Câmara Municipal de Fortaleza Vereador Evaldo Lima - PCdoB EXWIO. SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA

Transcrição

1 REQUERIMENTO N 3137/2015 "Requer seja efetuada a transcrição para os AnâlS uêsíâ CãSã LéyisiâíiVâ ínumcjpãi uã matéria: "TRADIÇÃO. Vida nas prateleiras", publicada no Jornal Diário do Nordeste, edição de 4 de outubro de 2015." EXWIO. SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA O Vereador Evaldo Lima, (PCdoB), vem, à presença de Vossa txceiència, requerer que seja efetuada a transcrição para os Anais da Câmara Municipal de Fortaleza, da matéria: "TRADIÇÃO. Vida nas prateleiras", publicada no Jornal Diário do Nordeste, edição de 4 de outubro de O jorna! Diáno do Nordeste, edição de Domingo, traz uma matéria especial sobre os sebos de Fortaleza. Dentre estes, o mais tradicional e certamente o melhor da cidade é o sebo do Geraldo, localizado na Rua 24 de Maio. O espaço é frequentado por estudantes, intelectuais, professores e por todos aqueles que amam os livros. O acervo ultrapassa 100 mil títulos, catalogados caprichosamente por Esteia Souza. A matéria destaca a trajetória de Geraldo Paulo Duarte, livreiro há mais de 49 anos. Geraldo tinha apenas 25 anos quando começou a vender livros na calçada da Rua Guilherme Rocha. Depois, conseguiu com muito trabalho, adquirir uma banca na Rua Senador Pompeu, remanejado na época pela prefeitura, guardou os livros e passou a trabalhar na Pedro l, até conseguir montar o "Sebo do Geraldo", espaço cultural respeitado por todos os que amam a cidade. O lugar é mais especial ainda pela presença de Esteia Sousa, que trabalha há 16 anos com Geraldo. "Trabalhar em sebo é carregar com a gente as histórias que vêm junto com as pessoas que deixaram aqui seus livros", diz Esteia. DEPtO RECEBIDO Câmara Municipal de Fortaleza Gabinete 11 CEP Fortaleza-CE Tel. (85) evaldo65@gmail.com

2 Requer por fim que após a aprovação deste requerimento, dê-se ciência a Geraldo Paulo Duarte e Esteia Souza, ambos no seguinte endereço: o_i /-i r* i-j_ OCUU W \3*Z\U Rua 24 de Maio, Centro, Fortaleza - CE, Telefone:(85) Departamento Legislativo, _ de _ de F- L \ cr --- i_i_ i : / nr*.~ind v i Í~M _i_ /-» _ n-* :_j -- *_ -j_ L.wciiutj um ia \u ; i_iuci uu VJUVCIMV c mtraiuciile ua Comissão de Educação Câmara Municipal de Fortaleza Gabinete 11 l CEP j Fortaleza-CE Te). (85) evaldo65@gmail.com

3 áojfcft Câmara Municipal de Fortaleza Vereador Evaldo Uma - PCdoB TRADIÇÃO Vida nas prateleiras Geraldo Pauib Duarte é livreiro há 49 anos. Ele começou como ambulante Câmara Municipal de Fortaleza Gabinete 11 CEP H [ Fortaleza-CE Tel. (85) 34^^ evaldo65@gmail.com

4 m pequeno corredpr, ladeado por livros, faz um discreto convite aos transeuntes da Rua 24 de Maio. Enquanto o centro da cidade ferve na rotina agitada, lá dentro o ambiente é tranquilo e silencioso. Uma casa inteira foi transformada em um labirinto de livros usados, de modo que há uma infinidade de narrativas nas mais de 100 estantes de metal e nos armários organizados em vários cómodos. Logo no primeiro deles, um senhor de cabelos embranquecidos e boina azul se acomoda num birô de madeira para recepcionar os visitantes. Geraldo Paulo Duarte trabalha envolto por livros há 49 anos. Ele rinha 25 anos, quando um amigo - sensibilizado em ver-lhe sem conseguir emprego - sugeriu que fosse, todas as noites, vender livros e revistas com ele nas calçadas na Rua Guilherme Rocha. "Nessa época, Fortaleza não tinha sebos. O pessoal ia pra lá comprar e vender. Muitos davam o seu endereço pra gente ir buscar os livros", recorda Geraldo. Não demorou para que ele conseguisse mercadoria e pusesse seu, próprio negócio, ali mesmo no chão da calçada da Guilherme Rocha. Saiu de lá quando juntou dinheiro suficiente para comprar uma banca na rua Senador Pompeu. Foi remanejad.o pela Prefeitura, teve que vender a banca, guardou os livros. Até que outro amigo lhe ofereceu sociedade em uma loja pequena da.riia Pedro I, também no Centro. i Reerguido, pôs o próprio negócio dois anos depois, nais Rua Tnstão Gonçalves. "Mas chegou obra do Estado cercando a Tristão Gonçalves toda, e leu tive que sair de lá", conta. Geraldo então transferiu o ponto para a Rua 24 de Maio, onde está até hoje. "O sebo nesse local só tem uns 15 anos, mas eu já venho na luta de livreiro há 49 anos", orgulha-se. Ocupação Ali, entre um ponto de mototáxi e urna barraquinha de água de coco, ele mantém a casa abarrotada de livros. Primeiro, apenas o que seria a sala, os quartos e a cozinha foram ocupados, por livros. Com o aumento idos títulos, Geraldo acabou ponto um teto no quintal para acomodar mais exemplares. "Se essa casa fosse minha, eu estaria construindo em cima também", diz. São mais de 100 mil livros que vão dos livros didáticos e enciclopédias às obras literárias raras e best-sellers. "Aqui eu vendo muito, mas eu faço mais é comprar. Graças a Deus meu negócio está bem. Pessoal procura livro aqui todo tempo. Agora que todo mundo está vivendo uma crise, o livro também está. Mas não é essa crise que faça a gente fechar as portas", afirma Geraldo. Ao longo dos anos, ele já viu alguns sebos próximos fecharem as portas, mas diz que seu negócio não está ameaçado. Se no fim do mês a saída é menor, no início do mês seguinte as vendas se recuperam. "Aqui também vendemos no cartão pra não perder o cliente. Não recebemos na hora, mas no outro mês chega". Para Geraldo, o segredo é dar um pre o melhor para o cliente. "Tem uns livreiros aí que dizem que o negócio arruinou, mas eu não acho. Compro barato e vendo barato, então consigo vender mais". Uma das lojas mais tradicionais do Centro, Sebo do Geraldo tem loomil livros quevãodas enciclopédias às obrar; literárias raras Se antigamente o negócio se mantinha pela venda de livros didáticos, hoje, com a mudança constante nas edições, Geraldo tem priorizado a literatura local. "O, que, o pessoal mais procura aqui1: são ^'livros de autores cearenses,, raridades sobre o cangaço e literatura nordestina", ele diz, acrescentando que os best-sellers também tem grancje saída. Quanto ao público de Geraldo, ele afirma ser bem diversificado. O movimento, ali, ainda é intenso. "Tem uns jovens que vivem mais nesse negócio do computador deles, mas aí a gente vende por lá.também. A internet foi boa pra gente, agora meus filhos estão todos no negóciç. Na internet, eles conseguem vender mais caro do que aqui. E vendem pró Brasil todo. Mas o acervo que oferecem é menor", conta. Apesar da vida!toda trabalhando entre os livros, Geraldo costuma ler pouco. Costuma folhear uma ou outra obra que fica sobre o seu birô, com curiosidade principalmente nas; raras e nas mais procuradas pelo público. Talvez seja por isso que ele saiba, de cor, o nome dos autores de alguns títulos mais procurados pelos seus clientes. "As raridades eu vendo mais para os mais velhos1.': Muitos vêm procurar os livros com que estudaram na infância", diz. <BJ) Camará Municipal de Fortaleza J Gabinete 11 CEP j Fortaleza-CE Tel. (85) evaldo65@gmail.com

5 Lugar de guardar memórias Os livros já manuseados guardam narrativas que vão além daquelas escritas pelos seus autores. Na mancha do café que pingou no papel, nas dedicatórias, nos grifos ou mesmo nas cartas e objetos esquecidos dentre as páginas, há uma infinidade de memórias. "São histórias que acabam marcando até a vida da gente", diz Esteia Souza, que trabalha há 16 anos no sebo de seu cunhado, Geraldo. É seu ofício diário catalogar cada livro que chega no sebo, organizar nas prateleiras e adicionar o preço. A açào pode ser demorada, a julgar pela quantidade de histórias adicionadas nos livros pelos leitores. "Trabalhar em sebo é carregar com a gente as histórias que vêm junto com as pessoas que deixaram. aqui seus livros. De alguma forma, a gente participa da memória das pessoas", define Esteia. Todos os dias, ela encontra uma série de cartas, fotografias, dedicatórias, atestados de óbito, notas e grifos que lhe despertam mais interesse até mesmo do que a história original escrita pelo autor. "Acho essas histórias paralelas mais interessantes que as Todos os dias, Esteia Souza encontra uma série de cartas, fotografias, notas e dedicatórias que lhe despertam mais interesse até mesmo que os próprios livros El (*?-.; já ne fascino com *s coisas. Fico sando:seráqueeu rozei com essa soa algum dia e ESTEU SOUZA Livreira a ue dos livros, porque são histórias que a gente sabe que existiram mesmo", diz. É por meio delas que Esteia participa da memória de gente que não conheceu. Dia desses, ela encontrou em um dos livros uma carta de alguém que havia pedido um paletó emprestado ao Raimundo Girão. "Na caita, ele agradecia, mas pedia desculpa por ter feito uns reparos, já que o Raimundo Girão era mais forte do que ele", conta. Mas o que costuma mesmo chamar a atenção dela são as fotografias. "As vezes, encontre fotos da família toda, de criançaí brincando que hoje já devem estar já com seus 60 anos", diz. ' As lembranças ficam guardai das por algum tempo no sebot "Penso que um dia, o dono vai aparecer", afirma Esteia. E exemplifica: "O vereador Evaldo Lima mesmo uma vez trouxe um livro e, dentro, tinha fotos de quando ele era menino, com os cabelos loiros bem cacheadinhos. Agen-. te devolveu um envelope com essas fotos. Fico pensando: e se ele tivesse dado outro fim ao invés de trazer pra cá né?". Ao longo dos últimos "l 6 anos, Esteia já encontrou caitas de amor, atestado de óbito, dinheiro, verdadeiros álbuns de fotografia e bilhetes. "Fico fascina^ da, pensando: será que eu já cruzei com essa pessoa algum dia e agora estou com parte da hístória dela aqui? Teve uma antropóloga que em cada livro colocava o lugar onde tinha comprado Chegou aqui mais de 2 mil livrosdela. Eu folheando pra colocaro valor e pensava: essa mulher devê ter rodado o mundo inteiro comprando livro. Como pode se perder isso?" (Bj) camará Municipal de Fortaleza Gabinete li CEP Fortaleza-CE Tel. (85) evaldo65@gmail.com