CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "CONSUMAÇÃO E TENTATIVA"

Transcrição

1 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Introdução. 2. Tentativa. 3. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 4. Arrependimento posterior. 5. Crime impossível. 1. INTRODUÇÃO A realização de um crime é a realização de um projeto concebido na mente do criminoso. Enquanto houver apenas projeto não se pode considerar o agente como punível. Ex.: pensar em matar alguém não gera responsabilidade penal. O agente apenas pode ser punido depois que o projeto se concretiza por meio de atos exteriores, ou seja, quando começa a realizar a conduta descrita no tipo penal. A punição nos termos da pena estabelecida em cada tipo penal somente pode ser aplicada se o agente realizou completamente a conduta, produzindo o resultado previsto no tipo e, portanto, consumando o crime. Caso o agente não realize completamente a conduta, ou seja, não produza o resultado previsto no tipo, podem ocorrer a tentativa ou a desistência voluntária. Caso o resultado deixe de ser produzido depois da realização completa da conduta, haverá arrependimento eficaz. Depois do resultado produzido, a reparação do dano configura arrependimento posterior. Finalmente, se não houver possibilidade produção do resultado, o caso é de crime impossível. Iter criminis ( caminho do crime ) é o conjunto das etapas nas quais se desdobra o projeto criminoso. Divide-se em duas fases, cada uma com suas subdivisões: a) Fase interna: ocorre na mente da pessoa. É composta das seguintes etapas: I) Cogitação: a pessoa concebe a ideia de praticar o crime; II) Deliberação: dialeticamente, a pessoa pondera os fatores favoráveis e contrários ao cometimento do delito; III) Resolução: instante em que a pessoa decide cometer o crime; b) Fase externa: composta de atos tendentes a concretizar a intenção criminosa. É composta das seguintes etapas:

2 I) Manifestação: a pessoa proclama sua intenção de cometer o crime. Normalmente, não é punível, exceto se voltar-se para a própria vítima do crime proclamado. Nesse caso, há crime de ameaça (CP, art. 147); II) Preparação: a pessoa busca os meios necessários para o cometimento do crime. Ex.: adquire a arma para cometer homicídio. Normalmente, não é punível, exceto se constituir tipo autônomo. Ex.: possuir aparelho para a fabricação de moeda falsa é fase de preparação do crime de moeda falsa (CP, art. 289), mas também é previsto como crime autônomo (art. 291); III) Execução: a pessoa pratica atos diretamente voltados para a lesão do bem jurídico protegido. Ex.: atira contra a vítima que pretende matar; IV) Consumação: a pessoa realiza completamente o tipo penal, alcançando o resultado nele previsto. De acordo com o art. 14, I, do CP, diz o crime (...) consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Ex.: morte, no homicídio (CP, art. 121); e subtração do bem, no furto (CP, art. 155) e no roubo (CP, art. 157); 1 V) Exaurimento: o crime já está realizado, com a produção do respectivo resultado. Porém, em certos casos, ainda é possível que a pessoa continue lesando o bem jurídico protegido, esgotando completamente a atividade criminosa. Ex.: o crime de corrupção passiva (CP, art. 317) consuma-se com a solicitação da vantagem indevida ou com a aceitação da promessa de vantagem. O efetivo recebimento da vantagem será apenas exaurimento, sendo considerado como circunstância apta a aumentar a pena. 2 1 RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS ARESTOS RECORRIDO E PARADIGMA. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. APREENSÃO DA ARMA E NÃO REALIZAÇÃO DE PERÍCIA TÉCNICA. AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO. INCIDÊNCIA DA CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE LAUDO PERICIAL. CONSUMAÇÃO DO DELITO. POSSE TRANQÜILA DA RES. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. (...) 3. O Supremo Tribunal Federal e esta Corte, no que se refere à consumação do crime de roubo, adotam a teoria da apprehensio, também denominada de amotio, segundo a qual considera-se consumado o delito no momento em que o agente obtém a posse da res furtiva, ainda que não seja mansa e pacífica e/ou haja perseguição policial, sendo prescindível que o objeto do crime saia da esfera de vigilância da vítima. 4. Recurso parcialmente provido para afastar a aplicação do art. 14, inciso II, do Código Penal. (REsp / RS, julgado em 03/05/2011). 2 Essa distinção tem especial relevância quanto à prisão em flagrante (CPP, art. 302), realizada geralmente no momento da consumação ou logo após. Se entre esta e o exaurimento houver um lapso temporal significativo, não será possível

3 2. TENTATIVA (ART. 14, II) De acordo com o art. 14, II, do CP, diz-se o crime (...) tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. A tentativa é uma causa de extensão do alcance do tipo penal (tipicidade por subordinação mediata ou indireta), pois permite a punição do agente cuja conduta não se adéqua perfeitamente à descrição legal, pois a realiza de forma incompleta. Com base na definição legal, é possível listar os seguintes elementos da tentativa: a) dolo: o agente deve ter a intenção de causar o resultado previsto no tipo penal; b) início da execução: como visto, a preparação é penalmente indiferente, a não ser que esteja prevista como tipo autônomo; c) ausência do resultado previsto no tipo penal: caso o resultado ocorra, o crime é consumado; d) existência de circunstâncias alheias à vontade do agente: a consumação não pode ter sido evitada pela vontade do agente, mas por fatores externos a ela. Nos termos do art. 14, parágrafo único, do CP, a pena do crime tentado é calculada com base na pena do crime consumado, com redução de um a dois terços. A tentativa é, portanto, uma causa de diminuição da pena. A quantidade dessa redução é determinada pela proximidade da tentativa com o crime consumado: quanto mais próxima, menor a redução; quanto mais distante, maior a redução. Ex.: Pedro atira contra Mário, com intenção de matar, mas não o obtém o resultado desejado. Se a Mário não é atingido, Pedro deve ter uma pena menor do que se o tivesse acertado. 3 a prisão em flagrante quando o crime se exaurir. Ex.: o servidor público solicita vantagem indevida e dias depois a recebe. Nesse caso, somente é possível prender em flagrante no primeiro momento, no qual há a consumação. 3 HABEAS CORPUS. APLICAÇÃO DA PENA. CRIME TENTADO. REDUÇÃO DA PENA. CRITÉRIOS. ORDEM CONCEDIDA. 1. No mais forte reconhecimento do clássico princípio da correlação ou correspondência entre o crime e a pena, o Código Penal estabelece que a reprimenda para os delitos tentados é menor do que aquela aplicável aos delitos consumados. 2. A redução constante do parágrafo único do art. 14 do Código Penal é de ser equacionada de acordo com o iter criminis percorrido pelo agente. 3. No caso, as instâncias competentes assentaram que o delito de roubo não se consumou, dando-se que a ação delitiva ficou entre um extremo e outro. Pelo que se revela acertada a decisão que deu pela redução de metade da pena. 4. Ordem concedida. (STF, HC / PR, julgado em 14/04/2009).

4 Nem sempre, porém, o crime tentado é punido com pena menor que o crime consumado. Nas situações expressamente previstas em lei, a pena pode ser igual para ambos os casos: são os crimes de atentado ou de empreendimento (ex.: fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança CP, art. 352). Também em casos expressos, a tentativa não é punida, como nas contravenções (Decreto-lei n 3.688, de 1941, art. 4 ). 4 Ainda é possível que a tentativa não seja punida em razão do ínfimo valor do bem colocado em risco (princípio da insignificância). 5 As seguintes teorias buscaram fundamentar a punição da tentativa: a) Subjetiva, voluntarística ou monista: o agente deve ser punido em razão de sua intenção criminosa, mesmo que não chegue a iniciar a execução do crime; b) Objetiva, realística ou dualista: somente há tentativa quando existe efetivo risco de lesão ao bem jurídico protegido, ou seja, quando o agente inicia a execução. É a teoria adotada no art. 14, II, do CP; c) Subjetivo-objetiva (teoria da impressão): a vontade criminosa é avaliada conjuntamente com o risco que a conduta implica ao bem jurídico protegido; e d) Sintomática: o fundamento da punição é o risco que o agente representa para a sociedade, ou seja, a sua periculosidade. Assim, mesmo que não haja nenhum risco para o bem jurídico, o agente pode ser punido. 4 A doutrina tradicionalmente considera esses dois exemplos como casos de infrações penais que não admitem a tentativa. Essa, porém, não é uma classificação exata, uma vez que, nesses casos, a tentativa pode, de fato, existir; apenas não é penalmente relevante, no caso das contravenções, ou, por outro lado, é tratada de modo idêntico à consumação, no caso do art. 352 do CP. 5 HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL. FURTO TENTADO. RES FURTIVA. VALOR ÍNFIMO. CONDUTA DE MÍNIMA OFENSIVIDADE PARA O DIREITO PENAL. ATIPICIDADE MATERIAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. (...) 2. Hipótese de furto tentado de três barras de ferro, não havendo notícia de que a vítima tenha logrado prejuízo algum, seja com a conduta dos acusados ou com a consequência dela, tendo em vista que os objetos foram recuperados, mostrando-se desproporcional a imposição de sanção penal no caso, pois o resultado jurídico mostra-se absolutamente irrelevante. (...) 4. Ordem concedida para trancar a ação penal em curso contra os réus perante o Juízo singular, dada a ausência de justa causa para a sua deflagração, em razão da atipicidade da conduta imputada. (STJ, HC / RS, julgado em 03/05/2011).

5 A maior controvérsia na caracterização jurídica da tentativa é a exata distinção entre os atos preparatórios (impuníveis) e executórios (puníveis), uma vez que o CP determinou que somente houvesse tentativa se iniciada a execução (art. 14, II), mas não delimita quando, exatamente, esse início se dá. Para isso, foram desenvolvidas, principalmente, as seguintes teorias: a) Teoria subjetiva: não há diferença entre preparação e tentativa, pois importa apenas a existência de atos que demonstrem a existência da intenção criminosa do agente. Ex.: o agente pode ser punido por homicídio pelo simples fato de comprar a arma do crime; b) Teoria objetiva: somente há execução quando são praticados atos que realizem a conduta descrita no tipo penal. Essa é a teoria aceita atualmente, dividindo-se em diversos segmentos: I) Teoria objetivo-formal ou da ação típica: o agente deve realizar efetivamente uma parcela da conduta típica. Ex.: o crime homicídio somente tem sua execução iniciada quando o agente dispara o primeiro tiro; II) Teoria objetivo-formal ou da unidade natural: complementa a teoria anterior, incluindo condutas imediatamente anteriores à ação típica, que se ligam a ela por uma relação necessária (critério do terceiro observador). Ex.: a execução do homicídio inicia-se com o ato do agente apontar a arma para vítima; III) Teoria objetivo-individual: como a anterior, inclui os atos imediatamente anteriores à ação típica, desde que se tenha evidência do plano concreto do autor. Ex.: o agente que adentra em uma residência com o objetivo de subtrair bens inicia a execução do crime de furto. A tentativa pode ser assim classificada: a) Quanto à possibilidade de lesão ao bem protegido: I) Tentativa idônea: traz risco efetivo para o bem. É a verdadeira tentativa; II) Tentativa inidônea, inadequada, impossível ou quase-crime: não coloca em risco o bem. Trata-se do crime impossível; b) Quanto à realização dos atos executórios:

6 I) Tentativa perfeita, acabada, frustrada ou crime falho: o agente executa todos os atos necessários à obtenção do resultado típico, que não sobrevêm por circunstâncias alheias à sua vontade; 6 II) Tentativa imperfeita ou inacabada: o agente não consegue realizar todos os atos necessários à consumação do crime, pois a execução é interrompida por causas estranhas à sua vontade; c) Quanto ao atingimento do objeto material: I) Tentativa branca ou incruenta: o agente não atinge o objeto do crime; II) Tentativa cruenta: o objeto material é atingido; d) Quanto ao motivo da não consumação do crime: I) Tentativa simples: causada por circunstâncias alheias à vontade do agente. É a verdadeira tentativa; II) Tentativa qualificada: causada pela vontade do agente. É o caso da desistência voluntária e do arrependimento eficaz. Finalmente, é preciso mencionar as infrações penais que não admitem tentativa: a) Delitos culposos, pois não há vontade dirigida a um resultado típico. É controversa, porém, a possibilidade de tentativa na culpa imprópria (erro de tipo permissivo inescusável art. 20, 1 do CP). A esse respeito, considero que, havendo essencialmente um crime doloso que, apenas por questão de política criminal, recebe a pena de crime culposo, nada impede que haja tentativa nesse caso. Ex.: pessoa que atira para matar suposto invasor de domicílio, mas não o acerta. Posteriormente, verifica que, na verdade, tratava-se do filho daquele que 6 CRIMINAL. HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO. REDUÇÃO. CRITÉRIO. ITER CRIMINIS INTEGRALMENTE PERCORRIDO. REDUÇÃO MÍNIMA. REGIME INICIALMENTE FECHADO. GRAVIDADE GENÉRICA DO DELITO. PERICULOSIDADE DO AGENTE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA PARA O REGIME MAIS GRAVOSO. PENA FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. RÉU PRIMÁRIO E DE BONS ANTECEDENTES. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. SÚMULA N.º 440/STJ. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. I. O critério para a aplicação da redução pela tentativa decorre da apreciação do iter criminis percorrido pelo agente. Precedentes. II. Hipótese em que houve esgotamento da ação, em que a consumação não ocorreu por razões alheias à vontade dos agentes. III. Deve-se reconhecer a ocorrência de tentativa perfeita ou crime falho, aplicando-se a redução em seu grau mínimo. (...) VIII. Ordem parcialmente concedida, nos termos do voto do Relator. (STJ, HC / SP, julgado em 19/05/2011).

7 atirou. Há, nesse caso, tentativa, cuja pena deve ser calculada com base naquela do homicídio culposo; b) Delitos preterdolosos, em que há dois resultados: o primeiro é atingido dolosamente e o segunda de forma culposa. Ex.: lesão corporal seguida de morte (CP, art. 129, 3 ). Não é possível a tentativa porque não há vontade dirigida à realização do segundo resultado; c) Delitos unissubsistentes, que se consumam com apenas um ato. Ex.: calúnia verbal (CP, art. 138). Não há, portanto, iter criminis; d) Delitos omissivos próprios: consumam-se no primeiro momento em que o agente poderia agir e não agiu. Da mesma forma que os unissubsistentes, não há, aqui, iter criminis DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ (ART. 15) Desistência voluntária é a interrupção da execução do crime em decorrência da vontade do agente. Não é necessário que a desistência seja espontânea, ou seja, concebida pelo próprio agente, bastando que sua vontade seja livremente exercida. Ex.: agente que desiste de matar em razão das súplicas da vítima. Se a pessoa abandona a execução por circunstâncias alheias à sua vontade, não há desistência voluntária, mas tentativa. Ex.: agente que para de atirar ao ver a polícia se aproximando. 8 7 A doutrina majoritária também não admite tentativa nos crimes habituais, que requerem, para a sua consumação, a reiteração de uma conduta. Ex.: rufianismo (CP, art. 230). Em tese, porém, a tentativa é possível; muito difícil é a sua prova. Ex.: pessoa que aluga imóvel e contrata prostitutas com o fim de participar rendimento arrecadado por elas. Antes que a primeira prostituta receba do primeiro cliente, a polícia invade o local e o prende. Trata-se, no caso, de tentativa de rufianismo. 8 PENAL. RECURSO ESPECIAL. ROUBO. TENTATIVA OU DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. AGENTE QUE NÃO SUBTRAI OUTROS OBJETOS DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL OU DEMAIS CLIENTES, DEPOIS DE VERIFICAR NÃO HAVER DINHEIRO NO CAIXA. TIPIFICAÇÃO CORRETA: CRIME TENTADO. INEXISTE DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA QUANDO A CIRCUNSTÂNCIA DE INTERRUPÇÃO DO ITER CRIMINIS OCORRE INTEIRAMENTE À REVELIA DO AGENTE. PRECEDENTES. PARECER MINISTERIAL PELO NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Se o crime não se consuma por circunstância alheia à vontade do agente, o fato é tentado; não há desistência voluntária. 2. Há tentativa de roubo e não desistência voluntária se, depois de descoberta a inexistência de fundos no caixa da casa comercial alvo da pilhagem, o larápio nada leva desta ou de seus consumidores. Precedentes desta Corte. 3. Em hipóteses como a tal, o agente não leva ao fim o feito que havia planejado por circunstância que lhe corria inteiramente à revelia, sua vontade não concorre para evitar a subtração como planejada; não pode, por isso, ser premiado pela interrupção criminosa para a qual não contribuiu. 4. Recurso Especial desprovido. (STJ, REsp / RN, julgado em 23/03/2010).

8 Arrependimento eficaz é a conduta que, depois de executado o crime, evita a sua consumação. A eficácia é requisito essencial, ou seja, não basta que o agente procure evitar a consumação do crime, é preciso que ele realmente consiga impedi-lo. Ex.: Pedro, depois de alvejar com tiros Antônio, o leva ao hospital, onde é salvo. Tanto em um caso como outro, o art. 15 do CP determina que o agente responda apenas pelos atos já praticados. Assim, o agente que desiste de estuprar a vítima ao vê-la nua não responde pelo crime de estupro (CP, art. 213), mas de constrangimento ilegal (CP, art. 146). Da mesma forma, o agente que envenena a vítima e logo depois provê o antídoto, não responde pelo crime de homicídio (CP, art. 121), mas de lesão corporal (CP, art. 129). A doutrina tem profundas divergências quanto à natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, destacando-se três concepções: a) Causa de exclusão da tipicidade, uma vez que exclui o tipo extensivo relativo à tentativa (art. 14, II). Aparentemente, o CP adotou essa concepção ao situar esses institutos no trecho relativo ao tipo penal (CP, art ); b) Causa de exclusão da culpabilidade, pois não há mais o anterior juízo de reprovação sobre a conduta do agente; e c) Causa pessoal de exclusão da punibilidade, pois não há como eliminar retroativamente a tipicidade e a culpabilidade. Há, na verdade, um prêmio conferido legalmente pela desistência ou arrependimento do agente. 4. ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16) Trata-se de causa de diminuição de um a dois terços da pena, na qual o agente, nos crimes cometidos sem violência nem grave ameaça, voluntariamente restitui a coisa ou repara o dano causado antes do recebimento da denúncia ou da queixa. Ao contrário da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, o arrependimento posterior ocorre sempre depois que o crime foi consumado.

9 Nesse sentido, são elementos do arrependimento posterior: a) reparação integral do dano ou restituição da coisa; b) crime realizado sem violência nem grave ameaça à pessoa; c) limite temporal: recebimento, pelo juiz, da denúncia (crimes de ação penal pública) ou da queixa (crimes de ação penal privada); d) voluntariedade do ato: não há diminuição da pena se o ato foi realizado devido a, por exemplo, execução judicial. Caso algum desses elementos não esteja presente, pode haver ainda a atenuante do art. 65, III, b, do CP ( ter o agente (...) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano ). 9 São casos específicos de arrependimento posterior: a) Peculato culposo: a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta (CP, art. 312, 3 ); b) Pagamento por meio de cheques sem fundos: o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal (STF, Súmula 554). Assim, o pagamento de cheque sem fundo antes do recebimento da denúncia é causa de atipicidade do fato, descaracterizando o crime do art. 171, 2, VI, do CP; c) Apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição previdenciária: é extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, 9 PENA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. CRIME COMETIDO COM GRAVE AMEAÇA. NÃO INCIDÊNCIA DO REDUTOR. ATENUANTE DO ART. 65, III, B, DO CP. POSSIBILIDADE. SANÇÃO BÁSICA FIXADA NO MÍNIMO. REDUÇÃO IMPRATICÁVEL. SÚMULA 231 DO STJ. CONSTRANGIMENTO ILEGAL AUSENTE. 1. A aplicação da causa geral de redução de pena do art. 16 do CP pressupõe que o delito não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça. 2. Embora tenha o réu devolvido à vítima parte da quantia subtraída, inviável o reconhecimento do arrependimento posterior, pois o delito de roubo foi cometido com grave ameaça mediante o emprego de arma de fogo. 3. Não obstante possível a incidência da atenuante do art. 65, III, b, do CP, por ter procurado o agente, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano, não há como se proceder a redução de pena, pois a base foi estipulada no mínimo legalmente previsto para o tipo. Exegese do enunciado sumular n. 231 desse STJ. (STJ, HC / SP, julgado em 15/10/2009).

10 importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal (CP, arts. 168-A, 2, e 337-A, 1 ); d) Crimes contra a ordem tributária: extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia (art. 34 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995); e) Delação premiada: o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços (Lei de Proteção às Testemunhas Lei n 9.087, de 13 de julho de 1999, art. 14). Está prevista especificamente para os crimes hediondos (Lei n 8.072, de 25 de julho de 1990, art. 7 ) e para o tráfico de drogas (Lei n , de 23 de agosto de 2006, art. 41). Para os integrantes de organizações criminosas, a Lei n , de 2013, previu o instituto análogo da colaboração premiada em seus arts. 4 a CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17) Crime impossível ou quase-crime é aquele não pode ser consumado, seja por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto. Difere-se da tentativa, em que há possibilidade de consumação do crime. Sua natureza jurídica é a de causa de exclusão da tipicidade. São causas de crime impossível: a) Ineficácia absoluta do meio: o instrumento utilizado para a prática do crime é absolutamente inviável para levar à sua consumação. Ex.: utilizar um palito de dente para tentar matar um adulto; HABEAS CORPUS. PENAL. PACIENTE CONDENADO POR TENTATIVA DE FURTO. ALEGAÇÃO DE CRIME IMPOSSÍVEL. SUPERVENIÊNCIA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELO PAGAMENTO DA PENA DE MULTA. ÚNICA APLICADA. SÚMULA 695/STF. PREJUDICIALIDADE. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DA CORTE SOBRE A MATÉRIA. WRIT PREJUDICADO. (...) III Reafirmação da

11 b) Impropriedade absoluta do objeto material: a pessoa ou o objeto sobre o qual recai a conduta é totalmente inidônea para provocar algum resultado lesivo. Ex.: um cadáver não poder ser objeto do crime de homicídio. Percebe-se que o crime impossível sempre requer que a ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto sejam absolutas. A relatividade de algum deles implica a existência de tentativa: Há ineficácia relativa do meio quando, não obstante eficaz à produção do resultado, este não ocorre por circunstâncias acidentais. É o caso do agente que pretende desfechar um tiro contra a vítima, mas a arma nega fogo. Há impropriedade relativa do objeto quando: a) uma condição acidental do próprio objeto material neutraliza a eficiência do meio utilizado pelo agente; b) presente o objeto na fase inicial da conduta, vem a ausentar-se no instante do ataque. Ex.: a cigarreira da vítima desvia o projétil; o agente dispara tiros de revólver no leito da vítima, que dele saíra segundos antes. 11 Flagrante preparado é aquele no qual a polícia ou terceiro (agente provocador) prepara uma situação, na qual induz o agente a realizar a conduta típica, mas impedindo sua consumação. Ex.: investigadora grávida pede para o médico fazer um aborto apenas para prendê-lo em flagrante. De acordo com o STF, não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação (Súmula 145). Trata-se de crime impossível por ineficácia absoluta do meio. Delito putativo é aquele que existe apenas na imaginação do agente. Decorre sempre de um erro de proibição: o agente conhece a situação, mas imagina erroneamente que o ato é típico. Ex.: incesto, conduta que, apesar de reprovada socialmente, não é prevista na lei penal brasileira. jurisprudência deste Tribunal, que, em outras oportunidades, afastou a tese de crime impossível somente pela existência de sistema de vigilância instalado no estabelecimento comercial, visto que esses dispositivos apenas dificultam a ação dos agentes, sem impedi-la. IV Habeas corpus prejudicado. (STF, HC / SP, julgado em 05/10/2010). 11 JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. Parte Geral. Volume 1, p. 346.

12 Difere do crime impossível, que resulta de um erro de tipo: o agente quer praticar um crime, mas o desconhecimento da situação de fato o leva a cometer um indiferente penal. Ex.: mulher acha que está grávida e toma um abortivo. Iter criminis Tentativa Consumação e tentativa Cogitação Surge a ideia de cometer o crime. Fase Deliberação A pessoa avalia a viabilidade da ideia. interna Resolução A pessoa decide executar a ideia. Declaração da intenção de cometer o Manifestação crime. Reunião dos meios necessários para a Preparação realização do crime. Fase Conduta direcionada de modo unívoco à Execução externa realização de um resultado típico. Obtenção do resultado previsto no tipo Consumação penal. Violação do bem protegido em estágio Exaurimento posterior à execução do crime. Depois de iniciada a execução do crime, o resultado não é obtido em razão de Conceito circunstâncias alheias à vontade do agente. Dolo. Início de execução. Elementos Ausência de resultado típico. Circunstâncias alheias à vontade do agente. Em regra, é a pena do crime consumado, Pena diminuída de um a dois terços. Subjetiva, voluntarística ou monista.

13 Teorias sobre a punibilidade da tentativa Teorias sobre a distinção entre atos preparatórios e executórios Classificação Objetiva, realística ou dualista. Subjetivo-objetiva (teoria da impressão). Sintomática. Subjetiva Teoria objetivo-formal ou da ação típica. Teoria objetivo-formal ou Objetiva da unidade natural. Teoria objetivoindividual. Quanto à Tentativa idônea. possibilidade Tentativa inidônea, de lesão ao inadequada, impossível ou bem quase-crime. protegido Tentativa perfeita, Quanto à acabada, frustrada ou realização crime falho. dos atos Tentativa imperfeita ou executórios inacabada. Quanto à Tentativa branca ou lesão ao incruenta. objeto Tentativa cruenta. material Quanto ao Tentativa simples. motivo da realização Tentativa qualificada. incompleta do tipo Culposos.

14 Desistência voluntária e arrependimento eficaz Arrependimento posterior Delitos que não admitem tentativa Conceito Distinção Consequência Teorias a respeito da natureza jurídica Conceito Elementos Pena Casos especiais Preterdolosos. Unissubsistentes. Omissivos próprios. Situações em que o agente, depois de iniciada a execução, voluntariamente impede a ocorrência do resultado. Desistência Interrupção voluntária voluntária dos atos executórios. Impedimento da Arrependiment ocorrência do resultado o eficaz após o fim da execução. O agente responde apenas pelo resultado já obtido. Tipicidade. Causa de Culpabilidade. exclusão da Punibilidade. Reparação integral do dano causado pelo crime cometido sem violência sem grave ameaça. Reparação integral do dano. Inexistência de violência ou grave ameaça. Voluntariedade. Eficácia até o recebimento da denúncia ou da queixa. Se a reparação for feita até o julgamento, existe atenuante. Diminuída de um a dois terços. Peculato culposo.

15 Crime impossível Conceito Causas Flagrante preparado Delito putativo Pagamento por meio de cheques sem fundos. Apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição previdenciária. Crimes contra a ordem tributária. Delação premiada. Conduta incapaz de consumar um crime, pois não coloca em risco o bem jurídico protegido. Ineficácia absoluta do meio. Impropriedade absoluta do objeto material. Caso de crime impossível no qual um agente provocador induz alguém a realizar a conduta típica, mas impedindo sua consumação. O agente imagina estar cometendo um crime, quando, na verdade, realiza uma conduta atípica.

Direito Penal. Consumação e Tentativa

Direito Penal. Consumação e Tentativa Direito Penal Consumação e Tentativa Crime Consumado Quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal (art. 14, I, CP); Realização plena dos elementos constantes do tipo legal; Crime Consumado

Leia mais

DESISTÊNCIA ARREPENDIMENTO

DESISTÊNCIA ARREPENDIMENTO DESISTÊNCIA E ARREPENDIMENTO A tentativa é perfeita quando o agente fez tudo o que podia, praticando todos os atos executórios, mas não obteve o resultado por circunstâncias alheias a sua vontade. Aplica-se

Leia mais

A pessoa que possui apenas o desejo de praticar um fato típico. criminosa, motivo pelo qual não são punidos os atos preparatórios do crime.

A pessoa que possui apenas o desejo de praticar um fato típico. criminosa, motivo pelo qual não são punidos os atos preparatórios do crime. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA A pessoa que possui apenas o desejo de praticar um fato típico não pode ser considerada criminosa, motivo pelo qual não são punidos os atos preparatórios do crime. Excepcionalmente,

Leia mais

TENTATIVA (art. 14, II, CP)

TENTATIVA (art. 14, II, CP) (art. 14, II, CP) 1. CONCEITO realização incompleta do tipo objetivo, que não se realizada por circunstâncias alheias à vontade do agente. Art. 14 - Diz-se o crime: [...] II - tentado, quando, iniciada

Leia mais

XXII EXAME DE ORDEM DIREITO PENAL PROF. ALEXANDRE SALIM

XXII EXAME DE ORDEM DIREITO PENAL PROF. ALEXANDRE SALIM XXII EXAME DE ORDEM DIREITO PENAL PROF. ALEXANDRE SALIM Atualização legislativa (Lei 13.344/2016) TRÁFICO DE PESSOAS Revogação dos arts. 231 e 231-A do CP Criação do art. 149-A do CP Alteração do art.

Leia mais

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal O Erro e suas espécies Erro sobre elementos do tipo (art. 20, CP) Há o erro de tipo evitável e inevitável. Caso se trate de erro de tipo inevitável, exclui-se o dolo e a culpa. No entanto, se o erro for

Leia mais

Reparação de Dano. A reparação do dano sempre beneficia o agente

Reparação de Dano. A reparação do dano sempre beneficia o agente LEGALE Reparação de Dano Reparação de Dano A reparação do dano sempre beneficia o agente Reparação de Dano Se o agente voluntariamente reparar o dano ou restituir a coisa, antes do recebimento da denúncia

Leia mais

Direito Penal Promotor de Justiça - 4ª fase

Direito Penal Promotor de Justiça - 4ª fase CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Penal Promotor de Justiça - 4ª fase Iter Criminis Período 2004-2016 1) FCC Técnico - MPE SE (2013) Por si própria, a conduta de premeditar um crime de homicídio

Leia mais

ARREPENDIMENTO POSTERIOR EM DELTA

ARREPENDIMENTO POSTERIOR EM DELTA ARREPENDIMENTO POSTERIOR EM DELTA ELISA MOREIRA CAETANO Delegada de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais. Especialista em Ciências Penais pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF/MG). Bacharela

Leia mais

Iter Criminis. Teorias que explicam a transição dos atos preparatórios para os atos executórios:

Iter Criminis. Teorias que explicam a transição dos atos preparatórios para os atos executórios: Iter Criminis São fases pelas quais passa o delito. 1. Cogitação (fase interna): é subjetiva, sendo impunível no Brasil. 2. Preparação (fase externa): em regra, no Brasil também é impunível. Por vezes,

Leia mais

NOÇÕES DE DIREITO PENAL NEXO CAUSAL E ITER CRIMINIS

NOÇÕES DE DIREITO PENAL NEXO CAUSAL E ITER CRIMINIS NOÇÕES DE DIREITO PENAL NEXO CAUSAL E ITER CRIMINIS 1) Acerca da relação de causalidade no Direito Penal brasileiro, assinale a alternativa incorreta. a) O resultado, de que depende a existência do crime,

Leia mais

TJ - SP Direito Penal Dos Crimes Praticados Por Funcionários Públicos Emerson Castelo Branco

TJ - SP Direito Penal Dos Crimes Praticados Por Funcionários Públicos Emerson Castelo Branco TJ - SP Direito Penal Dos Crimes Praticados Por Funcionários Públicos Emerson Castelo Branco 2012 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor. DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO

Leia mais

Direito Penal. Tentativa. Professor Joerberth Nunes.

Direito Penal. Tentativa. Professor Joerberth Nunes. Direito Penal Tentativa Professor Joerberth Nunes www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Penal TENTATIVA Art. 14. Diz-se o crime: Crime consumado TÍTULO II Do Crime I consumado, quando nele se reúnem todos

Leia mais

Direito Penal. Roubo e Extorsão

Direito Penal. Roubo e Extorsão Direito Penal Roubo e Extorsão Roubo Impróprio Art. 157, 1, do CP Na mesma pena (do caput - reclusão de 4 a 8 anos, e multa) incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra a pessoa

Leia mais

Direito Penal Analista - TRF - 4ª fase

Direito Penal Analista - TRF - 4ª fase CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Penal Analista - TRF - 4ª fase Período 2010-2016 1) FCC Técnico - MPE SE (2013) Por si própria, a conduta de premeditar um crime de homicídio caracteriza a) início

Leia mais

Conduta. Conceito É a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinado fim (Damásio)

Conduta. Conceito É a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinado fim (Damásio) LEGALE CONDUTA Conduta Conceito É a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinado fim (Damásio) Conduta Características - Humana - Repercussão externa - Dirigida a um fim - Manifestação da

Leia mais

EU NÃO SONHEI COM O SUCESSO EU TRABALHEI PARA ELE

EU NÃO SONHEI COM O SUCESSO EU TRABALHEI PARA ELE EU NÃO SONHEI COM O SUCESSO EU TRABALHEI PARA ELE São Paulo, novembro de 2017 1) CRIME NAO CONSUMADO: TENTATIVA, DESISTENCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ, CRIME IMPOSSIVEL, ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Leia mais

DIREITO PENAL. 1. Roubo art. 157, CP:

DIREITO PENAL. 1. Roubo art. 157, CP: 1 PONTO 1: Roubo PONTO 2: Extorsão PONTO 3: Apropriação Indébita Previdenciária 1. Roubo art. 157, CP: Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência

Leia mais

Resultado. Conceito: Lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal (Mirabete)

Resultado. Conceito: Lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal (Mirabete) LEGALE RESULTADO Resultado Conceito: Lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal (Mirabete) Resultado Dessa forma, o resultado pode ser: - Físico (externo ao homem) - Fisiológico

Leia mais

Aula 28 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I).

Aula 28 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I). Curso/Disciplina: Noções de Direito Penal Aula: Noções de Direito Penal - 28 Professor : Leonardo Galardo Monitor : Virgilio Frederich Aula 28 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I). 1. Crimes de furto e

Leia mais

ROTEIRO DE ESTUDO DIREITO PENAL : PARTE ESPECIAL. Prof. Joerberth Pinto Nunes. Crimes contra a Administração Pública

ROTEIRO DE ESTUDO DIREITO PENAL : PARTE ESPECIAL. Prof. Joerberth Pinto Nunes. Crimes contra a Administração Pública ROTEIRO DE ESTUDO DIREITO PENAL : PARTE ESPECIAL Prof. Joerberth Pinto Nunes Crimes contra a Administração Pública 01) art. 312, CP -Espécies : caput : peculato-apropriação e peculato-desvio -Parágrafo

Leia mais

DIREITO PENAL MILITAR

DIREITO PENAL MILITAR DIREITO PENAL MILITAR Teoria Geral do Crime Militar Parte 6 Prof. Pablo Cruz Desistência voluntária e arrependimento eficaz Teoria Geral do Crime Militar Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste

Leia mais

EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL

EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL 1) O Código Penal Brasileiro estabelece, em seu artigo 137, o crime de rixa, especificamente apresentando os elementos a seguir. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Leia mais

Mini Simulado GRATUITO de Direito Penal. TEMA: Diversos

Mini Simulado GRATUITO de Direito Penal. TEMA: Diversos Mini Simulado GRATUITO de Direito Penal TEMA: Diversos 1. Um militar das Forças Armadas, durante a prestação de serviço na organização militar onde ele servia, foi preso em flagrante delito por estar na

Leia mais

Reparação de Dano. A reparação do dano sempre beneficia o agente

Reparação de Dano. A reparação do dano sempre beneficia o agente LEGALE Reparação de Dano Reparação de Dano A reparação do dano sempre beneficia o agente Reparação de Dano Se o agente voluntariamente reparar o dano ou restituir a coisa, antes do recebimento da denúncia

Leia mais

NOÇÕES GERAIS DE PARTE GERAL DO CP E CPP ESSENCIAIS PARA O ENTENDIMENTO DA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

NOÇÕES GERAIS DE PARTE GERAL DO CP E CPP ESSENCIAIS PARA O ENTENDIMENTO DA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL NOÇÕES GERAIS DE PARTE GERAL DO CP E CPP ESSENCIAIS PARA O ENTENDIMENTO DA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 1. ITER CRIMINIS CAMINHO DO CRIME FASE INTERNA COGITAÇÃO ( irrelevante para direito penal) 2. FASE EXTERNA

Leia mais

Curso Resultado. Mapeamento das provas do MP-SP 2010, 2011, 2012, 2013 e 2015 Versão com gabaritos DEMONSTRAÇÃO. Trabalho atualizado em julho/2017.

Curso Resultado. Mapeamento das provas do MP-SP 2010, 2011, 2012, 2013 e 2015 Versão com gabaritos DEMONSTRAÇÃO. Trabalho atualizado em julho/2017. Curso Resultado Mapeamento das provas do MP-SP 2010, 2011, 2012, 2013 e 2015 Versão com gabaritos DEMONSTRAÇÃO Trabalho atualizado em julho/2017. SUMÁRIO Parte 1 - Levantamento do que caiu e como caiu

Leia mais

ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO

ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO Erro de tipo é o que incide sobre s elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma

Leia mais

CONHECENDO O INIMIGO PROF. NIDAL AHMAD

CONHECENDO O INIMIGO PROF. NIDAL AHMAD CONHECENDO O INIMIGO Direito Penal PROF. NIDAL AHMAD Tentativa & Desistência voluntária & Arrependimento Eficaz & Arrependimento Posterior Introdução: 3.1) DO CRIME DOLOSO Art. 18, I, CP I) DOLO DIRETO

Leia mais

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal Teoria do Crime. Período

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal Teoria do Crime. Período CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Teoria do Crime Promotor de Justiça Período 2010 2016 1) COMISSÃO EXAMINADORA PROMOTOR DE JUSTIÇA MPE SP (2015) Após a leitura dos enunciados abaixo, assinale a alternativa

Leia mais

05/05/2017 PAULO IGOR DIREITO PENAL

05/05/2017 PAULO IGOR DIREITO PENAL PAULO IGOR DIREITO PENAL (VUNESP/ ASSISTENTE JURÍDICO PREFEITURA DE ANDRADINA SP/ 2017) A conduta de patrocinar indiretamente interesse privado perante a Administração Pública, valendo-se da sua qualidade

Leia mais

Polícia Legislativa Senado Federal

Polícia Legislativa Senado Federal CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Penal Polícia Legislativa Senado Federal Período: 2008-2017 Sumário Direito Penal... 3 Princípios Modernos de Direito Penal... 3 Nexo de Causalidade... 3 Arrependimento

Leia mais

1. CRIMES QUALIFICADOS OU AGRAVADOS PELO RESULTADO. Art. 19 do CP Agente deve causar pelo menos culposamente.

1. CRIMES QUALIFICADOS OU AGRAVADOS PELO RESULTADO. Art. 19 do CP Agente deve causar pelo menos culposamente. 1 DIREITO PENAL PONTO 1: Crimes Qualificados ou Agravados pelo Resultado PONTO 2: Erro de Tipo PONTO 3: Erro de Tipo Essencial PONTO 4: Erro determinado por Terceiro PONTO 5: Discriminantes Putativas PONTO

Leia mais

Série Resumos. Direito Penal Parte Geral FORTIUM. Brasília, DF (81) G971d

Série Resumos. Direito Penal Parte Geral FORTIUM. Brasília, DF (81) G971d Série Resumos VYVYANY VIANA NASCIMENTO DE AZEVEDO GULART Promotora de Justiça do Distrito Federal; Professora universitária; Professora de cursos preparatórios para concursos; Ex-Delegada da Polícia Civil

Leia mais

ITER CRIMINIS (Material baseado na obra de Victor Eduardo Rios Gonçalves, 2011)

ITER CRIMINIS (Material baseado na obra de Victor Eduardo Rios Gonçalves, 2011) ITER CRIMINIS (Material baseado na obra de Victor Eduardo Rios Gonçalves, 2011) Iter criminis. São as fases que o agente percorre até chegar à consumação do delito: 1ª fase Cogitação. Nessa fase, o agente

Leia mais

SEFAZ DIREITO PENAL Teoria Geral do Crime Prof. Joerberth Nunes

SEFAZ DIREITO PENAL Teoria Geral do Crime Prof. Joerberth Nunes SEFAZ DIREITO PENAL Teoria Geral do Crime Prof. Joerberth Nunes www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Penal CÓDIGO PENAL TÍTULO II Do Crime Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de Art.

Leia mais

Tempo do Crime. Lugar do Crime

Tempo do Crime. Lugar do Crime DIREITO PENAL GERAL Professores: Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad TEORIA GERAL DA NORMA Tempo do Crime Lugar do Crime Art. 4º, CP: teoria da atividade. Considerado praticado o crime no momento da ação ou

Leia mais

Direito Penal - Professor Sandro Caldeira. Concurso de Pessoas

Direito Penal - Professor Sandro Caldeira. Concurso de Pessoas Direito Penal - Professor Sandro Caldeira Concurso de Pessoas Art. 29 CP - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade Conceito: Configura-se

Leia mais

Por: Pedro Henrique ChaibSidi

Por: Pedro Henrique ChaibSidi 1 A TUTELA PENAL DE BENS JURÍDICOS DIFUSOS, COMO O MEIO AMBIENTE, IMPEDE A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, POR FORÇA DA PLURALIDADE DE VÍTIMAS ATINGIDAS? Por: Pedro Henrique ChaibSidi A constituição

Leia mais

CRIMES - FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA ADMINISTRAÇÃO

CRIMES - FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA ADMINISTRAÇÃO CRIMES - FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA ADMINISTRAÇÃO www.trilhante.com.br 1 HABEAS DATA: CRIMES RESUMO PRATICADOS PRÁTICO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO www.trilhante.com.br 1. Crimes praticados

Leia mais

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL - LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL - - Lei nº 9.455/1997 - Lei Antitortura - Professor: Marcos Girão - A TORTURA E A CF/88 1 - CF/88 - CF/88 O STF também já decidiu que o condenado por crime de tortura também

Leia mais

Direito Penal Prof. Joerberth Nunes

Direito Penal Prof. Joerberth Nunes Técnico Judiciário Área Judiciária e Administrativa Direito Penal Prof. Joerberth Nunes Direito Penal Professor Joerberth Nunes www.acasadoconcurseiro.com.br Edital DIREITO PENAL: Código Penal: Dos crimes

Leia mais

AULA 11. Aproveitando essa questão de exaurimento, vamos estudar algumas peculiaridades:

AULA 11. Aproveitando essa questão de exaurimento, vamos estudar algumas peculiaridades: Turma e Ano: Master A (2015) 01/04/2015 Matéria / Aula: Direito Penal / Aula 11 Professor: Marcelo Uzeda de Farias Monitor: Alexandre Paiol AULA 11 CONTEÚDO DA AULA: - Iter criminis, crime tentado 5) Exaurimento

Leia mais

7/4/2014. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. + Sumário. Multa Qualificada. Responsabilidade dos Sócios

7/4/2014. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Multa Qualificada. Paulo Caliendo. + Sumário. Multa Qualificada. Responsabilidade dos Sócios + Multa Qualificada Paulo Caliendo Multa Qualificada Paulo Caliendo + Sumário Multa Qualificada Responsabilidade dos Sócios 1 + Importância da Definição: mudança de contexto Modelo Anterior Sentido Arrecadatório

Leia mais

Teorias da Conduta/Omissão

Teorias da Conduta/Omissão Teorias da Conduta/Omissão Teoria Normativa juizo post facto Teoria Finalista (Não) fazer com um fim a ser atingido (Johannes Welzel e Francisco Muñoz Conde) Dever/Poder de agir AUSÊNCIA DE CONDUTA - Movimentos

Leia mais

Direito Penal. Concurso de Crimes

Direito Penal. Concurso de Crimes Direito Penal Concurso de Crimes Distinções Preliminares Concurso de crimes ou delitos X Concurso de pessoas ou agentes X Concurso de normas ou conflito aparente de normas penais - Concurso de crimes ou

Leia mais

DIREITO PENAL TEORIA DO CRIME. Prof. Ricardo Antonio Andreucci

DIREITO PENAL TEORIA DO CRIME. Prof. Ricardo Antonio Andreucci DIREITO PENAL TEORIA DO CRIME 1 O crime pode ser conceituado sob o aspecto material (considerando o conteúdo do fato punível), sob o aspecto formal e sob o aspecto analítico. CONCEITO DE CRIME 2 Conceito

Leia mais

Ponto 9 do plano de ensino

Ponto 9 do plano de ensino Ponto 9 do plano de ensino Concurso formal e material de crimes. Vedação ao concurso formal mais gravoso. Desígnios autônomos. Crime continuado: requisitos. Erro na execução. Resultado diverso do pretendido.

Leia mais

CONCURSO DE PESSOAS. pág. 2

CONCURSO DE PESSOAS.   pág. 2 CONCURSO DE PESSOAS Concurso de pessoas Ocorre quando mais de uma pessoa pratica o crime. 1.1. Crimes Unissubjetivos (Monossubjetivos) e Plurissubjetivos. 1.2. Teoria Monista (Unitária) Mitigada (Temporada)

Leia mais

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Período 2010 2016 1) ESAF Analista de Finanças e Controle - CGU (2012) A respeito do crime, é correto afirmar: a) crime consumado é aquele que reúne todos os elementos

Leia mais

CEM. Direito Penal Crimes Tributários

CEM. Direito Penal Crimes Tributários CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Crimes Tributários CERT 19ª Fase Período: 1) VUNESP - JE TJRJ/TJ RJ/2012 Assinale a alternativa que retrata o entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal Federal. a) Não

Leia mais

Direito Penal. Furto e Roubo

Direito Penal. Furto e Roubo Direito Penal Furto e Roubo Furto Art. 155 do CP Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Furto Objetividade Jurídica: Patrimônio. Sujeito

Leia mais

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Período 2010 2016 1) CESPE - Oficial Técnico de Inteligência ABIN (2010) Julgue o item a seguir, referente a institutos de direito penal. A desistência voluntária e o arrependimento

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Roubo de boné: princípio da irrelevância penal do fato Patricia Donati de Almeida Comentários do professor Luiz Flávio Gomes sobre os princípios da insignificância e da A revista

Leia mais

Direito Penal. Extorsão e Extorsão Mediante Sequestro

Direito Penal. Extorsão e Extorsão Mediante Sequestro Direito Penal Extorsão e Extorsão Mediante Sequestro Sequestro Relâmpago Art. 158, 3, CP: Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção

Leia mais

CURSO PROFESSOR ANDRESAN! CURSOS PARA CONCURSOS PROFESSORA SIMONE SCHROEDER

CURSO PROFESSOR ANDRESAN! CURSOS PARA CONCURSOS PROFESSORA SIMONE SCHROEDER CURSO PROFESSOR ANDRESAN! CURSOS PARA CONCURSOS PROFESSORA SIMONE SCHROEDER REGIME PENAL 1. Conforme entendimento do STF, a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação

Leia mais

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. 1) art. 1º, CP : princípio da anterioridade da lei penal e princípío da legalidade ou da reserva legal

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. 1) art. 1º, CP : princípio da anterioridade da lei penal e princípío da legalidade ou da reserva legal Direito Penal ROTEIRO DE ESTUDO Prof. Joerberth Pinto Nunes DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 1) art. 1º, CP : princípio da anterioridade da lei penal e princípío da legalidade ou da reserva legal 2) art. 2º,

Leia mais

TEMAS - STJ DIREITO PENAL

TEMAS - STJ DIREITO PENAL S - STJ DIREITO PENAL TEMA 20 REsp 1107314 REsp 1110823 REsp 1110824 157 REsp 1112748 190 191 REsp 1117068 REsp 1117073 REsp 1117068 Questiona-se se a prestação de serviços à comunidade pode ser fixada

Leia mais

SÚMULAS DE DIREITO PENAL

SÚMULAS DE DIREITO PENAL SÚMULAS DE DIREITO PENAL DIVIDIDAS POR TEMAS STJ E STF Súmula nº 611 APLICAÇÃO DA LEI PENAL Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.

Leia mais

EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL 1. Acerca da aplicação da lei penal, do conceito analítico de crime, da exclusão de ilicitude e da imputabilidade penal, julgue o item que se segue. A legítima

Leia mais

Capítulo 1 Noções Preliminares... 1 Capítulo 2 Aplicação da Lei Penal... 29

Capítulo 1 Noções Preliminares... 1 Capítulo 2 Aplicação da Lei Penal... 29 Sumário Capítulo 1 Noções Preliminares... 1 1. Introdução... 1 2. Princípios... 4 2.1. Princípio da legalidade... 5 2.2. Princípio da anterioridade da lei penal... 5 2.3. Princípio da irretroatividade

Leia mais

Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Paulo Caliendo

Multa Qualificada. Paulo Caliendo. Paulo Caliendo + Multa Qualificada Paulo Caliendo Multa Qualificada Paulo Caliendo + Importância da Definição: mudança de contexto Modelo Anterior Sentido Arrecadatório Modelo Atual Sentido repressor e punitivo Última

Leia mais

Professor Sandro Caldeira Concurso de Crimes

Professor Sandro Caldeira Concurso de Crimes Professor Sandro Caldeira Concurso de Crimes Concurso de crimes Espécies: Concurso material artigo 69 do CP; Concurso formal artigo 70 do CP; Continuidade delitiva artigo 71 do CP Concurso de crimes Espécies:

Leia mais

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período:

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período: CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Penal Polícia Legislativa Câmara dos Deputados Período: 2007-2017 Sumário Direito Penal... 3 Dolo, Culpa e Preterdolo... 3 Arrependimento Eficaz... 3 Tentativa

Leia mais

Conduta. Conceito É a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinado fim (Damásio)

Conduta. Conceito É a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinado fim (Damásio) LEGALE CONDUTA Conduta Conceito É a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinado fim (Damásio) Conduta Características - Humana - Repercussão externa - Dirigida a um fim - Manifestação da

Leia mais

Direito Penal. Crimes Contra a Administração Pública

Direito Penal. Crimes Contra a Administração Pública Direito Penal Crimes Contra a Administração Pública Crimes Contra a Adm. Pública Código Penal - Título XI Dos crimes contra a Administração Pública Capítulo I Dos crimes praticados por funcionário público

Leia mais

Aula 02 PRESCRIÇÃO PENAL.

Aula 02 PRESCRIÇÃO PENAL. Curso/Disciplina: Prescrição Penal Aula: Prescrição Penal - 02 Professor : Marcelo Uzêda Monitor : Virgilio Frederich Aula 02 PRESCRIÇÃO PENAL. 1. Prescrição penal. A prescrição é matéria de ordem pública

Leia mais

Direito Penal CERT Regular 3ª Fase

Direito Penal CERT Regular 3ª Fase CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Penal CERT Regular 3ª Fase Lei de Drogaas Lei nº 11.343/2006-1) CESPE DPU - 2015 Considerando que Carlo, maior e capaz, compartilhe com Carla, sua parceira eventual,

Leia mais

Peculato Eletrônico Peculato Pirataria - Inserção de dados Falsos: 313 A. O peculato culposo está descrito no art. 312, 2.º, do Código Penal.

Peculato Eletrônico Peculato Pirataria - Inserção de dados Falsos: 313 A. O peculato culposo está descrito no art. 312, 2.º, do Código Penal. 2. PECULATO 2.1. Peculato Doloso Peculato-apropriação: art. 312, caput, primeira parte. Peculato-desvio: art. 312, caput, segunda parte. Peculato-furto: art. 312, 1.º. Peculato mediante erro de outrem:

Leia mais

II.I) Iter Criminis 1) Momento Consumativo

II.I) Iter Criminis 1) Momento Consumativo CURSO DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL (NOITE) Nº 16 DATA 29/08/2016 DISCIPLINA DIREITO PENAL PARTE GERAL PROFESSOR FRANCISCO MENEZES MONITOR LUIZ FERNANDO PEREIRA RIBEIRO AULA 04 EMENTA: II.I) Iter Criminis

Leia mais

3- Qual das seguintes condutas não constitui crime impossível?

3- Qual das seguintes condutas não constitui crime impossível? 1- Maria de Souza devia R$ 500,00 (quinhentos reais) a José da Silva e vinha se recusando a fazer o pagamento havia meses. Cansado de cobrar a dívida de Maria pelos meios amistosos, José decide obter a

Leia mais

Sumário. Coleção Sinopses para Concursos Guia de leitura da Coleção... 19

Sumário. Coleção Sinopses para Concursos Guia de leitura da Coleção... 19 Sumário Coleção Sinopses para Concursos... 17 Guia de leitura da Coleção... 19 TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA... 21 1. Dos crimes contra a vida... 24 1.1. Homicídio... 24 1.1.1. Bem jurídico... 24

Leia mais

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Tentativa.Consumação Período 2010 2016 1) CESPE Juiz do Trabalho TRT1 (2010) Acerca dos crimes consumado e tentado, assinale a opção correta. Nos crimes plurissubsistentes,

Leia mais

26/08/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal Iv

26/08/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal Iv DIREITO PENAL IV LEGISLAÇÃO ESPECIAL 6ª - Parte Professor: Rubens Correia Junior 1 Direito penal Iv 2 1 E DA EXTORSÃO Art. 157 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave

Leia mais

Direito Penal Prof. Joerberth Nunes

Direito Penal Prof. Joerberth Nunes Oficial de Justiça Direito Penal Prof. Joerberth Nunes Direito Penal Professor Joerberth Nunes www.acasadoconcurseiro.com.br Edital DIREITO PENAL: Código Penal, dos crimes praticados por funcionários

Leia mais

SUMÁRIO MANDAMENTOS PARA A APROVAÇÃO CONHEÇA E RESPONDA A PROVA

SUMÁRIO MANDAMENTOS PARA A APROVAÇÃO CONHEÇA E RESPONDA A PROVA SUMÁRIO MANDAMENTOS PARA A APROVAÇÃO CONHEÇA E RESPONDA A PROVA 1. TEMAS DE DIREITO PENAL 1.1 Aplicação da lei penal 1.1.1 Aplicação da lei penal no tempo 1.1.2 Aplicação da lei penal no espaço 1.2 Princípios

Leia mais

CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (PARTE II).

CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (PARTE II). Curso/Disciplina: Noções de Direito Penal Aula: Noções de Direito Penal - 27 Professor : Leonardo Galardo Monitor : Virgilio Frederich Aula 27 CRIMES CONTRA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (PARTE II). 1. Crimes

Leia mais

Regência: Professor Doutor Paulo de Sousa Mendes Colaboração: Catarina Abegão Alves, David Silva Ramalho e Tiago Geraldo. Grelha de correção

Regência: Professor Doutor Paulo de Sousa Mendes Colaboração: Catarina Abegão Alves, David Silva Ramalho e Tiago Geraldo. Grelha de correção Grelha de correção 1. Responsabilidade criminal de Alfredo (6 vls.) 1.1 Crime de coação [art. 154.º/1 CP], contra Beatriz. Crime comum, de execução vinculada, pois realiza-se por meio de violência ou de

Leia mais

Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (PARTE II) (...) Art Usurpar o exercício de função pública:

Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (PARTE II) (...) Art Usurpar o exercício de função pública: Página1 Curso/Disciplina: Direito Penal - Parte Especial Aula: 62 - Usurpação de Função Pública (Parte II) e Resistência. Professor(a): Marcelo Uzêda Monitor(a): Leonardo Lima Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE

Leia mais

AULA 13. Cabe tentativa em crime omissivo impróprio? Antes de qualquer coisa, vamos lembrar o que vem a ser crime omissivo próprio e impróprio.

AULA 13. Cabe tentativa em crime omissivo impróprio? Antes de qualquer coisa, vamos lembrar o que vem a ser crime omissivo próprio e impróprio. Turma e Ano: Master A (2015) 15/04/2015 Matéria / Aula: Direito Penal / Aula 13 Professor: Marcelo Uzeda de Farias Monitor: Alexandre Paiol AULA 13 CONTEÚDO DA AULA: - crime tentado, desistência voluntária

Leia mais

GABARITO E ESPELHO XXVII EXAME DA ORDEM DIREITO PENAL - PROVA PRÁTICO - PROFISSIONAL

GABARITO E ESPELHO XXVII EXAME DA ORDEM DIREITO PENAL - PROVA PRÁTICO - PROFISSIONAL PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Considerando a situação narrada, o(a) examinando(a) deve apresentar Memoriais, ou Alegações Finais por Memoriais, com fundamento no art. 403, 3º, do Código de Processo Penal.

Leia mais

Professor Wisley Aula 10

Professor Wisley Aula 10 - Professor Wisley www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 7 COMPETÊNCIA: MATÉRIA 1. JUSTIÇA FEDERAL: A Justiça Federal NÃO JULGA CONTRAVENÇÕES

Leia mais

TEORIA DO CRIME. -Espontâneo: quando o próprio agente se engana. - Provocado: quando é levado ao erro por terceira pessoa.

TEORIA DO CRIME. -Espontâneo: quando o próprio agente se engana. - Provocado: quando é levado ao erro por terceira pessoa. 1 PONTO 1: TEORIA DO CRIME... CONTINUAÇÃO PONTO 2: FATO TÍPICO TEORIA DO CRIME 6. FATO TÍPICO 6.5 ERRO DE TIPO D) ERRO DE TIPO ACIDENTAL D.4) ERRO NA EXECUÇÃO ABERRATIO ICTUS - ocorre quando por má pontaria,

Leia mais

RODRIGO JULIO CAPOBIANCO

RODRIGO JULIO CAPOBIANCO RODRIGO JULIO CAPOBIANCO Decisões favoráveis à defesa Penal e Processo Penal EDITORA WEB MÉTODO SÃO PAULO SUMÁRIO 1. Abandono de incapaz e de recém-nascido (arts. 133 e 134 do CP) 15 2. Abandono intelectual

Leia mais

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal Crime consumado (art. 14, I, CP) O crime será consumado quando nele se reunirem todos os elementos de sua definição legal, p.ex.: o crime de homicídio se consuma com a morte da vítima, pois é um crime

Leia mais

1 Consumação e Tentativa

1 Consumação e Tentativa Consumação e Tentativa Iter criminis: Segundo Zaffaroni e Pierangeli, dá-se o nome de iter criminis ou caminho do crime o conjunto de etapas que se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento do delito.

Leia mais

Resultado. Conceito: Lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal (Mirabete)

Resultado. Conceito: Lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal (Mirabete) LEGALE RESULTADO Resultado Conceito: Lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal (Mirabete) Resultado Dessa forma, o resultado pode ser: - Físico (externo ao homem) - Fisiológico

Leia mais

CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS

CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS Diferença entre: CONFLITO APARENTE DE ILICITOS PENAIS e CONCURSO DE CRIMES: No CONFLITO APARENTE DE ILICITOS PENAIS: temos um crime, e aparentemente DUAS ou mais leis

Leia mais

26/08/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal IV

26/08/2012 DIREITO PENAL IV. Direito penal IV DIREITO PENAL IV LEGISLAÇÃO ESPECIAL 6ª - Parte Professor: Rubens Correia Junior 1 Direito penal IV 2 1 1 - Roubo impróprio 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência

Leia mais

Tipo Penal. Tipo penal é a conduta descrita como criminosa na lei

Tipo Penal. Tipo penal é a conduta descrita como criminosa na lei LEGALE Tipo Penal Tipo Penal Tipo penal é a conduta descrita como criminosa na lei Tipo Penal Dessa forma, o tipo penal: - do homicídio é MATAR ALGUÉM - do furto é SUBTRAIR PARA SI OU PARA OUTREM COISA

Leia mais

Sumário PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL NORMA PENAL... 33

Sumário PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL NORMA PENAL... 33 CAPÍTULO 1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL... 13 1. Noções preliminares...13 2. Peculiaridades dos princípios do Direito Penal...13 3. Princípio da legalidade ou da reserva legal...14 3.1 Abrangência do princípio

Leia mais

PONTO 1: Prisão 1. PRISÃO. Quanto às espécies de prisão, podemos falar em:

PONTO 1: Prisão 1. PRISÃO. Quanto às espécies de prisão, podemos falar em: 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL PONTO 1: Prisão 1. PRISÃO Segundo o art. 5º, LXI, da CF/88, é possível a prisão mediante flagrante delito ou ordem escrita e fundamentada da autoridade competente, salvo transgressão

Leia mais

I miii mil mil mil um mi um mi mi m

I miii mil mil mil um mi um mi mi m G> TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N I miii mil mil mil um mi um mi mi m *03164757* Vistos, relatados e discutidos

Leia mais

L G E ISL S A L ÇÃO O ES E P S EC E IAL

L G E ISL S A L ÇÃO O ES E P S EC E IAL DIREITO PENAL IV LEGISLAÇÃO ESPECIAL 3ª - Parte Professor: Rubens Correia Junior 1 CONCEITOS FURTO: Apoderar-se; Assenhorar-sese de coisa pertencente a outrem; Tornar-se dono daquilo que não é seu; Furto

Leia mais

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA CONSUMAÇÃO E TENTATIVA * Artigo 14 do CPB * Diz-se o crime: CONSUMADO Quando o agente realizou todos os elementos que compõem a descrição do tipo penal Momento da consumação: Crimes Materiais = no momento

Leia mais

SUMÁRIO. Capítulo 1 Princípios do Direito Penal... 19

SUMÁRIO. Capítulo 1 Princípios do Direito Penal... 19 SUMÁRIO Capítulo 1 Princípios do Direito Penal... 19 1. Noções preliminares... 19 2. Peculiaridades dos princípios do direito penal... 20 3. Princípio da legalidade ou da reserva legal... 20 3.1. Abrangência

Leia mais

Tempo do Crime. Lugar do Crime

Tempo do Crime. Lugar do Crime DIREITO PENAL GERAL Professores: Arnaldo Quaresma e Nidal Ahmad TEORIA GERAL DA NORMA Tempo do Crime Lugar do Crime Art. 4º, CP: teoria da atividade. Considerado praticado o crime no momento da ação ou

Leia mais

Conceito de Erro. Falsa representação da realidade.

Conceito de Erro. Falsa representação da realidade. ERRO DE TIPO Conceito de Erro Falsa representação da realidade. Existem dois tipos de erros: ERRO DE TIPO art. 2O (exclui a tipicidade) ERRO DE PROIBIÇÃO art. 21 (exclui a culpabilidade) ERRO DE TIPO O

Leia mais