ANÁLISE PRELIMINAR DE UM LIVRO DIDÁTICO DE BIOLOGIA
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- Lucas Gabriel do Amaral Clementino
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1 Introdução ANÁLISE PRELIMINAR DE UM LIVRO DIDÁTICO DE BIOLOGIA 1 Elisana Maiara Peres da Silva 2 Elaine Peres da Silva 3 Eliandra Francelli Peres da Silva Os livros de Biologia tem se tornado para muito estudantes de baixa renda, sua única fonte de informações; a grande disponibilidade de livro-texto (didáticos) nessa área se torna, muitas vezes, grande a responsabilidade em escolhê-lo. No entanto suas analise deve ser criteriosa e fundamentada. Algumas escolas públicas apresentam o ensino baseado nos processos de transmissão e recepção de conhecimento sendo o livro didático o principal recurso pedagógico utilizado pelo professor apesar dos equívocos conceituais frequentemente presentes em algumas obras (BAGANHA e GARCIA, 2009). Os Parâmetros Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio (PCNEN), elaborados por equipes de especialistas ligadas ao Ministério da Educação (MEC), têm por objetivo estabelecer uma referência curricular e apoiar a revisão e/ou a elaboração da proposta curricular dos Estados ou das escolas integrantes dos sistemas de ensino. Através dos PCNs apresentam a reformulação do Ensino Médio e as áreas de conhecimento, portanto, é uma proposta do MEC para a eficiência da educação escolar brasileira. São referências a todas as escolas do país para que elas garantam aos estudantes uma educação básica de qualidade. No entanto, ainda se desconhece critérios oficiais para a análise de livros didáticos destinados ao Ensino Médio, agravando-se quando considerarmos que uma parcela considerável de professores ainda idealiza os livros didáticos como inflexíveis manuais norteadores dos programas. Os livros didáticos precisam, sem dúvida, conter ferramentas que incitem a discussão sobre o conteúdo teórico a fim de permitir sua conversão em conhecimento. (VASCONCELOS e SOUTO, 2003, p. 101) Muitos professores usam o livro didático de forma acrítica, sem analisar o conteúdo propriamente dito e as sua formas de apresentação dos assuntos e abordagens metodológicas, 1 Licenciada em Ciências Biológicas e Professora na de Física e Química na Escola Estadual 13 de Maio 2 Licenciada em Ciências Biológicas e Geografia e Professora de Biologia na Escola Estadual 13 de Maio 3 Licenciada em Ciências Biológicas
2 sendo, portanto necessária a constante análise crítica por parte dos educadores sobre o seu conteúdo e a sua pertinência, antes dos mesmos serem utilizadas em sala de aula. (SANTOS, TERÁN e SILVA-FORSBERG, 2011). No entanto sabe-se que muitas vezes o livro didático O que importa é que os alunos possam construir significados e atribuir sentido àquilo que aprendem. Somente na medida em que se produz este processo de construção de significados e de atribuição de sentido se consegue que a aprendizagem de conteúdos específicos cumpra a função que lhe é determinada e que justifica a sua importância: contribuir para o crescimento pessoal dos alunos, favorecendo e promovendo o seu desenvolvimento e socialização. Coll et al (1998, p.14) Considerando que o livro Biologia, de autoria de Laurence (2005), foi o mais escolhido pelos professores das escolas públicas brasileira dentre os recomendados pelo Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio (PNLEM), do Ministério da Educação, sendo selecionado no presente trabalho para a análise. Objetivo Geral Realizar uma analise preliminar do conteúdo de um capítulo do livro didático de Biologia do Ensino Médio, autor J. Laurence. Objetivos Específicos Analisar imagens, recortes e a contextualização dos textos apresentados nos capítulos, Vida e Energia, Ciclos da Matéria, Sucessão Ecologia e Desequilíbrios Ambientais, Ecossistemas e População e Relações entre os Seres Vivos. Levantar de forma preliminar, se os exercícios propostos pelo autor fazem jus à verificação de aprendizagem do estudante.
3 Discutir a organização didática dos conteúdos a serem apresentados, a fim de atingir a interdisciplinaridade prevista nos PCNs. Resultados A análise preliminar foi realizada no livro didático elaborado por J. Laurence 2005, distribuído às escolas públicas através do PNLD (programa nacional de livro didático) do Ministério da Educação. Para analisar, seguiu-se o um modelo de César Coll (1998), ressaltando-se o procedimento e conceito dos seguintes capítulos vislumbrados no quadro abaixo. Quadro1- Capítulos do Livro de Biologia J. Laurence, Capítulo Título 2 Vida e energia, 3 Ciclos da matéria, sucessão ecologia e desequilíbrios ambientais, 4 Ecossistemas e população e 5 Relações entre os seres vivos. O interesse em averiguar esses temas no livro de Laurence, 2005 vem de encontro com a necessidade de adotarmos medidas para uma educação significativa e eficaz, onde os temas ligados à ecologia e meio ambientes devam atender a realidade local de cada estudante. Diante disso, observou-se que no livro analisado, a abordagem sobre o tema ecologia propriamente dito é abordado de forma fragmentada ao longo dos capítulos, de outra forma não deixa de possuir qualidade conceitual do conteúdo. Observaram-se também escassez de informações complementares e atividades de verificação de aprendizagem ligadas ao tema discutido na analise. No capítulo dois há uma conceituação dos termos ligados ao ecossistema, o que define de forma clara e objetiva todos os itens do ecossistema equilibrado e suas interações. Os textos disponíveis são de fácil compreensão para ser explorado através de sua leitura e estudo dirigido.
4 Já os exercícios propostos, demonstram a fragilidade do livro nesse capitulo, pois não abordam os conceitos exemplificados nos textos anteriores, de maneira a desvalorizar a leitura e fazendo com que o educando não se interesse em realizá-las. Entretanto a busca pela resposta das questões no texto e o não êxito em encontra-las provoca e desmotiva o estudante fazendo com que ele desista ou até arrisque qualquer resposta para receber o ponto pela atividade completada. Supostamente, as atividades favorecem a aprendizagem de certos conceitos sem, entretanto, avançar para uma formação mais ampla do estudante. Ao analisar as questões de vestibular anexas as atividades do livro, observa-se que em sua maior parte são de universidades do estado de São Paulo e Minas Gerais; o que, todavia atende a proposta de questionamentos ao tema, porém em numa perspectiva diferente da realidade da região Mato-grossense. No capitulo três são abordados os ciclos biogeoquímicos de maneira clara e concisa, no entanto o livro sugere sua abordagem no 1 ano do Ensino Médio, e o professor da disciplina de biologia precisa esclarecer regras básicas da química, como cadeias carbônicas e fórmulas químicas que será abordado somente no 3 ano do Ensino Médio. O que não estabelece que, por se tratar de um tema que só será visto na série seguinte, que o professor deva adiar ou não trabalhar o mesmo por falta de conhecimento e prática com o tema. Sendo assim, acredita-se que esse conteúdo em especifico deva ser ajustado, levando em consideração o que os PCNs evidenciam; a interdisciplinaridade e a integração dos eixos. Todavia questões como essa devem ser refletidas durante a escolha do livro didático, pois nem sempre isso é possível se tratando de escolas com escassez de livros e pouco acesso a diferentes mídias e até mesmo na ausência de um profissional habilitado. Os textos complementares trazem a preocupação com o lixo o que sugere que o professor busque mais formas de evidenciar a despoluição do meio ambiente. Nesse capítulo, o que parece pouco abstruso, é a forma da abordagem do item Sucessão Ecológica; que por se tratar de um tema complexo, deveria ser demonstrado em um capítulo à parte e conter todos os conceitos necessários para o seu estudo. Assim, como é possível ser visualizado na figura 1, autor explora
5 muito pouco os tipos de sucessões ecológicas e suas etapas, desvalorizando a aplicabilidades de suas fórmulas. (Figura 1). Figura 1 Sucessão Ecológica: Equilíbrio energético. Fonte: Laurence, 2005 Nesse recorte é possível observar que o livro aborda sucessão ecológica sem a ampliação inicial do tema crescimento populacional e densidade de população. O texto não apresenta conteúdo contraditório, mas poderia ser mais explorado conceituando das equações equilíbrio e taxa de respiração. Os exercícios propostos não exigem o uso das informações citadas na figura, não justificando sua existência no texto e provando que poderia ser retirado, pois sua ausência não dificultaria nem facilitaria a realização das atividades. No capitulo quatro avizinhar-se os principais biomas brasileiros, e o autor enfatiza os ecossistemas aquáticos marinhos, deixando uma pequena parte do texto para os ecossistemas de água doce. O tema biomas é explorado de maneira clara e concisa, porém o Cerrado e Pantanal são pouco evidenciados, deixando suas principais riquezas e diversidade ocultas. Na sequencia, o autor aborda a Ecologia de Populações onde os fatores de densidade e o índice de crescimento, por se tratar de um tema mais amplo, são contextualizados, contudo o autor não demonstra exemplos do cotidiano do estudante. Nesse mesmo contexto, a estrutura etária dos indivíduos de uma população de suricatas, visualizadas na figura 2, em nenhum momento é citada no texto, tanto quanto sua importância e seu objetivo a ser demonstrado nessa parte do capitulo. A figura mencionada acima está disposta próximo ao texto que aborda a
6 estrutura etária, deduzindo referencia a esse contexto, todavia, por si só não exemplifica seu uso; a não ser sua própria identificação do lado esquerdo da figura, esclarecendo que diversos fatores regulam o tamanho de uma população na natureza. Pode-se observar também que os exemplos dados do texto são em sua maioria de outros Países, no entanto animais citados também são característicos de regiões citadas, demonstrando que pesquisas realizadas nessa área de Biologia (ecologia) possuem uma maior quantidade de subsídios consistentes em Países circunvizinhos ao nosso. Figura 2- Mostrando uma população de suricatas, mamíferos Africanos Fonte: Laurence, 2005 A riqueza de detalhes aplicada aos temas abordados pelo autor nesse capitulo, possui um grau de complexidade maior, no entanto seus exemplos não são esclarecedores; o que obriga o professor fazer uma leitura complementar ao preparar suas aulas. As atividades estão dentro da proposta discutida anteriormente e as questões de vestibular apresentam concordância com o conteúdo trabalhado, apesar de ser tratar de Universidades de regiões distintas a nossa.
7 No capitulo cinco o Autor trabalha de maneira bem didática os contextos das relações entre os seres vivos, estabelecendo os conceitos não só de amensalismo, mas também a predação que é abordada de forma tímida e simplificada. Os exercícios trazem a realidade exemplificada no texto. Os livros-textos atuais já vêm abordando o tema ecologia num capitulo especifico, no final do 3 ano do Ensino Médio. Um exemplo disso é o livro-texto de Sergio Linhares e Fernando Gewandsznajder, que além de sua publicação ser de 2008, ele já apresenta um novo arranjo para os conteúdos, inclusive o mencionado nesse trabalho. Algumas Considerações Com a analise preliminar pode-se constatar por diversas vezes que o livro-texto de J. Laurence 2005 se encontra em defasagem, entretanto não se classifica nessa analise a qualidade do livro e sim uma avaliação simplificada de seu contexto. Sendo assim ao adotar um livro, que terá sua permanência em média de cinco anos na educação pública, deve-se avaliar simplesmente o motivo pelo qual a figura, tabela ou gráfico está fazendo parte do texto, ou até mesmo devemos verificar se ele é mencionado no texto e se sua utilização favorece o aprendizado. Para o Fundo Nacional de Desenvolvimento na Educação PNLD 2012 os professores, em consenso, com base nas resenhas contidas no Guia de Livros Didáticos PNLD Ensino Médio, escolherão as obras que serão utilizadas pelos alunos. Contudo analises como coerência, adequação e abordagem são realizadas previamente, mas em sua maioria os livros didáticos são escolhidos de acordo com os anseios dos professores de determinada escola. Essas ações ainda podem vir a causar um grande desconforto, mediante a isso, acredita-se que para haver a padronização das escolas públicas de Tangará da Serra, é necessária a escolha de um exemplar específico comum a todas, a fim de facilitar a vida do aluno que por ventura vir a migrar de uma escola para outra.
8 Referências BAGANHA, D. E; GARCIA, N. M. D. Estudos sobre o uso e o Papel do Livro Didático de Ciências no Ensino Fundamental. In: VII ENPEC - Encontro Nacional de Pesquisadores em Educação em Ciências, 2009, Florianópolis- SC. Atas do VII ENPEC, COLL, C.; MARTÌN, E. e colaboradores. Aprender conteúdos e desenvolver capacidades. Porto Alegre: Artmed, 2004 FNDE. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Disponível em:< Acesso em: 18 nov LAURENCE, J. Biologia. Volume único. São Paulo: Nova Geração, Mendonça, V. L. Ensino Médio: Biologia. 1 série 2 ed São Paulo 2013 NETO, J. M.; FRACALANZA, H. O LIVRO DIDÁTICO DE CIÊNCIAS: PROBLEMAS E SOLUÇÕES Science texbooks: problems and solutions. Ciência & Educação, v. 9, n. 2, p , NÚÑEZ, Isauro Beltrán et al. A seleção dos livros didáticos: um saber necessário ao professor. O caso do ensino de Ciências. Revista Iberoamericana de Educación, v. 25, n. 04, PCN. Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponível em:< Acesso em: 19 de Nov SANTOS, S. C. S., TERÁN, A. F. SILVA-FORSBERG, M. C. Analogias em livros didáticos de Biologia no Ensino de Zoologia. Investigações em Ensino de Ciências V15(3), pp , 2011 VASCONCELOS, S. D.; SOUTO, l. O livro didático de ciências no ensino fundamental proposta de critérios para análise do conteúdo zoológico. The science text book in the Elementary Education a proposal for zoology contents analysis. Ciência & Educação, v. 9, n. 1, p , 2003.
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