DIREITO ELEITORAL. Prof. Roberto Moreira de Almeida
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1 DIREITO ELEITORAL Ações Especiais Eleitorais: Ação de Impugnação de Registro de Candidaturas (AIRC), Ação de Investigação Eleitoral (AIJE) e Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) - Parte 2 Prof. Roberto Moreira de Almeida
2 Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) Conceito É a ação destinada a proteger a legitimidade e normalidade das eleições e coibir o abuso do poder econômico ou político, a utilização indevida de veículos ou meios de comunicação, bem como a fraude nos pleitos eleitorais brasileiros. A AIJE tem por finalidade, destarte, preservar o equilíbrio entre os candidatos em disputa por cargo eletivo.
3 Previsão legal Está prevista no art. 19 da Lei das Inelegibilidades (LC nº 64/90), in verbis: Art. 19. As transgressões pertinentes à origem de valores pecuniários, abuso do poder econômico ou político, em detrimento da liberdade de voto, serão apuradas mediante investigações jurisdicionais realizadas pelo Corregedor-Geral e Corregedores Regionais Eleitorais. Parágrafo único. A apuração e a punição das transgressões mencionadas no caput deste artigo terão o objetivo de proteger a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou do abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta, indireta e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
4 Prazo A AIJE deve ser proposta a partir do registro de candidatura até o dia da diplomação. Após essa data, o processo deve ser extinto, eis que presente a decadência. A AIJE, todavia, no que concerne à prática de condutas vedadas (Lei das Eleições, art. 73), deve ser proposta até a data das eleições (TSE, REspe /SC).
5 AIJE sobre arrecadação e gastos de recursos: Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar condutas em desacordo com as normas desta lei, relativas à arrecadação e gastos de recursos (Lei n.º 9.504/97, art. 30-A, com redação dada pela Lei nº /09).
6 Legitimidades ativa e passiva Podem ingressar com AIJE: a) os partidos políticos (desde que não coligados); b) as coligações; c) os candidatos; ou d) o Ministério Público Eleitoral. A AIJE deverá ser proposta em face de: a) candidato; b) autoridades; ou c) terceiros que tenham contribuído para o ato ilícito. No polo passivo da AIJE, invariavelmente, forma-se um litisconsórcio necessário simples em que a conduta de cada representado é examinada de forma autônoma e independente.
7 Competência A investigação judicial eleitoral deverá ser apresentada: a) Ao Corregedor-Geral Eleitoral para que este investigue os fatos e apresente relatório para julgamento pelo TSE, nas eleições presidenciais (Presidente e Vice-Presidente da República); b) Ao Corregedor-Regional Eleitoral, o qual fará a investigação e apresentará o seu relatório para julgamento pelo plenário do Tribunal Regional Eleitoral, nas eleições gerais (Governador, Vice- Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital); e
8 c) Ao Juiz Eleitoral, sendo este competente não apenas para fazer a investigação, tal como os Corregedores Geral e Regional, como também proferir sentença, quando se tratar de eleições municipais (Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador).
9 Procedimento (LC n.º 64/90, art. 22) Petição inicial: CPC, art. 319; meios de prova e rol de testemunhas (máximo de seis); Notificação: prazo de 5 (cinco) dias; Defesa: apresenta-se defesa, requer-se juntada de documentos e arrolar testemunhas (máximo de seis); Saneamento: suspensão do ato impugnado e intimação do MP (custos legis);
10 Instrução: não sendo matéria unicamente de direito e a prova protestada seja relevante, deve ser designada, para os cinco dias seguintes ao recebimento da defesa, data para a inquirição das testemunhas (as do representante são ouvidas em primeiro lugar e, ato contínuo, em uma mesma assentada, são inquiridas as testemunhas do representado). Diligências: no prazo de três dias após a audiência de instrução, procederá a todas as diligências necessárias à formação do corpo probatório (exemplos: oitiva de testemunhas referidas, juntada de documentos em poder de terceiros, realização de perícias, etc.). Alegações finais: prazo comum de dois dias, a contar do encerramento das diligências; Decisão e recurso: prazo de três dias, cada.
11 Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) Conceito É a ação destinada a impugnar, ante a Justiça Eleitoral, mandato eletivo obtido com abuso de poder econômico, corrupção ou fraude.
12 Previsão legal Constituição Federal Art. 14. (...). 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. 11. A ação de impugnação de mandato eletivo tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
13 Natureza jurídica A AIME é, indubitavelmente, uma ação civil-eleitoral de natureza constitucional. Origem A AIME nasceu no bojo da Constituição Federal de Fundamento A AIME se destina a proteger as eleições contra a influência dos abusos do poder econômico e político, bem como corrupção e/ou fraudes eleitorais.
14 Finalidade Destina-se a AIME a proteger os interesses difusos do eleitor relacionados ao exercício do direito de sufrágio. Prazo de interposição A AIME deverá ser proposta no prazo de quinze dias, a contar da diplomação. Esse prazo é de natureza decadencial, ou seja, não se admite seja suspenso ou interrompido.
15 Competência a) Tribunal Superior Eleitoral: se o diplomado for Presidente ou Vice-Presidente da República; b) Tribunais Regionais Eleitorais: se o diplomado for Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual e/ou Deputado Distrital e c) Juízes Eleitorais: se o diplomado for Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.
16 Legitimidades ativa e passiva A AIME pode ser proposta pelo: a) Ministério Público (se não for parte, será custos legis ); b) partido político; c) coligação; ou d) candidato. Devem figurar como réus da AIME apenas os diplomados infratores do abuso do poder econômico, político ou que cometeram fraude ou corrupção eleitoral, assim como seus suplentes (senador) e vices (presidente, governador ou prefeito) (litisconsórcio).
17 Rito processual O TSE pacificou o entendimento segundo o qual a AIME deve tramitar segundo o procedimento da AIRC (art. 22 da LC nº 64/90) e não o procedimento comum ordinário do processo civil.
DIREITO ELEITORAL. Prof. Roberto Moreira de Almeida
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