RESPOSTA À ASPIRAÇÃO TRAQUEAL E INFLUÊNCIA NOS PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE RN EM VENTILAÇÃO MECÂNICA
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1 RESPOSTA À ASPIRAÇÃO TRAQUEAL E INFLUÊNCIA NOS PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE RN EM VENTILAÇÃO MECÂNICA Adirléia Machado Alves 1 ; Arielle Jacometti 2 ; Luís Henrique Sales Oliveira³; Denise Fortes Chibeni Ramos Rios 4 Universidade do Vale do Sapucaí / Fisioterapia, Av. Cel. Custódio de Paula n Pouso Alegre,MG; reitoria@univas.edu.br. 1 a_malves@yahoo.com.br, 2 ariellej@hotmail.com, 3 lhfisio@hotmail.com, 4 denisechibeni@hotmail.com Resumo - As infecções respiratórias são uma das principais causas de internação do RN na UTI Neonatal devido a imaturidade pulmonar sendo a técnica de aspiração traqueal. A monitoração de parâmetros fisiológicos consiste em avaliar dados vitais, comportamentos hemodinâmicos e condições respiratórias do paciente. Realizou-se um estudo do tipo transversal, prospectivo, quantitativo, clínico e observacional, na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica do Hospital das Clínicas Samuel Libânio em Pouso Alegre/MG, no período de junho de 2009 a agosto de Foram avaliados os valores de FC, FR, PA e SpO2, cinco minutos antes e cinco minutos após a realização da aspiração traqueal. A amostra foi constituída de 10 RN que permaneceram sob VM e com indicação para aspiração traqueal. Observou-se um discreto aumento em relação a FC e PAS após aspiração, em relação a SpO2 e FR, de acordo com as médias, não houve diferença entre antes e após a aspiração. Foi concluído que a aspiração traqueal causou aumento nos parâmetros cardiovasculares (FC e PAS) enquanto os parâmetros respiratórios (SpO2 e FR) não houve diferença significativa. Palavras-chave: aspiração traqueal, recém nascidos, UTI neonatal, parâmetros fisiológicos. Área do Conhecimento: área da saúde. Introdução O aumento da sobrevida de RN dentro da UTI Neonatal, fez com que houvesse uma elevação significativa do período de hospitalização destes, devido à imaturidade pulmonar. Apesar de avanços tecnológicos, as afecções respiratórias ainda são uma das principais causas da morbi - mortalidade onde os RN permanecem por períodos prolongados sob suporte ventilatório sendo imprescindível que o profissional da UTIN tenha o conhecimento dos mecanismos de respiração normal, os volumes pulmonares e suas alterações durante as fases de respiração, a alteração da conformação torácica, a anatomia de ossos, músculos e articulações, ainda mais quando se trata de RN, imaturos em suas funções, que deverão ser tratados com vista às modificações estruturais e funcionais que ainda ocorrerão (NICOLAU; FALCÃO, 2007; MARIYAMA; GUIMARÃES; JULIANI, 1999). Sendo assim, a técnica de aspiração traqueal é utilizada na UTIN em RN com presença de secreções nas VA quando o mesmos se encontram em ventilação mecânica (VM). Devese sempre realizar a monitoração de parâmetros fisiológicos de RN, como freqüência respiratória (FR), Saturação do Oxigênio (SpO2), Pressão Arterial (PA) e Freqüência Cardíaca (FC), mantendo a função da circulação cerebral e melhorando o fluxo respiratório (COSTA, 2007; CARDOSO, 2007). Portanto, o objetivo deste trabalho foi de averiguar a resposta e a influência da aspiração traqueal sobre os parâmetros fisiológicos: Freqüência Cardíaca (FC), Freqüência Respiratória (FR), Pressão Arterial (PA) e Saturação de Oxigênio (SpO2) em RN submetidos à Ventilação Mecânica. Metodologia Estudo do tipo transversal, prospectivo, quantitativo, clínico e observacional, realizado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica do Hospital das Clínicas Samuel Libânio em Pouso Alegre MG. Antes de cada responsável pelo RN assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foram informados sobre o objetivo e procedimentos realizados nesta pesquisa. A amostra foi composta por 10 RN que foram submetidos à VM e a técnica de aspiração traqueal no período de junho à agosto de Foram avaliados a FC, FR, PA e SpO2, cinco minutos antes e cinco minutos após a realização da aspiração traqueal. Os critérios de inclusão foram: quaisquer RN (prematuros ou não) que estiveram intubados (em VM) e que necessitaram exclusivamente desta 1
2 técnica para tratamento e com consentimento dos pais ou responsáveis legais para a realização do estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. RN que não necessitaram exclusivamente desta técnica para tratamento, que não estiveram,sob VM e negativa dos pais ou responsáveis legais em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foram excluídos da pesquisa. A FC, SpO2 e PA foram mensuradas através de um monitor multiparamétrico da marca Dixtal. A FR foi mensurada com auxilio de um cronômetro da marca Condor, por 60 segundos, através dos movimentos tóraco-abdominais e sempre pelo mesmo pesquisador. Os RN foram ventilados através do ventilador mecânico da modelo INTER 3, da marca Intermed na modalidade de IMV e os parâmetros ventilatórios foram ajustados de acordo com a necessidade de cada RN. Os dados foram obtidos a partir de uma única sessão de fisioterapia, realizada diariamente no período matutino com duração máxima de 10 minutos, sempre pela mesma fisioterapeuta. Sendo este um procedimento de rotina dentro deste setor, portanto essa pesquisa não acarretou quaisquer danos ou inconveniências aos pesquisados, pois foi somente de caráter observacional e não alterou as condutas diárias do fisioterapeuta (profissional responsável pelos RN neste setor). Cinco minutos antes de se iniciar a sessão, foram coletados os dados e anotados na ficha de avaliação (Ficha não validada, elaborada pelas próprias pesquisadoras autoras deste projeto). A técnica foi aplicada dentro do prazo dos 10 minutos e finalizado o atendimento foi aguardado mais 5 minutos para que os dados fossem coletados e anotados na ficha de avaliação conforme a elaboração da pesquisa. A análise estatística foi apresentada de forma descritiva e as variáveis foram representadas através de gráficos e tabelas por meio do programa Microsoft Excel Este projeto foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAS, obedeceu a Resolução CNS 196/96 sob protocolo 1132/09 e foi conduzida dentro dos princípios éticos desta resolução. Resultados Os resultados encontrados estão descritos nas tabelas abaixo. A tabela 1 demonstra os dados da SpO2 obtidos antes e após a aspiração. Não evidenciando diferenças entre antes a depois. Tabela 1 SpO2 antes e depois da aspiração PACIENTE SpO2 Antes SpO2 Depois MEDIA 96,2 96,3 DESVIO PADRÃO 0,707 0,707 A tabela 2 demonstra os dados da Freqüência Respiratória (FR) obtidos antes e após a aspiração. Observando as médias dos momentos antes e depois podemos evidenciar que também não houve diferenças entre antes a depois. Tabela 2 - FR antes e depois da aspiração PACIENTE FR Antes FR Depois MEDIA 33,1 33,5 DESVIO PADRÃO 9,899 6,363 A tabela 3 demonstra os dados da Freqüência Cardíaca (FC) em batimentos por minutos (bpm), obtidos antes e após a aspiração. Observando as médias dos momentos antes e depois podemos evidenciar um discreto aumento no momento depois com elevação da média em 6,163% bpm. 2
3 Tabela 3 FC antes e depois da aspiração Paciente FC Antes FC Depois MÉDIA 137,9 146,4 DESVIO 8,485 21,920 PADRÃO A tabela 4 demonstra os dados da Pressão Arterial Sistólica (PAS) e Diastólica (PAD) em milímetros de mercúrio (mmhg), obtidos antes e após a aspiração. Observando as médias dos momentos antes e depois podemos evidenciar na PAS um discreto aumento no momento depois com elevação da média em 9,242% mmhg. Já na PAD a média dos pacientes se apresentou com discreta diminuição. Tabela 4 PAS e PAD antes e depois da aspiração Paciente PAS PAS PAD PAD Antes Depois Antes Depois MÉDIA 66 72,1 37,4 36,5 DESVIO 3,535 1,414 13,435 2,828 PADRÃO Discussão A aspiração das VA tornou-se rotineira na UTIN, mesmo apresentando complicações e riscos, pois o neonato apresenta peculiaridades que prejudicam a eliminação de secreção das VA, tais como mecânica ventilatória ineficiente, VA estreitas, deficiência ventilatória e imaturidade no mecanismo de tosse (OLIVEIRA; SANTOS, 2006). Em um relato de caso descrito por Haddad et al.(2006), que tinha como objetivo avaliar as respostas de 2 RN (que sofreram aspiração de mecônio) após a realização de fisioterapia, onde, em um caso realizou - se tratamento fisioterapêutico convencional com as técnicas tapotagem, vibrocompressão, estimulação costal e diafragmática e a aspiração orotraqueal intermitente e no outro caso foram realizados as técnicas de vibrocompressão, AFE, drenagem autógena assistida, desobstrução rinofaríngea retrógrada e a glossopulsão retrógrada; concluindo que após um dos RN ter sido submetido a técnica de aspiração endotraqueal apresentou hipoxemia e bradicardia com manutenção ou queda da SatO2 e no 4º dia de evolução, apresentou variação intensa nos valores de oximetria e FC. Outro estudo realizado por Selestrim et al. (2007), com o objetivo de analisar os efeitos da prática de fisioterapia neonatal (procedeu à aspiração da cânula orotraqueal) sobre os parâmetros fisiológicos FC, FR, SpO2, PA e temperatura axilar em RN pré-termo submetidos à ventilação mecânica, observou uma redução da FC e FR, sem alteração da PA, aumento da SpO2 e diminuição da temperatura porém sem repercussões clínicas. Avena, Carvalho, Beppu (2003) realizaram um estudo em crianças submetidas à VM, com o objetivo de identificar, através de parâmetros de mecânica respiratória e/ou oxigenação, o momento correto da aspiração de secreções intratraqueais e avaliar as alterações de oxigenação, ventilação e de mecânica respiratória pré e pós-aspiração de secreções intratraqueais sem a utilização de manobras preventivas para se evitar a hipoxemia e/ou a hipercapnia. Neste estudo percebeu-se que a SpO2 apresentou queda significativa após a aspiração de secreções e praticamente retornou aos valores basais na análise de 10 e 20 minutos após o procedimento e que a PaCO2 arterial manteve-se elevada. Antunes et al. (2006) realizou um estudo para comparar os efeitos da fisioterapia respiratória convencional, que compreende drenagem postural, pressão manual torácica, facilitação da tosse e/ou aspiração de vias aéreas superiores, versus AFE, na SpO2, FC e FR de RN prematuros, nas primeiras 48 horas pósextubação. Em ambos os grupos houve aumento significativo da SpO2 aos 10 e 30 minutos após as manobras. A FC aumentou após a fisioterapia respiratória convencional e não houve alteração significativa na freqüência respiratória. Podemos observar que nos demais estudos houve variações para mais ou para menos nos 3
4 parâmetros fisiológicos em RN que foram submetidos a tecnica de aspiração traqueal, destacando maior variação na FC e SpO2, porém em nossa pesquisa não houve alterações semelhantes dos parâmetros fisiológicos quando comparados aos estudos dos autores supra citados. Conclusão A aspiração é um procedimento agressivo, que causa desconforto e dor em RN, pois freqüentemente é aplicado sem o preparo do paciente não utilizando sedação e analgesia. Evidenciamos, através dos resultados obtidos em nossa pesquisa, que a técnica de aspiração traqueal provoca alterações nos parâmetros fisiológicos tanto respiratórios quanto cardiovasculares, além de alteração do fluxo cerebral e da pressão intracraniana. Portanto sugere-se que novas pesquisas na área sejam realizadas com o objetivo de melhorar o prognóstico de RN que se encontram em ventilação mecânica e que necessitem de aspiração traqueal. - MARIYAMA, L.T.; GUIMARÃES, M. L. L. G.; JULIANI R.C.T.P. Fisioterapia respiratória para crianças. In: ROZOV, T. Doenças pulmonares em pediatria: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Atheneu, 1999, p NICOLAU, A.C.; FALCÃO, M.C. Efeitos da fisioterapia respiratória em recém-nascidos: análise crítica da literatura. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 25, n. 1, p , OLIVEIRA, V.A.C; SANTOS, M.E.C. Cuidados ao recém-nascido criticamente doente: fisioterapia. In: MARGOTO. Assistência ao recém-nascido de risco. 2. ed. Brasília: Anchieta, cap. 3, p SELESTRIM, C.C. et al. Avaliação dos parâmetros fisiológicos em recém-nascidos pré - termo em ventilação mecânica após procedimentos de fisioterapia neonatal. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, São Paulo, v. 17, n. 1, p , Referências - ANTUNES, L.C.O.; SILVA, E.G.;BOCARDO, P.; DAHER, D.R.; FAGGIOTTO, R.D.; RUGOLO, L.M.S.S. Efeitos da fisioterapia respiratória convencional versus aumento do fluxo expiratório na saturação de oxigênio, freqüência cardíaca e freqüência respiratória, em prematuros n período pós extubação. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, v.10, n..1, p , AVENA, M.J.; CARVALHO,W.B.;BEPPU, O.S. Avaliação da mecânica respiratória e da oxigenação pré e pós aspiração de secreção em crianças submetidas à ventilação pulmonar mecânica. Revista de associação médica brasileira, v.49, n.2, p , CARDOSO, A. A. A. Monitoração respiratória e hemodinâmica em pediatria e neonatologia. In: SARMENTO, G. J. V. Fisioterapia respiratória em pediatria e neonatologia. São Paulo: Manole, cap.31 p COSTA, R.P. Técnicas e recursos para a remoção de secreção brônquica. In: SARMENTO, G. J. V. Fisioterapia respiratória no paciente crítico: rotinas clínicas. 2. Ed. São Paulo: Manole, cap. 2, p HADDAD, E.R.; COSTA, L.C.D.; NEGRINI, F.; SAMPAIO, L.M.M. Abordagens fisioterapêuticas para remoção de secreções das vias aéreas em recém-nascidos: relato de casos. Pediatria - Fisioterapia respiratória para recém-nascidos. São Paulo, v. 28, n. 2, p ,
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