Excelentíssimo Sr.Dr. Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública de Cuiabá/MT AÇÃO POPULAR COM PEDIDO LIMINAR

Transcrição

1 Excelentíssimo Sr.Dr. Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública de Cuiabá/MT AÇÃO POPULAR COM PEDIDO LIMINAR FERNANDO ROBERTO SOUZA SANTOS, já devidamente qualificados no instrumento de procuração anexo, pelo seu procurador infra assinado, advogado regularmente inscrito na OAB MT sob o nº , com escritório na Rua F, SETOR OESTE, N.20, Morada do Ouro, Cuiabá/MT, local onde recebe intimações, vem, mui respeitosamente, arrimado nas disposições da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965 combinado com o artigo 5º, inciso LXXIII, da Carta Política Brasileira, propor AÇÃO POPULAR indicando para figurar no pólo passivo da relação processual a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cuiabá, composta pelos vereadores HAROLDO KUZAI, FAISSAL CALIL, e CHICO 2000, buscando ver declarada a nulidade de ato que consideram lesivo ao patrimônio do município e daquela casa, consubstanciados nos fatos e fundamentos jurídicos adiante expendidos: 1 - DAS PARTES AUTORES Diz o artigo 5º, inciso LXXIII, da CF: "LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência" Acrescenta o 3º, do artigo 1º, da Lei 4.717/65 que:

2 " 3º - A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda." Assim, o Autor, conforme demonstram as fotocópias do título de eleitor acostado, é parte manifestamente legítima para ingressar com a presente Ação Popular em juízo, teor e vigência do 3º, da supracitada Lei SUJEITO PASSIVO Expressa o artigo 6º, da Lei 4.717/65: "Art. 6º - A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo." Os Réus, componentes da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cuiabá, foram as autoridades que exararam o ato aqui impugnado em flagrante tipificação de ilegalidade do objeto, uma vez que o resultado do ato importa em violação do Regimento Interno da Câmara Municipal, em seu artigo 107, além do parágrafo único do artigo 21 da Lei Complementar 101/2000 conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal. 2 - DO ATO IMPUGNADO Os Autores querem aqui impugnar e tornar nula o Projeto de Lei, de 27 de dezembro de 2016,(documento em anexo) aumentando de forma ilegal a remuneração dos vereadores do Município de Cuiabá, lesando o patrimônio público e maculando o nome do Poder Legislativo. 3 - DA COMPETÊNCIA Diz o art. 5º, da Lei 4.717/65. "Art. 5º - Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la, o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado e ao Município."

3 3.2 - De acordo com a Constituição e com o ordenamento judiciário do Estado de Mato Grosso bem como consubstanciado no texto legal acima referido, é competência de uma das Varas da Fazenda Pública desta cidade para acolher, processar e julgar a presente Ação Popular. 4 - REMUNERAÇÃO DOS VEREADORES A fixação da remuneração dos vereadores obedece à determinação constitucional insculpida no artigo 29, incisos V e VI, verbis: "Art O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: I - Omissis; II - Omissis; III - Omissis; IV - Omissis; V - remuneração do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores fixada pela Câmara Municipal em cada legislatura, para a subseqüente, observado o que dispõe os arts. 37, XI, 150, II, 153, III, e 153, 2º, I; VI - a remuneração dos Vereadores corresponderá a, no máximo, setenta e cinco por cento daquela estabelecida, em espécie, para os Deputados Estaduais, ressalvado o que dispõe o art. 37, XI; A Lei Orgânica Municipal também nesse sentido expressa que é competência exclusiva e originária da Câmara Municipal definir a remuneração dos vereadores. 4.3 O Regimento Interno da Câmara em seu artigo 107 determina que: "Art A remuneração dos Vereadores será fixada através de Projeto de Lei, em cada Legislatura para a subsequente, no mínimo 90 ( noventa) dias antes das eleições municipais.

4 Preceitua a Lei de Responsabilidade Fiscal: atenda: Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art DA ILEGALIDADE DO OBJETO Agindo assim, a mesa diretora da Câmara Municipal de Cuiabá violou frontalmente o seu Regimento Interno, bem como a Lei de Responsabilidade Fiscal e lesou o Patrimônio do povo. 5.2 Está cristalino tanto no texto do Regimento Interno que normatiza a Casa, quanto a Lei Complementar 101/2000 que veda duramente o Ato produzido pelo Poder Legislativo Cuiabano e à Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cuiabá não é dado o direito de interpretar irregularmente aquilo que expressa o texto legal Agindo assim, ao arrepio da Lei, fere frontalmente princípios basilares do Direito Positivo e sujeita-se ao ônus de arcar com as responsabilidades decorrentes do ato que promoveu. 6 - MANIFESTAÇÃO SOCIAL Tal não poderia ser outra a reação da sociedade senão a indignação, manifestada publicamente através da imprensa, que tão bem tem tratado o assunto Pronunciamentos e assertivas clamorosas do povo, entretanto, não foram suficientes para demover a Mesa Diretora da Câmara Municipal à adequar-se à legalidade Não restou então outra opção senão valer-se da presente Ação Popular na certeza de que o Poder Judiciário não coaduna com tal ilicitude e promoverá a anulação do ato impugnado e o retorno ao status quo ante.

5 6 - DO PEDIDO Seja deferida a suspensão liminar inaudita altera pars do ato lesivo impugnado ( 4º, art. 5º, Lei 4.717/65), uma vez que intestinos se encontram presentes todos os pressupostos básicos para a concessão, i.e., fumus boni iuris et periculum in mora, determinando que a Câmara Municipal de Cuiabá, já nos contra-cheques do mês de Janeiro/2017 e nos próximos, não insira o valor do Subsídio Adicional de Atividade Parlamentar nos vencimentos dos parlamentares, retornando aos valores anteriores; seja, ao fim, julgada procedente a Ação Popular e declarada a nulidade do ato impugnado em homenagem ao art. 2º, letra c, da Lei 4.717, por manifestamente ilegal; 7 - REQUERIMENTOS A citação dos réus, na Câmara Municipal de Cuiabá, na Rua Barão de Melgaço, Praça Moreira Cabral, s/n - Centro, Cuiabá - MT, , para, querendo, formularem contestação; a intimação do Representante do Ministério Público para acompanhar o feito em todos os seus trâmites ( 4º, do art. 6º); a observação criteriosa dos prazos previstos nos artigos 7º e 8º da Lei que regula a matéria; a inclusão na condenação dos réus nos honorários de advogado conforme estipulados em previsão legal dos artigos do CPC e da Lei

6 8 - VALOR DA CAUSA À causa, os Autores atribuem o valor de R$ ,,00 (cento e quarenta e quatro mil duzentos e vinte e cinco reais), resultado da multiplicação dos valores, caso for pago, recebidos a maior, multiplicado pelo número de vereadores da Casa que seriam beneficiados. Nestes termos, pede deferimento. CUIABÁ/MT, 28 de DEZEMBRO de FERNANDO ROBERTO SOUZA SANTOS OAB/MT O