Desperdício energético gera prejuízo de R$ 12,64 bilhões

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1 Cliente: Trade Energy Veículo: Jornal do Comércio (RS) Assunto: Desperdício energético gera prejuízo Data: 23/02/2015 Desperdício energético gera prejuízo de R$ 12,64 bilhões Mudanças no padrão de consumo dos brasileiros nos últimos anos tiveram grande impacto nas perdas, diz Abesco Roberta Mello JOÃO MATTOS/JC Cerca de 10% da energia elétrica foi jogada fora durante o ano passado Em meio a uma grave crise energética, reflexo direto da falta de chuva e de planejamento, e a um reajuste no preço do insumo, um levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) aponta para dados recordes de desperdício de energia no ano passado. Uma pesquisa da entidade que reúne empresas de serviços de conservação do recurso indica que 10% da energia elétrica consumida no Brasil ( GWh) foi desperdiçada durante Esse é o nível mais alto desde que o estudo começou a ser realizado, em Conforme a Abesco, a energia jogada fora nos lares, comércios e indústrias representa, em termos financeiros, R$ 12,64 bilhões. No acumulado de sete anos, a perda em dinheiro ultrapassa os R$ 79 bilhões. A região Sul aparece em segundo lugar na divisão regional do levantamento com desperdício de mais de GWh, atrás apenas da região Sudeste ( GWh). Prejuízo de mais de R$ 2 bilhões. No acumulado de 2008 a 2014, o Sul do País desperdiçou 9,8% de toda a energia consumida ( GWh). O custo desse desperdício atingiu R$ 12,5 bilhões. As mudanças no padrão de consumo dos brasileiros nos últimos anos tiveram grande impacto nas perdas energéticas. A democratização do acesso a aparelhos de alta tecnologia expandiu o consumo residencial. A preocupação em poupar, por outro lado, só diminuiu.

2 A pesquisa demonstra que os consumidores residenciais são os responsáveis por mais da metade do total desperdiçado - em torno de 15,10% de tudo que foi consumido nas residências durante o ano passado. O comércio vem em segundo lugar, com perda de 11%. A indústria está na retaguarda, com 6% de gastos desnecessários. O diretor da Siclo Consultoria em Energia Paulo Milano destaca, ainda, o prejuízo causado pela má qualidade dos equipamentos em uso. Na busca por produtos mais baratos, os consumidores deixam de levar em conta o índice de eficiência energética, a potência e a capacidade da rede instalada. O furto de energia - os famosos "gatos" na rede elétrica - contribui, ainda que em nível menor, com a instabilidade no setor. Marcelo Sigoli, diretor financeiro da Abesco, também destaca a ineficiência de sistema de iluminação e no condicionamento de ar de setores públicos, hotéis, shoppings e comércios, além dos equipamentos obsoletos usados nas indústrias de menor porte. Há três anos, a associação nota um aumento contundente no descaso com a energia consumida. E o cenário futuro pode ser desanimador. Para Sigoli, sem um trabalho forte de conscientização, a tendência é que o índice de desperdício piore. "O brasileiro está acostumado a dar respostas imediatas para questões bem pontuais. A economia de energia ainda não está no seu DNA", diz Aguiar. Novos hábitos de consumo são grandes vilões da economia O aumento na demanda de energia elétrica e o desperdício estão intimamente ligados às novas dinâmicas de consumo colocadas em prática na maioria dos lares brasileiros. Nos últimos anos, a população passou a ter acesso a bens que antes eram privilégio apenas de uma parcela menor dos brasileiros. Esses novos hábitos, mais do que obrigar o País a aumentar a sua capacidade de geração de energia, tornou a necessidade de racionalização do consumo o grande desafio do momento. Por isso, qualquer mudança desencadeada nesse início de 2015 promete ser mais dolorosa. É o que afirmam alguns especialistas do setor. Por outro lado, o consumidor residencial, que tem mais capacidade de abrir mão de muitos de seus gastos, deve ser o foco principal desta economia. A realidade nacional neste ano é bem diferente da vivida 14 anos atrás. Neste contexto, a chamada Crise do Apagão, em 2001, foi o momento em que os brasileiros se viram mais perto de um colapso energético. As respostas, contudo, foram imediatas. Mesmo assim, segundo o diretor financeiro da Abesco, Marcelo Sigoli, a população esqueceu em pouco tempo que a energia elétrica é um bem finito. Enquanto no racionamento de 2001 as residências optavam por desligar o freezer e substituir as lâmpadas incandescentes por modelos fluorescentes, atualmente, as formas de encarar a guerra são outras. A cozinha com mais itens, os televisores de alta potência, o ar-condicionado presente em mais de 15% dos lares do Brasil, entre outros "luxos" da família contemporânea podem estar com os dias contados.

3 Os órgãos governamentais, por sua vez, contribuíram para o aumento desenfreado no emprego do insumo, adverte o diretor da comercializadora livre de energia Trade Energy, Luis Gameiro. Segundo ele, as baixas tarifas praticadas desde 2012 no País, a partir da entrada em vigor da Medida Provisória (MP) 579, "passaram o sinal de que estava tudo bem, enquanto, agora todos sabem, essa não era a realidade". Quando o governo divulgou a MP 579, o consumo residencial subiu 5%. "Era para ter tido cortes de cargas pelo menos desde o ano passado, mas ninguém está disposto a pagar o custo político de um racionamento de energia. A nossa sorte é que vivemos um momento de desaceleração. Se estivéssemos em crescimento, já estaríamos em colapso", adverte. Para Gameiro, a situação energética deve ser crítica até abril. Para fugir do racionamento, segundo todos os especialistas, só economizando e combatendo o desperdício.

4 Aplicativo ajuda a calcular os impactos dos gastos nas residências brasileiras

5 INSTITUTO AKATU/DIVULGAÇÃO/JC Mattar destaca benefício do app Lançado há pouco mais de três meses, quando a discussão em torno do assunto não estava tão cheia de tensão, o aplicativo Nossa Energia está entre as grandes apostas do Instituto Akatu, organização não governamental que trabalha pelo consumo consciente. Criada em parceria com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a ferramenta oferece uma calculadora que identifica os gastos de acordo com os eletrodomésticos e o consumo da residência e jogos. Tudo para melhorar os hábitos dos cidadãos. O aplicativo alerta, por exemplo, que "se cada brasileiro diminuir o tempo diário de banho em um minuto, em um ano é possível economizar o equivalente a 15 dias de operação da usina de Itaipu". A calculadora de energia contabiliza em kilowatt (Kw) o gasto conforme a quantidade de equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos do usuário. Primeiramente deve se cadastrar a quantidade exata de equipamentos que o usuário possui em sua residência. Depois disso, a ferramenta fará uma conta baseada nos equipamentos contabilizados e mostrará um preço estimado deste consumo energético. Após a análise, é possível verificar os equipamentos que consomem mais energia. "O 'Nossa Energia', além de informar e sensibilizar para o uso eficiente desse recurso, revela ainda como os hábitos do consumo de um produto ou serviço podem ter impactos sobre várias dimensões da nossa vida. Consumo consciente é também entender essas relações e agir para causar menos impactos negativos sobre a sociedade, a economia e o meio ambiente", afirma Helio Mattar, diretor presidente do Instituto Akatu. O App é gratuito e já está disponível para download gratuito no Google Play. Empresas enfrentam as dificuldades com a adoção de práticas sustentáveis A rede de lojas de moda feminina Rabusch é uma das empresas que resolveram implantar ações a fim de amenizar o impacto ambiental da sua atividade. As ações buscam diminuir o consumo de energia e de outros produtos, a exemplo do papelão e das sacolas plásticas. De quebra, a Rabusch garantiu um retorno financeiro e de marca, principalmente com a certificação de suas ações, no ano passado, pelo Programa Certificação Loja Sustentável da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA). Fundada em 1986 em Porto Alegre, a Rabusch criou um projeto para a gestão responsável dos recursos naturais há aproximadamente seis anos. Atualmente, boa parte das 24 lojas próprias e 20 franquias aderiram às iniciativas de reciclagem de lâmpadas, substituição de lâmpadas por modelos econômicos e instalação de sensores de presença. Juntas, as três ações diminuíram consideravelmente o desperdício de energia, conta a assistente de qualidade total da Rabusch, Débora Giacomel. O sistema de sensores

6 para acendimento das luzes fez a conta mensal de um dos principais pontos de venda da marca cair de R$ 5,528 mil em março de 2014 (mês da instalação da tecnologia) para R$ 2,583 em agosto. A marca somou 11 selos de Loja Sustentável no ano passado ao primeiro, recebido em Além das unidades da Rabusch, outras 32 empresas privadas e do setor público receberam a certificação em O número é bem superior ao do segundo ano de programa, em que 18 empresas receberam a certificação, e ao de 2012, quando 12 unidades foram reconhecidas. Para a vice-presidente de Sustentabilidade e Relações Públicas da CDL da Capital, Nilva Bellenzier, o aumento no número de inscritos e premiados pelo Programa Certificação Loja Sustentável demonstra que as empresas estão se conscientizando do seu papel social. "Os empreendedores querem deixar um legado além de produzir riquezas", destaca Nilva.