O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA
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- Esther Sabrosa Teves
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1 FACULDADES INTEGRADAS PROMOVE CURSO BACHAREL EM ENFERMAGEM O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA Estudantes: Danielle Juliana Alves de Salles de Almeida Jucivane Rodrigues Alves Orientador: Tayse Tâmara da Paixão Duarte BRASÍLIA 2013
2 DANIELLE JULIANA ALVES DE SALLES DE ALMEIDA JUCIVANE RODRIGUES ALVES CURSO DE BACHAREL EM ENFERMAGEM O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial do curso superior de BACHAREL EM ENFEMAGEM, para obtenção do título de Bacharel sob a orientação da professora Tayse Tâmara da Paixão Duarte. Brasília 2013
3 RESUMO O presente artigo trata do protocolo de Manchester, o qual padroniza a classificação no atendimento de emergência, estabelecendo como prioridade no atendimento as condições clínicas de cada paciente e não sua ordem de chegada. Essa classificação é realizada por cores, as quais são vermelho, laranja, amarelo, verde e azul. Verificase que a classificação de risco é um processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento imediato, no âmbito da emergência hospitalar, acolhendo-os de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento. O objetivo do trabalho é verificar a função do enfermeiro na classificação de risco no serviço de emergência, segundo protocolo de Manchester, bem como a demonstrar o atual posicionamento de uma emergência que o utiliza. O trabalho foi baseado em pesquisa de campo, a qual foi realizada no Hospital de Base do Distrito Federal. Foram constatados benefícios na utilização do método, bem como algumas dificuldades em sua implantação. Em geral, o procedimento está sendo bem aceito pelos enfermeiros, visto que evita os riscos da longa espera no atendimento aos pacientes mais graves. Palavra chave: Enfermeiro; Classificação de risco; Protocolo de Manchester; Emergência.
4 ABSTRACT This article deals with the Manchester protocol, which standardizes the risk classification in emergency care, establishing as a priority in meeting the clinical conditions of the patient and not the order of arrival. This classification is performed by colors, which are red, orange, yellow, green and blue. The risk assessment is a dynamic process of identifying patients who need immediate treatment within the emergency hospital, receiving them according to the potential risk, health damage the health or level of suffering. The objective of the present study is to verify the role of the nurse in risk classification in the emergency department, according to Manchester protocol, as well as to demonstrate the current positioning of an emergency that use it. The study was based on field research, which was performed at the Hospital de Base do Distrito Federal. Benefits were observed in the use of the method as well as some difficulties in its implementation. In general, the procedure is being well accepted by nurses, because it avoids the risks of long wait in patient care more serious.
5 1-INTRODUÇÃO O Sistema Único de Saúde (SUS) tem tido muitos avanços, entretanto persistem alguns problemas a serem enfrentados para consolidá-lo como um sistema público universal como, por exemplo, a garantia de acesso do usuário a rede de saúde, bem como o atendimento de forma satisfatória as suas demandas 1. Os serviços de emergência causam um grande impacto na organização do atendimento nesse sistema de saúde, devido à superlotação das emergências, problema de difícil gerenciamento, como as longas filas de espera e aumentando o risco de mortalidade. Quando se busca um atendimento em uma emergência faz-se necessário agilidade e rapidez, visto que ainda não se conhece a patologia que está comprometendo o paciente 2. Para o Ministério da Saúde 3, emergência é a "unidade destinada a assistência de doentes, com ou sem risco de vida, cujos agravos a saúde necessitam de atendimento imediato. Com o objetivo de melhorar a qualidade da assistência, no final da década de 1990, foi implementado o Programa Nacional de Humanização do Atendimento Hospitalar (PNH), com o objetivo de elevar a qualidade, a eficiência e a resolutividade do atendimento ao paciente 4. A Política de Humanização parte de conceitos e dispositivos que visam à reorganização dos processos de trabalho em saúde, propondo centralmente transformações nas relações sociais, que envolvem trabalhadores e gestores em sua experiência cotidiana de organização e condução de serviços e transformações nas formas de produzir e prestar serviços à população 5. O acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), sendo uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas. Acolher é um compromisso de respostas aos problemas e necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de emergências 6. O acolhimento é capaz de reduzir essa problemática, atuando como uma estratégia para reorganização dos serviços, com vistas à garantia do acesso universal, resolutividade e humanização do atendimento 7. 1
6 A Enfermagem, no serviço de saúde, seja de nível primário, secundário ou terciário deve zelar por uma assistência de qualidade. A partir de um atendimento realizado com acurácia por parte do profissional, é possível organizar o serviço e mudar os modos de prestar assistência, com vistas ao atendimento humanizado e a promoção de uma assistência integral, de forma que cada profissional possua uma visão holística do ser humano a ser atendido 8. Quando se trata da emergência hospitalar Furtado e Araújo Júnior (2010) 9 afirmam que as funções do Enfermeiro, neste setor, compreendem a escuta da história do paciente, exame físico, execução de tratamento, orientação aos doentes e a coordenação da equipe de enfermagem. Aliando conhecimento científico e capacidade de liderança, agilidade e raciocínio rápido e a necessidade de manter a tranquilidade. Tratando-se do acolhimento como um instrumento de trabalho da enfermagem, deve ser utilizado na emergência como dispositivo tecno-assistencial que permite refletir e mudar os modos de operar a assistência, pois se faz necessário uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas adequadas aos usuários. Ou seja, se faz necessário prestar um atendimento com responsabilização e resolutividade e, quando for o caso, de orientar o usuário e a família para a continuidade da assistência em outros serviços 10. O Acolhimento com Classificação de Risco se mostra como um instrumento reorganizador dos processos de trabalho na tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de Saúde 11. Abbês e Massaro (2004) 12 ressaltam que a classificação de risco é um processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento imediato, no âmbito da emergência hospitalar, acolhendo-os de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento. A classificação de risco diferencia-se do tradicional conceito de triagem, tendo em vista que na triagem tradicional pode haver exclusões, já na classificação de risco todos os clientes serão atendidos. A sala de triagem classificatória de risco é uma área física obrigatória nas unidades de atendimento de urgência. Sendo o seu principal objetivo identificar as prioridades. Ela é fundamental em qualquer serviço de emergência 13. 2
7 As emergências que trabalham com a classificação de risco, cujos enfermeiros são responsáveis, utilizam-se de cinco níveis de risco para a classificação dos usuários que buscam atendimento médico, os quais correspondem a priorização no atendimento, sendo cada um dos níveis representado por cores de acordo com o protocolo de Manchester 14. Diante do caso clínico cada cor representa um tempo para o atendimento, sendo vermelho indicado para atendimento imediato, laranja atendimento quase imediato (até 10 minutos de tolerância), o amarelo tempo de espera de até 60 minutos, verde até duas horas e o azul até 4 horas. VERMELHO: Emergência, neste caso o paciente necessita de atendimento imediato. LARANJA: Muito urgente, o paciente necessita de atendimento o mais prontamente possível. AMARELO: O paciente precisa de avaliação, não é considerada uma emergência, já que possui condições clínicas para aguardar. VERDE: Pouco urgente, é o caso menos grave, que exige atendimento médico, mais pode ser assistido no consultório médico ambulatorialmente. AZUL: Não urgente, é o caso de menor complexidade e sem problemas recentes, este paciente deve ser acompanhado no consultório médico ambulatorialmente 15. Morais, Matozinhos e Borges (2009) 16 alertam que, o enfermeiro ao receber este paciente na emergência deve avaliar os sinais vitais do indivíduo (temperatura, pressão arterial, freqüência respiratória e cardíaca) levando em consideração a queixa deste, que em muitos casos é a dor. A partir daí deve classificá-lo em uma das categorias e cores citadas. Esse profissional nas unidades de emergência destaca-se pelas suas características generalistas, que permite durante a triagem, assumir a responsabilidade pela avaliação inicial do paciente, encaminhá-lo para a área clínica adequada, além de ter autonomia para dirigir os demais membros da equipe 17. 3
8 Para atender a todas estas necessidades, faz-se necessário um treinamento direcionador e específico, qualificando esse profissional para atuar nas emergências com eficácia. Mediante o exposto, é seguro afirmar que ao enfermeiro cabe o acolhimento com classificação de risco, baseado em evidências científicas, sendo uma delas o uso do Sistema de Triagem de Manchester, que tem como finalidade a priorização do atendimento dos pacientes nos serviços de urgência em emergência e a garantia da política de saúde instituída pelo Ministério da Saúde 18. O presente trabalho tem como objetivo identificar o conhecimento produzido pelo enfermeiro no acolhimento com classificação de risco, nos serviços hospitalares de emergência. Diante disso, este estudo buscou identificar qual o nível de conhecimento sobre o protocolo de Manchester pelos enfermeiros que atuam no setor de classificação de risco. 4
9 2. METODOLOGIA Foi utilizada a percepção do profissional frente ao tema o papel do enfermeiro na classificação de risco no serviço de emergência com dados qualitativos, onde foram abordados os enfermeiros na emergência hospitalar no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Os dados qualitativos foram obtidos por meio de entrevistas gravadas com os enfermeiros nas unidades do HBDF, cujos trechos foram transcritos no presente trabalho. A seguir foi realizada análise por meio dos dados disponíveis na literatura. A pesquisa foi realizada no Hospital de Base do Distrito Federal no setor de classificação de risco do serviço de emergência. Este setor disponibiliza duas salas com esta finalidade, cada uma delas é composta por mesa, maca, cadeiras, computador, um único aparelho de monitorização para ambas as salas, um livro do protocolo de Manchester para cada enfermeiro, recebido durante a realização do curso de capacitação de classificação de risco, sendo de sua responsabilidade o uso durante o seu trabalho. Segundo o gerente de enfermagem do setor de emergência, a equipe da classificação de risco compõe-se de dois enfermeiros por plantões, os quais podem realizar escalas de seis a doze horas diárias, sendo proibido plantão de dezoito horas sequenciadas. Apesar da informação recebida, no período da pesquisa observou-se, em alguns horários apenas um profissional atuando na classificação de risco, sendo informado que o motivo seria o quadro insuficiente de funcionários. Além disso, presenciou-se um técnico em enfermagem para realização dos sinais vitais (SSVV), e dois estagiários do programa Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) que instalam se em uma recepção composta, de um balcão e uma cadeira onde suas atribuições são de verificar os pacientes que necessitam de prioridades no atendimento encaminhando ao enfermeiro. A população da pesquisa foi constituída por enfermeiros de um hospital público da cidade de Brasília DF, onde havia Unidade de Classificação de Risco dentro do setor de Emergência. 5
10 De acordo com a gestora do setor são quinze os enfermeiros que fazem essa classificação de risco, entretanto a amostra foi composta por oito enfermeiros, pois os demais não foram encontrados e alguns profissionais não quiseram participar da pesquisa O instrumento da coleta de dados foi desenvolvido para esta pesquisa pelos próprios pesquisadores com o objetivo de identificar o conhecimento e o treinamento que os enfermeiros receberam para praticar o Protocolo de Manchester (Apêndice A). A coleta de dados foi realizada no mês de fevereiro de O instrumento de coleta de dados utilizado foram entrevistas com enfermeiros, que autorizaram a gravação por meio digital. As referidas gravações foram, posteriormente, transcritas na íntegra. O desenvolvimento do estudo seguiu as diretrizes emanadas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde 19, que regulamenta as normas aplicadas a pesquisas que envolvem, diretamente ou indiretamente, seres humanos. Antecedendo o trabalho de campo, o projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria do Distrito Federal, que emitiu parecer favorável a sua realização, em 28/01/2013, conforme cópia constante no anexo A. A pesquisa trata-se de dados qualitativos e não quantitativos devido o número insuficiente de enfermeiro no setor da pesquisa. 6
11 3. APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 3.1 CARACTERIZAÇÕES DA UNIDADE DE EMERGÊNCIA O Ministério da Saúde (BRASIL, 2009) 20 preconiza que no setor de classificação de risco seja realizada a caracterização do espaço por cores, para maior clareza e facilidade na compreensão das áreas. As cores podem estar como em faixas, piso e parede do ambiente, contribuindo para a sinalização e identificação clara dos espaços, de modo a incluir todos os usuários, sendo importante que esta orientação já se inicie no entorno do equipamento de saúde. Em relação ao local do estudo, observou-se que, ao chegar na emergência, o paciente se depara com uma fila para realizar o preenchimento da Guia de Atendimento Emergencial (GAE), a qual é organizada por ordem de chegada, não havendo disponibilidade de senha para este atendimento. Após o preenchimento da GAE os pacientes aguardam sentados sua chamada para realização da classificação de risco pelo enfermeiro. O atendimento é realizado pelo enfermeiro e técnico simultaneamente, o que dá maior agilidade ao procedimento. Via de regra, o técnico de enfermagem verifica os sinais vitais e o enfermeiro questiona qual a queixa principal do paciente, depois disso finaliza a classificação e o paciente já recebe a pulseira de identificação. Chama atenção o local onde esse atendimento ocorre. Uma sala pequena, onde não há estrutura física que promova conforto para o paciente. Os instrumentos para a realização dos sinais vitais na classificação de risco são antigos, porém em bom estado de conservação. Há ainda, esfimomanômetro, estetoscópio, termômetro, oximetro de pulso, materiais necessários para a classificação de risco. Para a realização da Classificação de Risco a enfermeira E cita que deveria haver modernização dos instrumentos de trabalho para melhorar a qualidade no atendimento: Substituição do computador top clin e equipamentos acoplados, quanto equipamentos como tensiômetro, todos os equipamentos que precisamos hoje é, termômetro, tudo 7
12 acoplado nesse mesmo aparelho que aí vai agilizar nosso atendimento. Diante da idéia da necessidade de agilizar o atendimento, a instituição tem a disposição, na classificação de risco, uma equipe do programa Posso Ajudar. Este programa desenvolvido no Hospital de Base do Distrito Federal nasceu da necessidade de o hospital organizar o atendimento, já que muitos pacientes chegavam a unidade e se sentiam perdidos sem saber para quem se dirigir. Estes profissionais não estão inseridos no Protocolo de Manchester, foram introduzidos diante da necessidade da instituição devido a demanda da população. Após serem recebidos pela equipe do Posso Ajudar, o paciente é encaminhado para o enfermeiro, onde recebe a classificação de risco, recebendo a pulseira classificatória. As pulseiras utilizadas pelos pacientes são identificadas por cores. No hospital em que ocorreu a pesquisa foi acrescentada a cor branca, devido a necessidade do setor, que significa necessidade de retorno ao médico. Esta cor não faz parte do Protocolo de Manchester, conforme afirma o enfermeiro b: o branco que é retorno né, que a gente utiliza o sistema, mas o protocolo mesmo são essas quatro cores (verde, amarelo, laranjado e vermelho). Mediante a realização da classificação por cores os pacientes aguardam o atendimento médico em um local precário, não havendo divisões por caso clínico, todos ficam aglomerados no mesmo local. Verifica-se que a divisão de setor com as cores citadas pelo protocolo de Manchester facilitaria a identificação da área, até mesmo para os clientes idosos, analfabetos ou com algum tipo de deficiência física, segundo o relato da enfermeira C: O que falta ainda nos corredores é a divisão por cores, por que o paciente chega lá e fica mais ou menos tudo misturado, hoje a gente coloca as pulseiras para o próprio paciente saber a cor dele e como antes tinha a ficha, a gente preenchia a cor a pessoa sabia e hoje é tudo pelo sistema, pelo computador, então as vezes a pessoa não sabia a cor que colocava para ela aqui. Passava pra lá e ficava esperando a ordem de chegada, às vezes era um paciente de prioridade. 8
13 Percebe- se que a estrutura física urge a necessidade de melhorias para o bem estar do paciente com ambientes confortáveis e de fácil acessibilidade ao cliente. 3.2 CONHECIMENTO DO PROGRAMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Os profissionais que atuam no atendimento de urgência e emergência devem receber treinamentos especifico e educação continuada, para garantir uma assistência técnica e científica, como também domínio de suas emoções e conhecimentos de seus limites e de suas possibilidades, para atendimento de vítimas em situação de urgência e emergência. Não incluem no acolhimento com classificação de risco as competências dos demais profissionais da área da saúde e a avaliação e diagnóstico médico 21. De acordo com o programa de classificação de risco, é fundamental para o enfermeiro que esteja na Unidade de Classificação de Risco que ele tenha recebido uma capacitação. Observou- se que 90% dos enfermeiros participaram do programa, onde obtiveram um treinamento com oito horas aproximadamente de curso, como relata o enfermeiro B. Foi um curso de 8 horas, mas muito proveitoso que envolveu vários estudos de casos, é... Bastante mesmo, que deu para utilizar praticamente todos os itens do livro para se cadastrar no sistema. Diante da pesquisa foi visto que 10% dos entrevistados não receberam essa capacitação, o que é um dado preocupante, visto que para atuar na classificação de risco é fundamental que o profissional tenha recebido esse treinamento. A enfermeira F destaca: Não, o meu curso de capacitação é... Ele vai ocorrer agora em Março. No que se refere ao seu conhecimento sobre o programa, a mesma diz: 9
14 Assim, é um programa que ele prioriza não é... O paciente, não a idade né, é... No caso a gente valoriza a gravidade do paciente. Percebe-se que ao não receber o treinamento específico para atuar na classificação de risco o profissional não tem o conhecimento necessário para desenvolver a atividade de acordo com os objetivos traçados pelo Protocolo. Segundo os entrevistados, o curso de capacitação do Protocolo de Manchester foi realizado na própria instituição da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SESDF), sugere-se que a SESDF esta se disponibilizando para implementar o programa no Distrito Federal, na medida em que está tentando capacitar todos os servidores que atuam nessa área. A firma o enfermeiro B: Foi feito a cinco meses atrás o ultimo curso, mas vai ser implementado outro no sistema todo, que está marcado para o mês que vem, que vai ser de 6 a 8 horas também, mas tá marcado para o mês que vem. O Ministério da Saúde (2004) 22, como já citado, vem buscando padronizar nacionalmente o processo de acolhimento com classificação de risco e o estado de Minas Gerais optou pelo protocolo de Manchester. Souza, Toledo, Tadeu e Chianca (2011) 14, analisam o grau de concordância entre dois protocolos: o protocolo institucional do Hospital do Odilon Behrens (HOBO) em Belo Horizonte- Minas Gerais e o Protocolo de Manchester. O Protocolo de Manchester aumentou o nível de prioridade dos pacientes, demonstrando ser um protocolo mais inclusivo, oferecendo maior segurança e neutralidade no processo de classificação feito pelo enfermeiro, sendo desta forma implementada na instituição hospitalar, por haver se adequado mais ao atendimento do público. Na classificação de risco, a abordagem não pressupõe a exclusão, independentemente da instituição todos os pacientes devem ser atendidos, respeitando a situação de gravidade e complexidade apresentada pelo usuário que procurou o serviço de saúde
15 É importante destacar que, no curso de capacitação realizado conforme o protocolo de Manchester foi abordado a questão de atender a todos os pacientes, segundo informação da enfermeira A: Então é um programa de classificação por cores e o intuito dele é nunca deixar de atender o paciente. Aponta-se a partir deste depoimento que o objetivo da implementação do Protocolo nas instituições de saúde é de receber, acolher todos os indivíduos, para desenvolver um atendimento adequado com intuito de haver resolutividade a necessidade do cidadão. 3.3 VIABILIDADE DO PROGRAMA EM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Percebe-se que a classificação de risco nas Unidades de Emergências significa não só a melhor ordenação do atendimento ao usuário, mas também evitar que problemas de saúde sejam agravados diante da demora no atendimento. Nesse sentido, corroborou-se com o mencionado por autores Albino, Grosseman e Riggenbach (2007) 13 ressaltam que a classificação de risco é um processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento imediato, no âmbito da emergência hospitalar, acolhendo este paciente de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento. Os enfermeiros que atuam na classificação de risco do referido hospital confirmam que a estratégia proposta pelo Ministério da Saúde é contribuir para melhorar a organização do serviço e a qualidade da assistência, ao mudar a lógica do atendimento de ordem de chegada para a de prioridade clínica, a qual propicia agilidade no atendimento, cita a enfermeira E: Sim, possibilita o atendimento mais ágil, favorecendo a rapidez no atendimento médico ao paciente, pois precisa de um atendimento mais prioritário. 11
16 Entretanto o enfermeiro D chama atenção: Sim, é absolutamente viável, uma das coisas que dificulta a aplicação do programa é a rede não ta organizada, então a demanda acaba sendo excessiva nos prontos socorros e em especialmente os prontos socorros de referencia como o do Hospital de Base, o que dificulta um pouco a nossa atividade, por que a demanda é excessiva para o número de enfermeiros disponíveis, mas em condições onde há uma melhor organização ele é perfeitamente factível. A realização da classificação de risco isoladamente não garante uma melhoria na qualidade da assistência, é necessário construir pactuações internas e externas para a viabilização do processo, com a construção de fluxos claros por grau de risco, e a tradução destes na rede de atenção 4. O que se observou foi uma equipe que, embora tenha recebido treinamento, não consegue viabilizar o atendimento pela demanda reprimida no setor com o aumento de demanda no atendimento, devido ao número insuficiente de funcionários, destaca o enfermeiro E: a locação de mais enfermeiros na classificação de risco e o treinamento continuado dessas equipes. A falta da colaboração da equipe médica também prejudica na viabilidade do atendimento, por não terem conhecimento do Protocolo utilizado na instituição, afirma a enfermeira H: Falta de conhecimento dos médicos com o nosso protocolo Manchester, que é muito difícil trabalhar com eles,você classifica segundo o protocolo, você segue ele todinho, você classifica o paciente como amarelo, o médico vem aqui questionar porque ele é amarelo. Faz- se necessário que a equipe médica e enfermeiros entrem em consenso no que diz respeito a realização da classificação de risco, objetivando oferecer um atendimento de qualidade, assim reorganizando as portas de urgência e implementando a produção de saúde em rede, no cotidiano das práticas em saúde
17 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebeu-se que o programa lançado pelo Ministério da Saúde denominado Classificação de Risco com Protocolo de Manchester, o qual visa capacitar os enfermeiros a identificar a prioridade clínica do paciente baseado em sinais e sintomas, além de utilizar-se da humanização às práticas assistenciais, está sendo muito positivo nos setores de emergências. Sua eficácia pode ser vista, mesmo diante de algumas dificuldades encontradas, tais como, desorganização da rede de saúde do Distrito Federal para colocá-lo em prática, como foi apontado pelos próprios profissionais. Outro ponto a ser considerado é a escassez de conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre o programa, tendo em vista a baixa carga horária do curso de capacitação, que é de apenas oitos horas aulas, aliada ao fato de que verificou-se, durante a pesquisa, que um profissional não participou do curso, mesmo trabalhando no setor. Outro aspecto é a inadequada estrutura física na Unidade de Emergência, o que dificulta o acesso do paciente e acompanhante a se localizar dentro da unidade. Na visão dos enfermeiros participantes, para haver uma classificação de risco mais eficiente é necessária uma melhor estrutura física, com sinalizadores de acordo com as cores da classificação. Além disso, foi sugerida capacitação para os médicos, já que um dos maiores problemas enfrentados pelos enfermeiros é a falta de conhecimento da equipe médica em relação à classificação de risco utilizando-se o protocolo Manchester, visto que eles preferem atender os pacientes por ordem de chegada, não cumprindo a prioridade clínica de cada um, Diante dos obstáculos que hoje enfrentados na assistência à saúde no País, faz-se necessário uma reflexão sobre as necessidades de mudanças urgentes por parte dos órgãos governamentais e dos profissionais da saúde. 13
18 5. REFERÊNCIA 1. Conass Conselho Nacional de Secretários de Saúde. SUS: Avanços e Desafios. Transinf [Internet].2006 [acesso em 2012 nov 09].Disponível em: safios.pdf. 2. O'Dwyer G A. Gestão da atenção às urgências e o protagonismo federal. Rev Ciência e Saúde Coletiva.Rio de Janeiro.Aug Brasil Políticas de saúde em emergência e a enfermagem. Transinf [Internet] [acesso em 2012 dez02]. Disponível em: 4. Brasil Ministério da Saúde Política Nacional de Atenção as Urgências. Diretrizes para implantação do componente pré hospitalar. Transinf [Internet] [acesso em 2013 abr. 06]. Disponível em: 5. Santos SBF. Perspectivas da avaliação na Política Nacional de Humanização em Saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Rio de Janeiro July/Aug Revista Ciência e Saúde Coletiva Brasil (2008). Ministério da Saúde. BVS. Biblioteca virtual em saúde. Acolhimento. Transinf [Internet].2008 [acesso em 2013 maio 5]. Disponível em: 7. Franco FM et al. Avaliação da dor como quinto sinal vital na classificação de risco: um estudo com enfermeiros. Rev ciência e Saúde. Jul./dez v.2.n2.p
19 8. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN-2011). Acolhimento com Classificação de Risco. Transinf [Internet].2011 [acesso em 2012 nov 11] Disponível em: &id=326:acolhimento-com-classificacao-de-risco-um-novo-modelo-para-aassistencia&catid=39:blog&itemid= Furtado B M A S M, Araújo Júnior J L C. Percepção de enfermeiros sobre condições de trabalho em setor de emergência de um hospital.rev. Latino-Am. Enfermagem. São Paulo.v.23.n.2 Mar/Apr Brasil Ministério da Saúde Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência. Transinf [Internet] [acesso em 2012 out 30]. Disponível em: Servin SCN, et al. Protocolo de atendimento com classificação de risco. Sistema único de saúde (SUS). Transinf [Internet].2002 [acesso em 2013 maio 05].Disponível em: Abbês C, Massaro A. Acolhimento com classificação de risco. Brasília: Ministério da Saúde. Transinf [Internet] [acesso em 2012 out 22].Disponível em: C3%A3o%20de%20Risco.pdf. 13. Albino RM, Grosseman S, Riggenbach V. Classificação de risco: uma necessidade inadiável em um serviço de emergência de qualidade. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 36, n. 4, p , out./dez Souza CR; Toledo AD; Tadeu LFR; Chianca TCM. Classificação de risco em pronto socorro: concordância entre protocolo institucional brasileiro e Manchester. Ver. Latino-Am.Enfermagem [online]. 2011, vol.19, n.1, PP ISSN
20 15. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (COREN-SP 2009): Transinf [Internet] [acesso em 2013 out 28].Disponível em: Morais FF, Matozinhos JP, Borges TT. Avaliação da dor com quinto sinal vitalna classificação de risco. Rev Ciência e Saúde. Porto Alegre. V.2.n.2.p73-77,jul./dez Conselho Regional de Enfermagem (COREN-DF 2010). Atribuição da enfermagem com classificação de risco na urgência. Transinf [Internet] [acesso em 2012 nov 11]. Disponível em: o-eu atribuicao-do-profissional-de-enfermagem-na-triagem-comclassificacao-de-risco-nos-&catid=38:pareceres&Itemid= Brasil Grupo Brasileiro de Classificação de Risco. Sistema Manchester de Classificação de Risco. Classificação de Risco na Urgência e Emergência. 1.ed.Brasil, 2010 apud ANZILIERO, CONEP Conselho Nacional de Saúde. Transinf [Internet].1996 [acesso em 2013 mar 07].Disponível em: Brasil Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização (PNH): Cartilha da PNH: Acolhimento com classificação de risco, Transinf [Internet] [acesso em 2013 mar. 28]. Disponível em: BRASIL (2004). Ministério da Saúde Humanização. Humaniza SUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde, Transinf [Internet] [acesso em 2013 abr. 19]. Disponível em: em:< 16
21 APÊNDICE A INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 1-CONHECE O PROGRAMA DA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO? -Sim ( ) -Não( ) 2-O QUE VOCÊ SABE SOBRE ESSE PROGRAMA? 3-RECEBEU CAPACITAÇÃO SOBRE ESSE PROGRAMA? -Sim ( ) -Não ( ) 4-QUANDO FOI O ÚLTIMO CURSO DE CAPACITAÇÃO SOBRE O PROTOCOLO DE EMERGÊNCIA QUE VOCÊ FREQUENTOU? 5-É VIÁVEL NO COTIDIANO A APLICAÇÃO DESSE PROGRAMA? JUSTIFIQUE. -Sim ( ) -Não ( ) 6- O QUE VOCÊ APONTA COMO MELHORIAS A SEREM APLICADAS A ESSE PROGRAMA? 17
22 ANEXO A 18
23 19
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM OBSTETRÍCIA. ENFERMAGEM EM CENTRO OBSTÉTRICO FACULDADE PITÁGORAS BETIM PROFa: DANIELE REZENDE SILVA
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM OBSTETRÍCIA ENFERMAGEM EM CENTRO OBSTÉTRICO FACULDADE PITÁGORAS BETIM PROFa: DANIELE REZENDE SILVA Introdução Segundo a Política Nacional de Humanização acolhimento traduz-se
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