COLÉGIO XIX DE MARÇO excelência em educação
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- Arthur Fagundes Aquino
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1 COLÉGIO XIX DE MARÇO excelência em educação ª PROVA SUBSTITUTIVA DE LÍNGUA PORTUGUESA Aluno(a): Nº Ano: 8º EF Turma: Data: 26/05/2012 Nota: Professor(a): Letícia Silva Valor da Prova: 40 pontos Orientações gerais: 1) Número de questões desta prova: 12 2) Valor das questões: Abertas (4): 6,0 pontos cada. Fechadas (8): 2,0 pontos cada. 3) Provas feitas a lápis ou com uso de corretivo não têm direito à revisão. 4) Aluno que usar de meio ilícito na realização desta prova terá nota zerada e conceituação comprometida. 5) Tópicos desta prova: - Frase, oração e período. - Período composto por coordenação. - Orações coordenadas sindéticas e assindéticas - Interpretação de texto - Redação Texto 1 FELICIDADE CLANDESTINA Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como data natalícia e saudade. Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem saí: guiava- 2ª Prova Substitutiva/Português/Letícia/8ºano/Pág:1
2 me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob meus olhos espantados. Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas do Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: E você fica com o livro por quanto tempo quiser. Entendem? Valia mais que me dar um livro: pelo tempo que quisesse é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Quando cheguei em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por uns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. 1ª QUESTÃO Clarice Lispector a) Os três primeiros parágrafos do texto falam principalmente de um personagem. No terceiro parágrafo aparecem as características de outras meninas. Que situação se estabelece ao compararmos o personagem e as outras meninas b) Nos parágrafos 7 a 10 a narradora conta suas idas e vindas à casa da outra menina. Que interrogação se repete sobre o tempo? 2ª Prova Substitutiva/Português/Letícia/8ºano/Pág:2
3 c) A crueldade da amiga vai crescendo, na voz da narradora. Comprove essa afirmativa com um exemplo do parágrafo 7 ou 8. 2ª QUESTÃO a) Observe: Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Explique o uso de nós, no trecho. b) Estabelecer um padrão de beleza ideal, baseado em características físicas, é ter uma visão preconceituosa, que discrimina quem não está dentro desse padrão. A descrição da menina ruiva pela autora se encaixa na afirmação acima? por quê? 3ª QUESTÃO Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda... A segunda oração descrita, de acordo com a sua conjunção, pode ser classificada como oração coordenada a) aditiva. b) adversativa. c) alternativa. d) conclusiva. e) explicativa. 4ª QUESTÃO 2ª Prova Substitutiva/Português/Letícia/8ºano/Pág:3
4 Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas do Recife. Quantas orações possui o trecho acima? a) Cinco. b) Duas. c) Uma. d) Três. e) Quatro. Texto 2 Homem-sanduíche é uma designação muito expressiva para aquele que anda ou estaciona na rua encaixado entre duas placas publicitárias. Além de denotar essa posição de recheio humano, a expressão pode ainda lembrar o quanto valerá um dia inteiro desse específico trabalho: um sanduíche ou quem sabe dois. A primeira vez que me deparei com uma dessas figuras híbridas do humano com a coisa, li no cartaz: COMPRO OURO. Olhei para o homem, para seu chapéu velhíssimo de sol e chuva, para seus sapatos deformados em tantas pisadas, para as barras da calça puída, para seu rosto de velho, com expressão de cansaço e vazio e nada entendi. Por segundos, imaginei que exótica personagem era aquela, comerciando ouro fantasiado de pobre. Então rapazinho do interior, trazendo comigo a ingenuidade de outras e mais amenas rotinas, demorei um pouco para entender a função do ensanduichado: não ser mais que uma placa com pernas, disposta a conduzir algum cliente à pessoa do verdadeiro comprador. Quem tivesse, por exemplo, uma aliança, corrente ou anel, para vender com urgência, que o seguisse por alguma escada sombria. Muitos anos mais tarde, certamente menos ingênuo, deparo-me com esta nova atração dos homens-sanduíches: entre dois cartazes de papelão, anunciam empregos, neste tempo de desemprego. Por isso, mal pude vê-lo no meio de uma cerrada roda de interessados: foi preciso aproximar-me, curioso, para reconhecer indicações de alguns postos de trabalho, oferecidos à pequena multidão, que anotava como podia alguns endereços. Como ele se mexesse, pois afinal estava vivo, alguém pediu: _ Quietinho, tio, que eu quero anotar... Comprando ouro ou oferecendo emprego, o homem-sanduíche nada compra e nada oferece por si mesmo: seu corpo é um suporte móvel para o mercado alheio. Alugá-lo é por certo mais barato que contratar um pedaço de parede, é mais prático que disputar um lado de coluna. O homem-sanduíche, invenção do homo sapiens, é uma das provas vivas de que falta alguma coisa em nossa sabedoria. Celso de Oliveira) ( 5ª QUESTÃO O autor considera que a expressão homem-sanduíche é muito expressiva porque ela alude, ao mesmo tempo, à a) descrição de sua imagem e ao parco rendimento de sua função. b) Sua posição intermediária na escala social e ao tipo de mercadoria que anuncia. c) Descrição de sua imagem e ao tipo de mercadoria que anuncia. d) Sua posição intermediária na escala social e ao parco rendimento de sua função. e) Sua posição no mercado de trabalho e ao fato de passar despercebido. 6ª QUESTÃO Nada entendi dia o autor do texto no segundo parágrafo. Essa declaração prende-se às seguintes causas: I - a mensagem do anúncio era contraditada por índices da pobreza de quem anunciava. II - ainda rapazinho ingênuo, chegado do interior, tomara ao pé da letra o que dizia o anúncio. III desconhecia as razões da condição de quem lhe parecera uma estranha personagem. Está correto o que é dado como causa em: 2ª Prova Substitutiva/Português/Letícia/8ºano/Pág:4
5 a) II, somente. b) I e II, somente. c) I e III, somente. d) II e III, somente. e) I, II e III. 7ª QUESTÃO Para indicar a condição de coisa a que fora reduzido o homem-sanduíche, o autor se vale das seguintes expressões: a) expressão de cansaço e fantasiado de pobre. b) exótica personagem e placa com pernas. c) placa com pernas e suporte móvel. d) suporte móvel e homo sapiens e) placa com pernas e afinal estava vivo. 8ª QUESTÃO Considerando o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma expressão ou frase do texto em: a) designação muito expressiva = sugestão enigmática. b) figuras híbridas = imagens falsas. c) exótica personagem = tipo bizarro. d) suporte móvel para o mercado alheio = base instável de um comércio precário. e) outras e mais amenas rotinas = experiências longínquas e vazias. 9ª QUESTÃO: LEITURA DO LIVRO O ANEL DE POLÍCRATES E OUTRAS HISTÓRIAS. a) Sobre o conto O anel de Polícrates responda: I A história envolve dois amigos. Quem são eles? II Reconte o episódio em que Polícrates se desfaz de algo precioso e como ele recupera? b) A fábula Zeus e Apolo difere das outras em dois aspectos. Quais? 2ª Prova Substitutiva/Português/Letícia/8ºano/Pág:5
6 c A fábula O lobo e o cordeiro quer, em relação ao cordeiro, apenas oprimi-lo ou fazer justiça? Comente. d) A história O Gigante egoísta se encaixa em que tipo de história? Por quê? e) Na história O Gigante egoísta, aprendemos mais uma figura de linguagem, a prosopopeia. Em que ela consiste? Exemplifique. 10ª QUESTÃO: PRODUÇÃO DE TEXTO De repente, aquelas espinhas no rosto. Como chegar perto dela com isso? Ela, tão bonita... e eu... o rei da feiura! Mal sabe ele que a garota dos seus sonhos sente-se a última das meninas simplesmente porque, na opinião dela, seu cabelo forma uns cachinhos esquisitos na testa os mesmos cachinhos que sua melhor amiga, entretanto considerados supercharmosos... Por que ninguém está satisfeito com o corpo que tem? PUBERDADE: O INÍCIO DAS COMPLICAÇÕES Se na infância as crianças querem mais do que tudo se sentir iguais à outras da turma, a partir da puberdade queremos mais do que tudo ser diferentes de todas as outras pessoas. É evidente que isso nos impulsiona na direção da busca da individualidade [...] É fato também que isso provoca um aumento da solidão, que pede um grande amor. O grande amor é fantasiado como uma coisa extraordinária, fato que também agrada à vaidade: é uma forma de ser especial e único a dois! [...] A vaidade traz esse esforço da individualidade, traz uma preocupação muito maior com a aparência física, com os sinais externos de posição social grife nas roupas, por exemplo e traz consigo uma nova dor: a humilhação. Não sei se ela é completamente nova, mas durante o período infantil, o sentir-se por baixo, o ser colocado num plano mais submisso, o fato de perder uma disputa, tudo isso dói muito menos do que a fase adulta. Ter sucesso faz bem para a vaidade, 2ª Prova Substitutiva/Português/Letícia/8ºano/Pág:6
7 porém fracassar é uma humilhação terrível. Isso vale para qualquer assunto: para as paqueras, para o jogo de futebol, para o vestibular e assim por diante. A dor é muito forte. Onde existe dor forte costumamos levar as coisas a sério, porque queremos nos proteger contra essa dor, tentar evitá-la. Dessa forma, a partir da puberdade todas as coisas da vida passam a ser coisa séria. O que era jogo-treino passou a ser jogo válido pelo campeonato. A partir daí, tudo é para valer. É evidente também que ninguém se acha perfeito e completamente equipado para esse jogo. Ninguém acha que Deus foi suficientemente generoso e lhe deu tudo com que sonharia. Uns acham que são baixos demais, outros, que o nariz é muito grande; para outros, o problema é o cabelo crespo ou liso demais. Alguns se revoltam contra a posição social e econômica da família, se tornam adolescentes difíceis e não raramente buscam nas drogas e nas turmas de colegas o consolo para suas insatisfações e incompetências. Buscam, por aí, a saída errada, um caminho de maus resultados. A época é difícil mesmo. Os sentimentos de inferioridade são inevitáveis. Tudo dói muito. Tudo dá medo, mas é preciso coragem e força interior para seguir viagem. (Flávio Gikovate. Namoro Relação de amor e sexo) Para o autor Flávio Gikovate adolescência é uma fase difícil e dolorosa. Para outros, porém, é uma extraordinária etapa na vida das pessoas, pois nela que a pessoa descobre sua identidade e define sua personalidade. Agora escreva um texto no qual você vai dizer como vê o período da adolescência. Não se esqueça de atribuir um título. Sua redação NÃO será corrigida se for entregue a lápis. 2ª Prova Substitutiva/Português/Letícia/8ºano/Pág:7
8 Texto 4 Leia a charge a seguir para responder às questões 11 e 12. Disponível em: Acesso em 15 jan (adaptado) 11ª QUESTÃO. Brasil tem 25 milhões de telefones celulares. A ideia obtida na relação dessa introdução da charge com o contexto apresenta 2ª Prova Substitutiva/Português/Letícia/8ºano/Pág:8
9 a) a evolução da tecnologia e o crescimento social. b) a mudança da tecnologia e a transformação social. c) a propagação da tecnologia e a queda do meio social. d) a decadência da tecnologia e o declínio da era social. e) a ruína da tecnologia e o descrédito do meio social. 12ª QUESTÃO A fala do personagem da charge ironiza a) a circunstância familiar. b) a desigualdade social. c) a evolução tecnológica. d) a relação dos veículos. e) a situação no trânsito. 2ª Prova Substitutiva/Português/Letícia/8ºano/Pág:9
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