ROAD MAPS B2N PARA O ALTO TÂMEGA
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- Irene Prada de Vieira
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1 ROAD MAPS B2N PARA O ALTO TÂMEGA
2 Road Maps B2N para o Alto Tâmega I - Introdução Com este documento, pretende-se apontar opções estratégicas e políticas de modo a que as boas práticas identificadas no decurso do projeto B2N possam ser, tanto quanto possível, transferidas para o contexto regional e geográfico do Alto Tâmega. Os estudos e visitas desenvolvidas permitiram reconhecer inúmeras boas práticas, em diversos países e localidades, bem como no âmbito de vários sectores económicos e quadros legais. A singularidade de cada local e negócio implica que nem todas as práticas sejam transferíveis na sua totalidade, quer para outros territórios quer para outras realidades sociais e económicas. No entanto, podem ser uma referência para diferenciar as políticas regionais do território, devendo para tal haver vontade de mudança, apoiar mecanismos já existentes ou introduzir novas ferramentas e metodologias. Reconhece-se que em todos os países parceiros, o desenvolvimento de PME e a gestão ambiental são influenciados e regidos por várias políticas nacionais e regionais, frequentemente dirigidas por diferentes organismos e de diferentes níveis de intervenção. Do estudo final do projeto, ficou também evidente, que normalmente os negócios não são originalmente conduzidos pela preocupação ambiental. Esta é uma das vias onde as estratégias políticas e suas intervenções são importantes, isto é, devem promover-se as vantagens económicas das práticas ambientais responsáveis, na mesma medida como a informação relativa às restrições para o desenvolvimento de certas atividades empresariais
3 II- Definir Compromissos Comuns Uma das recomendações mais notadas é a necessidade de se definirem objetivos e compromissos comuns, quer na elaboração quer na aplicação de políticas e estratégias. É inevitável que organismos públicos, organizações privadas sectoriais e agências de apoio tenham diferentes propósitos, mas por vezes há sobreposição de competências ou intervenções. III - Articular as formas de apoio às PME Vários dos casos analisados ao longo do projeto beneficiaram de algum tipo de apoio, quer apoio financeiro direto, quer apoio promocional indireto (exemplo, marketing regional de um destino turístico). Este apoio e ligação ao tecido empresarial pode funcionar bem através de organismos intermédios ou agências especializadas. Normalmente, estas organizações têm uma estrutura hierárquica mais simples, com equipas técnicas conhecedoras da realidade empresarial local, podendo assim tomar decisões mais rápidas e adaptar-se às mudanças e necessidades de cada período ou sector. Um dos casos que podemos referir é a Fundação Grand Paradis, em Itália. A articulação dos apoios, assente numa perspetiva múltipla de cooperação, deverá ajudar as PME a beneficiar mais das oportunidades do Mercado Único, fortalecer as suas competências e inovação, bem como capacitá-las para transformar os desafios e obrigações ambientais em oportunidades de negócio. Esta questão é particularmente importante uma vez que há poucos programas ou iniciativas de apoio que estejam centrados nos tipos de negócios considerados para os territórios com estas características: empresas de pequena dimensão, rurais e tendo a natureza e o património cultural e etnográfico como instrumento produtivo ou comercial
4 Outro aspeto de relevo para a região, será identificar nas áreas rurais do conjunto dos municípios, quais as atividades que podem complementar os serviços e produtos já existentes e que mereçam algum esforço para a sua criação e desenvolvimento. IV - Promover marcas para criar um sentimento de lugar e pertença Este é um dos métodos que tem revelado resultados interessantes em diversos territórios europeus. A introdução de métodos promocionais comuns, promovendo os benefícios ambientais de áreas protegidas, em vez de se centrar nas suas restrições legais, pode criar bons exemplos empresariais a serem seguidos, Desde logo é necessário compreender e divulgar os valores naturais e a sua vulnerabilidade, sendo aqui importante a cooperação entre instituições de investigação, PME e organizações de apoio e desenvolvimento. Esta linha de ação permitirá dirigir o apoio ao desenvolvimento empresarial nos territórios das áreas protegidas. Uma boa prática que aqui podemos referir foi observada no Parque Natural Grand Paradis, em Itália, onde o Consórcio de Operadores do Vale de Cogne representa os diversos operadores turísticos do Vale de Cogne e desempenha um papel importante no desenvolvimento territorial turístico. Promove a gestão do destino a nível local, lidando tanto com a promoção do território e serviços turísticos ligados à natureza, como com a organização direta de diferentes tipos de eventos. Uma das iniciativas assumidas foi a aquisição conjunta de bicicletas elétricas, de modo a promover a mobilidade sustentada na localidade, que ficam ao dispor dos turistas e visitantes clientes das empresas integradas no consórcio. Outro caso ocorre no Parque Natural Sibillini, também em Itália, onde foi criado um selo de qualidade com o logotipo do Parque, usado pelas empresas aderentes (quer operem dentro ou fora da área classificada), independentemente do sector de atividade. Esse selo atribui-se com uma classificação de ouro, prata e bronze, sendo que o cumprimento do seu regulamento e a renovação ou progressão da sua atribuição é verificado pelo próprio parque a cada 2 anos
5 No Alto Tâmega, parece-nos oportuno haver um conhecimento aprofundado sobre o perfil do turista/visitante ou consumidor dos produtos regionais, de modo a melhor compreender que melhorias a oferta empresarial precisa. Por exemplo, será que o visitante do Parque Natural da Peneda-Gerês, no concelho de Montalegre, tem o mesmo perfil do visitante do centro histórico de Chaves? Ou quem compra produtos alimentares nas feiras gastronómicas tem o mesmo perfil de quem recorre aos restaurantes ou tabernas noutros períodos do ano? V - Promover e recompensar as Boas Práticas De modo a aumentar o crescimento das PME, também é importante que decisores e legisladores promovam as boas práticas existentes. Em matéria de ambiente, deve ser valorizada a opção de ser verde ou ecológico não para obter financiamento ou majoração nos apoios, mas sim valorizar essa atitude como um instrumento de melhoria empresarial. Para isso é igualmente importante a participação de especialistas e aumentar o conhecimento das disposições técnicas. Deve promover-se a acreditação de certificações para áreas geográficas maiores, o que fortalecerá a atitude do cliente final. A existência de prémios e concursos relativos à boa gestão ambiental e negócios de baixo impacto ambiental são outra forma de sensibilizar o sector empresarial e informar de como as boas práticas podem ser relevantes em todos os sectores económicos. Referimos aqui o caso do Parque das Grutas Škocjan, na Eslovénia. Este sítio está classificado como Património natural e cultural mundial pela UNESCO, desde O Parque desenvolve um trabalho próximo com a comunidade local, de modo a garantir que as áreas naturais são conservadas e os elementos tradicionais (como as paredes de pedra) são mantidos. Há um pequeno sistema de apoio financeiro para as reconstruções locais, executadas pela população residente na área envolvente, transformando a comunidade num importante agente da área. A investigação e ciência são também importantes, sendo que um edifício recentemente restaurado - 5 -
6 pelo Parque garante instalações para os escritórios e estudos de investigação científica. Na região podemos apontar situações existentes no meio rural e em áreas classificadas (nomeadamente Rede Natura 2000), merecedoras de algum apoio promocional e cujo exemplo poderá ainda ser replicado noutros territórios da região. Referimo-nos aos casos da Rede de Tabernas do Alto Tâmega e às cozinhas regionais, cuja tipologia de negócio pode surgir noutras aldeias da região, criando assim um maior dinamismo económico local. VI - Gerir o desenvolvimento e os impactos das atividades económicas Uma das tarefas mais complexas num território é sem dúvida a aplicação de trabalho conjunto em diferentes sectores, com vista a alcançar um objetivo comum de desenvolvimento sustentável. Daí a importância de se criarem redes temáticas e partilhar recursos produtivos e promocionais, procurando economias de escala que encorajem os empresários por exemplo a terem marketing ou adquiram fatores de produção em conjunto. O referido atrás pode ser aplicado por exemplo no subsector turismo, em que múltiplos pequenos negócios podem garantir uma oferta de boa qualidade e interesse para visitantes e turistas, equivalente a um ou dois grandes empreendimentos, tendo até um menor impacto ambiental. Leva-nos este exemplo à importância de sabermos apoiar a criação de riqueza de igual modo que a própria criação de empregos, nem sempre fácil em meios rurais de pequena dimensão e com fraca oferta de serviços públicos ou privados. Ou seja, o número de empregos criados é normalmente um elemento-chave para obter um financiamento ou uma majoração ao subsídio para as PME. Contudo, aumentar o rendimento de um pequeno negócio familiar já existente, mesmo sem criar novos empregos, trará também benefícios à económica local e este impacto deverá ser contabilizado no momento da atribuição de apoios financeiros ou outros. Não menos importante, é o desenvolvimento de projetos-âncora que criem um ambiente de oportunidades de novos negócios em seu redor. A título de exemplo, - 6 -
7 referimos o Ecomuseu do Barroso, já repetidamente premiado e reconhecido pelo seu papel na promoção e desenvolvimento regional, e o Museu Militar de Pivka, na Eslovénia. Este Museu, ainda que não seja exatamente uma iniciativa empresarial em área natural, pode ser considerado um projeto-âncora na medida em que é o principal atrativo turístico do município de Pivka, tendo já protocolos de colaboração com empresas locais (sobretudo de restauração, hotelaria e animação turística), estas sim localizadas em áreas rurais e naturais das proximidades e que beneficiam do fluxo turístico criado pelo museu militar. Neste âmbito consideramos relevante o futuro desenvolvimento do Museu das Termas Romanas, em Chaves, que poderá funcionar como centro de atração turística, a partir do qual outros pequenos negócios poderão surgir, quer no meio urbano, quer nas áreas rurais envolventes. Isto tendo por base o turismo cultural e religioso, ligado à Civilização Romana e aos Caminhos de Santiago, por exemplo, já que na região existem inúmeros elementos (Via Romana, Marcos Miliários, Pontes, Igrejas ), localizados no meio rural onde carece o empreendedorismo. Também o recentemente inaugurado Caminho Português Interior de Santiago, pode ainda ser melhorado, com a instalação de novas empresas, nomeadamente associadas ao alojamento e restauração. A recuperação de edifícios abandonados (escolas primárias, apeadeiros, casas florestais, outros), titulados por organismos públicos, poderão mesmo ser concessionados em parcerias público-privadas, com vista à sua exploração em atividades de apoio aos peregrinos, tanto para os que se deslocam a pé, como para os que se deslocam em bicicleta ou a cavalo. VII - Apoiar comunidades locais empreendedoras e simplificar procedimentos Apoiar as áreas rurais remotas e com ambientes naturais e culturais classificados custa dinheiro e exige orçamentos posteriores para suportar a sua manutenção. Frequentemente, a criação e desenvolvimento de negócios ou a melhoria das localidades nestes territórios são mais dispendiosos e os retornos financeiros mais demorados, quando comparado com áreas mais próximas de meios urbanos. Esta - 7 -
8 vicissitude deve ser tida em conta na elaboração e aplicação de mecanismos de apoio e na avaliação das propostas empresariais destas zonas. As comunidades rurais mais distantes dos meios urbanos e com elevada qualidade ambiental devem poder perpetuar-se, contribuindo para uma economia local e regional sustentável. A este nível, deve haver uma aposta nas pessoas, pois em todas as visitas de estudo do projeto B2N se encontraram pessoas apaixonadas pela sua atividade, levando-as a perseguir um objetivo que é muito mais do que um objetivo de negócio, é um objetivo e um modo de vida. Por exemplo, a elaboração de planos de intervenção para determinadas localidades, deverá considerar não só o valor patrimonial e histórico, mas também - e nalguns casos de forma determinante o dinamismo e capacidade empreendedora que as populações locais têm já demonstrado
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