VIII Jornada de Estágio de Serviço Social. NÚCLEO PROMOCIONAL PEQUENO ANJO
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- Martim Camilo Gorjão
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1 VIII Jornada de Estágio de Serviço Social. NÚCLEO PROMOCIONAL PEQUENO ANJO PAZ, Renata MARAVIESKI, Andressa LAVORATTI, Cleide Resumo O trabalho versa sobre a apresentação do Campo de Estágio Núcleo Promocional Pequeno Anjo. O Pequeno Anjo é um abrigo com modalidade Casa-Lar. É uma instituição não governamental, sem fins lucrativos e de cunho filantrópico. Tem por objetivo principal acolher crianças de 0 a 06 anos que se encontram em situação de afastamento familiar por conta da violação de algum de seus direitos. No decorrer do estágio identificamos a importância de políticas públicas na área infanto juvenil, para garantir a Proteção Integral das crianças e adolescentes. Com o passar do tempo, aumenta a necessidade de criar instituições para executar as leis e organizar a sociedade de forma que as crianças e adolescentes não se tornassem mais alvos de marginalização e não sejam expostos a riscos sociais e/ou pessoais. Houve então uma mudança nessas instituições, desde o seu funcionamento até o público alvo e as demandas que atendem, o que acarretou grandes desafios na criação e execução de políticas públicas de assistência às crianças e adolescentes. O Pequeno Anjo surgiu neste contexto e compõe o Sistema de Garantia dos Direitos das crianças e adolescentes. Palavras Chaves: Políticas Públicas, Crianças/ Adolescentes, Acolhimento Institucional. Introdução Este trabalho está baseado na observação e intervenção no campo de estágio de Serviço Social na área de acolhimento institucional, na Entidade Núcleo Promocional Pequeno Anjo. O Pequeno Anjo é uma entidade civil de direito privado, filantrópica e de assistência social. O sistema de atendimento da entidade é de casas lares com mães sociais. Na instituição encontramos 04 casas lares e uma sede administrativa que está em construção. O objetivo geral da instituição é oferecer atendimento e proteção integral às crianças em situação de risco, encaminhadas pela Vara da Infância e Juventude e Conselho Tutelar, priorizando atendimento individualizado, garantindo seus direitos e fortalecendo os vínculos familiares.
2 Contextualização do campo de estágio Segundo o artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, as medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III em razão de sua conduta. Partindo deste pressuposto as crianças que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco social e/ou pessoal, que estão com direitos violados, são encaminhadas pelo Conselho Tutelar para o Fórum, que é um órgão com poder jurisdicional. Neste momento são decididas pelo Juiz da Vara da Infância e Juventude as medidas de proteção possíveis a serem tomadas com as crianças encaminhadas. Alguns casos precisam ser encaminhados para instituição de acolhimento, em função de abandono familiar, maus tratos, abusos sexual, violência, negligencia, e entre outros que necessitam o afastamento familiar. A Casa-Lar é uma modalidade de acolhimento. É o exemplo da instituição Pequeno Anjo, que visa ser um ambiente mais próximo ao ambiente familiar, tanto em estrutura física (de uma residência) como se tratando da rotina das crianças, reforçando valores, costumes e hábitos. A instituição funciona 24 horas, possibilitando assim que as crianças passem a residir no local. O Pequeno Anjo conta com uma equipe técnica para estar realizando o trabalho. As mães sociais são responsáveis pela rotina da casa, a Assistente Social irá fazer um estudo de caso de cada criança acolhida, bem como seu principal objetivo é fazer o desabrigamento, seja com o retorno da criança ou adolescente a família de origem ou colocando-o em uma família substituta. Objetivos institucionais A instituição tem por objetivos específicos: Viabilizar espaço adequado para as crianças acolhidas, com vistas a qualidade de integridade física e moral. Prestar atendimento na modalidade de casas lares, por um período
3 transitório, as crianças em situação de risco social e pessoal. Atender crianças em grupos com idades variadas, não ultrapassando dez crianças por residência. Primar pelo não desmembramento de grupos de irmãos. Atender a crianças considerando o seu desenvolvimento integral e a sua identidade pessoal, preparando-a para a sua inserção social. Garantir o atendimento ao acolhido com programas de Serviço Social, Psicologia, Medicina, Odontologia, Educação Formal e outros quando necessário. Garantir, de modo flexível, o direito de visita dos pais biológicos conforme as normas de convívio comum estabelecidas de forma participativa com todos os envolvidos no abrigo. Estabelecer integração e mediação com as políticas públicas, entre elas a de Saúde, Educação, Assistência Social, Conselhos da Criança e do Adolescente além da articulação com órgãos e entidades relacionados ao projeto. Metodologia dos trabalhos realizados O Núcleo conta com uma Assistente Social para a realização dos trabalhos no campo do Serviço Social. Esta age de acordo com a demanda, objetivos e metas tanto da Instituição mediado pelo seu Código de Ética Profissional. É realizada pela Assistente Social, a partir da entrada da criança na entidade a reintegração desta para o convívio familiar, tal como seu principal objetivo. O trabalho social com as famílias, feito através de entrevista, visita domiciliar onde tem a possibilidade de dar orientações e encaminhamentos às famílias para redes sócio assistenciais. Orienta também a família de forma a fortalecer e preservar os vínculos familiares, nas visitas das famílias às crianças abrigadas que ocorre toda sexta-feira. Tem-se como seu programa de atribuições, visitas domiciliares para conhecimento da realidade social em que está inserida a criança e a família, elaboração de estudo social, encaminhamento da criança e de familiares que se fizeram necessários a outros recursos da comunidade tais como: assistência social, saúde, previdência, profissionalização, educação e possíveis cursos. E por fim elaboração e encaminhamento de estudos sociais bem como pareceres, laudos e
4 relatórios, sempre que for solicitado. Percebemos que para que se tenha eficiência do trabalho institucional, é necessário estarem capacitando constantemente os funcionários, de maneira que suas ações estejam embasadas histórico, teórico e metodologicamente, e não apenas executadas de acordo com costumes e práticas profissionais adquiridas. Partindo desse entendimento, realizamos um Projeto de Capacitação para todos os funcionários e equipe técnica visando que estes possam executar seu trabalho de forma técnica, a partir da concepção da garantia dos direitos de crianças e adolescente e não da caridade ou espírito de solidariedade. Resultados e/ou Considerações O Pequeno Anjo é considerado como serviço de Proteção Social Especial de Alta Complexidade, que se destina a famílias e indivíduos em situação de risco social ou pessoal, cujos direitos tenham sido violados ou ameaçados. Para acessar as ações da Proteção Especial, é necessário que o cidadão esteja enfrentando situações de violações de direitos por ocorrência de violência física ou psicológica, abuso ou exploração sexual; abandono, rompimento ou fragilização de vínculos ou afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medidas de proteção. Diante disso oferta atendimento as crianças que necessitam de acolhimento provisório, fora de seu núcleo familiar de origem. O Núcleo Promocional Pequeno Anjo é uma entidade que presta serviços assistenciais de acolhimento institucional; ou seja, acolhimento provisório e excepcional para crianças de 0 a 06 anos de ambos os sexos, sob medida de proteção (Art. 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente) e em situação de risco pessoal e social, cujas famílias ou responsáveis encontrem-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção. Constatando-se situações em que a família de origem não consegue suprir o atendimento integral ao filho, deixando-o em situação de risco social e/ou pessoal, faz-se necessário a intervenção do judiciário, muitas vezes com a aplicação da medida de proteção de abrigo, que no ECA "é medida provisória e excepcional utilizável como forma de transição para a colocação em família substituta." ( Art. 101, único ), ou o retorno à família biológica.
5 O acolhimento é antes de tudo um momento crucial na vida de uma criança. Seu universo familiar (conhecido) é substituído pela instituição que o acolhe. Seus laços de parentesco, amizades e vizinhança ficam suspensos e ameaçados, talvez extintos. Nos âmbitos pessoais e sociais, o comprometimento mais significativo está na perda de referências afetivas e sociais básicas, o que poderá dificultar, para a criança apartada de seu meio de origem, suas chances futuras de reintegração social. Diante disso, é preciso que o profissional do Serviço Social mantenha o Poder Judiciário (Vara da Infância) informado sobre a situação institucional, escolar e de saúde da criança, para que posteriormente se possa identificar um caminho a inserir esta criança. Esta articulação entre o Serviço Social e o Judiciário é um dos desafios encontrados nas instituições de acolhimento, pois as diversas situações que envolvem a criança e o adolescente em risco exigem uma atenção interdisciplinar para sua resolução. Destacamos ainda como um dos pontos mais importantes, a eficiência atingida pelas politicas públicas que estão auxiliando no trabalho jurisdicional, ou seja, há uma grande deliberação de leis que sozinhas não garantem integralmente o direito da criança. É preciso a efetividade das Políticas Públicas que subsidiem a decisão do poder judiciário, como, por exemplo, para que uma criança retorne a sua família de origem, são necessárias políticas públicas que insiram esta criança em uma escola, é necessário que existam políticas publicas habitacionais, educacionais, e entre outras, ou seja, que auxiliem na moradia da família, bem como saneamento básico e também políticas públicas que façam a inserção na vida comunitária desta criança e de sua família, tornando assim a medida de proteção eficiente. Referências teóricas utilizadas pelo Serviço Social FÁVERO, E.T. MELÃO, M. J. R. JORGE, M. R. T. (orgs.). O Serviço Social e a Psicologia no Judiciário: Construindo saberes, conquistando direitos. 3 ed. São Paulo: Cortez, p. FREITAS, M.C. (org.) História Social da Infância no Brasil. 8. Ed. São Paulo: Cortez, p.
6 RIZZINI, I. O século perdido: raízes históricas das políticas públicas para infância no Brasil. 3. ed. São Paulo: Cortez, p. RIZZINI, I; PILOTTI, F (orgs.). A Arte de governar crianças: a história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. 2. ed. rev. São Paulo: Cortez, p. RIZZINI, I; RIZZINI, I; NAIFF, L; BAPTISTA, R. (coord.). Acolhendo Crianças e Adolescentes: experiências de promoção do direito à convivência familiar e comunitária. 2. ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF; CIESPI; Rio de Janeiro, RJ: PUC-RIO, p. SALES, M. A; MATOS, M. C; LEAL, M. C. (orgs.). Política Social, Família e Juventude: uma questão de direitos. 6. ed. São Paulo: Cortez, p.
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