ELABORAÇÃO DO FAP PARA UNIDADES DE UMA CORPORAÇÃO: INDICADOR DE DESEMPENHO EM SST.
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1 ELABORAÇÃO DO FAP PARA UNIDADES DE UMA CORPORAÇÃO: INDICADOR DE DESEMPENHO EM SST. Autor: Dr. Airton Kwitko INTRODUÇÃO A busca por indicadores de desempenho em SST é intensa, pois os mesmos se inserem em modelos de gestão. Os indicadores têm como objetivo permitir que toda empresa, e principalmente a alta direção, visualizem o desempenho da SST como um todo, possibilitando a realização de uma auto-avaliação e o estabelecimento de planos para eventuais correções de rumos (1). Nesse sentido a literatura é farta de modelos de indicadores. Citamos um trabalho denominado Proposta de um modelo para a avaliação e ações de melhoria na gestão da segurança e saúde no trabalho. Nessa tese de doutorado de Franz (2) são apresentadas diversas propostas metodológicas que pretendem estimar o desempenho da SST. FAP COMO INDICADOR OBJETIVO Entendemos que o Fator Acidentário de Prevenção FAP é um indicador objetivo do desempenho da empresa em saúde e segurança no trabalho - SST. O objetivo se justifica pelo fato de que a matriz do FAP é originária da concessão de benefícios acidentários típicos, originados no trabalho e/ou no trajeto, e doenças ocupacionais, ambos concedidos pela perícia médica da Previdência Social com ou sem emissão de CAT. Ou seja: não é necessário que o caráter acidentário do evento seja reconhecido pela empresa. Dessa forma esses benefícios se originam na imensa maioria por eventos que ocorreram na empresa e para os quais foi necessário o encaminhamento à Previdência, para que o trabalhador que sofreu um acidente (ou ficou doente) e apresentou seqüelas Página 1
2 (temporárias ou definitivas) que reduziram sua capacidade de trabalho, não ficasse desamparado e pudesse receber algum valor em dinheiro nesse período (o benefício). Assim, esses benefícios se constituem em um painel altamente significativo e representativo das condições de SST da empresa ao qual o recebedor do benefício está vinculado. O aspecto de que o acidente de trajeto não possa ser invocado como representativo das condições de SST de uma corporação é relevante, mas esse fato será desconsiderado nesse estudo por ser matéria não pertinente ao mesmo. Isso se justifica divido ao fato de que a legislação atribui esse tipo de evento a lista dos vinculados à empresa, e não cabe aqui a discussão sobre esse aspecto. Ainda, a discussão sobre a correta ou não caracterização pela perícia médica da Previdência Social da doença como ocupacional igualmente não será aqui abordada. Argumento semelhante ao utilizado acima é invocado: existem legislações, instruções normativas e resoluções que disciplinam essa atividade; não entraremos na contenda sobre a sua pertinácia ou não. Em relação ao entendimento do FAP como indicador, no site da Revista Proteção pode-se ler o artigo Entrada do FAP torna prevenção vital para empresas (4). Dele extraímos: O FAP (...) é um indicador de desempenho de cada empresa atuando diretamente em sua lucratividade, pois é fator determinante dos custos diretos relacionados aos eventos acidentários. Por meio dele pode-se, além de se obter o desvio em relação ao comportamento previsto, obter a posição da organização em - relação às outras empresas pertencentes ao mesmo grupo de atividade econômica. Referências a qualificação do FAP como indicador de desempenho também foram feitas por Souza em trabalho denominado O FAP como instrumento de Gestão para as Lideranças (3). Nele lê-se: (...) as lideranças terão um papel fundamental na implementação do FAP, pois além de conduzirem esse processo terão a incumbência de praticá-las, e como essa mudança diz respeito ao comportamento, haverá necessidade de atenção e esforços adicionais, entretanto, estou convicto que os resultados serão extraordinários, uma vez que a Gestão do FAP evidenciará as conquistas e/ou fracassos das áreas, assim como, seus responsáveis. E minha convicção se dá muito mais pela "obrigatoriedade" do que pela consciência, uma vez que essa "obrigatoriedade" evidenciará uma importante competência organizacional, Gestão de Pessoas, a qual inclui a capacidade de criar condições e mecanismo que preservem a saúde e qualidade de vida de seus colaboradores. Página 2
3 FAP COMO INDICADOR DE CADA UNIDADE DA CORPORAÇÃO Sendo o FAP um indicador de desempenho em SST da corporação como um todo, pelo fato de ser informado para a raiz do CNPJ, estudo detalhado de cada unidade dessa corporação realizado através da mesma metodologia que balisa o FAP, calculado pela Previdência pode ser útil indicador de desempenho e de riscos existentes em cada unidade: esse é o FAPU Fator Acidentário Previdenciários da Unidade. METODOLOGIA PARA CÁLCULO DO FAPU Assim como o cálculo do FAP considera o número de ordem da empresa como um todo no ''ranking'' das empresas da mesma subclasse da CNAE, no que diz respeito aos critérios de mensuração do FAP (freqüência, gravidade e custo), é possível estabelecer-se o ranking interno na corporação, que demonstre a participação de cada unidade no produto final denominado FAP. Sendo assim, utiliza-se a metodologia apresentada pela Resolução nº de para estimar o FAPU. O que temos de objetivo para desenvolver um estudo das condições de SST da unidade de cada empresa são números de registros de acidentes do trabalho (AT), de nexos técnicos previdenciários sem CAT vinculada (DO), de auxílio doença por acidente do trabalho (B91), aposentadoria por invalidez por acidente do trabalho (B92), pensão por morte por acidente do trabalho (B93), auxílio acidente por acidente do trabalho (B94) e valor total de benefícios pagos pela Previdência. Todos esses dados, quando existentes, estão disponíveis no informe do FAP de cada raiz de um CNPJ. São necessários ainda, o conhecimento, no período de 01/2008 a 12/2009 (para o FAP com vigência em 2011) do: Número médio de vínculos de cada unidade (24 meses); Valor total de remuneração paga pela unidade aos segurados (26 meses, incluindo-se os 13º). Calcula-se: 1. Índice de Freqüência Página 3
4 Índice de freqüência = número de acidentes registrados (AT) + nexos técnicos previdenciários sem CAT vinculada (DO)/número médio de vínculos x (mil). 2. Índice de gravidade Índice de gravidade = (número de benefícios B91 x 0,1 + número de benefícios B92 x 0,3 + número de benefícios B93 x 0,5 + o número de benefícios B94 x 0,1)/número médio de vínculos x (mil). 3. Índice de custo Índice de custo = valor total de benefícios/valor total de remuneração paga aos segurados x (mil). 4. Determinação do percentil de ordem para cada índice. O percentil de ordem para cada um desses índices é dado pela fórmula abaixo: Percentil = 100 x (Nordem - 1)/(n - 1) Onde: n = número de unidades que compõem a organização; Nordem = posição do índice no ordenamento da unidade. 5. A partir dos percentis de ordem é criado um índice composto, atribuindo ponderações aos percentis de ordem de cada índice. Gravidade = 0,50 Freqüência = 0,35 Custo = 0,15 Fórmula para o cálculo do índice composto (IC) é a seguinte: IC = (0,50 x percentil de ordem de gravidade + 0,35 x percentil de ordem de freqüência + 0,15 x percentil de ordem de custo) x 0,02 6. Ajustamento do IC: 1. Os valores de IC inferiores a 0,5 receberão, por definição, o valor de 0,5 que é o menor FAP. 2. O FAPU será publicado com 4 casas decimais e será aplicado o critério de truncamento, ou seja, serão desprezadas as casas decimais após a quarta casa. CONCLUSÕES Através do FAPU utiliza-se o passado real para projetar o futuro. Por ele é possível estimar a participação de cada unidade de uma corporação no todo Página 4
5 denominado FAP. Ou seja: o quanto a adequada ou não gestão dos riscos/processos em cada unidade repercute de forma individual para a corporação. A avaliação dos riscos deixa de ter um caráter presuntivo e passa a ser uma evidência. O conceito é esse: Se o risco existente foi expressivo para que o trabalhador exposto se acidentasse e/ou desenvolvesse uma doença ocupacional, e a comprovação desse evento é expressa pela concessão do benefício acidentário por parte da Previdência Social - o que é uma realidade insofismável - o risco que originou o afastamento necessita ser eliminado/mitigado, pois caso contrário outros trabalhadores irão se afastar e novos benefícios serão concedidos. Um ranking interno é gerado e a partir do mesmo adotam-se medidas corretivas pontuais e impactantes para os interesses da corporação. Exemplo: A unidade que está no topo do ranking como protagonizadora do maior FAPU irá receber atenção especial da corporação para identificarem-se as causas desse achado e proporcionar atuação sobre as mesmas. Ao mesmo tempo pode-se criar uma espécie de câmara de compensação relativa à contribuição do RAT ajustado. Através dessa algumas unidades, identificadas como passíveis de recolherem a menos por seu desempenho, podem obter compensações financeiras; já daquelas vinculadas a um desempenho pior, de forma relativa na organização, pode ser exigido um maior dispêndio. Webgrafia: ce= y4&pagina= Página 5
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