Sociologia da Educação. Prof. Fernando Roberto Campos

Transcrição

1 Sociologia da Educação Prof. Fernando Roberto Campos

2 Reflexão "As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas... Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada" Mário Quintana ( ) Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital

3 Assuntos da aula. Globalização e educação. O processo de socialização e humanização. A microssociologia. Revisão geral Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital

4 Revisão da última aula Paradigmas sociológicos Paradigma do Consenso ( Durkheim) Paradigma do Conflito (Marx) As teorias educacionais: escola e sociedade otimismo pedagógico ou ingênuo pessimismo pedagógico ou ingênuo otimismo crítico

5 Pessimismo pedagógico ou ingênuo As teorias crítico-reprodutivistas. aparelho ideológico de Estado. violência simbólica. escola dualista

6 A escola dualista Christian Baudelot e Roger Establet A escola capitalista na França (1971) Em uma sociedade dividida em classes não é possível haver uma escola única. Existem na verdade duas escolas diferentes e duas redes de ensino opostas, uma destinada aos filhos das classes altas e uma destinada aos filhos das camadas populares

7 As teorias educacionais Otimismo crítico. Anos 80 do século XX. Resgata a positividade das anteriores sem cair na noção de neutralidade ou colocá-la inútil para transformação social Escola: conservadora e transformadora

8 Limites e possibilidades da escola A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Paulo Freire ( ) A escola não é propriedade da classe no poder, é o lugar da luta de classes. Georges Snyders Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital

9 Limites e possibilidades da escola Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Rubem Alves

10 Fórum da aula Como deveria ser a escola que levasse à transformação social?

11 As origens da Globalização A descoberta da América, a circunavegação da África ofereceram à burguesia em ascenso um novo campo de ação. Os mercados da Índia e da China, a colonização da América, o comércio colonial, o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias imprimiram um impulso, desconhecido até então, ao comércio, à indústria, à navegação, e, por conseguinte, desenvolveram rapidamente o elemento revolucionário da sociedade feudal em decomposição. Karl Marx ( )

12 Globalização hoje O atual processo globalizante tornou-se muito mais rápido, acelerado, com a revolução nas comunicações e mesmo com o maior avanço dos meios de transportes em geral. Também tornou-se mais abrangente, envolvendo não só comércio, produção e capitais, mas também serviços, arte, educação etc.

13 Globalização hoje. A globalização atual se confunde com uma nova era, a do conhecimento.. A educação é tida como o maior recurso de que se dispõe para enfrentar essa nova estruturação do mundo.

14 Globalização hoje A Globalização é um processo multidimensional: Econômico Social Político Cultural

15 Globalização hoje As facilidades de comunicação foram utilizadas como forma de impor maior controle dos países industrializados sobre os demais, seja culturalmente, seja como padrões de consumo.

16 A globalização perversa Milton Santos ( ) Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital

17 A globalização perversa. Competitividade. Individualismo. Ampliação do desemprego e da pobreza. Fome e mortalidade infantil. O outro um inimigo vale-tudo salve-se quem puder Big Brother Brasil

18 A globalização perversa. abandono das solidariedades e o fim da ética e da política. substituição da democracia plena pela democracia do mercado

19 A globalização e educação Texto Os deficientes cívicos- Milton Santos Hoje, sob o pretexto de que é preciso formar os estudantes para obter um lugar num mercado de trabalho afunilado, o saber prático tende a ocupar todo o espaço da escola, enquanto o saber filosófico é considerado como residual ou mesmo desnecessário, uma prática que, a médio prazo, ameaça a democracia, a República, a cidadania e a individualidade.

20 A globalização e educação Corremos o risco de ver o ensino reduzido a um simples processo de treinamento, a uma instrumentalização das pessoas, a um aprendizado que se exaure precocemente ao sabor das mudanças rápidas e brutais das formas técnicas e organizacionais do trabalho exigidas por uma implacável competitividade. Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital

21 A globalização e educação A escola deixará de ser o lugar de formação de verdadeiros cidadãos e tornar-se-á um celeiro de deficientes cívicos.

22 A globalização e educação A educação deverá reassumir aqueles princípios fundamentais com que a civilização assegurou a sua evolução nos últimos séculos -os ideais de universalidade, igualdade e progresso-, de modo que ela possa contribuir para a construção de uma globalização mais humana, em vez de aceitarmos que a globalização perversa, tal como agora se verifica, comprometa o processo de formação das novas gerações.

23 Globalização e consumismo Eu, etiqueta Carlos Drummond de Andrade Em minha calça está grudado um nome Que não é meu de batismo ou de cartório Um nome... estranho Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca, nessa vida, Em minha camiseta, a marca de cigarro Que não fumo, até hoje não fumei...

24 Globalização e consumismo É duro andar na moda, ainda que a moda Seja negar minha identidade, Trocá-lo por mil, açambarcando Todas as marcas registradas, Todos os logotipos do mercado. Com que inocência demito-me de ser Eu que antes era e me sabia Tão diverso de outros, tão mim mesmo.

25 Globalização e consumismo Agora sou anúncio Ora vulgar ora bizarro. Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer principalmente.) E nisto me comparo, tiro glória De minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago Para anunciar, para vender.

26 O processo de socialização Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente numerosos, descobriramse, em 1920, duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família de lobos. A primeira tinha um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até Não tinham nada de humano e seu comportamento era exatamente semelhante àquele de seus irmãos lobos.

27 O processo de socialização. O indivíduo da espécie humana não se torna homem a não se que se integre num grupo que lhe ensine a cultura.. A cultura é uma aquisição social e não biológica.. O processo de humanização se inicia quando a criança começa a participar do convívio humano.

28 O processo de socialização O garoto selvagem Direção: François Truffaut França A Maçã Direção: Samira Makhmalbaf Irã- 1998

29 Sujeito coletivo A constituição de um sujeito coletivo inicia-se pelo encontro de pessoas, muitas vezes, sem que tenham planejado uma ação comum. Podem ser companheiros de um mesmo local de trabalho ou os pais de alunos de uma mesma escola, que se vêem em uma ou mais situações na qual precisam atuar juntos.

30 Sujeito coletivo Um grupo de moradores pode, também, associar-se livremente para fundar uma entidade em defesa do bairro. O grupo que se junta e se organiza para atingir um determinado objetivo ou meta que, em geral, venha a garantir melhorias para a vida de cada um e da coletividade, vivencia um processo de construção de um SUJEITO COLETIVO.

31 Sujeito coletivo O primeiro contato entre as pessoas, em geral, é regido mais pela afetividade do que por análises fundadas na razão, manifestando-se por reações de simpatia, antipatia, apatia ou empatia.

32 Sujeito coletivo A fase posterior, igualmente importante, é a do assumir uma tarefa comum, caracterizada por uma avaliação comum da realidade e daquilo que se pretende realizar.

33 Sujeito coletivo Anton Makarenko e a escola como coletividade Colônia Gorki Poema Pedagógico

34 Os processos grupais A prática docente existe e se constitui na interação grupal. Profissionais da educação, alunos e comunidade interagem o tempo todo. Pessoas que ficam juntas num determinado espaço, por um certo tempo, podem representar apenas um agregado humano e não um grupo, se não se constituírem como tal.

35 Os processos grupais Papéis básicos dos componentes de um grupo... que, segundo Pichon-Rivière, são cinco - líder de mudança; - líder de resistência; - bode expiatório; - silenciosos; - porta-voz

36 Os processos grupais Líder de Mudança é aquele que se encarrega de levar adiante as tarefas, enfrentando conflitos, buscando soluções, arriscando-se sempre diante do novo. Líder de Resistência. Este sempre "puxa" o grupo para trás, freia avanços, sabota as tarefas, levantando sempre as melhores intenções de desenvolvê-las, mas poucas vezes as cumpre, assume sempre o papel de "advogado do diabo".

37 Os processos grupais O Bode Expiatório é quem assume as culpas do grupo. É nele que o grupo deposita seus conteúdos livrando-se do que lhe causa malestar, medo, ansiedade, angústia etc.

38 Os processos grupais O Porta-Voz é quem se responsabiliza em ser a válvula de escape das ansiedades do grupo. Por meio de sua sensibilidade apurada, o porta-voz consegue expressar, verbalizar, dar forma aos sentimentos e conflitos que, muitas vezes, estão latentes no discurso do grupo. Em muitas situações, o porta-voz pode coincidir com uma das expressões de liderança.

39 Revisão A origem da sociologia. O pensamento sociológico e educacional de Durkheim Paradigma do consenso. O pensamento sociológico e educacional de Marx- Paradigma do conflito. As teorias educacionais: - otimismo pedagógico - pessimismo pedagógico - otimismo crítico. A globalização e a educação

40 Revisão Otimismo pedagógico ou ingênuo Educação: alavanca do desenvolvimento e do progresso/ ascensão social e democratização das oportunidades/ independente da sociedade Pessimismo pedagógico ou ingênuo Educação escolar. serve ao poder. reprodutora da desigualdade social e da ideologia dominante. aparelho ideológico de Estado

41 Finalizando... Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda. Cecília Meireles ( ) Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital