A PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO IFMG CAMPUS OURO PRETO
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- Aurélio Maranhão Aleixo
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1 A PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO IFMG CAMPUS OURO PRETO Brito, Rosane M.S. 1 Fontenelle, Julio C. R. 2 Bohrer, Cyan L. P INTRODUÇÃO O homem desde os tempos mais remotos vem usando os recursos naturais a seu favor. À medida que a humanidade cresce e se desenvolve, mais o ambiente natural é espoliado, com isso, os problemas sociais e ambientais tornam-se mais críticos. Atualmente, a população mundial é regida por um mesmo modelo de desenvolvimento econômico dos países mais ricos do mundo, que de um lado leva a um maior consumismo e desperdício (promovendo a cultura do ter) e do outro lado produz uma exclusão social, levando à miséria e a fome. Ambos promovem a degradação ambiental, como o desmatamento, destruição de habitats, perda da biodiversidade, erosão, desertificações, inundações, secas, lixo, esgoto, poluição das águas, do solo e do ar, enfim queda da qualidade de vida. Devido às essas alterações ocorridas em muitas regiões do mundo e suas consequências múltiplas, em 1962 foi publicado pela bióloga Rachel Carson o livro Primavera Silenciosa, que denunciava a devastação promovida pelas desgraças ambientais e alertava as autoridades os efeitos sobre a população e sobre o ambiente, desencadeando grande inquietação internacional sobre a perda da qualidade de vida. A partir daí a temática ambiental tomou um novo impulso. Pela primeira vez na história do mundo, cada um dos seres humanos está agora sujeito a entrar em contato com substâncias químicas perigosas [...] Elas entraram e alojaram-se no corpo dos peixes, dos pássaros, dos répteis, dos animais domésticos e dos animais selvagens [...] Tudo isso acontece em conseqüência do surto repentino e do prodigioso crescimento da indústria [...] (CARSON, 1962, p ). Em 1965, a expressão Educação Ambiental é usada pela primeira vez na Grã- Bretanha. Em 1970, inicia-se o uso da expressão Educação Ambiental nos Estados Unidos, a primeira nação a aprovar a Lei sobre Educação Ambiental. 1 IFMG campus Ouro Preto, CODACIB, brito.rosane@ifmg.edu.br 2 IFMG campus Ouro Preto, CODAAMB, julio.fontinelle@ifmg.edu.br 3 IFMG campus Ouro Preto, aluno do curso Integrado de Mineração, cyanbohrer@hotmail.com 17
2 Inicia-se, portanto, vários movimentos a favor da proteção do ambiente natural. Entre eles, a I Conferência Intergovernamental sobre Educação ambiental em Tbilisi (Geórgia), de 14 a 26 de outubro de 1977, com o apoio da UNESCO e PNUMA. Constituiu-se um marco para definir os objetivos e as características da Educação Ambiental e também as estratégias pertinentes ao plano nacional e internacional. Ë considerado o evento decisivo para os rumos atuais da EA no mundo: Para o desenvolvimento da Educação Ambiental, foi recomendado que se considerassem todos os aspectos que compõem a questão ambiental, ou seja, os aspectos políticos, sociais, econômicos, científicos e tecnológicos, culturais, ecológicos e éticos; que a educação ambiental deveria ser o resultado de uma reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas, que facilitassem a visão integrada do ambiente... (Dias, 2004, p 82-83) A partir daí, a EA teria como finalidade acompreensão integrada de vários aspectos,tanto econômicos como sociais e políticos para promover uma melhoria da qualidade ambiental e de vida. Educação, conscientização e capacitação são as três grandes áreas de programas que constituem o novo marco institucional de ação em escala mundial para o desenvolvimento da EA. (Diaz, 2002). Pode-se dizer que a EA pretende desenvolver conhecimentos, compreensão, habilidades e motivação para adquirir valores, mentalidades e atitudes necessárias para lidar com questões ambientais e encontrar soluções sustentáveis A primeira vez que a educação ambiental aparece na legislação brasileira foi com a Lei de 1981 que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente (Art. 2º, X). O próximo passo foi a inclusão da questão ambiental na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB/96), como um dos temas transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) com orientações para o trabalho do professor. Mais recentemente, o Senado aprovou a lei federal de 27 de abril de 1999, que tem como objetivo oficializar a presença da Educação Ambiental em todas as modalidades de ensino. (MORADILLO & OKI, 2004). Já no seu primeiro capítulo define e determina: Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades d processo. educativo,.em.caráter.formal.e.não formal. Art. 3º Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo: 18
3 II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; No entanto, muitos diagnósticos feitos em instituições de ensino fundamental, médio, técnico ou até mesmo superior tem demonstrado uma realidade bem diferente do que prevê a lei. A realização destes diagnósticos visa à elaboração de um planejamento mais eficaz e eficiente entre os docentes, investigando como está sendo trabalhado o tema Educação Ambiental; identificando o grau de conhecimento dos professores em Educação Ambiental; analisando os resultados investigativos buscando o panorama de sua realidade quanto à exposição do tema Educação Ambiental; verificando as práticas pedagógicas desenvolvidas, que visam promover a conscientização ambiental, para estabelecer parâmetros entre essas práticas e as reais necessidades dos alunos (Vieira et al., 2004). O projeto A Promoção da Educação Ambiental no Instituto Federal de Minas Gerais - Campus Ouro Preto discute a possibilidade e a importância de adquirir uma nova visão da educação, a partir da realização de um diagnóstico de como a Educação Ambiental vem sendo tratada nos diferentes cursos oferecidos pelo IFMG-OP e propor medidas que venham suprir carências que por ventura sejam identificadas, tendo uma análise do desenvolvimento consciente de atitudes, posturas éticas e da cidadania ambiental em construção do conhecimento educativo sobre tais temas relacionados ao Meio Ambiente. O objetivo desta pesquisa é realizar um diagnóstico com os professores do IFMG Campus Ouro Preto, de como vem sendo abordada a EA nas diversos cursos oferecidos pelo Instituto e propor o desenvolvimento de um plano de ações para promover a EA no mesmo, para que os princípios básicos de abordagem interdisciplinar e práticas educativas permanentes dessa atividade sejam alcançados. Diagnosticar a atuação e a percepção ambiental de uma coletividade é o primeiro passo na avaliação da EA para eliminar equívocos que comprometem a sustentabilidade do planeta, uma vez que a escola deve ser a precursora desse saber. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Para o desenvolvimento da pesquisa estão sendo utilizados métodos teóricos e práticos. O primeiro passo foi a realização de uma pesquisa e análise bibliográfica a partir de livros, artigos e material disponível na internet sobre EA (o tema da pesquisa), contribuindo para a formulação e análise do problema. A análise qualitativa e quantitativa está sendo realizada através da aplicação de um questionário: composto por quatorze questões (abertas e fechadas), que foi aplicado para os professores, que ministram aulas nos diferentes cursos oferecidos pelo Instituto acima citado. O questionário foi enviado para todos os professores, via eletrônica. A análise desse questionário fornecerá subsídios para a formulação e execução de um plano de ações para a promoção da Educação Ambiental no IFMG - OP. 3- RESULTADOS O resultado parcial da pesquisa, pois a mesma encontra-se em andamento, foi obtido através de um questionário aplicado aos professores que ministram aulas nos diferentes cursos oferecidos no IFMG-OP. 19
4 Até o momento foram respondidos sessenta e dois questionários, representando 41% do total de professores do Campus Ouro Preto. Na questão Indique se você aborda ou não questões ambientais nas disciplinas ministradas regularmente : 58% dos professores que ministram aulas em uma ou mais disciplinas responderam que abordam questões ambientais, 29% dos professores que ministram aulas em uma ou mais disciplinas responderam que não fazem abordagem sobre EA em nenhuma delas e 13% dos professores que ministram aulas em mais de uma disciplina, responderam que não realiza a abordagem em todas as disciplinas ministradas. Para os professores que não realizam abordagem sobre questões ambientais, foi requisitado o seguinte: assinale por quais motivos você não aborda questões ambientais nessa(s) disciplina(s) : 3% responderam por desinteresse, 16,0% responderam por falta de capacitação em conteúdo, 30% responderam carga horária pequena, 21% responderam que não faz parte do programa da disciplina e 18% responderam falta de conhecimento metodológico sobre o assunto e 12% outros motivos. Os professores poderiam marcar mais de uma opção Para os professores que não abordam questões ambientais em suas disciplinas, também foi perguntado: você considera necessário a inclusão de questões ambientais nessas disciplinas? : 68% responderam que sim, 24% responderam não e 8% não responderam. Na questão que atividades você considera importantes para desenvolver a EA no Instituto : 21% responderam palestras com especialistas, 24% responderam cursos sobre EA, 23% responderam oficinas de reciclagem, 23% responderam campanhas e 9% outros motivos, como conhecer o cotidiano dos catadores de lixo, visitas, caminhadas ecológicas, gincanas, etc. Os professores poderiam marcar mais de uma opção. Na questão: você já presenciou ou participou de alguma campanha ou programa de educação ambiental no IFMG Campus Ouro Preto? 32,0% responderam que sim, 62,0% responderam que não e 6% não responderam. Complementando a questão anterior, foi perguntado Em caso positivo, quais assuntos foram abordados? : 35% responderam reciclagem de papel, 20% responderam economia de energia elétrica, 5% proteção dos equipamentos e materiais da escola, 8% promoção da saúde e 32% outros, como: economia de papel, desperdício de alimentos, economia de água e coleta de latas de alumínio. Os professores poderiam marcar mais de uma opção Na questão você considera importante a oferta de cursos de capacitação em Educação Ambiental para professores, alunos e funcionários do Instituto? : 98,2% responderam que sim e 1,8% responderam que não. Na questão sobre quais temas você considera importantes para serem desenvolvidos nessas atividades? : 11% responderam destinação de resíduos recicláveis, 96,5 responderam uso consciente da água, 12% responderam uso consciente da energia elétrica, 10% responderam proteção e conservação de recursos naturais em geral, 8% responderam uso sustentável de recursos naturais em geral, 9% 20
5 responderam serviços ecossistêmicos e sua valoração, 5% responderam gestão ambiental, 7% responderam poluição do ar, 7% responderam poluição da água, 8% responderam queimadas e 7% outros, como educação sanitária, redução da produção de resíduos, etc. Os professores poderiam marcar mais de uma opção. Na questão sobre você tem interesse em participar de algum curso ou atividade de capacitação em Educação Ambiental oferecido pelo Instituto para seus professores, alunos e funcionários? : 79% responderam que sim, 13% responderam que não tinha interesse e 8% não responderam. Para os professores que abordam questões ambientais em suas disciplinas, foi perguntado como ele realiza essas atividades: 60,7% responderam através de aula expositiva, 8,2% por meio de palestras, 26,2% responderam através de filmes, 18% aulas de campo, 9,8% através de dinâmicas de grupo, 8,2% através de música e 12% através de outras atividades, como seminários, trabalho em grupo, caminhadas ecológicas, etc. Os professores poderiam marcar mais de uma opção. Na questão sobre conhecimento da Lei Federal de 27 de abril de 1999, que trata sobre a Educação Ambiental em todas as modalidades de ensino, o resultado foi o seguinte: 31,0% responderam que sim, 66,0% responderam que não e 3% não responderam. 4- DISCUSSÃO O resultado parcial da pesquisa realizada com os professores que ministram aulas no IFMG Campus Ouro Preto surpreendeu. A análise dos dados demonstrou que a maior parte dos professores realiza abordagens sobre Educação Ambiental em suas disciplinas, através de diferentes metodologias, sendo que a grande maioria das atividades ocorre em sala de aula e não em contato com o ambiente natural. Porém, observou-se que muitos professores ainda não realizam essa abordagem, apesar de demonstrarem consciência da importância do desenvolvimento dessa atividade. Apesar da Lei Federal de 27 de abril de 1999 ter completado doze anos, a grande maioria dos professores ainda desconhece a sua existência e seu conteúdo, provavelmente pelo desinteresse político da Instituição relacionados às questões ambientais. Considerando toda a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como espaços privilegiados na implementaçãode atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de atividades de sala de aula e atividades de campo, com ações orientadas em projetos e em processos de participação que levem à autoconfiança, a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental implementados de modo interdisciplinar (DIAS, 1992). 21
6 5- CONCLUSÃO Apesar da constatação da conscientização dos professores em relação à importância da Educação Ambiental é preciso a adoção de novas práticas de ensino na escola. Pois, só consciência da importância da Educação Ambiental não é suficiente. É necessário adquirir conhecimentos e habilidades para agir e transformar a realidade. Por isso a necessidade da adoção de novas práticas interdisciplinares de ensino no Instituto, direcionando os professores e estudantes ao desenvolvimento de comportamentos pessoais e sociais construtivos, para que cada um deles contribua para a articulação de uma sociedade justa, em um ambiente saudável, embasando as ações nos princípios de Educação Ambiental. Aos professores, cabe na sua prática pedagógica a função de trazer para as suas atividades, discussões sobre as questões pertinentes ao dia a dia de seus educandos, promovendo uma visão crítica sobre a qualidade ambiental local e global. Ações como palestras, oficinas, cartazes fixados pela escola alertando sobre a responsabilidade de cada um no exercício constante da preservação do Meio Ambiente, são instrumentos que o Instituto também pode adotar para que professores e alunos serem sensibilizados e que percebam que a atitude de cada um beneficia ou não o Desenvolvimento Sustentável do Planeta, mesmo em uma pequena escala de atuação. O resultado da pesquisa veio corroborar com o objetivo desse trabalho, é preciso e urgente a elaboração de um plano de ações para promover a educação ambiental na escola, onde professores e alunos possam atuar de forma ativa para se sentirem realmente agentes da transformação da realidade social. 6- BIBLIOGRAFIA: Carson, Raquel. Primavera Silenciosa. 1ªed.São Paulo. Gaia, DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo, 9ª ed. Gaia, DÍAZ, P. A. Educação ambiental como projeto, 2ª ed. Artmed, Porto Alegre, 2002, 168pp. MORADILLO, E.F. & OKI, M.C.M. Educação ambiental na universidade: construindo possibilidades. Química Nova, v.27, n 2, p PHILIPPI, A. Jr. PELICIONI, M. C. F. Educação Ambiental e Sustentabilidade. Editora Manole, VIEIRA, R. Al ; SANTOS, R. C. D; FILHO, V. G. S; BACELAR, M. R. B; ARAÚJO, H. M. L. Ensino da Educação Ambiental na escola pública municipal de Parnaíba: Diagnóstico e perspectivas,
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