Recurso de Nexo Técnico Epidemiológico SETEMBRO / 2010

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Rafael Fartaria de Vieira
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1 Recurso de Nexo Técnico Epidemiológico SETEMBRO / 2010

2 Nexo Técnico Epidemiológico Criado pela MP nº 316, de 11/08/2006, convertido na Lei nº , de 26/12/2006, regulamentada pelo Decreto nº 6.042, de 12/02/2007. O NTEP é mais um critério criado para a caracterização de benefício por incapacidade por acidente do trabalho. É uma metodologia que adota parâmetros epidemiológicos para o estabelecimento do nexo técnico entre o agravo à saúde do segurado e o trabalho por ele exercido. Consiste em identificar quais doenças e acidentes estão relacionados com a prática de uma determinada atividade profissional.

3 O que significa? O nexo técnico epidemiológico previdenciário será aplicado quando houver significância estatística da associação entre o código da Classificação Internacional de Doenças CID, e o da Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNAE, constante da Lista B do Anexo II do Decreto nº 3.048/99 ( inserida pelo Decreto nº 6.042/2007 ). Essa lei inverte o ônus da prova do nexo epidemiológico. Se a empresa não concordar com o nexo estabelecido, ela terá de provar que não foi o trabalho o causador da doença ou lesão no trabalhador. Essa conseqüência jurídica se deu em razão da norma ter estabelecido a PRESUNÇÃO da existência do nexo entre o agravo e o trabalho.

4 Quem caracteriza? A doença ou acidente de trabalho será caracterizado pela PERÍCIA MÉDICA do INSS mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo ( a doença ou a seqüela ).

5 Como o NTEP é estabelecido? O Decreto 3.048/99, no parágrafo 3º do art redação alterada pelo Decreto nº 6.042/2007- considera estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar o nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa, identificada pela Classificação Nacional de Atividade Empresarial (CNAE), e a doença ou seqüela que motivou a incapacidade, identificada pelo Código Internacional de Doenças (CID). Quem define os tipos de doenças? A relação de doenças e dos ramos de atividades onde há nexo epidemiológico consta na lista B do Anexo II do regulamento 3.048/99.

6 Quem poderá recorrer? Independente do nexo técnico previdenciário aplicado e o critério utilizado pelo perito médico do INSS para a classificação da natureza acidentária do benefício, CABERÁ recurso da EMPRESA ou do SEGURADO ao CRPS. Uma vez estabelecido o nexo conforme manda a lei, a empresa, em caso de não concordar com a decisão da perícia, poderá recorrer, pedindo ao INSS a não aplicação do nexo técnico epidemiológico naquele caso concreto, devendo provar que não existe nexo causal entre o trabalho e a doença ou seqüela.

7 Quando se tratar de nexo técnico profissional/ do trabalho ou individual a instância recursal é a única forma possível de manifestação do empregador, NÃO CABENDO EFEITO SUSPENSIVO. Por outro lado, quando for o caso de nexo técnico epidemiológico o recurso ao CRPS sempre seguirá a uma contestação na Agência da Previdência Social, cabendo a aplicação do EFEITO SUSPENSIVO. Prazo para requerer a não aplicação do NTEP Após a aplicação do NTEP e concedido o benefício por acidente do trabalho, a empresa poderá requerer ao INSS, em até 15 dias da data para a entrega da GFIP, na forma do inciso IV do art. 225 do RPS, OU da data em que tomar ciência da decisão da perícia médica, a não aplicação do nexo técnico epidemiológico, sob pena de não conhecimento da alegação em instância administrativa, caso não protocolize o requerimento tempestivamente.

8 Uma vez recepcionado o requerimento interposto pela empresa, a APS mantenedora do benefício, encaminhará o processo à perícia médica para análise prévia. Somente quando houver tendência a acatar as alegações da empresa o segurado será informado da existência do requerimento da mesma, ocasião em que poderá retirar uma das vias desse requerimento, para oferecimento de contrarrazões. Para isso terá o prazo de 15 dias a contar da ciência do requerimento Apreciado administrativamente o requerimento da empresa e as contrarrazões do segurado, se houver, pela perícia médica do INSS, as partes serão comunicadas. Da decisão do requerimento cabe recurso à Junta de Recursos/ CRPS, da parte que se sentir prejudicada, no prazo de 30 dias.

9 Para as demais caracterizações acidentárias ( nexo técnico profissional, do trabalho ou individual ), existentes antes do NTEP, cabe apenas recurso para transformação de espécie a ser protocolado na APS e dirigido a Junta de Recursos/ CRPS, no prazo de 30 dias. Enquanto isso, como fica caracterizado o benefício? Caso a decisão seja favorável ao segurado, ou seja, a perícia médica não acate a tese da empresa, o NTEP será mantido e o benefício continuará a ser pago como acidentário ( E/ 91 ). Em sendo favorável à tese da empresa, o NTEP deixará de ser aplicado e o benefício passará para a espécie previdenciária ( E/ 31 ), permanecendo assim até que se tenha uma decisão definitiva do recurso ao CRPS ( efeito suspensivo da natureza do benefício ).

10 Obs.1: De um modo geral o efeito suspensivo não prejudica o pagamento regular do benefício. Caso a perícia médica conclua pela reforma da aplicação do NTEP, caracterizando assim a mudança na natureza do benefício concedido de acidentário para previdenciário e o segurado não tenha cumprido a carência para o seu devido recebimento, o pagamento do benefício será SUSPENSO até a decisão do CRPS. Obs.2: Durante a vigência do efeito suspensivo, a empresa, que estava obrigada a realizar os depósitos do FGTS, poderá suspendê-los ou mantêlos, até a definição da natureza do benefício por parte do CRPS. Caso a decisão seja favorável à empresa, os valores dos depósitos realizados poderão ser restituídos ou compensados.

11 Quais os documentos considerados probantes para a análise do recurso? Aqueles que contiverem a indicação, assinatura e número de registro do profissional contratado e legalmente habilitado perante o Conselho de Profissão, contendo anotações técnicas e em períodos CONTEMPORÂNEOS à exposição do segurado aos riscos ocupacionais. Vale lembrar que os documentos que são geralmente apresentados pelas empresas para contestar o NTEP são: PPRA, PCMAT, PGR, LTCAT, PCMSO e PPP.

12 Obs.: Juntamente com as alegações que entender necessárias, a empresa apresentará a documentação probatória, em 2 VIAS ( a segunda via é para entregar ao segurado, que terá 15 dias para a apresentação de contrarrazões ao requerimento protocolizado pela empresa ). A partir de quando será concedido benefício por incapacidade acidentário com base no NTEP? De acordo com o inciso I do art. 5º do Decreto nº 6.042/2007, a partir de 01/04/2007. Obs.: Os pedidos de revisão e recursos tempestivos para a transformação do benefício previdenciário em acidentário, que ainda não foram julgados, poderão ser caracterizados pelo NTEP, desde que o agravo NÃO tenha ocorrido ANTES de 01/04/2007.

13 A CAT continua obrigatória? As empresas continuam obrigadas a emitir a Comunicação dos Acidentes e Doenças do Trabalho (CAT) para todos os acidentes de trabalho ou de trajeto e também para todas as doenças relacionadas ao trabalho, que estão relacionadas no Anexo II do Decreto nº 3.048/99, inclusive para os casos sem afastamento do trabalho ou afastamento menor de 15 dias. Obs.: A dispensa de vinculação do benefício a uma CAT no sistema de Benefícios do INSS, para a concessão do benefício por incapacidade de espécie acidentária NÃO desobriga a empresa da emissão da mesma, conforme previsto nos arts. 19 a 23 da Lei nº 8.213/91, porém, não caberá a aplicação de multa, por não emissão da CAT, quando o enquadramento decorrer de aplicação do NTEP, conforme disposto no parágrafo 5º do art. 22 da lei nº 8.213/91 com redação dada pela Lei nº /2006.

14 Fundamentação Legal: Lei nº 8.212/91 e alterações posteriores; Lei nº 8.213/91 e alterações posteriores; Lei nº /2006; Decreto nº 3.048/99 e alterações posteriores ; Decreto nº 6.042/2007 e Instrução Normativa INSS/ PRES nº 31, 10/09/2008 (D.O.U de 11/09/2008). Apresentação: Simone Barreto Domingues de Oliveira

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