Seminário "O Mar e os laços da Lusofonia: desafios e oportunidades no contexto económico-industrial e da segurança marítima"
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- Maria de Fátima da Mota Aragão
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1 Lisboa, 27 de Novembro de 2014 Seminário "O Mar e os laços da Lusofonia: desafios e oportunidades no contexto económico-industrial e da segurança marítima" Instituto da Defesa Nacional SÚMULA DAS CONCLUSÕES O Mar e os laços da lusofonia: desafios e oportunidades no contexto económico-industrial e da segurança marítima. Foi este o mote que reuniu hoje cerca de 200 pessoas entre Lisboa, Porto, Braga e Funchal, para refletirem e debaterem em conjunto, num seminário organizado em parceria pelo Instituto de Defesa Nacional, o Centro de Estudos Eurodefense Portugal e a Associação de Auditores dos Cursos de Defesa Nacional. Após a sessão de abertura, o Eng. Eduardo Bandeira, vogal executivo da Administração dos Portos de Sines e do Algarve, moderou um painel intitulado A Plataforma Continental e as potencialidades económicas do Mar no espaço da Lusofonia. O Dr. Miguel Herédia, a representar a Ocean Vision, apresentou-nos as oportunidades e desafios que a Estratégia Nacional pode potenciar. Identificou algumas características intrínsecas para potenciar clusters de oportunidades, mas sobretudo salientou quatro macro tendências globais que devem merecer a nossa atenção nos próximos anos: a procura de proteínas, a procura por transportes, por energia e por tecnologia. Por sua vez, o Comandante João Fonseca Ribeiro, Diretor Geral de Política do Mar partilhou a visão institucional nacional e ações concretas em desenvolvimento, destacando a importância da língua como um meio e uma estratégia para o mar poder ser um fim se objetivado. Salientou ainda a importância do desenvolvimento requerer condições de segurança, sobretudo se tivermos em conta as ameaças da pirataria e narcotráfico. Concluiu na necessidade de, a nível global, Portugal promover um desenvolvimento azul e tendo em conta o canal do Panamá e a rota do ártico, constituir-se como um hub de referência.
2 Por fim, a visão da CPLP chegou-nos da Dra. Ana Neto, que relembrou que todos os Estadosmembros desta organização são países ribeirinhos banhados pelos três principais oceanos, pelo que a partilha de experiência, informação, conhecimento e concertação governamental são imprescindíveis. Salientou ainda que a estratégia da CPLP para os oceanos de 2010 se baseia nos pilares do desenvolvimento sustentável nas suas dimensões ambiental, económico e social. Após o intervalo, o Dr. Bruno Bobone, Presidente da direção do Fórum Empresarial da Economia do Mar moderou o segundo painel intitulado As oportunidades de negócio e as respostas empresariais no espaço da Lusofonia. A primeira intervenção coube ao Dr. Vital Morgado, administrador da AICEP sobre A promoção externa das competências nacionais e a captação de investimentos estratégicos. Do seu contributo ficou claro como a língua tem sido um fator determinante para a evolução das exportações e importações e para os países da lusofonia, bem assim a emergência de novas empresas e o reforço dos mercados tradicionais. Por sua vez, a visão da confederação empresarial portuguesa, foi-nos transmitida pelo Eng. José António Barros, primeiro vice-presidente da direção da CIP. Salientou que Portugal deve prosseguir o seu relacionamento com África em termos de ajuda ao desenvolvimento, comércio e investimento. Assim, os laços históricos e culturais com a diáspora devem ser potenciados, já que o português é a língua mais falada no hemisfério sul e a terceira língua mais falada na internet. Por fim, o Eng. Francisco Mantero, Presidente da ELO Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Económico e a Cooperação, salientou que, para além da proximidade cultural e linguística, a CPLP apresenta complementaridades económicas significativas com grande potencial de crescimento da lusofonia. As integrações regionais dos Estados-membros da CPLP como plataforma de oportunidades foi também particularmente salientada. Findos os trabalhos da parte da manhã, o seminário foi retomado após o almoço com um terceiro e último painel dedicado aos desafios da plataforma continental. A moderação esteve a cargo do Vice-almirante António Silva Ribeiro. Numa primeira parte, o painel contou com três intervenções. A visão política, a cargo do Dr. Rui Vinhas, subdiretor geral de Política Externa no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Salientou quatro grandes pontos que
3 determinam a nossa análise da estratégia portuguesa nesta matéria: as condições de segurança, na sua dupla vertente de security and safety; o desenvolvimento de capacidade tecnológica; o conhecimento científico; e a valorização político-diplomática. O Sr. Almirante Alexandre Reis Rodrigues, vice-presidente da Comissão Portuguesa do Atlântico partilhou de seguida com a audiência alguns considerando sobre a visão estratégicomilitar, realçando que a segurança e defesa é um dos vetores de análise de questão, em complemento com a dimensão do desenvolvimento e a dimensão de projeção externa. Salientou quatro pontos que a visão estratégico-militar deve ter em análise, a saber, o reforço dos progressos no estudo do mar; aproximação multidisciplinar e interdepartamental; e o desencontro entre as responsabilidades da área marítima e os recursos a proteger. Sobre os desafios tecnológicos relacionados com a exploração dos recursos marinhos. O Professor Luís Menezes Pinheiro, da Universidade de Aveiro, começou por afirmar que os recursos naturais estão a escassear em terra e que a tecnologia ainda precisa de alguns avanços, nomeadamente no âmbito da robótica submarina cooperativa e novos sensores. Foi ainda salientado como os hidratos de gás constituem uma fonte de energia importante mas ainda desconhecida e que o potencial de biotecnologia no fundo do mar é inequívoco. No entanto, de realçar que nenhum desafio tecnológico, poderá colidir com os ecossistemas a preservar. Após o intervalo, deu-se a palavra às três últimas intervenções. Pedro Duarte, Administrador da Navalria e da West Sea partilhou a visão empresarial relacionada com a indústria naval. Foi aliás nas infraestruturas de Viana do Castelo e de Aveiro que a sua alocução se centrou, salientando a importância da especialização para uma maior competitividade. A estratégia passa por parcerias com empresas complementares, através da conversão de navios para gás, a construção de navios para a marinha, a construção de navios de cruzeiro e o reforço do sector de oil e gás. De seguida, a visão empresarial relacionada com a observação e vigilância marítima foi o tema do Dr. António Neto da Silva, presidente da direção da Proespaço. Salientou a importância da monitorização contínua, fiável e em tempo real, por questões de segurança e soberania com a extensão da plataforma continental.
4 O Sr. Salimo Abdula, presidente da Confederação Empresarial da CPLP, concluiu com a visão empresarial daquela organização com uma ênfase muito clara na cooperação. Cooperação que não pode ser exclusiva a nível logístico ou cultural, mas que tem que se estender para o desenvolvimento económico e empresarial. Não deixou de salientar, em conclusão, a pirataria marítima como ameaça à segurança de toda a comunidade dos países de língua portuguesa. Do dia de trabalho, salientam-se conclusões importantes que foram notadas em diferentes intervenções e que servem também de recomendações para potenciar o debate no futuro. Realçamos cinco. A primeira, a de que Portugal já não é um país periférico na matéria do mar condições biofísicas da nossa água, oferta de turismo e determinantes estruturais da lusofonia que são uma oportunidade a potenciar, nomeadamente: a diversidade que traz complementaridade, a língua, o alargamento da plataforma continental, a centralidade e a dimensão do que se constitui como uma das maiores zonas exclusivas da Europa. A segunda, é a de que, não só temos muito pouco tempo para atingir os objetivos desejados, como não podemos agir de forma isolada. Para capitalizar oportunidades, e dado o carácter transnacional dos desafios e das ameaças, Portugal deve estar na primeira linha de uma geopolítica a sul, mas sempre em cooperação. Terceiro, é importante que Portugal se torne um cluster de qualificações para o mar profundo mas para tal, tem que investir em mais investigação científica e tecnológica. Quarto, ficou também claro em algumas intervenções como é necessário ultrapassar a insuficiência endémica de financiamento, potenciando um ambiente de negócios estável que colmate a carga administrativa, a falta de incentivos fiscais ou a falta de investimento público em áreas que não dependem só da iniciativa privada e das tecnologias de acesso. Quinto, e o último ponto, o maior desafio permanece na capacidade de agir ou, como alguns referiram, na capacidade de passar das palavras aos atos. Importa, no entanto, concluir com uma nota positiva: não só foi inequívoco em todas as intervenções o valor e as potencialidades do mar e da lusofonia, como os seus protagonistas têm uma consciência clara dos desafios e oportunidades inerentes ao desenvolvimento nacional.
5 Terminamos assim este seminário com a certeza de termos concretizado as expectativas geradas em torno dos ilustres palestrantes, sendo devido o reconhecido agradecimento à participação de todos os convidados e ao entusiasmo de todos os que acompanharam este seminário em Lisboa, Porto, Braga e Funchal. Um agradecimento mais uma vez ao apoio da Administração dos Portos de Sines e do Algarve, a Administração dos Portos de Lisboa e a ESRI- PORTUGAL, Sistemas e informação geográfica. Por fim, impõe-se reiterar o agradecimento ao Sr. Diretor do Instituto da Defesa Nacional, Sr. Major General Vítor Rodrigues Viana e ao Sr. Presidente da Direção do Centro de Estudos Eurodefense Portugal, Dr. António Figueiredo Lopes, pela generosidade em terem sabido acolher a proposta inicialmente lançada pela Associação de Auditores dos Cursos de Defesa Nacional neste seminário, estando certa que a parceria entre as nossas entidades sai reforçada após este extraordinário dia de reflexão conjunta. Muito obrigada. Ana Isabel Xavier Presidente da Direção
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