Entre o sublime e o ridículo il n y a qu un pas... : considerações sobre a sublimação e o mal-estar*

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Entre o sublime e o ridículo il n y a qu un pas... : considerações sobre a sublimação e o mal-estar*"

Transcrição

1 Entre o sublime e o ridículo... 5 Artigos 5 Pulsional Revista de Psicanálise, ano XIII, n o 138, 5-12 Entre o sublime e o ridículo il n y a qu un pas... : considerações sobre a sublimação e o mal-estar* Vera Lopes Besset No mundo atual, às voltas com as novas formas do sintoma e com o poder da ciência, a psicanálise enfrenta desafios ao seu saber fazer a clínica. O sujeito, excluído da ciência, se faz presente no sofrimento, demandando respostas à dor de existir. Interessa-nos refletir sobre o lugar e a função da sublimação, como defesa frente ao mal-estar, na clínica. Palavras-chave: Sublimação, sujeito, corpo, psicanálise In the current world, around the new forms of the symptom and with the power of the science, the psychoanalysis faces challenges about how to do the clinic. The subject, excluded of the science, it is made present in the suffering, demanding answers to the pain of existing. Interest us to contemplate the place and the function of the sublimation, as defense front to the indisposition, in the clinic. Key words: Sublimation, subject, body, psychoanalysis INTRODUÇÃO No mundo atual, às voltas com as novas formas do sintoma e com o poder da ciência, que exclui de seu cálculo o sujeito, a psicanálise enfrenta novos desafios ao seu saber fazer a clínica. Desafios postos, diariamente, pela eficácia dos * Texto apresentado na V Jornada da EBP-MG, em outubro de 1998, Belo Horizonte, MG; referente à pesquisa, em andamento, intitulada Os afetos na teoria e na clínica psicanalítica: repensando Freud com Lacan, coordenada pela autora no âmbito da Pós-Graduação em Psicologia, do Instituto de Psicologia da UFRJ, com apoio do CNPq.

2 6 Pulsional Revista de Psicanálise medicamentos e a promessa atraente da felicidade em comprimidos. Não sei se volto, vou ver um psiquiatra... Eu poderia tomar remédios... o que você acha?, pergunta uma mulher, em sua primeira entrevista. O que você acha? O que temos nós a dizer frente à solução milagrosa de um Viagra, por exemplo? O que temos nós a dizer frente ao malestar na cultura? O que temos nós a fazer, se não avançar na luta iniciada por Freud, disseminando a peste? A peste do discurso analítico, pois o sujeito, excluído da ciência, se faz presente no sofrimento que nos exibe, ao mesmo tempo que demanda respostas, respostas a sua dor de existir. Neste contexto, nos interessa debater sobre o lugar e a função da sublimação, como uma das técnicas de defesa frente ao mal-estar, na clínica. Procedendo à análise dos escritos freudianos, constatamos que o autor, ao mesmo tempo que enfatiza as possibilidades de obtenção de prazer mediante o trabalho intelectual, psíquico, nos lembra que este tipo de satisfação, infelizmente, é incapaz de comover nosso ser físico. Afirma que a suave narcose à qual a arte nos induz é somente um afastamento passageiro, não sendo forte o suficiente para nos fazer esquecer a aflição real. Assim, começando a psicanálise para responder ao apelo da histérica com o sofrimento marcado no corpo, Freud a finaliza, pelo menos por sua parte, nos indicando que não é pela via do sublime que nos guia a ética de nosso fazer de analistas. Ou seja, se no início é o sintoma, não há como poupar o sujeito do encontro com o real do gozo implicado em sua fantasia. ENTRE O SUBLIME E O RIDÍCULO... Todos conhecem o episódio da clínica freudiana onde uma mulher, associando a partir de um sonho, lembra-se de um chiste que ouvira em um navio, que ia de Dover, na Inglaterra, a Calais, na França. Du sublime au ridicule il n y a qu un pas, dissera um inglês a um conhecido autor que lhe respondeu: Sim, le pas de Calais. 1 Se tomamos este dito, não é para entrar 1. S. Freud. 7 a conferencia. Contenido manifiesto del sueño y pensamientos oníricos latentes, Conferencias de Introducción al psicoanálisis [ [ ]). Obras Completas. Buenos Aires: Amorrortu, 1987, vol. XV, pp No texto de Freud, o dito usado no chiste figura em francês e sua tradução é: Do sublime ao ridículo não há mais que um sonho, um passo. Retrucando: Sim, o Passo de Calais, o autor do chiste qualificou a França de sublime e a Inglaterra de ridícula, o que se coaduna com a querela entre esses dois vizinhos. Esta é tão antiga e ferrenha que cada qual considera a seu modo o pedaço de mar que os separa. Os franceses o denominam Pas de Calais, entendendo-o como um braço de mar; já os ingleses o consideram um canal, o canal da Mancha [ou Estreito de Dover]. É enquanto canal que ele comparece nas associações da paciente de Freud. O autor cita este sonho também numa nota de rodapé datada de 1919, do capítulo VII de A interpretação dos sonhos, O.C., Buenos Aires: Amorrortu, 1986, pp v. V.

3 Entre o sublime e o ridículo... 7 na querela entre esses honoráveis vizinhos, é na medida em que ele nos é estrangeiro e íntimo, como o inconsciente 2. Como tal, faz metáfora do que está em questão na sublimação e em jogo no percurso analítico de um sujeito: sublimar refere-se à operação de transformação em algo mais elevado. É nesta acepção que Freud (1901/1989; p. 32) utiliza o termo logo no início, ao explicar o esquecimento de um nome: uma mulher, ao invés de se ressentir de X, um homem, esquece-se de seu nome; sublima, trocando algo condenável por outro aceito socialmente. Isto se dá por deslocamento, propriedade que Freud atribui à sublimação. Deslizamento, substituição significante, que caracteriza esse processo, que ele jamais chegou a descrever em detalhes. 3 Na química, sublimar, do latim sublimare, refere-se ao processo de transformação direta de um sólido em vapor, sem passar pelo estado líquido e vice-versa. O dicionário nos informa, curiosamente, que o sublime é o quase perfeito ; indicando, assim, que o sublime, se aproximando do divino, não se confunde, todavia, com ele. Sublime é o que é elevado no que tange os ideais sociais, mas também os estéticos (Buarque de Holanda, s/d.; p. 1341). Este elevado, Freud (1908/1986, p. 173) o liga aos valores sociais ancorados no sujeito e distintos do que se busca na sexualidade, os prazeres da carne, se poderia dizer. Carne/corpo, que aparece desde logo, referida aquilo do qual o sujeito deve se desviar para atingir a meta de satisfação da sublimação. O desvio, no caso, deve ser do olhar, posto que a impressão visual é a mais freqüente fonte da excitação da libido (Freud, 1905/ 1989; p. 142). O olhar, derivado do tocar, visa algo do corpo que está oculto, não qualquer coisa, mas a falta mesma. Pois é a ocultação do corpo, diz Freud (1905/1989; p. 142), que vai manter ou despertar a curiosidade sexual. E, isto, pela aspiração de completar o objeto sexual mediante o desnudamento de partes ocultas. Na 2. Em seu texto sobre o estranho (Die Unheinliche), o que não é familiar, doméstico, a inquietante estranheza, Freud diz que o prefixo un da palavra unheumleich é a marca do recalque. Esta afirmação é formulada, justamente, no momento em que reflete sobre um dito masculino sobre os genitais femininos, que seriam para alguns homens, algo estranho [na tradução em castelhano, o ominoso remete à detestável, agourento. O autor relaciona este desconhecido/estranho ao conhecido e familiar ventre materno. S. Freud. Lo ominoso (1919). O.C. Buenos Aires: Amorrortu, 1988, p v. XVII. 3. Supõe-se que um texto sobre a sublimação, que faria conjunto com os denominados metapsicológicos, tenha se perdido. Entretanto, é difícil acreditar que ele contivesse reflexões conclusivas a respeito do processo de sublimação. Pois, nesse caso, estas figurariam em algum lugar da obra de Freud em textos posteriores a sua elaboração, em momentos em que tratou do tema. É certo de que há uma mudança significativa, que se pode observar a partir de Ela diz respeito à função da sublimação na cura, mas se liga à formulação do conceito de pulsão de morte.

4 8 Pulsional Revista de Psicanálise perversão, diz Freud, tem-se o prazer de ver, exclusivamente, a genitália. Mas se esse interesse de ver puder ser desviado para a forma do corpo como um todo, haverá sublimação (Freud, 1905/1989; p. 142, n.24). Desse modo, uma parcela da libido das pessoas normais, cuja maioria apresenta uma demora nesse alvo intermediário do olhar carregado de sexo, será desviada para alvos artísticos mais elevados (Freud, /1986, pp ). Ao mesmo tempo, Freud nos indica que o sublime, no que se refere à sexualidade humana, talvez não seja tão elevado assim. Referindo-se às perversões, fala no horrível resultado da idealização das pulsões, afirmando que aí a onipotência do amor se mostra com maior força. O que o faz concluir que Na sexualidade, o mais sublime e o mais nefando aparecem em todo lugar em íntima dependência 4. A sublimação concerne algo do corpo que parece estranho e destacável dele, como no caso dos genitais e da falta na imagem que atrai o olhar, o que não deixa de nos remeter ao objeto a. E, se a seu propósito a formação reativa pode ser evocada, é porque esta solução apresenta a afirmação do contrário do que está em jogo na pulsão. Basta lembrar o erotismo anal e uretral, por exemploe os traços de caráter que a eles se ligam. É uma oposição significante que está na base, por exemplo, da relação de substituição entre dinheiro e fezes: enquanto um é o mais valioso que o homem conhece, o outro é o menos valioso, que ele arranca dele como dejeto (Freud, 1908/1986) Freud afirma que Os traços de caráter são a continuação inalterada das pulsões originárias, sublimações delas, ou bem, formações reativas contra elas (ibid.). Por esta razão, sublinha que nossas virtudes podem se originar dessas moções perversas 5, indicando o passo que é preciso dar para ligar o que é, aparentemente, tão distante! A ligação entre as pulsões sexuais com outras funções do corpo se dá a partir das vias da influência recíproca. Os lábios, por exemplo, servem à nutrição e à sexualidade, constituindo uma dupla via desta ordem, podendo ser usa- 4. S. Freud. (1905/1989, p. 147). Observe-se que o termo nefando não figura na tradução brasileira das obras de Freud. Em seu lugar temos: O mais alto e o mais baixo estão sempre juntos um do outro na esfera da sexualidade... [S. Freud. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1972, p. 164]. Nefando parece mais apropriado por trazer a radicalidade do pensamento freudiano, pois é aquilo de que não se pode falar sem repugnância ou horror, execrável, abominável. In Julio M. Almoya. Dicionário de Espanhol- Português. Porto: Porto Ed., 1988, p Também: Indigno de se nomear, abominável, execrável, execrando, aborrecível ; ainda: Sacrílego, ímpio ; ou Perverso, malvado, nefário. In Aurélio Buarque de Holanda, p Freud mantém até o final de sua obra a especificidade da satisfação oferecida pela sublimação: a pulsão sexual se satisfaz por outra via que não a da satisfação sexual direta, ou seja, no corpo próprio ou de um parceiro.

5 Entre o sublime e o ridículo... 9 da pela sublimação que consumaria a atração das forças pulsionais, sexuais, para outras metas, não-sexuais (Freud, 1905/1989; p. 218). Estas vias, desconhecidas, podem ser transitadas em duas direções: a da saúde e a da doença. Neste último caso, tratar-se-á de um distúrbio da função, no sentido do desprazer. No caso da saúde, alcança-se a mudança de meta, de sexual para não-sexual, no sentido de um prazer sublimado (ibid., p. 187). Tem-se, de um lado, o sintoma e, do outro, a sublimação. Desta forma, poderíamos dizer que, através da formação reativa, o sujeito sublimaria o pulsional, economizando uma etapa necessária à formação do sintoma: a do retorno do recalcado. Evitando, talvez, a face de sofrimento que Freud entende como punição pela satisfação substitutiva do sintoma: a culpa. Desta forma, a satisfação oferecida pela sublimação supõe o recalque, mas seria diversa daquela permitida pelo sintoma; além disto, requer uma aptidão para realizar o desvio de meta exigido. É justamente o poder de deslocar sua meta que vai possibilitar à pulsão sexual permutar, substituir, uma meta originária por outra não-sexual, mas psiquicamente aparentada com ela (Freud, 1908/1989; p. 168), o que Freud chama de faculdade para a sublimação. Essa faculdade de deslocar, substituir, vai aparecer na mobilidade da libido, no investimento libidinal necessário às atividades criadoras ligadas à sublimação. Não se estaria aí no império do processo primário e do princípio do prazer, dentro da sublimação? Isto, pelo sem cessar de associações do funcionamento mental presente no processo de criação, seja da obra de arte, seja do invento científico, ao prazer inerente ao próprio processo, que difere do sofrimento sintomático do pensar compulsivo. 6 Mas, o que diferencia os dois processos? Por que um traz prazer e o outro sofrimento? A sublimação, para Freud, lembremos, nasce do desvio do olhar do que falta ao corpo. Podemos pensar, com Lacan, que é o real que ela desvia e contorna. Se falamos em libido, tal como Freud (1908/1989; p. 174), como energia sexual, não podemos nos impedir da referência ao falo, que se encontra no primado que marca, para este autor, a sexualidade infantil. Com Lacan, é possível supor que é a amarração fálica que está posta neste deslizamento do pensamento, tanto na criação artística quan- 6. No texto sobre o eu e o isso, Freud fala sobre as moções sublimadas e de meta inibida que são derivadas da pulsão sexual não inibida, genuína: Se esta energia de deslocamento é libido dessexualizada é lícito chamá-la também sublimada, pois seguiria perseverando no mesmo propósito principal de Eros, o de unir e ligar, na medida em que serve à produção daquela univocidade pela qual na luta pela qual o eu se distingue. Se incluirmos os processos de pensamento no sentido lato entre esses deslocamentos, então o trabalho do pensar este também é sufragado por uma sublimação da força pulsional erótica. S. Freud. El yo y el ello (1923/1989), O. C., p. 40. v. XIX.

6 10 Pulsional Revista de Psicanálise to na científica. Sobre isto, parece relevante a afirmação de Freud sobre a menor aptidão da mulher, em relação ao homem, para a sublimação. Atribui este fato a uma espécie de condenação do pensar, posto que a atividade de investigação sexual lhe é vedada. Haveria uma inibição do pensamento ligada a um sufocamento do sexual. O horror do sexo seria proibido à mulher, proibição que ela mesma se encarrega de cumprir. 7 Não estaria isto na base do que se observa, muitas vezes, na clínica, sob forma de dificuldades inibição na vida profissional de algumas mulheres? 8 Mas até onde a investigação do conceito de sublimação na obra freudiana nos permite avançar quanto a este destino da pulsão na direção do tratamento psicanalítico? A relação entre o apetite de saber e a investigação sexual aliada a um enorme prazer na criança nos sugere que a capacidade de sublimação pode ser entendida como resultado possível de uma análise. Isto porque a pulsão de investigar, de saber sobre o sexual e, sobretudo, a instigação em direção a esse não-saber, cai sob o peso do recalque. A partir disto, três destinos são possíveis: no primeiro, o apetite de saber permanece inibido: é a inibição neurótica; no segundo, o desenvolvimento intelectual é vigoroso e resiste ao golpe do recalque, surge o sintoma: a compulsão ao pensar; por fim, na terceira opção, não se dá nem a inibição nem a compulsão, mas a sublimação: o fator do recalque não consegue jogar para o inconsciente uma pulsão parcial do prazer sexual, mas a libido escapa ao destino do recalque (Freud, /1989, p. 24). Durante algum tempo, a sublimação parecia a Freud, uma meta desejável da cura analítica. Falando do sofrimento neurótico e da formação [substitutiva] do sintoma, diz que o tratamento deve fazer o caminho inverso, isto é, do sintoma, formação substitutiva de desejo até a idéia recalcada: A personalidade do enfermo pode convencer-se de que rejeitou o desejo patógeno sem razão e movida a aceitá-lo total ou parcialmente, ou este mesmo desejo pode ser guiado para uma meta superior e, por isso, isenta de objeção (o que se chama sublimação)... (Freud, 1923/1989; p. 48). Esta é uma proposta que não se mantém até o final de seus escritos. Parece-nos, hoje, mais interessante tomar a capacidade para sublimar como aptidão para o trabalho em análise, para o deslizamento significante que nesta é exigido. Não há na análise, como premissa, renúncia à satisfação libidinal direta? 7. S. Freud. A moral sexual cultural y la nervosidad moderna, p A este propósito ver, também, a conferência 33, sobre A feminilidade, onde Freud relaciona o desejo de obter um pênis, como aquilo que pode levar uma mulher à análise. Nesse caso, ele liga o anseio pelo sucesso profissional à busca daquilo que falta à mulher. S. Freud. O.C., p v. XXII. 8. Freud mesmo nos instiga a isto, quando diz, sobre o juízo condenatório do apetite de saber sobre os problemas sexuais, que: Ele as dissuade do pensar em geral, desvaloriza para elas o saber. S. Freud. Idem.

7 Entre o sublime e o ridículo Assim, a capacidade para sublimar seria prévia ao tratamento, condição para o exercício da atividade intelectual da associação livre e não um objetivo de cura. O próprio Freud (1910/1988; p. 74) nos previne contra isso, a partir da formulação da segunda tópica. Indica, então, que a satisfação pulsional obtida por meio da sublimação responderia, no eu, às exigências da pulsão de morte. Mas, afinal, será que temos clareza sobre este processo que nomeamos sublimação? De que forma é obtida a satisfação pulsional com outra meta? Freud ( /1989; p. 46) indica claramente que é a fantasia que possibilita essa satisfação. Diferentemente da satisfação neurótica do gozo do sintoma, a sublimação permitiria uma satisfação com menor sofrimento? Como, se há sempre um resto que fica à espera de satisfação? Além disso, é uma satisfação que promove a desmescla das pulsões e coloca o eu sobre ameaça de morte. 9 As fantasias, que Freud (1987, p. 335) compara com as sagas que os povos criam acerca de sua história esquecida, estão no centro dessa satisfação pulsional. É por isto que podemos falar de passo nesta questão. A libido sempre volta à fantasia, a seus lugares de fixação. Por outro lado, há um caminho de regresso da fantasia à realidade e é... a arte (ibid., p. 342). O artista quer obter fama, riqueza, honras e o amor das mulheres. Insatisfeito, como qualquer um, transfere sua libido às formações de desejo em sua vida de fantasia. Distingue-se dos outros, entretanto, pela capacidade de elaborar seus sonhos diurnos de maneira que estes percam o que têm de excessivamente pessoal e de chocante para os estranhos. Desta forma, os outros podem gozá-los também (ibid., p. 343). Assim ele possibilita que os outros extraiam, por sua vez, consolo e alívio das fontes de prazer de seu próprio inconsciente, que se haviam tornado inacessíveis: assim obtém seu reconhecimento e sua admiração, e então alcança por sua fantasia o que antes lograva só nela : honra, poder e o amor das mulheres. (id., ibid.) E, para não nos iludirmos, concluindo, apressadamente, que a sublimação seria uma saída bem-sucedida frente ao malestar, atentemos para a advertência de Freud ( /1988, p. 80): esta solução se apresenta impotente frente ao sofrimento que nos vem de nosso próprio corpo. Talvez porque esta via de satisfação exige um desvio deste, e é neste sentido que pode ser considerada 9. Em El yo y el ello (1923), Freud afirma que o eu não é neutro na luta das pulsões. Auxilia as pulsões de morte para dominar a libido por seu trabalho de identificação e de sublimação. Desta forma,... cai no perigo de se tornar objeto das pulsões de morte e sucumbir ele mesmo. Assim, este trabalho de sublimação tem por conseqüência uma desmescla das pulsões e uma liberação das pulsões de agressão dentro do supereu, sua [do eu] luta contra a libido o expõe ao perigo do maltrato e da morte., O.C., p. 57. v. XIX.

8 12 Pulsional Revista de Psicanálise elevada 10. Este desvio de um real do corpo, daquilo que escapa à simbolização, mas causa o sujeito, caracterizaria a via sublimatória da pulsão. Fazer do ridículo a submissão aquilo que o causa sublime, seria transformar o prazer sexual, egoísta e contrário aos interesses da cultura, num prazer que supõe o altruísmo e abraça o coletivo. 11 Na sublimação, o sujeito obtém satisfação, construindo algo a partir de sua fantasia, fazendo a economia da culpa, imperativa no sintoma. Assim, se no sintoma o esforço para não ver a castração a põe à mostra em todo seu horror, na sublimação, o desvio do olhar, do qual fala Freud, seria justamente essa capacidade de vestir, a partir de sua face de brilho, o abjeto em questão na fantasia. Abjeto que diz respeito à condição de objeto do sujeito frente ao Outro, abominável realidade que a fantasia des-vela. 12 Entretanto, como qualquer outra técnica de defesa contra o mal-estar, a sublimação obtém sucesso apenas parcial. Talvez porque, excluindo a culpa inerente à satisfação, esbarre num impedimento de estrutura. Ao neurótico, ao menos, é cara a súplica: Pai, afasta este cálice! Artigo recebido em agosto de NOTAS BIBLIOGRÁFICAS BUARQUE DE HOLANDA, Aurélio. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1 a ed./3 a reimpressão [s/d.], p FREUD, S. ( ). La interpretación de los sueños (2a parte). O.C. Buenos Aires: Amorrortu, v. V.. (1901). Psicopatología de la vida cotidiana (Sobre el olvido, los deslices en el habla, el trastrocar as cosas confundido, la superstición y el error). O.C., 1989, p. 32. v. VI.. (1905). Tres ensayos de teoría sexual. O.C., op. cit., p v. IX.. (1908). La moral sexual cultural y la nerviosidad moderna. O.C., 1986, p v. IX.. (1908). Carácter y erotismo anal. O.C., Op. cit. v. IX.. (1910[1909]). Cinco conferencias sobre psicoanálisis. O.C. Op. cit. v. XI.. (1910). Un recuerdo infantil de Leonardo da Vinci. O.C., v. XI.. ( ). 23 a conferencia. Los caminos de la formación del síntoma. O.C., 1987 v. XVI..(1923). El yo y el ello. O.C., v. XIX.. (1929). El malestar en la cultura. O.C., v. XXI. 10. A satisfação encontrada na e pela arte não comove nossa corporeidade, ao contrário do tipo de satisfação das moções pulsionais mais grosseiras e primárias, segundo Freud, El malestar en la cultura. 11. Poderíamos pensar que esse fazer gozar os outros se refere a promover o gozo de Outro e nesse sentido, ao mesmo tempo que economiza a culpa que o sintoma traz, deixa o sujeito órfão frente ao gozo, que Freud indica mortífero. 12. A afirmação de Lacan, no seminário sobre a Ética, acerca do que está em jogo na sublimação: elevar o objeto à dignidade da Coisa, se impõe aqui, indicando uma via possível de articulação a partir deste ponto de reflexão.

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas ABREU, T. Perversão generalizada. In: Agente: Revista digital de psicanálise da EBP-Bahia, n. 03. Salvador: EBP-Bahia, 2007. Disponível em: .

Leia mais

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG 1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG Disciplina: Conceitos Fundamentais A 1º sem. 2018 Ementa: O curso tem como principal objetivo o estudo de conceitos

Leia mais

O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1

O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1 O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1 Joseane Garcia de S. Moraes 2 Na abertura do seminário 20, mais ainda, cujo título em francês é encore, que faz homofonia com en corps, em corpo,

Leia mais

A sublimação. The sublimation

A sublimação. The sublimation Cadernos de Psicanálise SPCRJ, v. 32, n. 1, p. 25-29, 2016 Tema em debate A sublimação Lucía Barbero Fuks 1 Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo Resumo: A sublimação é um processo postulado por Freud

Leia mais

Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana

Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana PALAVRAS-CHAVE Análise da Psique Humana Sonhos Fantasias Esquecimento Interioridade A obra de Sigmund Freud (1856-1939): BASEADA EM: EXPERIÊNCIAS PESSOAIS

Leia mais

Um tipo particular de escolha de objeto nas mulheres

Um tipo particular de escolha de objeto nas mulheres Um tipo particular de escolha de objeto nas mulheres Gabriella Valle Dupim da Silva Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia(PPGP/UFRJ)/Bolsista CNPq. Endereço: Rua Belizário Távora 211/104

Leia mais

Escritores Criativos E Devaneio (1908), vol. IX. Fantasias Histéricas E Sua Relação Com A Bissexualidade (1908), vol. IX. Moral Sexual Civilizada E

Escritores Criativos E Devaneio (1908), vol. IX. Fantasias Histéricas E Sua Relação Com A Bissexualidade (1908), vol. IX. Moral Sexual Civilizada E 6 Bibliografia ANDRÉ, S., A Impostura Perversa, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1995. BROUSSE, M. H., A Fórmula do Fantasma? $ a, in Lacan, organizado por: Gérard Miller, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed.,

Leia mais

ISSN: O SINTOMA FALTA DE DESEJO EM UMA CONCEPÇÃO FREUDIANA

ISSN: O SINTOMA FALTA DE DESEJO EM UMA CONCEPÇÃO FREUDIANA O SINTOMA FALTA DE DESEJO EM UMA CONCEPÇÃO FREUDIANA Carla Cristiane de Oliveira Pinheiro * (UESB) Maria da Conceição Fonseca- Silva ** (UESB) RESUMO O objetivo deste artigo é avaliar a teoria Freudiana

Leia mais

8 Referências bibliográficas

8 Referências bibliográficas 8 Referências bibliográficas ANDRÉ, S. A impostura perversa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995. BARANDE, R. Poderemos nós não ser perversos? Psicanalistas, ainda mais um esforço. In: M UZAN, M. et al.

Leia mais

O real no tratamento analítico. Maria do Carmo Dias Batista Antonia Claudete A. L. Prado

O real no tratamento analítico. Maria do Carmo Dias Batista Antonia Claudete A. L. Prado O real no tratamento analítico Maria do Carmo Dias Batista Antonia Claudete A. L. Prado Aula de 23 de novembro de 2009 Como conceber o gozo? Gozo: popularmente, é traduzido por: posse, usufruto, prazer,

Leia mais

Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005

Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005 Latusa digital ano 2 N 13 abril de 2005 A clínica do sintoma em Freud e em Lacan Ângela Batista * O sintoma é um conceito que nos remete à clínica, assim como ao nascimento da psicanálise. Freud o investiga

Leia mais

O MASOQUISMO E O PROBLEMA ECONÔMICO EM FREUD. Esse trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado, vinculada ao Programa de

O MASOQUISMO E O PROBLEMA ECONÔMICO EM FREUD. Esse trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado, vinculada ao Programa de O MASOQUISMO E O PROBLEMA ECONÔMICO EM FREUD Mariana Rocha Lima Sonia Leite Esse trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado, vinculada ao Programa de Pós Graduação em Psicanálise da UERJ, cujo objetivo

Leia mais

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas 98 Referências Bibliográficas ALBERTI, S. Esse Sujeito Adolescente. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 1999. APOLINÁRIO, C. Acting out e passagem ao ato: entre o ato e a enunciação. In: Revista Marraio.

Leia mais

MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO. Sara Guimarães Nunes 1

MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO. Sara Guimarães Nunes 1 MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO Sara Guimarães Nunes 1 1. Aluna Especial do Mestrado em Psicologia 2016.1, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Tipo de Apresentação: Comunicação

Leia mais

Histeria sem ao-menos-um

Histeria sem ao-menos-um Opção Lacaniana online nova série Ano 6 Número 17 julho 2015 ISSN 2177-2673 1 Angelina Harari Abordar o tema da histeria a partir da doutrina do UM tem como antecedente o meu passe, muito embora não se

Leia mais

O DISCURSO DA CIÊNCIA E SUA RELAÇÃO COM O SUPEREU

O DISCURSO DA CIÊNCIA E SUA RELAÇÃO COM O SUPEREU O DISCURSO DA CIÊNCIA E SUA RELAÇÃO COM O SUPEREU Fabiana Mendes Pinheiro de Souza Psicóloga/UNESA Mestranda do Programa de pós-graduação em teoria psicanalítica/ufrj fabmps@gmail.com Resumo: Em 1920,

Leia mais

O SINTOMA EM FREUD SOB UMA VISÃO PSICANALÍTICA NO HOSPITAL

O SINTOMA EM FREUD SOB UMA VISÃO PSICANALÍTICA NO HOSPITAL O SINTOMA EM FREUD SOB UMA VISÃO PSICANALÍTICA NO Resumo: HOSPITAL Cláudio Roberto Pereira Senos, Paula Land Curi, Paulo Roberto Mattos Para os que convivem no âmbito do hospital geral, o discurso médico

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas BARROS, R. do R. O Sintoma enquanto contemporâneo. In: Latusa, n. 10. Rio de Janeiro: Escola Brasileira de Psicanálise Seção Rio, 2005, p. 17-28. COTTET, S. Estudos clínicos.

Leia mais

ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura)

ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura) ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura) Arlete Mourão Essa frase do título corresponde à expressão utilizada por um ex-analisando na época do final de sua análise.

Leia mais

Escola Secundária de Carregal do Sal

Escola Secundária de Carregal do Sal Escola Secundária de Carregal do Sal Área de Projecto 2006\2007 Sigmund Freud 1 2 Sigmund Freud 1856-----------------Nasceu em Freiberg 1881-----------------Licenciatura em Medicina 1885-----------------Estuda

Leia mais

Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor?

Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor? Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor? Rita de Cássia dos Santos Canabarro 1 Eros e Ananke são, segundo Freud (1930/1987), os pais da civilização. De um lado, o amor foi responsável por reunir

Leia mais

INTRODUÇÃO - GENERALIDADES SOBRE AS ADICÇÕES

INTRODUÇÃO - GENERALIDADES SOBRE AS ADICÇÕES SUMÁRIO PREFÁCIO - 11 INTRODUÇÃO - GENERALIDADES SOBRE AS ADICÇÕES DEFINIÇÃO E HISTÓRICO...14 OBSERVAÇÕES SOBRE O CONTEXTO SOCIAL E PSÍQUICO...19 A AMPLIDÃO DO FENÔMENO ADICTIVO...24 A ADICÇÃO VISTA PELOS

Leia mais

Sissi Vigil Castiel Núcleo de Estudos Sigmund Freud

Sissi Vigil Castiel Núcleo de Estudos Sigmund Freud RELATO DE EXPERIÊNCIA PSICOΨ v. 37, n. 1, pp. 91-97, jan./abr. 2006 Implicações metapsicológicas e clínicas da conceituação da sublimação na obra de Freud Sissi Vigil Castiel Núcleo de Estudos Sigmund

Leia mais

Palavras-chave: Psicanálise, Educação, Inibição Intelectual.

Palavras-chave: Psicanálise, Educação, Inibição Intelectual. AS CONTRIBUIÇÕES DE FREUD PARA O DEBATE SOBRE EDUCAÇÃO E INIBIÇÃO INTELECTUAL. Autoras: Maira Sampaio Alencar Lima (Psicanalista e Mestre em Psicologia pela Universidade de Fortaleza); Profª. Drª. Maria

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas ANDRÉ, S. A impostura perversa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995. ASSOUN, P-L. Le fétichisme. 1. ed. Paris: Presses Universitaires de France, 1994. AUSTIN, J. L. How to

Leia mais

Referências bibliográficas

Referências bibliográficas Referências bibliográficas BARTHES, R. (1980) A Câmera Clara. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1984. BARROS, R. R. (2004 a) O medo, o seu tempo e a sua política. In: A política do medo e o dizer

Leia mais

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA O USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA CONTEMPORANEIDADE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA Flávia Angelo Verceze (Discente do Curso de Pós Graduação em Clínica Psicanalítica da UEL, Londrina PR, Brasil; Silvia Nogueira

Leia mais

CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST. Fernanda Correa 2

CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST. Fernanda Correa 2 CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST Fernanda Correa 2 1 Monografia de Conclusão do Curso de Graduação em Psicologia 2 Aluna do Curso de Graduação

Leia mais

Do sintoma ao sinthoma: uma via para pensar a mãe, a mulher e a criança na clínica atual Laura Fangmann

Do sintoma ao sinthoma: uma via para pensar a mãe, a mulher e a criança na clínica atual Laura Fangmann Opção Lacaniana online nova série Ano 1 Número 2 Julho 2010 ISSN 2177-2673 : uma via para pensar a mãe, a mulher e a criança na clínica atual Laura Fangmann Introdução Nesse trabalho, proponho-me a falar

Leia mais

O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO

O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO 2016 Marcell Felipe Psicólogo clínico graduado pelo Centro Universitário Newont Paiva (MG). Pós graduado em Clínica Psicanalítica pela Pontifícia Católica de Minas Gerais (Brasil).

Leia mais

O real escapou da natureza

O real escapou da natureza Opção Lacaniana online nova série Ano 4 Número 10 março 2013 ISSN 2177-2673 Sandra Arruda Grostein O objetivo deste texto é problematizar a proposta feita por J.-A. Miller de que o real emancipado da natureza

Leia mais

A SUBLIMAÇÃO ENTRE O PARADOXO E A FUNÇÃO META. Não é novidade que a investigação do tema da sublimação na obra freudiana

A SUBLIMAÇÃO ENTRE O PARADOXO E A FUNÇÃO META. Não é novidade que a investigação do tema da sublimação na obra freudiana A SUBLIMAÇÃO ENTRE O PARADOXO E A FUNÇÃO META Ramon Souza Daniel Kupermann Não é novidade que a investigação do tema da sublimação na obra freudiana parece estar cercada de contradições teóricas. Vários

Leia mais

SUBLIMAÇÃO EM RELAÇÃO À TROCA DE OBJETO. Freud (1915/1974), em um de seus mais importantes artigos metapsicológicos - A pulsão e

SUBLIMAÇÃO EM RELAÇÃO À TROCA DE OBJETO. Freud (1915/1974), em um de seus mais importantes artigos metapsicológicos - A pulsão e SUBLIMAÇÃO EM RELAÇÃO À TROCA DE OBJETO Maria Pompéia Gomes Pires Freud (1915/1974), em um de seus mais importantes artigos metapsicológicos - A pulsão e os destinos da pulsão - registra a sublimação como

Leia mais

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Política do medo versus política lacaniana Mirta Zbrun* Há três sentidos possíveis para entender a política lacaniana 1. Em primeiro lugar, o sentido da política

Leia mais

Sintoma 1. Cf. FREUD, S., Inibições, sintomas e angústia, (1926), ESB, v. XX, cap. II, III, IV, V e VI.

Sintoma 1. Cf. FREUD, S., Inibições, sintomas e angústia, (1926), ESB, v. XX, cap. II, III, IV, V e VI. Sintoma 1 O sintoma analítico é uma defesa O recalque é um mecanismo que o eu, em geral, por ordem do supereu, lança mão para defender-se de um impulso do id. O recalque incide sobre a idéia que traduz

Leia mais

Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno

Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno Centro de Estudos Psicanalíticos - CEP Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno Laura Maria do Val Lanari Ciclo II, terça-feira à noite O presente trabalho tem por objetivo relatar as primeiras

Leia mais

POSSÍVEIS DIMENSÕES DO LUGAR DO ANALISTA NA TÉCNICA FREUDIANA

POSSÍVEIS DIMENSÕES DO LUGAR DO ANALISTA NA TÉCNICA FREUDIANA Estados Gerais da Psicanálise: Segundo Encontro Mundial, Rio de Janeiro 2003 Tema 3: A experiência psicanalítica e a cultura contemporânea. Sub-tema 3.b.: A questão da resistência e da negatividade na

Leia mais

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 APRESENTAÇÃO O Corpo de Formação em Psicanálise do Instituto da Psicanálise Lacaniana- IPLA trabalhará neste ano de 2009 a atualidade clínica dos quatro conceitos fundamentais

Leia mais

Psicanálise: as emoções nas organizações

Psicanálise: as emoções nas organizações Psicanálise: as emoções nas organizações Objetivo Apontar a importância das emoções no gerenciamento de pessoas Definir a teoria da psicanálise Descrever os niveis da vida mental Consciente Subconscinete

Leia mais

Freud e a Psicanálise

Freud e a Psicanálise Freud e a Psicanálise Doenças mentais eram originadas de certos fatos passados na infância dos indivíduos; Hipnose (para fazer com que seus pacientes narrassem fatos do seu tempo de criança); Hipnose:

Leia mais

O falo, o amor ao pai, o silêncio. no real Gresiela Nunes da Rosa

O falo, o amor ao pai, o silêncio. no real Gresiela Nunes da Rosa Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 15 novembro 2014 ISSN 2177-2673 e o amor no real Gresiela Nunes da Rosa Diante da constatação de que o menino ou o papai possui um órgão fálico um tanto quanto

Leia mais

CEP CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

CEP CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS CEP CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS As pulsões e suas repetições. Luiz Augusto Mardegan Ciclo V - 4ª feira manhã São Paulo, maio de 2015. Neste trabalho do ciclo V apresentamos as análises de Freud sobre

Leia mais

Período de Latência (PL) Salomé Vieira Santos. Psicologia Dinâmica do Desenvolvimento

Período de Latência (PL) Salomé Vieira Santos. Psicologia Dinâmica do Desenvolvimento Período de Latência (PL) Salomé Vieira Santos Psicologia Dinâmica do Desenvolvimento Março de 2017 Freud PL o período de desenvolvimento psicossexual que surge com a resolução do complexo de Édipo etapa

Leia mais

O gozo, o sentido e o signo de amor

O gozo, o sentido e o signo de amor O gozo, o sentido e o signo de amor Palavras-chave: signo, significante, sentido, gozo Simone Oliveira Souto O blá-blá-blá Na análise, não se faz mais do que falar. O analisante fala e, embora o que ele

Leia mais

CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS CEP FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE O SELFIE PÓS-SEXO E O EXIBICIONISMO: UM OLHAR PSICANALÍTICO

CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS CEP FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE O SELFIE PÓS-SEXO E O EXIBICIONISMO: UM OLHAR PSICANALÍTICO CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS CEP FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE O SELFIE PÓS-SEXO E O EXIBICIONISMO: UM OLHAR PSICANALÍTICO CAROLINA CARDINAL DUARTE CAMPAÑA MAIA CICLO I 4ª FEIRA PERÍODO MANHÃ SÃO PAULO SP

Leia mais

A FUNÇÃO DO DESEJO NA APRENDIZAGEM. Freud nos ensina no texto Três ensaios sobre a sexualidade (1905/2006) que a

A FUNÇÃO DO DESEJO NA APRENDIZAGEM. Freud nos ensina no texto Três ensaios sobre a sexualidade (1905/2006) que a A FUNÇÃO DO DESEJO NA APRENDIZAGEM Mônica Regina Nogueira da Silva Vulej Freud nos ensina no texto Três ensaios sobre a sexualidade (1905/2006) que a pulsão do saber está ligada à necessidade de investigação

Leia mais

Referências bibliográficas

Referências bibliográficas Referências bibliográficas ABRAHAM, K. (1918) Contribution a la psychanalyse des névroses de guerre in Oeuvres Complètes II 1915/1925. Paris: Payot, 2000. ANZIEU, D. O Eu-pele. São Paulo: Casa do Psicólogo,

Leia mais

DO GOZO À FALTA: O SUJEITO E O ENLAÇAMENTO ENTRE O SINTOMA E O DESEJO. Em termos psicanalíticos a referência ao desejo como campo subjetivo ligado

DO GOZO À FALTA: O SUJEITO E O ENLAÇAMENTO ENTRE O SINTOMA E O DESEJO. Em termos psicanalíticos a referência ao desejo como campo subjetivo ligado DO GOZO À FALTA: O SUJEITO E O ENLAÇAMENTO ENTRE O SINTOMA E O DESEJO Altair José dos Santos Em termos psicanalíticos a referência ao desejo como campo subjetivo ligado necessariamente à linguagem, implica

Leia mais

A PULSÃO DE MORTE E AS PSICOPATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS. sobre o tema ainda não se chegou a um consenso sobre a etiologia e os mecanismos psíquicos

A PULSÃO DE MORTE E AS PSICOPATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS. sobre o tema ainda não se chegou a um consenso sobre a etiologia e os mecanismos psíquicos A PULSÃO DE MORTE E AS PSICOPATOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS Aldo Ivan Pereira Paiva As "Psicopatologias Contemporâneas, cujas patologias mais conhecidas são os distúrbios alimentares, a síndrome do pânico, os

Leia mais

SIGMUND FREUD ( )

SIGMUND FREUD ( ) SIGMUND FREUD (1856-1939) Uma lição clínica em La Salpêtrière André Brouillet (1887) JOSEF BREUER (1842-1925) médico e fisiologista tratamento da histeria com hipnose JOSEF BREUER (1842-1925) método catártico

Leia mais

NOME DO PAI E REAL. Jacques Laberge 1

NOME DO PAI E REAL. Jacques Laberge 1 NOME DO PAI E REAL Jacques Laberge 1 Na época em que estava proferindo seu Seminário As formações do inconsciente, Lacan retomou pontos de seu Seminário III, As psicoses em De uma questão preliminar a

Leia mais

SUJEITO FALANTE E A RESISTÊNCIA À DEMANDA DE ANÁLISE

SUJEITO FALANTE E A RESISTÊNCIA À DEMANDA DE ANÁLISE SUJEITO FALANTE E A RESISTÊNCIA À DEMANDA DE ANÁLISE Unitermos: Castração Angustia Sintoma Demanda Resistência Gozo ANA LUCIA SAMPAIO FERNANDES Resumo Partindo do questionamento: Por que o sujeito falante,

Leia mais

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais - Almanaque On-line n 20

Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais - Almanaque On-line n 20 Entre a cruz e a espada: culpa e gozo em um caso de neurose obsessiva Rodrigo Almeida Resumo : O texto retoma o tema do masoquismo e as mudanças que Freud introduz ao longo da sua obra, evidenciando sua

Leia mais

A ANGÚSTIA E A ADOLESCÊNCIA: UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA 1

A ANGÚSTIA E A ADOLESCÊNCIA: UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA 1 A ANGÚSTIA E A ADOLESCÊNCIA: UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA 1 Cherry Fernandes Peterle 2 Hítala Maria Campos Gomes 3 RESUMO: O objetivo deste artigo é traçar um breve histórico sobre como a psicanálise

Leia mais

Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014

Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014 Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014 Prof. Dr. Mario Eduardo Costa Pereira PROGRAMA - Io. SEMESTRE Março/2014 14/03/2014 CONFERÊNCIA INAUGURAL : Contextualização do seminário

Leia mais

O saber construído em análise e a invenção Autor: Mônica Assunção Costa Lima Professora da Puc-Minas Doutora em Teoria Psicanalítica pela

O saber construído em análise e a invenção Autor: Mônica Assunção Costa Lima Professora da Puc-Minas Doutora em Teoria Psicanalítica pela O saber construído em análise e a invenção Autor: Mônica Assunção Costa Lima Professora da Puc-Minas Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro 1 Resumo: O trabalho examina

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA VERSÃO CURRICULAR 2009/1 DISCIPLINA: Psicanálise I CÓDIGO: PSI

Leia mais

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Cássia Fontes Bahia O termo significante está sendo considerado aqui em relação ao desdobramento que pode tomar em um plano mais simples e primeiro

Leia mais

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo Sandra Freiberger Porto Alegre, 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE PSICOLOGIA CURSO: INTERVENÇÃO

Leia mais

Demanda de cura na inexistência do Outro como engendrar aí a psicanálise? 1

Demanda de cura na inexistência do Outro como engendrar aí a psicanálise? 1 Demanda de cura na inexistência do Outro como engendrar aí a psicanálise? 1 Antonia Claudete A. L. Prado Este trabalho surgiu de questões relativas à demanda de tratamento de pacientes provenientes do

Leia mais

COMENTÁRIOS SOBRE A DIREÇÃO DA CURA 1. Muito foi dito, durante esta semana, sobre a ética e a direção da cura, textos

COMENTÁRIOS SOBRE A DIREÇÃO DA CURA 1. Muito foi dito, durante esta semana, sobre a ética e a direção da cura, textos COMENTÁRIOS SOBRE A DIREÇÃO DA CURA 1 Alejandro Luis Viviani 2 Muito foi dito, durante esta semana, sobre a ética e a direção da cura, textos importantes na obra de Lacan; falar deles implica fazer uma

Leia mais

UMA LEITURA DA OBRA DE SIGMUND FREUD. PALAVRAS-CHAVE Sigmund Freud. Psicanálise. Obras Completas de Freud.

UMA LEITURA DA OBRA DE SIGMUND FREUD. PALAVRAS-CHAVE Sigmund Freud. Psicanálise. Obras Completas de Freud. 12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( X) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA UMA LEITURA

Leia mais

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE Pauleska Asevedo Nobrega Assim como na Psicanálise com adultos, as entrevistas preliminares na psicanálise com crianças, sustentam um tempo

Leia mais

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social O PAPEL DO OUTRO NA CONSTITUIÇÃO DO PSIQUISMO: UM ESTUDO A PARTIR DO CONCEITO DE IDENTIFICAÇÃO EM FREUD Sabryna Valéria de Almeida Santos* (PIBIC-FA, Departamento de Psicologia, Universidade Estadual de

Leia mais

SIGNOS DE PERCEPÇÃO, RESTOS INDIZÍVEIS E MEMÓRIA: A FANTASIA E A ELABORAÇÃO NA EXPERIÊNCIA CLÍNICA

SIGNOS DE PERCEPÇÃO, RESTOS INDIZÍVEIS E MEMÓRIA: A FANTASIA E A ELABORAÇÃO NA EXPERIÊNCIA CLÍNICA SIGNOS DE PERCEPÇÃO, RESTOS INDIZÍVEIS E MEMÓRIA: A FANTASIA E A ELABORAÇÃO NA EXPERIÊNCIA CLÍNICA Francisco Ramos de Farias 1 Acerca da noção de fantasia A fantasia, os signos de percepção e a memória

Leia mais

Um resto de transferência não analisado 1

Um resto de transferência não analisado 1 Um resto de transferência não analisado 1 Gracinda Peccini Estou partindo para este trabalho de uma retomada do texto de Freud Análise Terminável e Interminável, em relação a certas questões que me interessam

Leia mais

ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES

ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES 2014 Matheus Henrique de Souza Silva Psicólogo pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga-MG. Especializando em Clínica

Leia mais

O QUE SE PEDE NÃO É O QUE SE DESEJA: OS EFEITOS DA ESCUTA DO PSICANALISTA NO HOSPITAL. Aline da Costa Jerônimo i, Roseane Freitas Nicolau ii.

O QUE SE PEDE NÃO É O QUE SE DESEJA: OS EFEITOS DA ESCUTA DO PSICANALISTA NO HOSPITAL. Aline da Costa Jerônimo i, Roseane Freitas Nicolau ii. O QUE SE PEDE NÃO É O QUE SE DESEJA: OS EFEITOS DA ESCUTA DO PSICANALISTA NO HOSPITAL Aline da Costa Jerônimo i, Roseane Freitas Nicolau ii Resumo Este trabalho é parte dos resultados da pesquisa realizada

Leia mais

Sublimação Em relação à troca de objeto

Sublimação Em relação à troca de objeto Sublimação Em relação à troca de objeto Maria Pompéia Gomes Pires Resumo O artigo trata da evolução do conceito de sublimação, ao longo dos escritos de Freud, chegando à concepção da sublimação como mudança

Leia mais

Latusa digital N 12 ano 2 março de Sinthoma e fantasia fundamental. Stella Jimenez *

Latusa digital N 12 ano 2 março de Sinthoma e fantasia fundamental. Stella Jimenez * Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005 Sinthoma e fantasia fundamental Stella Jimenez * A palavra sinthoma aparece na obra de Lacan relacionada às psicoses, quando ele toma James Joyce como seu exemplo

Leia mais

Sofrimento e dor no autismo: quem sente?

Sofrimento e dor no autismo: quem sente? Sofrimento e dor no autismo: quem sente? BORGES, Bianca Stoppa Universidade Veiga de Almeida-RJ biasborges@globo.com Resumo Este trabalho pretende discutir a relação do autista com seu corpo, frente à

Leia mais

(www.fabiobelo.com.br) O Corpo na Neurose. Prof. Fábio Belo

(www.fabiobelo.com.br) O Corpo na Neurose. Prof. Fábio Belo (www.fabiobelo.com.br) O Corpo na Neurose Prof. Fábio Belo O Corpo na Psicanálise Alvo das excitações do outro: libidinização sexual e/ou mortífira; Superfície do narcisismo; Objeto de amoródio do outro:

Leia mais

Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1

Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1 Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 1 Trabalho apresentado no Simpósio de Intersecção Psicanalítica do Brasil. Brasília, 2006. Trabalho Publicado no livro As identificações

Leia mais

UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2

UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 O tema da identificação é vasto, complexo e obscuro. Talvez por isso Lacan a ele se refira como a floresta da identificação. Embora

Leia mais

A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA?

A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA? A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA? Maurício Eugênio Maliska Estamos em Paris, novembro de 1968, Lacan está para começar seu décimo sexto seminário. Momento

Leia mais

7 Referências Bibliográficas

7 Referências Bibliográficas 81 7 Referências Bibliográficas ARRIVÉ, M. Linguagem e psicanálise: lingüística e inconsciente. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1999. BAUMAN, Z. Vida líquida. (2009). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

Leia mais

Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN FPS e sinthome. Paola Salinas

Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN FPS e sinthome. Paola Salinas Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 14 julho 2014 ISSN 2177-2673 1 Paola Salinas Este texto visa clarear algumas indagações a respeito do fenômeno psicossomático a partir da noção de sinthome

Leia mais

Evolução genética e o desenvolvimento do psíquismo normal No iníco, o lactente encontra-se em um modo de fusão e de identificação a uma totalidade

Evolução genética e o desenvolvimento do psíquismo normal No iníco, o lactente encontra-se em um modo de fusão e de identificação a uma totalidade Estrutura Neurótica Evolução genética e o desenvolvimento do psíquismo normal No iníco, o lactente encontra-se em um modo de fusão e de identificação a uma totalidade fusional, em que não existe ainda

Leia mais

Potlatch amoroso : outra versão para o masoquismo feminino Graciela Bessa

Potlatch amoroso : outra versão para o masoquismo feminino Graciela Bessa Opção Lacaniana online nova série Ano 2 Número 6 novembro 2011 ISSN 2177-2673 Potlatch amoroso : outra versão para o masoquismo feminino Graciela Bessa Só nos círculos psicanalíticos se debate com calma

Leia mais

Referências bibliográficas

Referências bibliográficas Referências bibliográficas BARROS, R. Os Afetos na Psicanálise. In: Cadernos do Tempo Psicanalítico. Rio de Janeiro:SPID, 1999, volume 4, pp. 133-142. BEAUD, M. Arte da Tese.(1985) Rio de Janeiro: Bertrand

Leia mais

Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005

Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005 Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005 Sinthoma e identificação Lenita Bentes Ondina Machado * Abordaremos alguns aspectos do tema de nossa oficina, que dá título ao texto, através de dois pequenos escritos.

Leia mais

7. Referências Bibliográficas

7. Referências Bibliográficas 102 7. Referências Bibliográficas ANSERMET, François. Clínica da Origem: a criança entre a medicina e a psicanálise. [Opção Lacaniana n 02] Rio de Janeiro: Contra capa livraria, 2003. ARAÚJO, Marlenbe

Leia mais

Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina

Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina O corpo e os objetos (a) na clínica dos transtornos alimentares Lázaro Elias Rosa Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina Com este título, nomeamos o conjunto de nossos trabalhos, bem como o rumo

Leia mais

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social A NOÇÃO DE ESCOLHA EM PSICANÁLISE

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social A NOÇÃO DE ESCOLHA EM PSICANÁLISE A NOÇÃO DE ESCOLHA EM PSICANÁLISE Kelly Cristina Pereira Puertas* (Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UNESP/Assis-SP, Brasil; docente do curso de Psicologia da FAMMA, Maringá PR,

Leia mais

trieb (pulsão) (GOMES, 2001), nas raras ocasiões em que fez uso da primeira terminologia, fora em um sentido

trieb (pulsão) (GOMES, 2001), nas raras ocasiões em que fez uso da primeira terminologia, fora em um sentido 7. O AMANSAMENTO DA PULSÃO [INSTINTO]: UM EFEITO E NÃO CAUSA DO TRATAMENTO Maikon Cardoso do Carmo 1 Michaella Carla Laurindo 2 Além do problema de traduções de um idioma à outro, a leitura pincelada e

Leia mais

Carta 69 (1897) in:... volume 1, p Hereditariedade e a etiologia das neuroses (1896) in:... volume 3, p Mecanismo Psíquico do

Carta 69 (1897) in:... volume 1, p Hereditariedade e a etiologia das neuroses (1896) in:... volume 3, p Mecanismo Psíquico do 104 Bibliografia: BORING, E. G. & HERRNSTEIN, R. J. (orgs.) Textos Básicos de História da Psicologia. São Paulo: Editora Herder, 1971. CAMPOS, Flavia Sollero. Psicanálise e Neurociência: Dos Monólogos

Leia mais

A teoria das pulsões e a biologia. A descrição das origens da pulsão em Freud

A teoria das pulsões e a biologia. A descrição das origens da pulsão em Freud www.franklingoldgrub.com Édipo 3 x 4 - franklin goldgrub 6º Capítulo - (texto parcial) A teoria das pulsões e a biologia A descrição das origens da pulsão em Freud Ao empreender sua reflexão sobre a origem

Leia mais

A psicanálise surgiu na década de 1890, com Sigmund Freud

A psicanálise surgiu na década de 1890, com Sigmund Freud PSICANÁLISE A psicanálise surgiu na década de 1890, com Sigmund Freud médico neurologista interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos, principalmente histéricos.

Leia mais

Os 100 anos de "Pulsões e seus destinos"

Os 100 anos de Pulsões e seus destinos Os 100 anos de "Pulsões e seus destinos" Temática A montagem da pulsão e o quadro do fantasma André Oliveira Costa Através de dois textos de Freud, Pulsão e destinos da pulsão (1915) e Uma criança é batida

Leia mais

XX Congresso do CBP: O sexual e as sexualidades: da era vitoriana aos dias atuais. Subtema: Educação x sexualidade x psicanálise

XX Congresso do CBP: O sexual e as sexualidades: da era vitoriana aos dias atuais. Subtema: Educação x sexualidade x psicanálise XX Congresso do CBP: O sexual e as sexualidades: da era vitoriana aos dias atuais Subtema: Educação x sexualidade x psicanálise Sexualidade: um estilo de vida Noeli Reck Maggi (51) 9918-1796 Circulo Psicanalítico

Leia mais

Personalidade(s) e Turismo

Personalidade(s) e Turismo Personalidade(s) e Turismo O que é Personalidade? Ela é inata ou aprendida? Personalidade/Personalidades É uma organização dinâmica de partes interligadas, que vão evoluindo do recém-nascido biológico

Leia mais

Sexualidade na infância. Suas etapas e definições

Sexualidade na infância. Suas etapas e definições Sexualidade na infância Suas etapas e definições Os estudos na área da sexualidade humana desenvolvidos por Sigmund Freud, evidenciam a necessidade de compreensão das diversas fases da construção da sexualidade

Leia mais

ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO. Mical Marcelino Margarete Pauletto Renata Costa

ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO. Mical Marcelino Margarete Pauletto Renata Costa ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO Mical Marcelino Margarete Pauletto Renata Costa Objetivo Investigar a Alienação e Separação, conceitos fundamentais para entender: CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO SUBJETIVIDADE EIXOS DE ORGANIZAÇÃO

Leia mais

Angústia, inibições e desejo

Angústia, inibições e desejo Angústia, inibições e desejo Angústia, inibições e desejo Ana Cristina Teixeira da Costa Salles Resumo Este trabalho tem por objetivo pesquisar as características da inibição, suas interfaces com a angústia,

Leia mais

Psicanálise e Saúde Mental

Psicanálise e Saúde Mental Psicanálise e Saúde Mental Pós-graduação Lato Sensu em Psicanálise e Saúde Mental Coordenação: Drª Aparecida Rosângela Silveira Duração: 15 meses Titulação: Especialista em Psicanálise e Saúde Mental Modalidade:

Leia mais

Incurável. Celso Rennó Lima

Incurável. Celso Rennó Lima 1 Incurável Celso Rennó Lima Em seu primeiro encontro com o Outro, consequência da incidência de um significante, o sujeito tem de lidar com um incurável, que não se subjetiva, que não permite que desejo

Leia mais

SUPEREU: NOTAS SOBRE LEI E GOZO. Freud nomeou o supereu como herdeiro do complexo de Édipo, mas não deixou

SUPEREU: NOTAS SOBRE LEI E GOZO. Freud nomeou o supereu como herdeiro do complexo de Édipo, mas não deixou SUPEREU: NOTAS SOBRE LEI E GOZO Paula Issberner Legey Freud nomeou o supereu como herdeiro do complexo de Édipo, mas não deixou de notar que as coisas não se esgotavam nisso. Ao criar o termo em O eu e

Leia mais

TECENDO GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL NOS CURRÍCULOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL SEXUALIDADES NAS INFÂNCIAS

TECENDO GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL NOS CURRÍCULOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL SEXUALIDADES NAS INFÂNCIAS TECENDO GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL NOS CURRÍCULOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL SEXUALIDADES NAS INFÂNCIAS SEXUALIDADE HUMANA OMS A sexualidade humana forma parte integral da personalidade de cada um é uma necessidade

Leia mais

Referências bibliográficas

Referências bibliográficas 72 Referências bibliográficas ASSAD, M.M.E. (2000) O imaginário como campo revelador da castração, Tese de Doutorado. São Paulo: USP. BORGES, J.L. (1952-1972) Obras completas, Vol. II. São Paulo: Globo.

Leia mais

Título: Histeria e manifestações na música contemporânea. Este trabalho tem um interesse particular no aspecto da histeria que a

Título: Histeria e manifestações na música contemporânea. Este trabalho tem um interesse particular no aspecto da histeria que a 2 o Semestre 2014 Ciclo III Quinta-feira - Noite Aluno: Raphael Piedade de Próspero Título: Histeria e manifestações na música contemporânea Este trabalho tem um interesse particular no aspecto da histeria

Leia mais