Civilizações do Oriente Médio Antigo. O Egito antigo

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1 Civilizações do Oriente Médio Antigo O Egito antigo Geografia do Egito antigo Seria impossível imaginar o Egito sem o rio Nilo. Esse país é um verdadeiro oásis em em meio a uma região desértica. A área povoada tinha um cumprimento muito superior à largura, abrangendo 30 mil quilômetros quadrados da área cultivável. Sua população era de aproximadamente 7 milhões de pessoas, um verdadeiro formigueiro humano formado por uma mescla de grupos étnicos, pois o Egito é um ponto de confluência entre os mundos mediterrâneo, asiático e africano. A formação do Estado egípcio Mudanças climáticas, principalmente a diminuição das chuvas, levaram, ao longo dos anos, a população de caçadores e os animais a se concentrarem nas áreas próximas ao rio. As necessidades de sobrevivência desses grupos acabaram levando à invenção da agricultura. O aumento da população obrigou ao desenvolvimento das técnicas de irrigação, ampliando a área cultivável. Durante a época das cheias (julho a outubro), o rio depositava em suas margens uma lama fértil, onde eram plantados cereais e hortaliças durante a vazante (novembro a junho). A necessidade de construção de canais de irrigação e de barragens para armazenar água perto das plantações está ligada ao processo de formação de um Estado centralizado. O chefe de Estado, o faraó, era o proprietário nominal de

2 todas as terras. Como era considerado um verdadeiro deus, o Egito era uma teocracia*. Os camponeses produziam um excelente para o Estado. Parte dessa riqueza servia ao sustento da família real, de um vasto corpo de funcionários burocráticos e dos militares. O restante era destinado a financiar obras de drenagem e irrigação e armazenado para as épocas de baixas colheitas. Os camponeses viviam em comunidades, produziam seus próprios alimentos e construíram suas moradias. Recebiam também uma certa ajuda do Estado em momentos de calamidade pública. A sociedade e a economia A atividade econômica mais importante na sociedade egípcia era a agricultura. O termo disponível nos períodos de entressafra era absorvido na construção de palácios, pirâmides, templos, no artesanato e em obras de irrigação. Além dos produtos agrícolas, os egípcios complementavam sua alimentação com a pesca e caça. Fabricavam vinho de uva e tâmara, pão e cerveja de trigo e cevada. Com um vegetal chamado papiro, faziam cordas, redes, barcos e o famoso material do qual se escrevia. Na agricultura adotavam técnicas bastante simples. Utilizavam principalmente a enxada e o arado, que eram feitos de madeira e de uma pedra chamada sílex. Os egípcios demoraram muitos séculos para substituir a madeira e a pedra pelo bronze, tendo, portanto, um desenvolvimento técnico lento. A sociedade egípcia era rigidamente hierarquizada. No topo dessa hierarquia estava o faraó, depois vinha a alta burocracia (funcionários graduados, sacerdotes e comandante militares) e, na base, os trabalhadores em geral (camponeses, artesão e uns poucos escravos). A história política do Egito A história política do Egito antigo é tradicionalmente

3 dividida em três grandes períodos: Antigo Império, Médio Império e Novo Império. Além deles, há o Pré-Dinástico (período de formação do Estado) e dois outros intermediários, que ocorreram entre o Antigo e o Médio Império e entre o Médio e o Novo Império. Por volta do IV milênio a.c., os egípcios estavam organizados em nomos: pequenos Estados que tinham um chefe independente. A unificação dos nomos teria ocorrido por volta de 3000 a.c., período em que se consolidava uma economia agrícola, a escrita evoluía e a técnica com metais (cobre e ouro), cerâmica e tecelagem avançava. Começava assim o período conhecido como Antigo Império. O Antigo Império ou Reino Antigo (2780 a 2200 a.c) Segundo a tradição, o primeiro faraó do Antigo Império foi Djoser, que estabeleceu a capital em Mênfis. Esse período ficou conhecido como a época das pirâmides: durante a Quarta Dinastia, foram construídas as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, as maiores entre todas. Essa longa fase da história egípcia foi de relativa estabilidade social e política. O Egito não sofreu ameaças significativas, pois estava relativamente isolado e protegido em meio uma região desértica. Os faraós desse período eram extremamente poderosos. O culto em todo o país ao deus Hórus (céu) e ao deus Rá (sol), suplantando os deuses locais, atestava o poder absoluto do Faraó, pois este era considerado filho de Rá e a encarnação de Hórus. O primeiro período intermediário (2134 a 2065 a.c) No final da Sexta Dinástia, os nomos começaram a recobrar sua autonomia, revelando um enfraquecimento do poder central dos faraós e uma tendência à fragmentação política. Isso certamente esteve relacionado a uma queda nas colheitas devido à diminuição das cheias do Nilo, o que aumentou o descontentamento social e as revoltas contra o Estado.

4 O Egito voltou a ser dividido em dois reinos: o do Alto e o do Baixo Egito. A reunificação ocorreu por volta de 2060 a.c. O Médio Império (2065 a 1785 a.c) A partir da 12 Dinastia, o Egito alcançou o período mais glorioso de sua história. A estabilidade interna coincidiu com o aumento de sua influência no exterior, e as fronteiras do país se ampliaram. No nível político, surgiu uma nova modalidade sucessória: o faraó dividia o trono com o seu filho, para garantir a sucessão ainda em vida. O cargo do monarca (autoridade provincial dos nomos) foi suprimido. O poder central controlava rigorosamente o país. Faziam-se recenseamentos para aferir o número de homens, cabeças de gado e terras aráveis,. Com base nesses dados eram fixados os impostos. A invasão de povos asiáticos pelo delta do Nilo, entretanto, ocorreu a autoridade central, iniciando nova fragmentação política. A cultura e a religião Os egípcios possuíam um conhecimento empírico ou seja, pensavam a partir de experiências anteriores, do acúmulo de exemplos e não com base em reflexões esforços para estabelecer princípios gerais. Eram conservadores e profundamente místicos: acreditavam que o mundo tinha sido governado por deuses em tempos mais remotos e que os monarcas representavam a continuidade desse poder divino. As formas eruditas de cultura eram privilégio das altas camadas, e as letras eram ligadas ao Estado faraônico. Os escribas *, por exemplo, eram fundamentais para a organização e o funcionamento do Estado. Dos seus registros escritos dependiam a administração, a arrecadação de impostos, as cerimônias religiosas, a perpetuação dos feitos dos reis etc.

5 Havia vários deuses em cada localidade, ligados a animais ou a antepassados tribais. Com a evolução da cultura egípcia, esses deuses foram tomando forma mística, de homens e animais, ou a forma humana (antropomorfismo). Todos os deuses eram cultuados simultâneamente, mas alguns Rá, Ptah, Amon acabaram por se impor sucessivamente, em todo o império, demonstrando o poder dos sacerdotes de cada região e a importância do poder central. Para o egípcio antigo, a morte tinha um especial interesse. Havia uma crença absoluta do renascer, daí a necessidade de preservação do cadáver e o desenvolvimento da técnica da mumificação. A crença dos egípcios após a morte, criou uma sofisticada arte funerária, incluindo pirâmides, hinos religiosos, fórmulas mágicas para serem usadas pelos mortos diante do tribunal dos deuses, objetos rituais, sarcofágos, pintura, mural, esculturas. A astronomia e a matemática eram usadas para a provisão das cheias e das vazantes do rio Nilo, necessária para as práticas agrícolas, calculando com precisão a época do plantio e da colheita. Fizeram um mapa do céu e identificaram as principais estrelas. Os egípcios faziam as operações matemáticas de soma, subtração e divisão e desenvolvem o sistema decimal, mesmo sem conhecer o zero. Tinha jogos que perduram até nossos dias, como o xadrez. A medicina egípcia desenvolveu-se graças à prática da mumificação, a técnica de embalsamar os mortos. Com o conhecimento da anatomia humana, surgiu a especialização: havia especialistas em olhos, estômago e cirurgiões. Os egípcios também conheciam ervas medicinais e compilaram a primeira farmacopéia que se conhece. Vale ressaltar, no entanto, que a medicina egípcia era profundamente impregnada de religiosidade e magia.

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