BENEFÍCIOS DO MÉTODO CANGURU PARA O PREMATURO

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1 BENEFÍCIOS DO MÉTODO CANGURU PARA O PREMATURO Cardoso MMG 1, Graciano IC 2, Filócomo FRF 3, Ebner C 4. 1Universidade do Vale do Paraíba, Faculdade de Ciências da Saúde, Av. Shishima Hifumi, 2911, Urbanova, São José dos Campos SP, mamaguca@gmail.com, isabelgraciano@yahoo.com.br, clauebner@hotmail.com, afilocomo@uol.com.br Resumo - Há uma estimativa anual de que nasce cerca de 15 milhões de bebês prematuros no mundo. Estes recém-nascidos prematuros muitas vezes devido a fatores como imaturidade cardiorrespiratória, baixo peso, entre outros, necessitam ficar hospitalizados após o nascimento. Com o intuito de favorecer a aproximação dos pais e a formação do vínculo, no momento da hospitalização, têm-se adotado o método canguru. Esse estudo tem o objetivo de realizar um levantamento bibliográfico de artigos nacionais e internacionais, publicados entre 2005 e 2015 sobre a utilização do método canguru no cuidado do prematuro durante a hospitalização. Os resultados encontrados foram 10 artigos na língua portuguesa, nos quais relatavam que o método canguru proporciona melhora das condições gerais do recém-nascido, com ênfase no aleitamento materno exclusivo e aumento de peso no prematuro. Pode-se concluir que o método canguru trás benefícios como a melhora das condições fisiológicas do recém-nascido prematuro. Palavras-chave: Projeto Mãe Canguru, Método Mãe Canguru, Mãe Canguru e Prematuro. Área do Conhecimento: Enfermagem Introdução A prematuridade leva a complicações que interferem na qualidade de vida do recém-nascido e do familiar. Implantar medidas que melhoram a qualidade de vida desses recém-nascidos visa diminuir complicações futuras. O método canguru consiste no contato pele a pele entre a mãe, pai e recém-nascido prematuro. O contato inicia-se crescentemente e pelo tempo em que seja satisfatório para ambos, estimulando assim a formação de laços afetivos. O método canguru é dividido em 3 etapas. Na primeira: Ocorre o treinamento e a adaptação dos pais quanto à estabilidade fisiológica do RN. Na segunda: O bebê está estável, e pode permanecer um maior tempo possível na posição canguru. E na terceira etapa: Acontece o acompanhamento ambulatorial após alta, que avalia os benefícios e corrige situações de risco ao RN permitindo a maior participação dos pais com o cuidado do RN. (NEVES et al.,2006). Segundo estudo realizado pelo Ministério da Saúde, em 2004, com 985 recém-nascidos de baixo peso, os principais benefícios do método canguru são: aumento do vínculo mãe e filho, melhora no desenvolvimento neuro comportamental e psico-afetivo do prematuro, favorecimento do aleitamento materno, permitir o controle térmico adequado, favorecer a estimulação sensorial adequada, minimizar o risco de infecção hospitalar, reduzir o estresse e a dor nos bebês, possibilitar maior confiança dos pais no manuseio do bebê, e otimizar os leitos da UTI. A maternidade que deseja implantar os cuidados intermediários do método canguru deverá estar de acordo com normas de atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso, segundo a portaria nº. 1683/ (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Esse trabalho tem como objetivo realizar um levantamento bibliográfico de artigos publicados entre os anos de 2005 a 2015, demonstrando os benefícios do método canguru ao recém-nascido prematuro. Metodologia Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, utilizando o método de revisão bibliográfica em literatura científica sobre o benefício do método canguru para o prematuro. Esta se deu mediante buscas em bases eletrônicas de dados: Literatura Latino Americana e do Caribe em 1

2 Ciência da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Scientific Electronic Library on line (SCIELO). Foram utilizados os seguintes descritores da biblioteca virtual de saúde (BVS): projeto Mãe Canguru, Método Mãe Canguru, Mãe Canguru e Prematuro. Tem-se como critérios de inclusão: artigos na íntegra que abordassem o tema proposto, ter sido publicados no período de 2005 a 2015, na língua portuguesa e elaborado por profissionais da saúde. E como critérios de exclusão: ter sido escrito na língua inglesa, que não abordasse o tema, e estar fora do período do estudo. Resultados Dos 55 artigos pesquisados 45 foram excluídos, pois não atendia o tema abordado ou estavam fora do período definido. Desta forma, os resultados encontrados foram 10 artigos, os quais foram separados por ano de publicação (tabela 1). Tabela 1 Distribuição de artigos por ano de publicação. São José dos Campos, 2016 (n=10). Ano de publicação Quantidade (N) Porcentagem (%) Total Procedendo-se a análise das obras dos 10 títulos selecionados quanto a metodologia, três (30%) são levantamentos bibliográficos, três (30%) são estudos analíticos, um (10%) de relato experimental, um (10%) de pesquisa convergente assistencial qualitativa, um (10%) de pesquisa experimental qualitativa e um (10%) de relato de capacitação de profissionais da área da saúde. No quadro 1, temse a classificação destes artigos, possibilitando uma visão ampla incluído os resultados e conclusão encontrados. Quadro 1- Classificação dos artigos e temas abordados. São José dos Campos, Artigos 1º Autor Periódico/ Ano Resultados Conclusão G 1 G 2 Almeida, CM Bock, M Revista Brasileira de Fisioterapia São Carlos/ Revista Gaúcha de Enfermagem/ Os resultados revelaram um aumento significativo da temperatura e da saturação periférica de oxigênio e diminuição significativa da frequência respiratória. A prática do método canguru contribui efetivamente para a capacitação dos pais no cuidado com o prematuro no domicilio. O método canguru contribui para maior controle térmico, melhorando a oxigenação tecidual trazendo um maior conforto respiratório aos RNs. A terceira etapa do método canguru, permite um feedback das etapas anteriores, proporciona ao RN a inclusão social na família e mais segurança aos pais. 2

3 G 3 G 4 G 5 G 6 G 7 G8 G 9 G 10 Entringer, AP Franco, MP Lamy, ZC Rodrigues, MAG Menezes, MAS Ministério da Saúde Neves, FAM Queiroz, NA Revista Saúde Pública/ Caderno Terapia Ocupacional/201 2 Texto Enfermagem/200 5 Revista de Enfermagem/200 6 Texto Enfermagem/201 3 Texto/2014 Texto Enfermagem /2006 Texto de Enfermagem 2012 A implementação do método canguru gerou economia ao sistema de saúde com uma redução de 16% dos gastos ao ano. Os RNs que participaram do método canguru obtiveram resultados positivos em relação ao aleitamento materno e tempo de internação hospitalar, porém não apresentou alteração em relação ao desenvolvimento psicomotor. A plena incorporação do método canguru pelas maternidades brasileiras requer um comprometimento de educação permanente, atendendo então a uma atenção mais humanizada ao recém-nascido. Não foi constatado que o método canguru, realizado por um período de 2h/dia, melhore de forma significativa o ganho de peso ou diminua o tempo de internação do recémnascido pré termo. Foi avaliado o aleitamento materno exclusivo na alta e aos 6 meses de idade, apresentando redução de 52,6% para 14,4%. A meta é fortalecer e implantar o método canguru em maternidades. A avaliação da assistência prestada e continua mediante dos registros da evolução clínica e vinculo mãe e filho. Contato pele a pele na sala de parto que propicia o afeto e segurança e confiança. O método canguru tem um menor custo, comparado com a Unidade Intermediaria Neonatal. O método canguru não pode ser definido como fator protetivo na disgrafia na avaliação do desenvolvimento psicomotor da criança. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso, por meio do método canguru caminha em direção à superação da clássica fragmentação entre ações de humanização e ações assistenciais. O uso do método canguru, apenas permite a humanização na assistência neonatal e melhora na participação da mãe. Nas crianças assistidas pelo método canguru a frequência de aleitamento materno exclusivo aos seis meses foi baixa. Descrição do método canguru e seus benefícios. Teve se quebrar alguns tabus da assistência médica e de enfermagem com consequências na valorização e respeito profissional. Toda equipe precisa estar integrada nos cuidados na primeira e segunda etapa e no preparo para alta. 3

4 Discussão Os custos de atenção aos neonatos que recebem o método canguru são relativamente baixos. O estado geral do recém-nascido após o método canguru manifesta-se por meio de um melhor padrão alimentar, menor necessidade de oxigênio, mínima incidência de apneia, maior ganho de peso e consequentemente menor tempo de hospitalização. (ALMEIDA; ALMEIDA; FORTI, 2007). A assistência humanizada melhora o vínculo mãe e filho estabelecendo mais precocemente a relação deste binômio diminuindo o risco de abandono e maus tratos. (MENEZES et al., 2014). Segundo o estudo realizado em um hospital em Piracicaba, São Paulo, no ano de 2004, com 22 recém-nascidos pré-termo com idade gestacional de 28 a 33 semanas, pode ser observado que houve um aumento significativo da temperatura, saturação de oxigênio e diminuição da frequência respiratória, trazendo um maior conforto recém-nascido. (ALMEIDA; ALMEIDA; FORTI, 2007). A interação entre alguns fatores, tais como perda de um bebê em gestação anterior, presença de outros filhos, participação dos pais e de outros membros da família, bem como os arranjos domésticos, podem determinar padrões mais ou menos favoráveis à opção e prática do método canguru, embora reconhecida pela mãe como fundamental para o desenvolvimento do bebê, apresenta dilemas nem sempre fáceis de administrar, principalmente quando realizado intrahospitalar. Na literatura vários estudos correlacionam o método canguru ao tempo de internação, apontando uma redução na permanência hospitalar do RN prematuro assistido pelo método canguru. (RODRIGUES; CANO, 2006). A presença contínua da mãe junto ao bebê, além de garantir calor e leite materno, traz inúmeras outras vantagens dentre as quais a promoção do vínculo mãe-bebê, condição indispensável para a qualidade de vida e sobrevivência do RN após a alta da Unidade Neonatal. O método canguru abrange questões como os cuidados técnicos com o bebê (manuseio, atenção as necessidades individuais, cuidados com luz, som, dor); o acolhimento à família; a promoção do aleitamento materno; e o acompanhamento ambulatorial após alta. (LAMY et al., 2005). Existe uma diferença estabelecida entre o método canguru e a posição canguru. Segundo o Ministério da Saúde, método canguru é um tipo de assistência neonatal que implica contato pele a pele precoce entre a mãe e o RN de baixo peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso o suficiente, permitindo uma maior participação dos pais no cuidado com seu RN e o envolvimento familiar. A posição canguru consiste em manter o RN de baixo peso, ligeiramente vestido, em decúbito prono, na posição vertical, contra o peito de um adulto. O método canguru é mais abrangente e ultrapassa a posição canguru. (LAMY et al., 2005). A mudança na forma de cuidado neonatal proposta pelo método canguru está baseada em quatro fundamentos básicos: acolhimento do bebê e sua família; respeito às individualidades; promoção do contato pele a pele o mais precoce possível; envolvimento da mãe nos cuidados do bebê. (LAMY et al., 2005). O papel da enfermeira na terceira etapa do método canguru vai além do supervisionar, coordenar, encaminhar e prescrever. Os resultados mostram que é preciso receber, colaborar no acolhimento amoroso, estabelecer confiança, distribuir qualidade independente da quantidade, desenvolver um ambiente promotor de estímulos positivos, renovar a comunicação interdisciplinar, participar das avaliações de desenvolvimento do bebê, mostrar os achados positivos nos retornos, informando os pais por meio de uma linguagem simples do primeiro ao último retorno quando da alta da terceira etapa. (BORCK; SANTOS, 2010). O método canguru evita a perda de calor corporal e está associada a manutenção e/ou aumento da temperatura, sendo extremamente positivo para o ganho de peso ponderal do RN prematuro. (ALMEIDA; ALMEIDA; FORTI, 2007). Os RNs prematuros e de baixo peso são considerados população de risco e dependem de atenção e cuidados especiais desde o nascimento, pois estão suscetíveis a doenças que podem ocasionar alterações em seu desenvolvimento. O método canguru traz benefícios à saúde do RN prematuro e de baixo peso, reduzindo o custo e o tempo de internação hospitalar, humanizando a assistência, o vínculo mãe-filho, e a adesão ao aleitamento materno exclusivo. (FRANCO; ALVES, 2014). Uma pesquisa realizada na Unidade Neonatal do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo com cinco enfermeiras visou compreender a percepção delas acerca da implementação do método canguru. Neste estudo as enfermeiras perceberam que é imprescindível o trabalho em 4

5 equipe, a confiança mutua das pessoas envolvidas, sensibilizar e educar a equipe para cada etapa do método canguru. (QUEIROZ; MARANHÃO, 2012). Conclusão A realização deste estudo possibilitou concluir que o método canguru trás benefícios como a melhora das condições fisiológicas do recém-nascido prematuro, sendo apontado como alternativa na substituição de tecnologia e insuficiência quantitativa de leitos de UTI, proporcionando importante redução do tempo de internação neonatal e maior incentivo ao aleitamento materno. Este método é simples, de baixo custo e acontece de modo a favorecer uma assistência humanizada e de qualidade ao RN. Acredita-se que toda iniciativa que promova conforto, melhora da estabilidade clínica e psicológica ao recém-nascido deverá ser integrada à já existente. Deve-se enfatizar que o profissional de enfermagem está diretamente inserido na assistência prestada ao binômio: mãe e neonato, e por este motivo deve ter o olhar apurado para estas questões. Por este motivo é de grande importância à orientação e capacitação contínua da equipe de enfermagem. Observa-se também que a produção científica sobre o tema deva ser estimulada, respaldando e fortalecendo o cuidado ao recém-nascido prematuro. Referências ALMEIDA, C.M; ALMEIDA, A.F.N; FORTI, E.M.P. Efeitos do Método Mãe Canguru nos sinais vitais de recém-nascidos pré-termo de baixo peso. Rev. bras. fisioter. [Online]. São Carlos, v.11, n.1, p.1-5, fev Disponível em Acesso em 24 mar BORCK, M; SANTOS, E.K.A. Terceira etapa Método Canguru: convergência de práticas investigativas e cuidados com famílias em atendimento ambulatorial. Rev. Gaúcha de enfermagem. [Online]. Porto Alegre, v.31, n.4, p.761-8, dez Disponível em Acesso em 24 mar BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde já capacitou mais de 7 mil profissionais no método canguru desde Disponível em ministerio/principal/secretarias/512-sas-raiz/dapes/saude-da-crianca-e-aleitamento-materno/ metodo-canguru. Acesso em 11 jan FRANCO, M.P; ALVES, C.P. O Impacto do Método Mãe Canguru no processo de aprendizagem de prematuros de baixo peso: Revisão de literatura. Cad. Terapia Ocup. [Online]. São Carlos, v.22, n.1, p , Disponível em Acesso em 24 mar LAMY, Z.C et al. Atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso Método Canguru: a proposta brasileira. Ciência & Saúde Coletiva. [Online]. Rio de Janeiro, v.10, n.3, p , Disponível em Acesso em 24 mar MENEZES, M.A.S et al. Recém-nascidos prematuros assistidos pelo Método Canguru: avaliação de uma coorte do nascimento aos seis meses. Rev. paul. Pediatr [Online]. São Paulo, v.32, n.2, p.171-7, Disponível em Acesso em 08 abr NEVES, F.A.M et al. Assistência humanizada ao neonato prematuro e/ou de baixo peso: implantação do Método Mãe Canguru em Hospital Universitário. Acta paul. enferm. [online]. São Paulo, v.19, n.3, p , Disponível em Acesso em 8 abr

6 QUEIROZ, N. A; MARANHÃO, D.G. Ações e cuidados de enfermagem na implementação do Método Mãe Canguru. Rev. Enferm UNISA. [Online]. São Paulo, v.13, n.2, p.121-5, Disponível em Acesso em 8 abr RODRIGUES, M.A.G; CANO, M.A.T. Estudo do ganho de peso e duração da internação do recém-nascido pré- termo de baixo peso com a utilização do Método Canguru. Rev. Eletrônica de Enfermagem. [Online]. São Paulo, v.8, n.2, p , Disponível em Acesso em 11 jan