Programa Curricular. Docente Responsável Prof. Auxiliar Vítor dos Reis. Ano Lectivo

Transcrição

1 Programa Curricular TEORIA DA IMAGEM I Docente Responsável Prof. Auxiliar Vítor dos Reis Ano Lectivo Ciclo de Estudos Licenciatura Período Lectivo 1º Semestre Horas semanais de aulas 3 ECTS 6 ECTS 1. > CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS PARTE I: O OBSERVADOR 1.1. Introdução: Teoria da Imagem como domínio de investigação 1.2. As imagens e o observador: emoção e rapto 1.3. As imagens do observador: figuração e desfiguração 1.4. O olhar do observador: construção e transformação PARTE II: A IMAGEM 2.1. Visualidade: o visível e o invisível 2.2. Significação: o visual e o textual 2.3. Representação: a substituição e a simulação 2.4. Ilusão: a ficção e o conluio PARTE III: A CULTURA VISUAL 3.1. As imagens e o mundo: o natural e o artificial 3.2. As imagens do mundo: o verdadeiro e o falso 3.3. Um mundo de imagens: idolatria e iconoclastia 3.4. Da cultura de imagens à cultura visual: disseminação, contaminação e excesso 2. > OBJECTIVOS DA UNIDADE CURRICULAR E COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR A unidade curricular de Teoria da Imagem I integra-se no grupo de disciplinas específicas da licenciatura de Arte Multimédia e define-se como uma cadeira teórica obrigatória, ministrada no primeiro semestre do segundo ano, integrando a área científica de Arte Multimédia. Teoria da Imagem I tem como objectivo principal o estudo da imagem nas suas múltiplas variantes físicas e conceptuais entendida como artefacto visual que, resultando de processos de construção e organização Teoria da Imagem I 1

2 criativos, se afirma como objecto de comunicação. Neste contexto, a disciplina centra-se no estudo dos aspectos conceptuais que definem a imagem, dos recursos operativos da linguagem visual de que faz uso e das componentes fundamentais dos sentidos que veicula. Para tanto, o programa da disciplina divide-se em três partes: além de uma breve introdução às questões e problemáticas da sua área científica, procura incentivar uma reflexão e uma compreensão mais alargada sobre a ação das imagens no sujeito observador (Parte I), a ação do sujeito criador e do sujeito observador nas imagens (Parte II) e o papel que estas desempenham na cultura moderna e contemporânea (Parte III). Cada uma das partes estruturar-se-á em módulos temáticos destinados à compreensão de conceitos, à reflexão sobre questões e à análise de objetos no âmbito da sua linguagem e organização visuais. Simultaneamente, procurar-se-á investigar, identificar e esclarecer as relações que, por isso mesmo, eles criam e estabelecem com outros objetos com os quais se familiarizam ou diferenciam, independentemente de contextos, categorias e fronteiras tradicionalmente definidas. Pretende-se, assim, de uma forma global: (1) a criação e o desenvolvimento de uma capacidade de compreensão, reflexão e análise autónoma e interdisciplinar no âmbito do que hoje se designa, em termos latos, por teoria da imagem, teoria visual ou estudos visuais; (2) garantir uma formação científica geral em Teoria da Imagem, entendida como um domínio complementar e comum a todos os percursos em Arte Multimédia e ancorada em diferentes aproximações à problemática da imagem na cultura visual contemporânea; (3) garantir a aquisição de noções básicas de métodos e técnicas de investigação que auxiliem o estudante na construção de um trajeto personalizado. 3. > BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL AUMONT, Jacques (1990). L'image. 2ª ed. Paris: Nathan, 2005 (A Imagem. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2009). BAXANDALL, Michael (1994). «Fixation and Distraction: The Nail in Braque s Violin and Pitcher (1910)». In ONIANS, John, coord. Sight & Insight: Essays on Art and Culture in Honour of E.H. Gombrich at 85. Londres: Phaidon Press; p BRYSON, Norman, coord.; ANN HOLLY, Michael, coord.; MOXEY, Keith, coord. (1991). Visual Theory: Painting and Interpretation. Cambridge: Polity CINEMATECA PORTUGUESA / MUSEU DO CINEMA (2005). Cinema & Pintura. Lisboa: Cinemateca Portuguesa / Museu do Cinema. CRARY, Jonathan (1990). Techniques of the Observer: On Vision and Modernity in the Nineteenth Century. Cambridge (Mass.): MIT CRARY, Jonathan (1999). Suspensions of Perception: Attention, Spectacle, and Modern Culture. Cambridge (Mass.): MIT DAMISCH, Hubert (1972). Théorie du nuage: Pour une histoire de la peinture. Paris: Éditions du Seuil. ECO, Umberto, coord. (2004). Storia della Bellezza. Milão: Bompiani (História da Beleza. Lisboa: Difel, 2004). ECO, Umberto, coord. (2007). Storia della Bruttezza. Milão: Bompiani (História do Feio. Lisboa: Difel, 2007). ELKINS, James (1996). The Object Stares Back: On the Nature of Seeing. San Diego e Nova York: Harcourt. ELKINS, James (2003). Visual Studies: A Skeptical Introduction. Nova York Londres: Routledge. Teoria da Imagem I 2

3 ELKINS, James (2008). Six Stories from the End of Representation: Images in Painting, Photography, Astronomy, Microscopy, Particle Physics, and Quantum Mechanics, Stanford (Calif.): Stanford University FLORES, Victor (2012). A Imagem Técnica e as suas Crenças: a Confiança Visual na Era Digital. Lisboa: Vega. FREEDBERG, David (1989). The Power of Images: Studies in the History and Theory of Response. Chicago: University of Chicago FREEDBERG, David; GALLESE, Vittorio (2007). «Motion, Emotion and Empathy in Aesthetic Experience». Trends in Cognitive Science. 11, 5; pp FRIED, Michael (1980). Absorption and Theatricality: Painting and Beholder in the Age of Diderot. Berkeley e Los Angeles: University of California Press (Chicago e Londres: The University of Chicago Press, 1988). FRIED, Michael (2009). Why Photography Matters as Art as Never Before. New Haven e Londres: Yale University FRIEDBERG, Anne (2006). The Virtual Window: From Alberti to Microsoft. Cambridge (Mass.): The MIT GAMBONI, Dario (2002). Potential Images: Ambiguity and Indeterminacy in Modern Art. Londres: Reaktion Books. GAMWELL, Lynn (2002). Exploring the Invisible: Art, Science and the Spiritual. Princeton (N. J.) e Oxford: Princeton University GOMBRICH, E. H. (1960). Art and Illusion: A Study in the Psychology of Pictorial Representation. 5ª ed. Londres: Phaidon Press, GOMBRICH, E. H. (1982). The Image and the Eye: Further Studies in the Psychology of Pictorial Representation. (2ª ed., 1986) Londres: Phaidon GRAU, Oliver (2003). Virtual Art: From Illusion to Immersion. Cambridge (Mass.): The MIT JENKS, Chris, coord. (1995). Visual Culture. Londres e Nova York: Routledge. KAC, Eduardo, coord. (2007). Signs of Life: Bio Art and Beyond. Cambridge (Mass.): MIT KEMP, Martin (1990). The Science of Art: Optical Themes in Western Art from Brunelleschi to Seurat. New Haven e Londres: Yale University KEMP, Martin (2000). Visualizations: The Nature Book of Art and Science. Oxford: Oxford University KEMP, Martin (2006). Seen / Unseen: Art, Science, and Intuition from Leonardo to the Hubble Telescope. Oxford: Oxford University KEMP, Martin (2007). The Human Animal in Western Art and Science. Chicago: University of Chicago KEMP, Martin; WALLACE, Marina (2000). Spectacular Bodies: The Art and Science of the Human Body from Leonardo to Now. Londres: Hayward Gallery. KLEIN, Norman M. (2004). The Vatican to Vegas: The History of Special Effects. New York: The New KUBOVY, Michael (1986). The Psychology of Perspective and Renaissance Art. Cambridge: Cambridge University MEDEIROS, Margarida (2012). A Última Imagem (Fotografia de uma Ficção). Lisboa: Documenta. MIRZOEFF, Nicholas (1995). Bodyscape: Art, Modernity and the Ideal Figure. Londres: Routledge. MIRZOEFF, Nicholas (1999). An Introduction to Visual Culture. Londres e Nova York: Routledge. Teoria da Imagem I 3

4 MIRZOEFF, Nicholas (2009). An Introduction to Visual Culture (Second Edition). Londres e Nova York: Routledge. MIRZOEFF, Nicholas, coord. (2002). The Visual Cultural Reader: Second Edition. Londres: Routledge. MITCHELL, W. J. T. (1986). Iconology: Image, Text, Ideology. Chicago: Chicago University MITCHELL, W. J. T. (1994). Picture Theory: Essays on Verbal and Visual Representation. Chicago: Chicago University MITCHELL, W. J. T. (2005). What Do Pictures Want? The Lives and Loves of Images. Chicago: University of Chicago NDALIANIS, Angela (2004). Neo-Baroque Aesthetics and Contemporary Entertainment. Cambridge (Mass.): The MIT OUDART, Jean-Pierre (1971). «L effet de réel». Cahiers du cinéma. 228 (Março-Abril), p PHILLIPS, Sandra S., coord. (2010). Exposed: Voyeurism, Surveillance, and the Camera. Londres: Tate Publishing. POPPER, Frank (2007). From Technological to Virtual Art. Cambridge (Mass.): MIT PRENDERGAST, Christopher (2000). The Triangle of Representation. Nova York: Columbia University REEVES, Eileen (1997). Painting the Heavens: Art and Science in the Age of Galileo. Princeton (N.J.): Princeton University REIS, Vítor dos (2000). A Caça Desenfreada: O Movimento dos Olhos e o Acto de Ver (Relatório para uma aula teóricoprática no âmbito de Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa). Lisboa: [s.n.]. REIS, Vítor dos (2002). O Olho Prisioneiro e o Desafio do Céu: A Primeira Demonstração Perspéctica de Filippo Brunelleschi como Invenção e Paradigma da Perspectiva Central. ( Biblioteca d Artes, 4 ). Lisboa: Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. REIS, Vítor dos (2005). «O Galileu de Ribera: Arte e Ciência numa Pintura do Palácio Nacional de Sintra». Artis. 4 (Dezembro), p REIS, Vítor dos (2006). O Rapto do Observador: Invenção, Representação e Percepção do Espaço Celestial na Pintura de Tectos em Portugal no Século XVIII. 2 vols. Lisboa: [s.n.]. Tese de doutoramento em Belas-Artes (Teoria da Imagem), apresentada à Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. REIS, Vítor dos (2009). «O Teatro do Universo: Representação e Ilusão nas Máquinas Celestiais da Capela de São Teotónio, em Alcáçovas». Artis. N.º 7/8 (Dezembro), pp REIS, Vítor dos (2010). «A Vida das Imagens: nos Cinquenta Anos do Art and Illusion de E. H. Gombrich». Arte Teoria. Vol. 12/13, pp REIS, Vítor dos (2011). «O Ecrã Barroco: Máquinas Ópticas, Máquinas Celestiais e a Moderna Cultura Visual». Arte & Sociedade (Quinto Ciclo de Conferências): Actas das Conferências. Lisboa: Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa; p REIS, Vítor dos (2011). «O Rasto de um Corpo no Espaço, ou o Observador como Sujeito Vidente em Francisco Afonso Chaves ( )». :Estúdio. Ano II, n.º 4 (Dezembro), p REIS, Vítor dos (2012). «O Cenotáfio de Newton de Étienne Louis Boullée (1784) como Planetário: Ilusão, Imersão e Vertigem». Arte Teoria. Vol. 14/15 ( ), p Teoria da Imagem I 4

5 SICARD, Monique (1998). La fabrique du regard: Images de science et appareils de vision (15ème-20ème siècle). Paris: Odile Jacob (A Fábrica do Olhar: Imagens de Ciência e Aparelhos de Visão (Século XV-XX). Lisboa: Edições 70, 2006). SOLSO, Robert L. (1994). Cognition and Visual Arts. Cambridge (Mass.): The MIT STAFFORD, Barbara Maria (1996). Good Looking: Essays in the Virtue of Images. Cambridge (Mass.): The MIT STAFFORD, Barbara Maria; TERPAK, Frances (2001). Devices of Wonder: From the World in a Box to Images on a Screen. Los Angeles: Getty Research Institute. STOICHITA, Victor I. (1995). Visionary Experience in the Golden Age of Spanish Art. Londres: Reaktion Books. STOICHITA, Victor I. (2008). The Pygmalion Effect: From Ovid to Hitchcock. Chicago: Chicago University STURKEN, Marita; CARTWRIGHT, Lisa (2009). Practices of Looking: An Introduction to Visual Culture. (2ª ed.) Oxford: Oxford University VILLAFÃNE, Justo; MÍNGUEZ, Norberto (1996). Principios de la Teoría General de la Imagen. Madrid: Pirámide. WARNKE, Martin, coord. (2010). Aby Warburg: Atlas Mnemosyne. Madrid: Akal. WIESING, Lambert (2010). Artificial Presence: Philosophical Studies in Image Theory. Stanford University WOLLHEIM, Richard (1991). «What the Spectator Sees», in Norman Bryson; Michael Ann Holly; Keith Moxey (orgs.). Visual Theory: Painting and Interpretation. Cambridge: Polity Press; p ZEKI, Semir (1999). Inner Vision: An Exploration of Art and the Brain. Oxford: Oxford University ZEKI, Semir (2009). Splendors and Miseries of the Brain: Love, Creativity and the Quest for Human Happiness. Chichester: Wiley Blackwell. 4. > METODOLOGIA DE ENSINO (AVALIAÇÃO INCLUÍDA) Teoria da Imagem I organiza-se numa única turma, à qual correspondem três horas lectivas semanais, divididas em duas aulas de noventa minutos. Pelo seu carácter de disciplina teórica, as aulas assentarão na exposição oral e na observação e/ou audição de imagens projetadas, de excertos videográficos e sonoros, ou no recurso a outros materiais audiovisuais. Ao mesmo tempo, procurar-se-á suscitar a participação dos alunos por via do diálogo e da discussão aberta, da colocação de questões e do esclarecimento de dúvidas. As aulas serão acompanhadas da publicação de sumários desenvolvidos da matéria ministrada e, sempre que necessário, de textos ou imagens fundamentais não disponíveis na Biblioteca da Faculdade. Os sumários serão acompanhados de uma bibliografia específica sobre o(s) tópico(s) estudado(s). O processo científico e pedagógico incluirá, no decorrer do semestre, a realização e apresentação por cada aluno e o respectivo acompanhamento pelo docente de dois ensaios escritos. De acordo com o Regulamento Pedagógico da Faculdade, o regime de avaliação da cadeira de Teoria da Imagem I é de três tipos: avaliação contínua, avaliação periódica e avaliação final. 1. Avaliação Contínua A avaliação contínua, com um peso de 10% na classificação final, é resultante da assiduidade e participação nas aulas. Considera-se fundamental a assiduidade às aulas, aceitando-se apenas as faltas por motivo justificado (tal como este é definido pelas regras em vigor), e a ativa participação no seu decorrer. Teoria da Imagem I 5

6 2. Avaliação Periódica A avaliação periódica, com um peso de 90% na nota final, é resultante da entrega obrigatória de: a) um pequeno ensaio escrito (trabalho individual de investigação) com 4 a 5 páginas a partir de uma imagem ou objecto visual escolhido pelo aluno e de acordo com os parâmetros (objectivos, estrutura, data de entrega) a definir após o início das aulas (tem um peso de 30%); b) um projeto escrito do ensaio final, contendo um resumo do trabalho a realizar, um índice preliminar e uma bibliografia, de acordo com os parâmetros (objectivos, estrutura, data de entrega) a definir após o início das aulas (tem um peso de 10%); c) um ensaio final de investigação (trabalho individual de investigação) com 8 a 10 páginas de texto, de acordo com os parâmetros científicos e metodológicos (objectivos, estrutura, data de entrega) a definir após o início das aulas (tem um peso de 50%). Da média ponderada das notas obtidas nas três provas da avaliação periódica decorre a aprovação na unidade curricular (sempre que a média é igual ou superior a 9,5 valores), a reprovação na unidade curricular (sempre que a média é inferior a 7,5 valores) ou a admissão à avaliação final (sempre que a média é igual ou superior a 7,5 valores mas inferior a 9,5 valores). A admissão à avaliação final significa que a aprovação na unidade curricular depende da realização obrigatória desta prova e da classificação nela obtida. 3. Avaliação Final A avaliação final é a prova a realizar pelos estudantes a ela admitidos, de acordo com as seguintes regras: a) Só poderão ser admitidos à avaliação final os alunos que estejam regularmente matriculados e inscritos na disciplina, que tenham frequência das aulas (avaliação contínua), realizado a avaliação periódica e nesta obtido a média de admissão necessária (igual ou superior a 7,5 valores mas inferior a 9,5 valores); b) A avaliação final é obrigatória para todos os alunos a ela admitidos e consiste na realização de uma prova escrita cuja classificação substitui, quando é superior, a que foi obtida no ensaio final (com um peso de 50%). c) A realização da avaliação final em época diferente da época normal e os demais aspectos com ela relacionados processam-se de acordo com as regras definidas pelo Regulamento Pedagógico da Faculdade. 4. Classificação Final A classificação final atribuída ao estudante é a nota que reflete a sua aprovação na unidade curricular e resulta da média ponderada da avaliação periódica (a qual integra a nota da avaliação final nos casos em que foi necessária a sua realização) e da nota da avaliação contínua. 5. Atendimento Pedagógico e publicação da informação Ao longo do semestre haverá semanalmente um período de atendimento reservado aos alunos, que decorrerá no gabinete de Arte Multimédia (último piso, porta 4.27), às quintas-feiras das 15h às 17h. Os alunos poderão, em situações excepcionais e que não substituem a comunicação direta, contactar o docente através do endereço electrónico: vdosreis@fba.ul.pt. Ao longo do semestre, os alunos poderão obter informação atualizada sobre a disciplina e todos os seus documentos fundamentais acedendo ao blogue de apoio desta ( Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 10 de Setembro de Teoria da Imagem I 6