaride) 103. Por regra os edifícios nobres urbanos do século XVIII tinham apenas dois pisos, a frontaria era a mais valorizada expressava o estatuto social do seu proprietário. Estas casas localizavam-se normalmente em áreas da urbe vimaranense consideradas mais importantes, em ruas movimentadas ou em largos propícios a atos sociais, ou, se implantadas nos arrabaldes, em lugar sobranceiro, donde se avistava a então Vila e podia ser contemplada, de longe, pela população (CONCEIÇÃO, 2009: 33). Guimarães vê ainda surgir na transição do século XVIII para o século XIX, inúmeros solares com menores dimensões, por vezes apenas as sua pedras de armas os fazem distinguir das vizinhas habitações burguesas, como é exemplo a casa dos Freitas do Amaral 104. A partir de meados 97 Sobre os mestres oriundos da Galiza que exerceram a sua atividade em Guimarães no século XVIII, veja-se: BRAGA, 1963; ROCHA, 1993; OLIVEIRA, 2011A. 98 Ver ficha de inventário no I. 99 Sobre esta Casa ver ficha de inventário no volume II. 100 Ver ficha de inventário no I. 101 Também conhecida por casa dos Condes de Vila Pouca (o 1º conde de Vila Pouca foi Rodrigo de Sousa Teixeira da Silva Alcoforado), hoje muito modificada para ser utilizada como Colégio do Sagrado Coração de Maria (AZEREDO, 2011:78). 102 Ver ficha de inventário no I. 103 Ver ficha de inventário no I. 104 Ver ficha de inventário no I. 59

83 do século XIX, a diferenciação entre a casa nobre e a burguesa deixa de ter razão de ser, pois as tipologias urbanas de habitação são completamente indistintas. A Casa Nobre em Guimarães, assim como no resto do Pais sofreu uma longa evolução, representam na atualidade aquilo que ficou de tempos passados o que revela o espirito conservador do português. Estas casas podem ainda ser divididas em categorias conforme os casos, a mais interessante divisão tipológica é de Francisco de Azeredo (AZEREDO, 1978:14). - Palácio: residência de monarcas e edifícios com dimensões suficientemente grandes para justificarem este termo; - Paço: residências de reis, príncipes e bispos e edifícios onde os monarcas tivessem pernoitado pelo menos uma vez; - Solar: local de origem de uma família; - Quinta: conjunto de terras cercadas por muros, podendo ter ou não edifícios residenciais; - Torre: as torres propriamente ditas e/ ou edifícios nelas originados; - Casal: conjunto de terras delimitadas por marcos, também podendo ter ou não edifícios residenciais; - Casa: termo genérico, aplicável a uma multiplicidade de edifícios e a residências de famílias fidalgas situadas em aglomerados; - Casa do Mosteiro: antigos conventos e mosteiros transformados em residências privadas, após a expropriação das Ordens Religiosas (1834) e consequente alienação por parte do Estado. Mais recentemente Manuel Azevedo Graça (GRAÇA, 2004: 28-29) acrescentou mais três designações: - Palacete: palácio pequeno; - Quinta de Recreio: casa de campo de divertimento, de deleite e recreação; - Casa de Vilegiatura: edifícios de residência sazonal, em estâncias balneares e de montanha. Neste nosso projeto, optámos por designar todos os edifícios pelo termo genérico de Casa. Em concordância com Manuel Azevedo Graça (GRAÇA, 2004), estamos longe das construções palacianas de Lisboa, nenhum deles ocupará quarteirões inteiros, como na capital 105.Também nenhum terá risco tão erudito e académico, num quase provincianismo. E por último os materiais 105 Também Joaquim Jaime Ferreira Alves na sua obra A casa nobre no Porto, na época moderna, faz referência ao termo Casa em vez de Palácio, pelo fato das reduzidas dimensões dos edifícios nobres do Porto (ALVES, 2001). 60

84 utilizados condicionarão os motivos decorativos: o granito predominante no Norte é de mais difícil moldagem que o calcário existente a Sul, o que acaba por transformar o seu aspeto geral Casa Nobre Armoriada: conceito Dentro do conceito de casa nobre incidimos o olhar nas casas orgulhosamente marcadas com pedras de armas. Estas casas foram, ao longo de toda a história, o berço onde nasceram, se criaram e educaram as grandes figuras da Igreja e de relevo nacional, tanto nas armas como nas letras, de tal forma que para se fazer uma história conscienciosa de Portugal não poderá deixar de se estudar a história destas casas. Casas que ostentam na fachada uma pedra de armas, símbolo de nobreza 106 ou fidalguia. Casas que de uma forma especial nos chamam a atenção, seja pela sua dimensão, beleza da fachada, ou simplesmente por ostentar uma pedra de armas e despertar em nós a curiosidade de decifrar os símbolos ali demarcados. É natural que, vendo-se uma destas pedras, haja a curiosidade de saber o que representam aqueles motivos, por vezes estranhos e nem sempre compreensíveis, que nas mesmas se encontram neles relevados, e qual a finalidade de tão curiosos documentos (MATTOS, S/D: 27). É no conhecimento e compreensão dos motivos que ali estão representados, que reside o seu valor simbólico 107. Felgueiras Gayo diz-nos que as Armas tiveram a sua origem nos torneios do século X, nos exercícios de guerra e divertimento de galanteria com que se ocupavam os antigos cavaleiros Alemães, para mostrar a sua destreza, e valor. Não se autorizava o uso das Armas a qualquer pessoa, mesmo que nobre, sem que este tivesse participado no tal combate. Diz-nos o autor que o Brasão não é tão antigo como as Armas do século X, e que foram ensinadas regras que compuseram a arte a que se chama Brasão. Os Alemães inventarão as Armas e os Franceses compuseram a Arte do Brasão, formando as leis Heráldicas 108 no tempo de Carlos Magno, o qual criou doze cavaleiros com título de Reis de Armas, e dois oficiais inferiores, um de Passantes, e outro de Arautos. 106 Dá-se o nome de nobreza a um conjunto de indivíduos que goza, em virtude de transmissão legal hereditária, de uma categoria social privilegiada, e também, quase sempre, de privilégios políticos, com direitos superiores aos da maioria da população (ZUQUETE, 1961). 107 Não se enquadra ele na simbólica geral, mas origina-se de um dos seus variados setores, que dá pelo nome de heráldica, a qual é uma verdadeira ciência, tida em grande apreço como auxiliar da História (MATTOS, S/D:27). 108 Assim como o Brasão é Arte, assim deve ter regras e preceitos como todas (GAYO, 1989:38). 61

85 Também Armando de Mattos (MATTOS, S/D: 25-26) faz-nos referência á origem das pedras de armas, segundo ele um costume trazido pelos germanos invasores, ou pelos suevos, que se transmitiu pelas gerações até ao aparecimento do Estado português. A origem das pedras de armas vem do uso tradicional 109, legalizado com o mais alto documento heráldico: a carta de armas. Este autor refere-nos ainda que as pedras de armas têm valor simbólico, histórico, social e artístico. Uma Pedra de Armas personifica não só um estatuto social como privilégios concedidos diretamente pela realeza. Tem um carácter eterno até pela escolha do próprio material, o granito, testemunho quase perpétuo da linhagem dos seus proprietários que deixam na rocha a genealogia da família e as respetivas alianças (SILVA, 2007). A esta pedra é associada a própria casa que, não raro, fica também conhecida pelo nome da família que a habita há várias gerações: Exibição de posição e poder, o escudo assume agora um valor de memória de uma sociedade e uma forma de viver que se extinguiu (SILVA, 2007).Têm grande valor cultural e histórico, pois falam-nos da História de uma família, de uma classe e do País. Desperta o espirito de quem repara nestas pedras, o desejo de conhecer o que representam, qual o papel histórico que desempenham. As pedras de armas lembram-nos sempre ações de fama, atitudes meritórias, intenções dignas (MATTOS, S/D: 28). Nelas encontramos a lembrança do fundador da família, daquele que viu seu nome nobilitado. È uma clara evocação da origem, a presença da tradição do nome, o espelho do brio do sangue (MATTOS, S/D: 29). Representam o momento mais alto da linhagem devendo os seus membros não o esquecer. Do ponto de vista decorativo são muitas vezes a parte mais exuberante da casa, a marca que dá dignidade e fidalguia ao conjunto. Segundo Armando Mattos: documentam a difusão de escolas decorativas, pois pela sua presença atestam o conhecimento de determinados pormenores estilísticos e arquitetónicos; são verdadeiros índices estéticos, visto a sua conceção e execução implicarem conhecimentos de arte (MATTOS, S/D: 30). O seu estudo, ajuda-nos a conhecer as famílias preponderantes num determinado concelho, as ligações existentes entre elas e os fortes laços que as unem, e acima de tudo a importância simbólica que ainda têm na atualidade, sendo- lhe a mesma reconhecida pelo peso histórico que representam. 109 Ainda a heráldica estava mal definida, sem regras que pudessem orientar seu desenvolvimento, já nos túmulos dos ricos-homens e infanções e de outros grandes senhores, se abriam no duro granito portucalense figuras de natureza diversa, mas todas elas de carácter simbólico, algumas das quais tinham a função de serem sinal privativo de suas linhagens ilustres (MATTOS, S/D: 25). 62

86 As Armas são uma prova de honra e nobreza dadas pelos Príncipes em reconhecimento de alguma ação ou serviço considerável 110. As Armas são compostas de cores 111 e figuras, representadas nos escudos 112 das bandeiras, e cotas, para diferenciar as famílias. As Armas de Família, são as que nos interessam para o nosso estudo, permitem distinguir uma casa de outra 113. Desde os tempos medievais, os brasões tornaram-se de uso comum para os guerreiros e para a nobreza, como tal, foi-se desenvolvendo uma linguagem bem articulada que regula e descreve a heráldica civil. A normalização da heráldica portuguesa começa, em 1512 no reinado de D. Manuel I 114, com algumas características das quais talvez a mais importante seja a nova conceção de armas de família. Todos podem ser agraciados com armas de família por meio duma Carta de Brasão de Armas emitida oficialmente pelo único serviço existente em Portugal criado para fins de mercês heráldico-genealógicas 115. É com o Rei D. Manuel I e a publicação do Ordenação da Armaria e da 110 As comunidades também costumam ter as suas Armas, contam-se nove formas de Armas que são: Armas de Domínio, de Aliança, de Comunidade, de Conceção, de Dignidade, de Senhorio, de Sucessão, de Pertença, de Família. 111 Quando as Armas não são iluminadas com cores, assinalam-se com pontos, linhas e manchas (GAYO, 1989:26). Alguns autores escreveram sobre as Armas serem pintadas: OLIVEIRA, 2003; OLIVEIRA B: 138, nota Relativamente ao Escudo, Felgueiras Gayo diz-nos que é o fundo, o pano, ou campo onde se gravam as peças, e figuras que compõem as Armas, tem diversas formas conforme as pessoas, e uso dos Maçons: os Portugueses, e Castelhanos trazem-nos quadrados e redondos, mas não pontudos por baixo. As mulheres trazem partido ou abraçado com as Armas do marido. As filhas usam o escudo em lisonja partido em Pala com a parte direita vazia para as Armas do marido com que se casarem. As viúvas conservam o escudo cheio com as Armas do marido na ponta direita e as suas na esquerda (GAYO, 1989:25). 113Estas Armas são de oito modos: Apelantes, Arbitrarias, Verdadeiras, Falsas, Inqueridas, Puras e Cheias, Diferenciadas, Carregadas, Difamadas (GAYO, 1989:24-25). 114 De D. Manuel em diante a nobreza toma decididamente, o caráter de palaciana. A sua influência na administração da India foi uma das causas da decadência do domínio português, e na crise de 1580 mostrou-se a nobreza, em grande parte, venalíssima.( ) O último arranque de revolta da nobreza contra a realeza deu-se no reinado de D. José I, podendo dizer-se que o atentado contra o monarca, a 3-IX-1758, e a violenta e pressão que se lhe seguiu são dos factos que mais deram ao reinado a sua própria fisionomia e o seu significado social.( ) A Monarquia liberal criou muitos novos titulares a alargou muito as honras da nobreza, distinguindo não só militares e políticos, com servição relevantes na Guerra Civil e na administração pública, mas também escritores, artistas, diplomatas, industriais, comerciantes, banqueiros, etc. Depois de proclamada a República, um Decreto de 18-X-1910 aboliu os títulos nobiliárquicos, distinções honorificas e direitos de nobreza (ZUQUETE, 1961: 16). 115 A partir desta data já a usufruição oficial de armas de família deixa de ser um apanágio exclusivo dos descendentes das famílias da aristocracia conhecida, cujos antepassados entroncavam nos da primeira dinastia que acabara em 1385,mas também os descendentes daqueles que tinham sido agraciados com armas de mercê nova durante a segunda dinastia (NORTON, 2004:1019). 63

87 Carta do Regimento da Nobreza dos Reis de Armas, que surge a regulamentação das diferenças heráldicas que nunca mais deixaram de funcionar até ao presente 116. É também partir do reinado deste monarca, que passa a ser obrigatório o uso do timbre 117 nos escudos de armas de família. Ficou também estabelecida a regra geral que o timbre é sempre proveniente da primeira partição do escudo de armas. Esta norma ainda hoje está em vigor, mas nem sempre foi cumprida (NORTON, 2004:1022) Casas Brasonadas de Guimarães: um património a valorizar Enquadramento geral O despertar da curiosidade na resolução do significado de uma pedra de armas, a quem pertenceu, como foi o percurso dessa família e da própria casa que a ostenta, é o mote para iniciar a criação de um itinerário sob o tema Casas Brasonadas do centro Urbano de Guimarães. A nossa formação leva-nos a sintetizar o nosso projeto na valorização, divulgação e dinamização das casas que ostentam a pedra de armas. A genealogia, a heráldica e a História de Arte dão-nos elementos utilíssimos para conhecer as casas nobres armoriadas, mas são disciplinas à margem do turismo cultural. Inventariar e estudar as pedras de armas de qualquer região tem sempre um interesse positivo, tanto no campo social, como no histórico e até no artístico (MATTOS, 1953:1). O inventário destas casas contribui para a identificação de um património cujo o significado é pouco conhecido e por conseguinte para a sua proteção. A proteção dos bens culturais assenta na classificação e na inventariação, disto nos dá conta a lei nº107/ 2001 de 8 de Setembro. Esta lei define os bens culturais como aqueles que pelo seu reconhecido valor próprio devam ser considerados como de interesse relevante para a permanência e identidade da cultura Portuguesa através do tempo. Nestes bens refletem valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade e exemplaridade. Ora as casas que ostentam um brasão, que pertenceram a famílias 116 O uso da diferença nas armas portuguesas de família já era utilizado antes de 1512, pelo que o Ordenação da Armaria teria sido apenas a regularização duma atuação heráldica em uso (NORTON, 2004: 1020). 117 É a parte das armas que se coloca sobre o virol do elmo ou em cima do coronel. Acerca deste tema consultar: ZUQUETE, 1961; BANDEIRA, 1985:

88 nobres ou aristocratas, são um testemunho de uma época e constituem identidade cultural de uma determinada região. Todas as casas brasonadas de Guimarães fazem parte da sua identidade cultural e refletem memória do passado, como tal devem ser preservadas e valorizadas. Cada comunidade, tendo em conta a sua memória coletiva e consciente do seu passado, é responsável, quer pela identificação, quer pela gestão do seu património, disto mesmo refere a Carta de Cracóvia, que valoriza a conservação dos monumentos e dos edifícios com valor histórico, mantendo a sua autenticidade e integridade. Diz ainda esta Carta que os edifícios que constituem as zonas históricas podendo não se destacar pelo seu valor arquitetónico especial, devem ser salvaguardados como elementos de continuidade urbana, devido às suas características dimensionais, técnicas, espaciais, decorativas e cromáticas, elementos de união insubstituíveis para a unidade orgânica da cidade. A recomendação para a salvaguarda dos conjuntos históricos e a sua função na vida contemporânea, declara que os conjuntos históricos constituem através dos anos testemunhos da riqueza e da diversidade das criações culturais, religiosas e sociais da humanidade. Todas as vilas grandes e pequenas com centros históricos exprimem os valores próprios de civilizações urbanas tradicionais, declara a Carta de Vilas Históricas, Outubro A mesma Carta diz ainda que os valores a preservar são os de carácter histórico da vila e todos os elementos materiais e espirituais que exprimem a sua imagem. Isto confirma que todas as casas pertencentes a um centro histórico devam ser salvaguardadas. Dado que grande parte das casas que pretendemos estudar estão inseridas no centro histórico de Guimarães, este é mais um motivo para que mereçam um cuidado especial. Casas com brasão identificam uma família, é nele que se encontra a lembrança do fundador e é uma clara evocação da origem, a presença da tradição do nome. Além de valor simbólico, histórico e social têm valor artístico, já que a sua execução implica conhecimentos de arte. São eles também importantes para a permanência da identidade cultural vimaranense. O património arquitetónico de Guimarães é constituído também por estas casas. Seguindo a definição de património arquitetónico da Carta Europeia do Património Arquitetónico, este não é formado somente pelos nossos monumentos mais importantes, mas também pelos conjuntos que constituem as nossas cidades antigas. Por outro lado, reconhece que só uma gestão integrada dos bens patrimoniais poderá permitir resultados satisfatórios. Do ponto de vista arquitetónico e urbano, as ações de salvaguarda integrada do património existente na cidade ainda 65

89 não estão totalmente resolvidas, algumas casas brasonadas continuam degradadas, o que não está de acordo com a Carta de Veneza. Alguns autores (MORAES, 2001; MATTOS, S/D; NÓBREGA, ; FERREIRA, 1989) estudaram a história genealógica das famílias que habitaram estas casas, outros (BRAGA, 1986; OLIVEIRA, 1977; MORAES, 1978; FERRÃO; AFONSO, 1998; MEIRELES, 2000; CONCEIÇÃO, 2009; OLIVEIRA, 2011A) a própria arquitetura dos edifícios. Mas a valorização não pode passar só por esse estudo e aqui entra o turismo; temos um recurso que trabalhado pode servir como mais uma oferta cultural de uma cidade que já por si é Berço da Nação, Capital Europeia da Cultura 2012 e possuidora de um centro histórico classificado como Património Mundial. O estudo de um património cultural é essencial para o conhecermos, mas depois é necessário colocá-lo a comunicar com o seu visitante. E nada melhor para o conhecer do que caminhar entre ele Incidimos o nosso objeto de estudo sobre o espaço intramuros e arrabaldes. Embora sendo realidades específicas, constituem parte de um conjunto mais alargado, que inclui a área urbana e concelhia. Contudo, devido a razões de ordem metodológica e temporal, levaram-nos a limitar espacialmente o nosso projeto. Mas temos noção, da necessidade de prolongarmos o nosso itinerário ao vasto concelho de Guimarães Identificação e caracterização do objeto de estudo Neste nosso projeto conseguimos fazer o levantamento de casas armoriadas. A escolha recaiu em primeiro lugar nas casas que ostentam uma pedra de armas, estas casas podiam ser pequenas ou grandes, simples ou com fachadas ornamentadas, mas deviam simbolizar a arquitetura civil e representar a heráldica de família. Definido o recurso o passo seguinte foi limitar o espaço, o levantamento incidiu sobre o espaço intramuros e arrabaldes. Decidimos não nos limitar ao espaço intramuros por acharmos que estas casas se prolongam em termos arquitetónicos e cronológicos aos arruamentos limítrofes. Nos arrabaldes decidimos valorizar o fator deslocação, ao nível temporal e de acessibilidade. 118 Não incluímos neste levantamento a Casa do Cano, localizada na rua D. Teresa (zona extramuros) por se encontrar distante em termos espaciais das Casas do 2º itinerário, referente aos arrabaldes. Também na rua Cães de Pedra encontramos um portal com brasão, no entanto, a Casa já não existe. 66

90 Vejamos o mapa que se segue. Este mostra-nos a localização das casas em estudo: a azul estão assinaladas as casas fora da zona intramuros e a amarelo as casas localizadas dentro do perímetro amuralhado.. 67

91 Fig. 26 Localização das 30 Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães (mapa extraído no Google Earth) 68

92 Legendagem da figura Casa dos Peixoto 2- Casa do Arco 3- Casa de Francisco Duarte de Meireles 4- Casa dos Valadares de Carvalho 5- Casa do Carmo 6- Paço dos Duques de Bragança 7- Casa dos Laranjais 8- Casa nº25 do largo dos Laranjais 9- Casa dos Navarros de Andrade 10- Casa dos Valadares 11- Casa dos Almeida (da rua Escura) 12- Casa dos Lobo Machado 13- Casa dos Couto 14- Casa dos Carvalho 15- Casa dos Araújo e Abreu 16- Casa dos Freitas e Sampaio 17- Casa dos Freitas do Amaral 18- Casa do Fidalgo do Toural 19- Casa do Proposto 20- Casa dos Pombais 21- Casa da Granja 22- Casa dos Moreira do Vale 23- Casa dos Ribeiro de Carvalho 24- Casa dos Moreira de Sá 25- Casa de Cimães 26- Casa dos Lobatos 27- Casa dos Borges Pais do Amaral 28- Palácio Vila Flor 29- Casa do Canto 30- Casa das Hortas Assinalado a localização, passamos à caracterização específica das Casas. Decidimos criar uma ficha de inventário por nos parecer a forma mais correta de analisar cada Casa em estudo. Após a consulta de algumas tipologias de fichas utilizadas por outros autores 119, optamos por elaborar uma que nos pudesse responder ao que procurávamos para o nosso estudo. E o resultado foi este: Designação Localização Concelho: Freguesia: Rua: Coordenadas GPS : Caracterização do Edifício Época de Construção: Proprietário inicial: Proprietário atual: Arquiteto / Construtor / Autor do Projeto: 119 Referimo-nos às fichas de inventário publicadas por: GRAÇA, 2004; 69

93 Descrição do Edifício Enquadramento: Descrição do Edifício: Lição Heráldica: Proteção: Utilização Inicial: Utilização atual: Afetação/ Classificação: Características Particulares: Dados Técnicos e Materiais: Intervenção Realizada: Cronologia: Estado de Conservação: Fontes Arquivísticas e Bibliográficas: World Wide Web: Base Cartográfica: Documentação Fotográfica: Documentação Administrativa: Observações Para o preenchimento dos vários itens correspondentes às casas em estudo, recorremos a um trabalho de campo, uma pesquisa bibliográfica, arquivística e cartográfica, bem como uma consulta a sites ligados ao património português (por exemplo, Na elaboração de algumas fichas, não nos foi possível preencher todos os campos devido à ausência de informações arquivísticas e bibliográficas, nomeadamente no que concerne ao arquiteto/construtor ou autor do edifício. Relativamente ao campo proprietário atual optamos nos casos de entidades privadas não especificar a designação dos seus proprietários por vários motivos: existência de diversos proprietários para o mesmo imóvel; pela indefinição da posse motivada por questões de partilha; dificuldade de consulta de registos de propriedade. Nos casos de entidades públicas, optamos por especificar o detentor. As fichas das casas estudadas, por uma questão de ordem prática e metodológica, encontram-se em anexo no I. 70

94 Após o inventário, cabe-nos analisar alguns dados relativo às casas em estudo. Deste modo optamos por sintetizar graficamente alguns dados que consideramos relevantes para uma melhor caracterização e avaliação das casas selecionadas. Gráfico 1 Localização das Casas Brasonadas Intramuros Extramuros Do universo de 30 Casas, 16 encontram-se na zona intramuros e as restantes 14 nos arrabaldes. Deparámo-nos com um relativo equilíbrio numérico dos imóveis quanto à sua implantação geográfica. Gráfico 2 Estado de conservação das Pedras de Armas Bom estado de conservação Em recuperação Mau estado de conservação 71

95 Ao longo do nosso projeto deparamos com situações que se foram alterando. Por exemplo algumas casas que inicialmente estavam em mau estado de conservação foram ao longo do ano 2012 alvo de recuperações. Referimo-nos, à Casa dos Freitas de Sampaio, no largo Condessa do Juncal, à Casa dos Araújo e Abreu, na rua Vale Donas e à Casa das Hortas na rua Dr. José Sampaio. A Casa da família Lobato e a Casa da família Moreira de Sá estão em mau estado de conservação e consequentemente devolutas. A primeira devido a abandono a segunda devido a um incêndio ocorrido neste século. Concluímos que no universo de 30 Casas, a grande maioria encontra-se em bom estado de conservação e possíveis de serem visitadas. Gráfico 3 Número de Pedras de Armas existentes em cada Casa Uma Pedra de Armas Mais de uma Pedra de Armas Através da análise deste gráfico observamos que a 27 Casas correspondem a 27 Pedras de Armas. As exceções encontrámos na Casa Navarros de Andrade com duas Pedras de Armas na fachada do edifício; na Casa Vila Flor com duas Pedras de Armas, uma na fachada principal e outra na fachada posterior; e por último na Casa dos Couto, com duas Pedras de Armas em 72

96 cada uma das fronteiras do edifício e uma terceira pintada no teto em madeira de uma das salas 120. Fig Pedra de Armas pintada no teto de uma das salas da Casa dos Couto (Foto da Autora) Gráfico 4 Tipo de material utilizado na feitura da Pedra de Armas da fachada Granito Metal 120 Além deste teto com brasão pintado, encontramos numa das salas da Casa dos Pombais um teto em masseira de madeira pintada com o brasão de família, ao centro. 73

97 Como seria de esperar numa cidade localizada numa região predominantemente de solos graníticos, a grande maioria das Pedras de Armas inseridas na fachada são de material granítico. A única exceção é a Casa da Família dos Borges Pais do Amaral localizada na rua da Caldeiroa, em que o material é em metal. Gráfico 5 Leitura Heráldica Legivel Ilegivel No nosso trabalho de campo encontramos quatro casos em que não conseguimos fazer a leitura heráldica das pedras de armas, isso devido ao facto destas estarem picadas. Referimonos à Casa das Hortas, à Casa do Fidalgo do Toural, à Casa dos Laranjais e à Casa nº25 (largo dos Laranjais). Desconhecemos os motivos que levaram a que estas pedras de armas tivessem sido picadas. No entanto, através de um provimento do Corregedor 121 datado de 22 de Fevereiro de 1786, redigido nas Casas da Câmara de Guimarães, relativo à posse indevida de Pedras de Armas, é deliberado o seguinte: Nesta foi requerido pelos habitantes desta vila que muitas casas dela tinham armas na frente de suas casas ao mesmo tempo que os possuidores delas não são das mesmas famílias que tenham faculdade para poderem usar delas, pelo que proveu e mandou que os atuais 121 Trata-se do Dr. José Bernardo Alves do Vale. 74

98 possuidores das referidas casas para que lhe apresentem os títulos por que tem as ditas armas e não o fazendo, lhas mandem picar 122. Nesta provisão denota-se que quem não comprovasse que o brasão inscrito na fachada da casa era de sua família, teria que o picar. Talvez seja esta a razão de algumas Pedras de Armas estarem picadas. Gráfico 6 Casas com Jardim esteticamente relevante Sem jardim Com jardim Das casas em estudo existem sete que possuem um jardim esteticamente relevante e de média dimensão, são elas: Casa do Proposto, Casa dos Pombais, Palácio Vila Flor, Casa do Canto, Casa de Cimães, Casa do Carmo e Casa dos Carvalho. Alguns destes jardins encerram tanques, fontes, chafarizes e arbustos de buxo. A maioria deles passa despercebido à população local, pois situam-se nas traseiras da casa. Apenas os jardins da Casa dos Pombais e da Casa do Canto possuem jardim a anteceder a frontaria da casa. Concluímos que a grande maioria das casas com jardim, como seria de esperar, situam-se no espaço dos arrabaldes, onde a pressão urbana ao longo dos séculos menos se fez sentir. 122 Documento publicado por CAPELA,1993:

99 Gráfico 7 Utilização atual Inicialmente as Casas Brasonadas que estudamos tiveram como utilização residencial. No século XX, muitas das casas perderam o seu caráter essencialmente habitacional para darem lugar a funções relacionadas com comércio e serviços. Esta mudança deveu-se ao fato de algumas das casas terem saído do património familiar por venda ou partilhas. Casos houve, embora se mantivessem no seio das famílias, por motivos de rentabilidade económica, as casas foram arrendadas em parte ou na totalidade. Atualmente, como podemos verificar pelo gráfico, encontramos apenas cinco casas exclusivamente utilizadas para fins habitacionais. Temos doze casos em que as casas mantêm o caráter inicial de habitação, no entanto partilham essa função com outras, nomeadamente comércio e serviços. Outras há (duas casas) que perderam a sua função habitacional e hoje dedicam-se exclusivamente ao comércio. Encontramos sete imóveis que atualmente têm como função exclusiva a prestação de serviço público. 123 Acerca da utilização atual das casas vejam-se as respetivas fichas de inventário no I. 76

100 Gráfico 8 Tipo de proprietário da Casa Privado Público Público/ Privado No que concerne aos proprietários das casas em estudo, podemos constatar através do gráfico 8 que a grande maioria está na posse de privados 124 (25). Neste universo além das entidades individuais, incluímos também entidades coletivas, tais como: Instituições Bancárias, Associação Comercial e Industrial de Guimarães, Sindicato Têxtil, a Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, Irmandade de Nossa Senhora do Carmo e a Santa Casa da Misericórdia de Guimarães. No setor público (órgãos de poder local e central) encontramos apenas quatro casas. Tratam-se de imóveis pertencentes à Câmara Municipal de Guimarães (Palácio Vila Flor, Casa Navarros de Andrade 125 e Casa dos Couto 126 ) e à Direção Regional de Cultura do Norte (Paço dos Duques de Bragança). Por fim, com propriedade pública/ privada temos apenas um único caso. Trata-se da Casa da família Ribeiro de Carvalho pertencente ao Ministério da Justiça e a particulares. 124 Algumas casas estão na posse de mais que um privado. Podemos referir a Casa do Fidalgo do Toural, na posse de três instituições bancárias e de um proprietário individual. Outro caso é a Casa dos Lobato que é pertença de um proprietário individual e de um coletivo (Santa Casa da Misericórdia de Guimarães) por disposição testamentária. 125 Aqui funciona o Arquivo Municipal Alfredo Pimenta. 126 Sede do Tribunal da Relação de Guimarães 77

TOURING CULTURAL produto estratégico para Portugal

TOURING CULTURAL produto estratégico para Portugal TOURING CULTURAL produto estratégico para Portugal O TURISMO CULTURAL HOJE 44 milhões de turistas procuram turismo cultural na Europa O património cultural aproxima civilizações e motiva a viagem A preservação

Leia mais

O ENOTURISMO. Conceito:

O ENOTURISMO. Conceito: Conceito: O conceito de enoturismo ainda está em formação e, a todo o momento, vão surgindo novos contributos; Tradicionalmente, o enoturismo consiste na visita a vinhas, estabelecimentos vinícolas, festivais

Leia mais

Enoturismo em Portugal 2014. Caraterização das empresas e da procura

Enoturismo em Portugal 2014. Caraterização das empresas e da procura Enoturismo em Portugal 2014 Caraterização das empresas e da procura Edição 2015 ÍNDICE Sumário Executivo Caraterização das Empresas Promoção de Serviços Procura das (2014) 3 4 5 7 O Enoturismo em Portugal

Leia mais

Enquadramento Turismo Rural

Enquadramento Turismo Rural Enquadramento Turismo Rural Portugal é um País onde os meios rurais apresentam elevada atratividade quer pelas paisagens agrícolas, quer pela biodiversidade quer pelo património histórico construído o

Leia mais

Destino Turístico Porto e Norte de Portugal

Destino Turístico Porto e Norte de Portugal O Caminho Português de Santiago Novas Perspetivas `14 -`20 Destino Turístico Porto e Norte de Portugal Ponte de Lima, 30 setembro`14 Importância económica do Turismo. das indústrias mais importantes do

Leia mais

Faculdade de Direito Ipatinga Núcleo de Investigação Científica e Extensão NICE Coordenadoria de Extensão. Identificação da Ação Proposta

Faculdade de Direito Ipatinga Núcleo de Investigação Científica e Extensão NICE Coordenadoria de Extensão. Identificação da Ação Proposta Faculdade de Direito Ipatinga Núcleo de Investigação Científica e Extensão NICE Coordenadoria de Extensão Identificação da Ação Proposta Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas Área Temática:

Leia mais

Projeto de Cooperação PRODER Um outro Algarve

Projeto de Cooperação PRODER Um outro Algarve Projeto de Cooperação PRODER Um outro Algarve As três Associações de Desenvolvimento Local do Algarve, no âmbito do PRODER, estão a cooperar para criar uma marca regional para o Turismo de Natureza, uma

Leia mais

INTERVENÇÃO DO SENHOR SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO NO SEMINÁRIO DA APAVT: QUAL O VALOR DA SUA AGÊNCIA DE VIAGENS?

INTERVENÇÃO DO SENHOR SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO NO SEMINÁRIO DA APAVT: QUAL O VALOR DA SUA AGÊNCIA DE VIAGENS? INTERVENÇÃO DO SENHOR SECRETÁRIO DE ESTADO DO TURISMO NO SEMINÁRIO DA APAVT: QUAL O VALOR DA SUA AGÊNCIA DE VIAGENS? HOTEL TIVOLI LISBOA, 18 de Maio de 2005 1 Exmos Senhores ( ) Antes de mais nada gostaria

Leia mais

SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL. Ciberespaço: Liderança, Segurança e Defesa na Sociedade em Rede

SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL. Ciberespaço: Liderança, Segurança e Defesa na Sociedade em Rede INTERVENÇÃO DA SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL BERTA DE MELO CABRAL 7º EIN Simpósio Internacional Ciberespaço: Liderança, Segurança e Defesa na Sociedade em Rede Lisboa, Academia Militar,

Leia mais

Marca Priolo Balanço do desenvolvimento e implementação (2013-2014)

Marca Priolo Balanço do desenvolvimento e implementação (2013-2014) 2015 Marca Priolo Balanço do desenvolvimento e implementação (2013-2014) Azucena de la Cruz Martin Gabinete CETS Terra do Priolo 01-01-2015 Marca Priolo Balanço do desenvolvimento e implementação (2013-2014)

Leia mais

SUGESTÕES PARA ARTICULAÇÃO ENTRE O MESTRADO EM DIREITO E A GRADUAÇÃO

SUGESTÕES PARA ARTICULAÇÃO ENTRE O MESTRADO EM DIREITO E A GRADUAÇÃO MESTRADO SUGESTÕES PARA ARTICULAÇÃO ENTRE O MESTRADO EM DIREITO E A GRADUAÇÃO Justificativa A equipe do mestrado em Direito do UniCEUB articula-se com a graduação, notadamente, no âmbito dos cursos de

Leia mais

24 O uso dos manuais de Matemática pelos alunos de 9.º ano

24 O uso dos manuais de Matemática pelos alunos de 9.º ano 24 O uso dos manuais de Matemática pelos alunos de 9.º ano Mariana Tavares Colégio Camões, Rio Tinto João Pedro da Ponte Departamento de Educação e Centro de Investigação em Educação Faculdade de Ciências

Leia mais

Avanços na transparência

Avanços na transparência Avanços na transparência A Capes está avançando não apenas na questão dos indicadores, como vimos nas semanas anteriores, mas também na transparência do sistema. Este assunto será explicado aqui, com ênfase

Leia mais

Territórios e atividades turísticas o Roteiro do Tejo

Territórios e atividades turísticas o Roteiro do Tejo Newsletter do Centro de Estudos Politécnicos da Golegã // setembro 2012 Territórios e atividades turísticas o Roteiro do Tejo O mapeamento turístico dos territórios tem sido, desde sempre, uma preocupação

Leia mais

EUROPA, UM PATRIMÓNIO COMUM. Título: Solares de Portugal na Europa das Tradições

EUROPA, UM PATRIMÓNIO COMUM. Título: Solares de Portugal na Europa das Tradições EUROPA, UM PATRIMÓNIO COMUM Título: Solares de Portugal na Europa das Tradições Ponte de Lima, Janeiro de 2000 EUROPA, UM PATRIMÓNIO COMUM 1 - TÍTULO: Solares de Portugal na Europa das Tradições 2 AUTOR:

Leia mais

Educação Patrimonial Centro de Memória

Educação Patrimonial Centro de Memória Educação Patrimonial Centro de Memória O que é história? Para que serve? Ambas perguntas são aparentemente simples, mas carregam uma grande complexidade. É sobre isso que falarei agora. A primeira questão

Leia mais

Regulamente das Atividades Complementares

Regulamente das Atividades Complementares Associação Objetivo de Ensino Superior Goiânia - GO Regulamente das Atividades Complementares ARQUITETURA E URBANISMO 1º / 2º Semestre em 2015 2 ENTREGA limite 2019 do 10º semestre Nome: Número: Turma:

Leia mais

Projeto Ludoteca do Turismo: atuação em escolas de Pelotas

Projeto Ludoteca do Turismo: atuação em escolas de Pelotas Projeto Ludoteca do Turismo: atuação em escolas de Pelotas Carmen Maria Nunes da Rosa 1. Universidade Federal de Pelotas Resumo: O presente trabalho trata das atividades, desenvolvidas pelo projeto Elaboração

Leia mais

O ALOJAMENTO NO TERRITÓRIO DOURO ALLIANCE - EIXO URBANO DO DOURO

O ALOJAMENTO NO TERRITÓRIO DOURO ALLIANCE - EIXO URBANO DO DOURO O ALOJAMENTO NO TERRITÓRIO DOURO ALLIANCE - EIXO URBANO DO DOURO Vila Real, Março de 2012 ÍNDICE INTRODUÇÃO... 4 CAPITULO I Distribuição do alojamento no Território Douro Alliance... 5 CAPITULO II Estrutura

Leia mais

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática Rene Baltazar Introdução Serão abordados, neste trabalho, significados e características de Professor Pesquisador e as conseqüências,

Leia mais

ROTEIRO PARA CLASSIFICAÇÃO DE LIVROS Avaliação dos Programas de Pós graduação

ROTEIRO PARA CLASSIFICAÇÃO DE LIVROS Avaliação dos Programas de Pós graduação ROTEIRO PARA CLASSIFICAÇÃO DE LIVROS Avaliação dos Programas de Pós graduação Aprovada na 111ª Reunião do CTC de 24 de agosto de 2009 Considerações preliminares O propósito deste roteiro é estabelecer

Leia mais

TRIANGULAÇÃO DE IMAGENS

TRIANGULAÇÃO DE IMAGENS 1 TRIANGULAÇÃO DE IMAGENS Profa. Teresa Cristina Melo da Silveira (Teca) E.M. Professor Oswaldo Vieira Gonçalves SME/PMU 1 Comunicação Relato de Experiência Triangulação de Imagens foi o nome escolhido

Leia mais

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um 1 TURISMO E OS IMPACTOS AMBIENTAIS DERIVADOS DA I FESTA DA BANAUVA DE SÃO VICENTE FÉRRER COMO TEMA TRANSVERSAL PARA AS AULAS DE CIÊNCIAS NO PROJETO TRAVESSIA DA ESCOLA CREUSA DE FREITAS CAVALCANTI LURDINALVA

Leia mais

Projecto. Normas de Participação

Projecto. Normas de Participação Projecto Normas de Participação PREÂMBULO Num momento em que o mundo global está cada vez mais presente na vida das crianças e jovens, consideraram os Municípios da Comunidade Intermunicipal da Lezíria

Leia mais

memmolde Norte: uma contribuição para a salvaguarda da memória colectiva da indústria de moldes do Norte de Portugal

memmolde Norte: uma contribuição para a salvaguarda da memória colectiva da indústria de moldes do Norte de Portugal memmolde Norte: uma contribuição para a salvaguarda da memória colectiva da indústria de moldes do Norte de Portugal Nuno Gomes Cefamol Associação Nacional da Indústria de Moldes MEMMOLDE NORTE As rápidas

Leia mais

Enercoutim investe 18 milhões na plataforma de demonstração de energia solar em Martim Longo

Enercoutim investe 18 milhões na plataforma de demonstração de energia solar em Martim Longo Enercoutim investe 18 milhões na plataforma de demonstração de energia solar em Martim Longo Por Elisabete Rodrigues 17 de Maio de 2013 09:05 Comentar A plataforma de demonstração de energia solar que

Leia mais

A evolução no setor da hotelaria e turismo. Qual é o espaço para os websites dos hotéis

A evolução no setor da hotelaria e turismo. Qual é o espaço para os websites dos hotéis ÍNDICE Introdução A evolução no setor da hotelaria e turismo Qual é o espaço para os websites dos hotéis Como garantir que o consumidor irá visitar o website de um hotel As vantages que um bom website

Leia mais

ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NAS TRILHAS INTERPRETATIVAS COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II: VISITAS GUIADAS AO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA

ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NAS TRILHAS INTERPRETATIVAS COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II: VISITAS GUIADAS AO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NAS TRILHAS INTERPRETATIVAS COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II: VISITAS GUIADAS AO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA Andréa Espinola de Siqueira; Ana Clara Frey de S. Thiago; Ana

Leia mais

Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Regulamento de Atribuição de Bolsa de Apoio Social

Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Regulamento de Atribuição de Bolsa de Apoio Social Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Viana do Castelo Regulamento de Atribuição de Bolsa de Apoio Social O Conselho de Ação Social do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, atento à

Leia mais

ÁREA A DESENVOLVER. Formação Comercial Gratuita para Desempregados

ÁREA A DESENVOLVER. Formação Comercial Gratuita para Desempregados ÁREA A DESENVOLVER Formação Comercial Gratuita para Desempregados Índice 8. Sobre nós 7. Como pode apoiar-nos 6. Datas de realização e inscrição 5. Conteúdos Programáticos 4. Objectivos 3. O Workshop de

Leia mais

Portal de Turismo Divulgando seu empreendimento

Portal de Turismo Divulgando seu empreendimento www.visitesaopedrodaaldeia.com.br Portal de Turismo Divulgando seu empreendimento Tel/ax: (21) 2522-2421 ideias@ideias.org.br Quem Somos O Instituto IDEIAS é uma associação civil, sem fins lucrativos,

Leia mais

Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior INTRODUÇÃO O que é pesquisa? Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas. INTRODUÇÃO Minayo (1993, p. 23), vendo por

Leia mais

MEMÓRIA URBANA DE PALMAS-TO: LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES E MATERIAL SOBRE O PLANO DE PALMAS E SEUS ANTECEDENTES

MEMÓRIA URBANA DE PALMAS-TO: LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES E MATERIAL SOBRE O PLANO DE PALMAS E SEUS ANTECEDENTES MEMÓRIA URBANA DE PALMAS-TO: LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES E MATERIAL SOBRE O PLANO DE PALMAS E SEUS ANTECEDENTES Nome dos autores: Gislaine Biddio Rangel¹; Ana Beatriz Araujo Velasques². 1 Aluna do Curso

Leia mais

INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL REGULAMENTO DE ACTIVIDADE PROFISSIONAL RELATÓRIO FINAL

INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL REGULAMENTO DE ACTIVIDADE PROFISSIONAL RELATÓRIO FINAL REGULAMENTO DE ACTIVIDADE PROFISSIONAL RELATÓRIO FINAL MESTRADO EM MARKETING ESTRATÉGICO MESTRADO EM COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 1. Princípios Gerais O presente normativo tem por finalidade, possibilitar aos

Leia mais

A Ponte entre a Escola e a Ciência Azul

A Ponte entre a Escola e a Ciência Azul Projeto educativo A Ponte entre a Escola e a Ciência Azul A Ponte Entre a Escola e a Ciência Azul é um projeto educativo cujo principal objetivo é a integração ativa de estudantes do ensino secundário

Leia mais

Percepção de Portugal no mundo

Percepção de Portugal no mundo Percepção de Portugal no mundo Na sequência da questão levantada pelo Senhor Dr. Francisco Mantero na reunião do Grupo de Trabalho na Aicep, no passado dia 25 de Agosto, sobre a percepção da imagem de

Leia mais

CARTILHA D. JOTINHA A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTES VISUAIS SOBRE A CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E CULTURAL

CARTILHA D. JOTINHA A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTES VISUAIS SOBRE A CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E CULTURAL CARTILHA D. JOTINHA A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTES VISUAIS SOBRE A CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E CULTURAL Universidade Federal de Goiá/Faculdade de Artes Visuais Rodrigo Cesário RANGEL Rodrigoc_rangel@hotmail.com

Leia mais

TURISMO. o futuro, uma viagem...

TURISMO. o futuro, uma viagem... TURISMO o futuro, uma viagem... PLANO NACIONAL DO TURISMO 2007-2010 OBJETIVOS Desenvolver o produto turístico brasileiro com qualidade, contemplando nossas diversidades regionais, culturais e naturais.

Leia mais

Portal de Turismo Divulgando seu empreendimento

Portal de Turismo Divulgando seu empreendimento www.turisangra.com.br Portal de Turismo Divulgando seu empreendimento Tel/ax: (21) 2522-2421 ideias@ideias.org.br Quem Somos O Instituto IDEIAS é uma associação civil, sem fins lucrativos, criada em 8

Leia mais

ECO XXI Acção de formação. 11 de fevereiro de 2014 Amadora

ECO XXI Acção de formação. 11 de fevereiro de 2014 Amadora ECO XXI Acção de formação 11 de fevereiro de 2014 Amadora Júri Sérgio Guerreiro Director do Departamento de Estudos e Planeamento António Fontes Director, Área Institucional Ana Isabel Fonseca Moiteiro

Leia mais

Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital Preservar para garantir o acesso

Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital Preservar para garantir o acesso Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital Preservar para garantir o acesso Considerando que a informação arquivística, produzida, recebida, utilizada e conservada em sistemas informatizados,

Leia mais

SESI. Empreendedorismo Social. Você acredita que sua idéia pode gerar grandes transformações?

SESI. Empreendedorismo Social. Você acredita que sua idéia pode gerar grandes transformações? SESI Empreendedorismo Social Você acredita que sua idéia pode gerar grandes transformações? REGULAMENTO SESI Empreendedorismo Social A inovação social é o ponto de partida para um novo modelo que atende

Leia mais

DECLARAÇÃO POLÍTICA DESAFIOS DO FUTURO NO MAR DOS AÇORES BERTO MESSIAS LIDER PARLAMENTAR DO PS AÇORES

DECLARAÇÃO POLÍTICA DESAFIOS DO FUTURO NO MAR DOS AÇORES BERTO MESSIAS LIDER PARLAMENTAR DO PS AÇORES DECLARAÇÃO POLÍTICA DESAFIOS DO FUTURO NO MAR DOS AÇORES BERTO MESSIAS LIDER PARLAMENTAR DO PS AÇORES Sra. Presidente Sras. e Srs. Deputados Sr. Presidente do Governo Sra. e Srs. Membros do Governo Já

Leia mais

Plano de Atividades 2014

Plano de Atividades 2014 ADRA PORTUGAL Plano de Atividades 2014 Rua Ilha Terceira, 3 3º 100-171 LISBOA Telefone: 213580535 Fax: 213580536 E-Mail: info@adra.org.pt Internet: www.adra.org.pt Introdução A ADRA (Associação Adventista

Leia mais

Melhor Prática vencedora: Serviços e Equipamentos Turísticos (Capital) Capacitação para profissionais do setor: Manual para Atendimento ao turista

Melhor Prática vencedora: Serviços e Equipamentos Turísticos (Capital) Capacitação para profissionais do setor: Manual para Atendimento ao turista 1 Melhor Prática vencedora: Serviços e Equipamentos Turísticos (Capital) Capacitação para profissionais do setor: Manual para Atendimento ao turista DESTINO: Vitória/ES INSTITUIÇÃO PROMOTORA: Secretaria

Leia mais

Relatório do Inquérito aos Turistas sobre os Estabelecimentos Comerciais CO-FINANCIADO POR:

Relatório do Inquérito aos Turistas sobre os Estabelecimentos Comerciais CO-FINANCIADO POR: 1ª AVENIDA DINAMIZAÇÃO ECONÓMICA E SOCIAL DA BAIXA DO PORTO Relatório do Inquérito aos Turistas sobre os Estabelecimentos Comerciais CO-FINANCIADO POR: Unidade de Gestão de Área Urbana Setembro 2013 Agradecimentos

Leia mais

Critérios de selecção

Critérios de selecção Emissor: GRATER Entrada em vigor: 01-06-2009 Associação de Desenvolvimento Regional Abordagem LEADER Critérios de selecção Os projectos serão pontuados através de fórmulas ponderadas e terão de atingir

Leia mais

ITINERARIOS TURISTICOS. Tema I - Considerações Gerais. 3º ano Gestão de Mercados Turísticos Informação Turística e Animação Turística

ITINERARIOS TURISTICOS. Tema I - Considerações Gerais. 3º ano Gestão de Mercados Turísticos Informação Turística e Animação Turística ITINERARIOS TURISTICOS Tema I - Considerações Gerais 3º ano Gestão de Mercados Turísticos Informação Turística e Animação Turística Por: dr. Sérgio de Jesus Belchior Breves Considerações A diversificação

Leia mais

Contextualização Turismo Acessível para Todos oferta transversal a todos sem barreiras

Contextualização Turismo Acessível para Todos oferta transversal a todos sem barreiras Access Azores. Associação privada s/ fins lucrativos;. Constituída em 2014;. Idealizada no seio académico das Universidades de Coimbra e de Aveiro;. Professores, alunos e ex-alunos ligados ao setor do

Leia mais

Mesa Redonda Novas agendas de atuação e os perfis profissionais em bibliotecas universitárias

Mesa Redonda Novas agendas de atuação e os perfis profissionais em bibliotecas universitárias Mesa Redonda Novas agendas de atuação e os perfis profissionais em bibliotecas universitárias Profa. Dra. Lillian Maria Araújo de Rezende Alvares Coordenadora-Geral de Pesquisa e Manutenção de Produtos

Leia mais

EDUCAÇÃO E PROGRESSO: A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA ESTADUAL ELOY PEREIRA NAS COMEMORAÇÕES DO SEU JUBILEU

EDUCAÇÃO E PROGRESSO: A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA ESTADUAL ELOY PEREIRA NAS COMEMORAÇÕES DO SEU JUBILEU 1 EDUCAÇÃO E PROGRESSO: A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA ESTADUAL ELOY PEREIRA NAS COMEMORAÇÕES DO SEU JUBILEU Resumo Rodrigo Rafael Pinheiro da Fonseca Universidade Estadual de Montes Claros digasmg@gmail.com

Leia mais

Valorizar os produtos da terra. Melhorar a vida das nossas aldeias. documento síntese para consulta e debate público 9 Fev 2015

Valorizar os produtos da terra. Melhorar a vida das nossas aldeias. documento síntese para consulta e debate público 9 Fev 2015 PROGRAMA VISEU RURAL Valorizar os produtos da terra Melhorar a vida das nossas aldeias documento síntese para consulta e debate público 9 Fev 2015 CONSELHO ESTRATÉGICO DE VISEU Apresentação. O mundo rural

Leia mais

IX Colóquio Os Direitos Humanos na Ordem do Dia: Jovens e Desenvolvimento - Desafio Global. Grupo Parlamentar Português sobre População e

IX Colóquio Os Direitos Humanos na Ordem do Dia: Jovens e Desenvolvimento - Desafio Global. Grupo Parlamentar Português sobre População e IX Colóquio Os Direitos Humanos na Ordem do Dia: Jovens e Desenvolvimento - Desafio Global Grupo Parlamentar Português sobre População e Cumprimentos: Desenvolvimento Assembleia da República 18 de Novembro

Leia mais

AVALIAÇÃO DO CURSO DE TURISMO

AVALIAÇÃO DO CURSO DE TURISMO AVALIAÇÃO DO CURSO DE TURISMO Outubro 2009 ÍNDICE 1. Introdução 3 2. População e Amostra 3 3. Apresentação de Resultados 4 3.1. Opinião dos alunos de Turismo sobre a ESEC 4 3.2. Opinião dos alunos sobre

Leia mais

Vice-Presidência de Engenharia e Meio Ambiente Instrução de trabalho de Meio Ambiente

Vice-Presidência de Engenharia e Meio Ambiente Instrução de trabalho de Meio Ambiente Histórico de Alterações Nº de Revisão Data de Revisão Alteração Efetuada 1-Foi alterado o texto do item 2, onde foram suprimidas as referências anteriores e referenciada a PGR-4.3.2 e ao IPHAN. 2-No item

Leia mais

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA IMPACTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO PRODUTO INTERNO BRUTO BRASILEIRO

Leia mais

MODELO DE APRESENTAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA

MODELO DE APRESENTAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA MODELO DE APRESENTAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS Elaborado por Prof. Dr. Rodrigo Sampaio Fernandes Um projeto de pesquisa consiste em um documento no qual

Leia mais

Base de Dados para Administrações de Condomínios

Base de Dados para Administrações de Condomínios Base de Dados para Administrações de Condomínios José Pedro Gaiolas de Sousa Pinto: ei03069@fe.up.pt Marco António Sousa Nunes Fernandes Silva: ei03121@fe.up.pt Pedro Miguel Rosário Alves: alves.pedro@fe.up.pt

Leia mais

1) Breve apresentação do AEV 2011

1) Breve apresentação do AEV 2011 1) Breve apresentação do AEV 2011 O Ano Europeu do Voluntariado 2011 constitui, ao mesmo tempo, uma celebração e um desafio: É uma celebração do compromisso de 94 milhões de voluntários europeus que, nos

Leia mais

INTELI Centro de Inovação (PT)

INTELI Centro de Inovação (PT) INTELI Centro de Inovação (PT) CLUSTERS CRIATIVOS Criatividade para a Regeneração Urbana X Fórum Internacional de Inovação e Criatividade Aracaju, 20 Novembro 2010 Estrutura da Apresentação 1. Clusters

Leia mais

Sessão de Divulgação do Subprograma 3 do PRODER

Sessão de Divulgação do Subprograma 3 do PRODER Sessão de Divulgação do Subprograma 3 do PRODER Vendas Novas 27 de Janeiro de 2012 SUBPROGRAMA 3 - Dinamização das Zonas Rurais 3.1 DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA E CRIAÇÃO DE EMPREGO 3.1.1 Diversificação

Leia mais

XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação 22 a 24 de julho de 2015

XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação 22 a 24 de julho de 2015 XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação 22 a 24 de julho de 2015 Modelo 2: resumo expandido de relato de experiência Resumo expandido O Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São

Leia mais

Qual o âmbito deste protocolo e que tipo de projectos pretende apoiar?

Qual o âmbito deste protocolo e que tipo de projectos pretende apoiar? QUESTÕES COLOCADAS PELO JORNALISTA MARC BARROS SOBRE O PROTOCOLO ENTRE A FNABA E O TURISMO DE PORTUGAL Qual o âmbito deste protocolo e que tipo de projectos pretende apoiar? Com propostas para fazer e

Leia mais

Açores no Mercado do Turismo Chinês Sessão de Formação. Informação Adicional

Açores no Mercado do Turismo Chinês Sessão de Formação. Informação Adicional Açores no Mercado do Turismo Chinês Sessão de Formação Informação Adicional Informação adicional: COTRI EDELUC Fundação Jardim José do Canto Agenda do Evento Apoio OCOTRI é um instituto de pesquisa independente

Leia mais

REGULAMENTO PARA O CONCURSO DE IDEIAS PARA A CRIAÇÃO DO LOGÓTIPO DO BANCO LOCAL

REGULAMENTO PARA O CONCURSO DE IDEIAS PARA A CRIAÇÃO DO LOGÓTIPO DO BANCO LOCAL REGULAMENTO PARA O CONCURSO DE IDEIAS PARA A CRIAÇÃO DO LOGÓTIPO DO BANCO LOCAL DE VOLUNTARIADO DE GUIMARÃES Preâmbulo A Divisão de Acção Social da Câmara Municipal de Guimarães leva a efeito o concurso

Leia mais

Agenda 21 Local em Portugal

Agenda 21 Local em Portugal Agenda 21 Local em Portugal Miguel P. Amado, FCT UNL ma@fct.unl.pt Saúde da Comunidade Sistemas de Informação de Apoio à Decisão 2012.10.09 1 Temas Agenda 21 Local Percurso Agenda Local 21 em Portugal

Leia mais

ORIENTAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO PROJETO

ORIENTAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO PROJETO ORIENTAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO PROJETO ESCOLHA DO TEMA - Seja cauteloso na escolha do tema a ser investigado. Opte por um tema inserido no conteúdo programático da disciplina pela qual teve a maior aptidão

Leia mais

PPGHIS/ICHS/UFOP PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO PROGRAMA NA ÓTICA DE SEUS EGRESSOS DO TRIÊNIO 2009-2011

PPGHIS/ICHS/UFOP PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO PROGRAMA NA ÓTICA DE SEUS EGRESSOS DO TRIÊNIO 2009-2011 PPGHIS/ICHS/UFOP PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO PROGRAMA NA ÓTICA DE SEUS EGRESSOS DO TRIÊNIO 2009-2011 Projeto elaborado pela Prof.ª Dr.ª Anna Lúcia Cogo (Universidade Estadual de Santa Cruz, Bahia) 1. Introdução/Justificativa

Leia mais

Estudo Empresas Darwin em Portugal

Estudo Empresas Darwin em Portugal Estudo Empresas Darwin em Portugal Introdução Num mercado muito competitivo em que os mais pequenos pormenores fazem a diferença, as empresas procuram diariamente ferramentas que lhes permitam manter-se

Leia mais

Relatório de Autoavaliação dos Planos de Ação

Relatório de Autoavaliação dos Planos de Ação AGRUPAMENTO DE ESCOLAS POETA JOAQUIM SERRA Relatório de Autoavaliação dos Planos de Ação Ano letivo 2014/2015 EB1 Afonsoeiro Índice INTRODUÇÃO 2 I - ENQUADRAMENTO 1. Caracterização da Escola 2 II AVALIAÇÃO

Leia mais

[Ano] TERMO DE REFERÊNCIA DO SEBRAE-SP DE ACESSO A MERCADOS PARA CIRCUITOS TURÍSTICOS

[Ano] TERMO DE REFERÊNCIA DO SEBRAE-SP DE ACESSO A MERCADOS PARA CIRCUITOS TURÍSTICOS TERMO DE REFERÊNCIA DO SEBRAE-SP DE ACESSO A MERCADOS PARA CIRCUITOS TURÍSTICOS Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Unidade Organizacional de Acesso a Mercados Unidade Organizacional

Leia mais

Regulamento. Núcleo de Voluntariado de Ourique

Regulamento. Núcleo de Voluntariado de Ourique Regulamento Núcleo de Voluntariado de Ourique Regulamento da Núcleo de Voluntariado de Ourique Nota Justificativa O presente Regulamento define as normas de funcionamento do Núcleo de Voluntariado de Ourique,

Leia mais

Transporte compartilhado (a carona solidária)

Transporte compartilhado (a carona solidária) Quer participar da Semana de Economia Colaborativa, mas você não sabe qual atividade organizar? Este guia fornece algumas sugestões de atividades e informações gerais sobre como participar neste espaço

Leia mais

FrontWave Engenharia e Consultadoria, S.A.

FrontWave Engenharia e Consultadoria, S.A. 01. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA 2 01. Apresentação da empresa é uma empresa criada em 2001 como spin-off do Instituto Superior Técnico (IST). Desenvolve tecnologias e metodologias de inovação para rentabilizar

Leia mais

Termo de Referência nº 2014.0918.00043-7. 1. Antecedentes

Termo de Referência nº 2014.0918.00043-7. 1. Antecedentes Termo de Referência nº 2014.0918.00043-7 Ref: Contratação de consultoria pessoa física para desenvolver o Plano de Uso Público para a visitação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro concentrando na análise

Leia mais

Software PHC com MapPoint

Software PHC com MapPoint Software PHC com MapPoint A análise de informação geográfica A integração entre o Software PHC e o Microsoft Map Point permite a análise de informação geográfica, desde mapas a rotas, com base na informação

Leia mais

MINISTÉRIO DA HOTELARIA E TURISMO

MINISTÉRIO DA HOTELARIA E TURISMO República de Angola MINISTÉRIO DA HOTELARIA E TURISMO DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA, DR. PAULINO BAPTISTA, SECRETÁRIO DE ESTADO PARA A HOTELARIA DA REPÚBLICA DE ANGOLA, DURANTE A VIII REUNIÃO DE MINISTROS

Leia mais

O consumo de conteúdos noticiosos dos estudantes de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

O consumo de conteúdos noticiosos dos estudantes de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia O consumo de conteúdos noticiosos dos estudantes de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto Metodologia da Investigaça

Leia mais

CÂMARA MUNICIPAL DO CRATO EDITAL

CÂMARA MUNICIPAL DO CRATO EDITAL CÂMARA MUNICIPAL DO CRATO EDITAL João Teresa Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal do Crato, em cumprimento do disposto no artigo 91.º da Lei n.º 169/99 de 18 de setembro, torna público que na 27.ª reunião

Leia mais

Introdução. 1. Introdução

Introdução. 1. Introdução Introdução 1. Introdução Se você quer se atualizar sobre tecnologias para gestão de trade marketing, baixou o material certo. Este é o segundo ebook da série que o PDV Ativo, em parceria com o Agile Promoter,

Leia mais

Participação Critérios de participação - Elegibilidade Procedimento para participar da chamada: Número de propostas/aplicações

Participação Critérios de participação - Elegibilidade Procedimento para participar da chamada: Número de propostas/aplicações Campanha Mundial "Construindo Cidades Resilientes: Minha cidade está se preparando! Plataforma Temática sobre Risco Urbano nas Américas Chamada sobre boas práticas e inovação no uso de Sistemas de Informação

Leia mais

FAZEMOS MONOGRAFIA PARA TODO BRASIL, QUALQUER TEMA! ENTRE EM CONTATO CONOSCO!

FAZEMOS MONOGRAFIA PARA TODO BRASIL, QUALQUER TEMA! ENTRE EM CONTATO CONOSCO! FAZEMOS MONOGRAFIA PARA TODO BRASIL, QUALQUER TEMA! ENTRE EM CONTATO CONOSCO! DEFINIÇÃO A pesquisa experimental é composta por um conjunto de atividades e técnicas metódicas realizados para recolher as

Leia mais

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA - CAMPUS ARARANGUÁ AUXILIAR DE COZINHA Curso de Formação Inicial e Continuada Eixo: Turismo,

Leia mais

MARKETING DE RELACIONAMENTO UMA FERRAMENTA PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO SOBRE PORTAL INSTITUCIONAL

MARKETING DE RELACIONAMENTO UMA FERRAMENTA PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO SOBRE PORTAL INSTITUCIONAL MARKETING DE RELACIONAMENTO UMA FERRAMENTA PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO SOBRE PORTAL INSTITUCIONAL Prof. Dr. José Alberto Carvalho dos Santos Claro Mestrado em Gestão de Negócios Universidade

Leia mais

Um Site Sobre Viagens...

Um Site Sobre Viagens... Um Site Sobre Viagens... www.cidadaodoplaneta.com.br contato@cidadaodoplaneta.com.br @caiofochetto 2 HISTÓRICO...03 CURRÍCULO...04 MÍDIAS DO SITE...05 PUBLICIDADE...06 ESTATÍSTICAS DE ACESSO...07 DADOS

Leia mais

BANDEIRAS EUROPÉIAS: CORES E SÍMBOLOS (PORTUGAL)

BANDEIRAS EUROPÉIAS: CORES E SÍMBOLOS (PORTUGAL) BANDEIRAS EUROPÉIAS: CORES E SÍMBOLOS (PORTUGAL) Resumo A série apresenta a formação dos Estados europeus por meio da simbologia das cores de suas bandeiras. Uniões e cisões políticas ocorridas ao longo

Leia mais

centro para as artes, ciência e tecnologia investigação, inovação e sustentabilidade

centro para as artes, ciência e tecnologia investigação, inovação e sustentabilidade 2 Sphera Castris centro para as artes, ciência e tecnologia investigação, inovação e sustentabilidade O projeto procura responder à necessidade de criar uma infraestrutura de cultura e património, produção

Leia mais

Concurso Fotográfico Património e Paisagem Urbana do Concelho

Concurso Fotográfico Património e Paisagem Urbana do Concelho JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO 2011 PATRIMONIO E PAISAGEM URBANA As Jornadas Europeias do Património, promovidas em Portugal pelo IGESPAR a 23/24/25 de Setembro, são uma iniciativa anual do Conselho

Leia mais

O Plano Financeiro no Plano de Negócios Fabiano Marques

O Plano Financeiro no Plano de Negócios Fabiano Marques O Plano Financeiro no Plano de Negócios Fabiano Marques Seguindo a estrutura proposta em Dornelas (2005), apresentada a seguir, podemos montar um plano de negócios de forma eficaz. É importante frisar

Leia mais

ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A ESCOLARIZAÇÃO DE FILHOS DE PROFESSORES DE ESCOLA PÚBLICA Rosimeire Reis Silva (FEUSP)

ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A ESCOLARIZAÇÃO DE FILHOS DE PROFESSORES DE ESCOLA PÚBLICA Rosimeire Reis Silva (FEUSP) ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A ESCOLARIZAÇÃO DE FILHOS DE PROFESSORES DE ESCOLA PÚBLICA Rosimeire Reis Silva (FEUSP) Pretendemos apresentar aqui os dados de um estudo exploratório, que é a primeira fase de

Leia mais

Classes sociais. Ainda são importantes no comportamento do consumidor? Joana Miguel Ferreira Ramos dos Reis; nº 209479 17-10-2010

Classes sociais. Ainda são importantes no comportamento do consumidor? Joana Miguel Ferreira Ramos dos Reis; nº 209479 17-10-2010 Universidade Técnica de Lisboa - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Ciências da Comunicação Pesquisa de Marketing Docente Raquel Ribeiro Classes sociais Ainda são importantes no comportamento

Leia mais

FORMULÁRIO DAS AÇÕES DE EXTENSÃO

FORMULÁRIO DAS AÇÕES DE EXTENSÃO FORMULÁRIO DAS AÇÕES DE EXTENSÃO 1. IDENTIFICAÇÃO DA ORIGEM 1.1. TÍTULO DO PROJETO: Programa História e Memória Regional 1.2. CURSO: Interdisciplinar 1.3. IDENTIFICAÇÃO DO(A) PROFESSOR(A) /PROPONENTE 1.3.1.

Leia mais

Roteiro da Biblioteca das Faculdades Coc Como Fazer Uma Pesquisa Teórica e Elaborar um Trabalho Acadêmico

Roteiro da Biblioteca das Faculdades Coc Como Fazer Uma Pesquisa Teórica e Elaborar um Trabalho Acadêmico Roteiro da Biblioteca das Faculdades Coc Como Fazer Uma Pesquisa Teórica e Elaborar um Trabalho Acadêmico Para realizar uma pesquisa que não se torne um grande sacrifício pelas dificuldades em encontrar

Leia mais

SISTEMA DE APOIO A ACÇÕES COLECTIVAS (SIAC)

SISTEMA DE APOIO A ACÇÕES COLECTIVAS (SIAC) AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS Nº 01 / SIAC / 2012 SISTEMA DE APOIO A ACÇÕES COLECTIVAS (SIAC) PROGRAMA ESTRATÉGICO +E+I PROMOÇÃO DA PARTICIPAÇÃO NO 7.º PROGRAMA-QUADRO DE I&DT (UNIÃO EUROPEIA)

Leia mais

Maria João Carneiro mjcarneiro@ua.pt Diogo Soares da Silva diogo.silva@ua.pt Vítor Brandão vmbrandao@ua.pt Elisabete Figueiredo elisa@ua.

Maria João Carneiro mjcarneiro@ua.pt Diogo Soares da Silva diogo.silva@ua.pt Vítor Brandão vmbrandao@ua.pt Elisabete Figueiredo elisa@ua. Maria João Carneiro mjcarneiro@ua.pt Diogo Soares da Silva diogo.silva@ua.pt Vítor Brandão vmbrandao@ua.pt Elisabete Figueiredo elisa@ua.pt Universidade de Aveiro, Portugal Avaliar os discursos sobre o

Leia mais