A tecnologia atual utilizada para redescobrir a História Antiga, até mesmo a do famoso Tutancâmon

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Rosa Farinha de Sequeira
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A tecnologia atual utilizada para redescobrir a História Antiga, até mesmo a do famoso Tutancâmon Tumbas escuras, pirâmides misteriosas, múmias... Assustador, não? Os egiptólogos discordam.

1 A tecnologia atual utilizada para redescobrir a História Antiga, até mesmo a do famoso Tutancâmon Tumbas escuras, pirâmides misteriosas, múmias... Assustador, não? Os egiptólogos discordam. Esses arqueólogos especialistas em Egito Antigo vêem tumbas e pirâmides como valiosas fontes de informações sobre a vida, as crenças e os costumes do povo egípcio que viveu milênios atrás. Fãs do Egito Antigo A milenar cultura egípcia, com o passar dos anos, foi se transformando em ruínas, e muitas de suas características foram perdidas. É nesse momento que entra o egiptólogo. O trabalho dele é descobrir vestígios que possam recontar uma história que se passou há séculos, muitas vezes milênios, por meio de escavações, técnicas e muita pesquisa. Por sorte, o clima seco do Egito propicia a conservação dos objetos. Devido a esse motivo, escavações feitas na região encontram objetos milenares, mas que ainda estão em condições de serem estudados. Só que o trabalho arqueológico não corresponde apenas à escavação; na verdade, as escavações representam apenas o primeiro passo. A maior parte do trabalho é feito em bibliotecas e laboratórios, onde o material encontrado durante as escavações é processado. Descobrindo o passado Todo trabalho arqueológico se utiliza de diversas técnicas que recuperam o passado perdido. Um ponto muito importante é a tradução dos textos. Vários objetos na tumba têm inscrições. A menção de um parente, por exemplo, ajuda a descobrir laços familiares. 1 / 5

2 Já os estudos do culto funerário são feitos a partir dos objetos encontrados nas tumbas: estátuas, restos usados na mumificação, ungüentos, óleos... Análises químicas são realizadas nesses objetos, por exemplo, para descobrir que tipo de óleo ou de resina foi usada, ou que tipo de pigmento estava presente. A partir disso, é possível determinar o período em que a múmia viveu e a tecnologia usada naquela época. Exames também são feitos nas múmias: raio-x, tomografia e exame de DNA. Esse último não é sempre possível, pois o processo de mumificação prejudica a técnica, já que o uso de resina e de bálsamos destrói o DNA. Além disso, é difícil encontrar quantidade suficiente que forneça algum resultado. De acordo com o professor Antonio Brancaglion Junior, especialista em egiptologia e professor do Departamento de Arqueologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro, a arqueologia usa essas tecnologias novas para complementar as informações que tira dos objetos. O professor já trabalhou analisando cenas de tumbas escavadas (epigrafia), além de tradução de hieróglifos e textos. Já exames como raio-x e tomografia podem identificar sexo, idade, causa da morte, doenças congênitas e más formações. É possível também, a partir desses exames, perceber como foi realizada a mumificação e assim conhecer melhor a religião: se existe resina dentro do crânio, se há óleos artificiais na múmia, se existem amuletos ou jóias no corpo... A diferença entre os exames feitos nas múmias e aqueles realizados nas pessoas vivas é basicamente a quantidade de raio-x emitida. O exame é o mesmo, mas é necessária uma maior quantidade de raios-x para conseguir passar pelas bandagens, pela pele ressequida e pelos milhares de anos "vividos". A morada eterna dos faraós O Egito Antigo era uma teocracia, ou seja, um governo baseado na religião. O faraó era o governante supremo do Estado, que se centrava em sua figura. Ele não era só um rei, e sim representava a manifestação divina na Terra. Mas o faraó não estava sozinho: ele contava com a ajuda de toda uma corte para governar o Egito. A corte era representada por governantes, sacerdotes e pela família real. Havia também oficiais que trabalhavam para a manutenção da administração faraônica. Dentre eles, se encontravam os escribas, burocratas responsáveis por toda a parte escrita do governo, como a contabilidade. A sociedade egípcia era altamente burocratizada, então aqueles que sabiam ler e escrever eram fundamentais para sua manutenção. Nas classes mais baixas estavam camponeses, artesãos e comerciantes. Os faraós egípcios costumavam ser enterrados em grandes tumbas e em meio a suntuosos tesouros, pois acreditavam que era importante ter um local especialmente preparado para o descanso do corpo. Brancaglion explica que dois tipos de objetos eram encontrados nas tumbas egípcias: os que faziam parte do ritual funerário, como amuletos e estátuas, que permitiam que a alma permanecesse viva no outro mundo; e também aqueles objetos queridos 2 / 5

pela pessoa, usados em seu cotidiano e dos quais ela não gostaria de se separar. Os egípcios gostavam tanto da vida que queriam levá-la para o outro mundo, afirma o egiptólogo.

3 pela pessoa, usados em seu cotidiano e dos quais ela não gostaria de se separar. Os egípcios gostavam tanto da vida que queriam levá-la para o outro mundo, afirma o egiptólogo. No túmulo de Tutancâmon, por exemplo, foram encontrados cerca de 100 mil objetos, entre os quais figuravam roupas de criança, cajados, sandálias, armas e até mesmo carruagens. Também havia objetos funerários obrigatórios, como o sarcófago e a famosa máscara mortuária. A grande descoberta O túmulo de Tutancâmon foi descoberto em novembro de 1922, pelo egiptólogo Howard Carter, que era financiado pelo aristocrata Lorde Carnarvon. A descoberta foi fruto de um árduo trabalho que durou seis anos. A região onde o túmulo foi achado chama-se Vale dos Reis (na foto acima), pois vários faraós já haviam sido encontrados ali. O comentário entre os especialistas era que não existiam no Vale mais tumbas para serem achadas: todo o local já havia sido explorado. Carter e Lorde Carnarvon discordavam, já que supunham que alguns lugares não haviam sido explorados corretamente. O esforço de Carter compensou quando, em 4 de novembro de 1922, as escavações encontraram uma escadaria que, mais tarde, conduziria sua equipe ao túmulo mais famoso de todos os tempos. Descobertas indicam que a tumba de Tutancâmon foi violada por ladrões cerca de 100 a 150 anos após sua morte. O roubo foi pequeno e, um tempo depois, os sacerdotes daquela época relacraram a tumba. A tumba de Tutancâmon fica na encosta de uma montanha e, na parte mais alta, um outro faraó (Ramsés VI, 200 anos depois) construiu sua tumba. Os trabalhadores que fizeram o túmulo de Ramsés VI construíram um acampamento para moradia provisória, bem em cima da entrada da tumba de Tutancâmon. Quando a tumba do Ramsés VI foi terminada, os trabalhadores foram embora. Do acampamento só restaram os escombros, que encobriram a entrada do túmulo de Tutancâmon. Isso evitou novos roubos, porém dificultou sua descoberta 3 / 5

4 pelos arqueólogos, anos mais tarde. Os mistérios de Tutancâmon Tutancâmon foi declarado imperador ainda muito jovem, com cerca de nove anos de idade. Ele governou o país por dez anos, auxiliado pelos altos funcionários da corte. Os leigos no assunto pouco sabem sobre o período de governo do faraó precoce. O que marca Tutancâmon é a tumba dele; como se dizia muitos anos atrás, a única coisa que ele teria feito teria sido morrer. comenta Antonio Brancaglion. Engano de quem pensava assim. Durante seu governo, o faraó realizou obras de reconstrução de templos, além de manter toda a administração do Egito funcionando. O governo de Tutancâmon não foi expansionista ou militarista. Seguiu uma política mantenedora e de recuperação. Mesmo sabendo de tudo isso, a história de Tutancâmon é permeada de mistérios. Um deles motiva muitos pesquisadores: a causa de sua morte. Atualmente só existem hipóteses, nenhuma das quais conclusivas. Nos anos 60, surgiu a teoria da fratura no crânio que teria causado sua morte. Mais recentemente, falou-se de uma fratura na perna e da suposição que Tutancâmon foi vítima de malária. O assassinato também não pode ser descartado, pois Tutancâmon viveu em um período bastante conturbado. Mas nenhuma teoria pôde afirmar a causa da morte com toda certeza. Como os órgãos são retirados da múmia no processo funerário, não é possível descobrir se algo atacou algum dos seus órgãos fatalmente. A paternidade dele também não é conclusiva. A melhor compreensão da vida de Tutancâmon virá com descoberta de novas tumbas, já que a dele próprio não pode fornecer mais informações. A descoberta da tumba de sua esposa, por exemplo, poderia fornecer material para novas informações sobre a vida desse faraó. No Egito o que acontece muito são descobertas por acidente. Você está procurando alguma coisa e acha outra. Quem sabe no futuro alguém está procurando alguma coisa e descobre, por exemplo, papiros contando quem foi Tutancâmon?, afirma Brancaglion. O importante, hoje em dia, é preservar o material para que no futuro a gente possa estudá-los. Afinal, a gente não sabe qual tecnologia vai existir., reforça o professor. O mais interessante seria descobrir tumbas de pessoas comuns. Sobre a vida e as crenças dos faraós já se sabe razoavelmente bem. Seria muito mais interessante descobrir tumbas das classes mais baixas, para conhecermos um pouco mais sobre como viviam essas pessoas, como era a relação deles com a religião, seu cotidiano, sua ocupação, entre outros detalhes. Os egípcios são funerários, mas não são funestos, costuma dizer o professor Brancaglion. Provavelmente 4 / 5

5 o mundo ainda vai se maravilhar com muitas descobertas egípcias que vêem por aí. 5 / 5

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