A DESCENTRALIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "A DESCENTRALIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS"

Emanuel Affonso Alcaide
6 Há anos
Visualizações:

1 A DESCENTRALIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL NO ESTADO DE MINAS GERAIS Elaboração: Carlos Henrique Rangel I - INTRODUÇÃO Minas Gerais desponta no país na implementação de políticas visando a preservação do patrimônio cultural, passando pela criação, em 1971, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico - até a redefinição dos critérios do repasse da cota-parte do ICMS aos municípios mineiros definida a partir de 28 de dezembro de 1995, com a criação da lei nº Essa lei determinou de fato a descentralização das políticas públicas, pois o município que investir em educação, meio ambiente, agricultura, saúde e patrimônio cultural, dentre outros critérios, recebe repasse financeiro referente a cada um desses itens separadamente. Ao IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) coube definir os critérios para que o município pudesse fazer jus ao repasse do ICMS PATRIMÔNIO CULTURAL. Através da Diretoria de Promoção, o instituto exerce um papel importante na capacitação e assessoramento no desenvolvimento da política de descentralização da proteção ao Patrimônio cultural do Estado junto aos municípios. II - ICMS Patrimônio Cultural A Constituição Federal determina que 75% do Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços ICMS - dos Estados devem ser repassados aos municípios de acordo com o volume de arrecadação, e que os 25% restantes devem ser repassados conforme regulamentação dada por Lei Estadual.

2 Em 28 de dezembro de 1995 o governo mineiro sancionou a Lei n.º /95, que estabeleceu a redistribuição do ICMS através de novos critérios. Assim, passaram a ser considerados os seguintes itens: população, área territorial e receita própria de cada município, e investimentos em educação, saúde, agricultura, preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural. No caso da variável Patrimônio Cultural, coube ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais - - a elaboração e implementação dos critérios para o repasse de recursos do ICMS aos municípios. No texto da Lei /95 e em sua substituta, a Lei /00 de 27 de dezembro de 2000,o anexo III contém a tabela de pontuação que define como critérios básicos as ações e políticas culturais (criação de lei de proteção com Conselhos Municipais do Patrimônio Cultural e a definição de um órgão para cuidar das atividades técnicas) e principalmente, o tombamento dos bens culturais, inventário do acervo local e educação patrimonial. Desde o início deste processo, o vem prestando assessoria aos municípios mineiros, visando atingir uma atuação mais abrangente e descentralizada na prática da preservação do patrimônio cultural do Estado. Durante a primeira fase do ICMS - PATRIMÔNIO CULTURAL foram realizados seminários, palestras, cursos e visitas de assessoramento, além da distribuição do caderno Diretrizes para a Proteção do Patrimônio Cultural, orientando a criação de estruturas locais de preservação. Fornecendo os procedimentos necessários para atender as normas definidas pelas Resoluções/deliberações que contem os critérios para a distribuição da cota-parte do ICMS referente ao Patrimônio Cultural. Este Caderno foi distribuído gratuitamente a mais de 400 municípios através de seminários, cursos ou por via postal, durante os anos 1996/1999. Nos anos que se seguiram cursos, seminários e fóruns tornaram-se rotina da instituição em busca do aperfeiçoamento e preparo das equipes municipais. São doze anos de existência do grande programa de descentralização e municipalização da proteção do patrimônio cultural mineiro, conhecido por ICMS

3 Patrimônio Cultural um dos critérios de repasse dos recursos do ICMS, criado pela Lei de dezembro de 1995 e modificado em 2000 pela lei Regido por Deliberações normativas foram sete, sempre aperfeiçoadas para melhor atender as demandas municipais de preservação do acervo cultural O ICMS Patrimônio Cultural tem como princípio norteador, o ser humano enquanto agente transformador e produtor cultural, que se fortalece e se afirma quando tem os seus lugares da memória reconhecidos, divulgados, protegidos e valorizados. As exigências definidas no critério ICMS Patrimônio Cultural aperfeiçoadas constantemente, preparam os municípios com instrumentos legais, participativos e técnicos como leis de proteção, existência e funcionamento do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e departamento administrativo definido no organograma da prefeitura para o desenvolvimento dos trabalhos técnicos necessários para a elaboração de processos/dossiês de tombamento, projetos de educação patrimonial, laudos técnicos de estado de conservação dos bens culturais, planos de inventários e relatórios de investimentos e de atividades culturais. Em 2007, o prazo máximo para a entrega da documentação foi o dia 16 de abril. A análise dos mais de quatro mil documentos apresentados pelos 649 municípios, iniciada em maio, teve sua primeira fase concluída em outubro, com o envio das fichas de análise às prefeituras e divulgação da pontuação provisória no site do, abrindo o prazo para agendamento presencial visando à revisão e esclarecimentos sobre a pontuação. Na segunda fase da análise, (19 de outubro a 11 de dezembro), foram atendidos presencialmente, 231 municípios e outros 94 solicitaram revisão via ofício. Finalmente, após mais de 40 dias de atendimento, a análise foi concluída no dia 11 de dezembro. Foram 649 os municípios que encaminharam documentação. Destes, 5 não obtiveram pontuação e outros 16 foram incluídos e pontuados por possuírem bens tombados pelo IEPHA e/ou IPHAN, totalizando 660 municípios pontuados.

4 A planilha de pontuação coroa mais um ano de sucesso deste grande programa de municipalização da proteção do patrimônio cultural do Estado de Minas Gerais. Sabemos que há muito que fazer, melhorar e aperfeiçoar e a equipe da Diretoria de Promoção não medirá esforços para que isso ocorra nos anos vindouros. Devido ao ICMS Patrimônio Cultural, o possui atualmente, informações históricas e arquitetônicas com fotografias e plantas sobre cerca de 3000 bens tombados pelos municípios nas categorias núcleos históricos, conjuntos arquitetônicos e paisagísticos, bens imóveis e bens móveis, mais de fichas de bens inventariados, e 596 projetos de educação patrimonial, algo impensável há doze anos atrás. A continuidade deste processo de criação e operação das estruturas municipais de proteção do patrimônio tem um grande efeito multiplicador, permitindo a preservação do rico acervo cultural do estado e servindo ao mesmo tempo de estímulo financeiro aos municípios. SETORES MUNICIPAIS RESPONSÁVEIS PELA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL EM NÍVEL MUNICIPAL Atualmente, devido ao ICMS Patrimônio Cultural existem quinhentos e oitenta e seis (586) secretarias de cultura, departamentos ou divisões municipais que se responsabilizam pelas questões relacionadas à Proteção do Patrimônio Cultural.Antes da existência da Lei de repasse do ICMS, não tínhamos o controle destas instituições municipais, mas com certeza não eram muitos os departamentos voltados para a preservação do Patrimônio Cultural em nível municipal. CONSELHOS MUNICIPAIS DO PATRIMÔNIO CULTURAL FUNCIONANDO Atualmente existem quinhentos e trinta (530) Conselhos Municipais do Patrimônio Cultural funcionando adequadamente, com reuniões regulares e decisivas. Sabemos que antes de 1995, ano da criação da Lei de repasse do ICMS, existiam cerca de 15 Conselhos Municipais do Patrimônio Cultural.

5 SITUAÇÃO DO ICMS PATRIMÔNIO CULTURAL MUNICÍPIOS PONTUADOS DEVIDO AOS TOMBAMENTOS EM NÍVEL FEDERAL E ESTADUAL MUNICÍPIOS QUE APRESENTARAM DOCUMENTAÇÃO MUNICÍPIOS QUE APRESENTARAM DOCUMENTAÇÃO CORRETA MUNICÍPIOS PONTUADOS / / / / / / / / / / / / /2008 Foram pontuados nos Exercícios: 1996 = 106 municípios 1997 = 122 municípios 1998 = 167 municípios 1999 = 233 municípios 2000 = 186 municípios 2001 = 218 municípios 2002 = 334 municípios 2003 = 356 municípios 2004 = 454 municípios 2005 = 392 municípios 2006 = 586 municípios 2007 = 630 municípios 2008 = 660 municípios

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cartilha do patrimônio histórico e artístico de Minas Gerais. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS. Suplemento Especial IEPHA 20 anos. Belo Horizonte, novembro de INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS. Arquivos da Superintendência de Desenvolvimento e Promoção. INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS. Preservação e Comunidade. Belo Horizonte: p. (Caderno Técnico, 1). N. 1 IEPHA 20 ANOS. Belo Horizonte, Secretaria de Estado da Cultura, Suplemento especial. PIRES, Maria Coeli Simões. Da proteção cultural: o tombamento como principal instituto.belo Horizonte: Del Rey, Reflexões e Contribuições para Educação Patrimonial. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Educação, 2002.( Lições de Minas, 23).

Documentos relacionados

Edital Assessoria Técnica Gráfica O Lutador 2º sem/2017

Edital Assessoria Técnica Gráfica O Lutador 2º sem/2017 Processo de seleção de instituições sociais para o Assessoramento e Doação de materiais gráficos impressos no 2º semestre de 2017. 1. DAS DISPOSIÇÕES