COMPARAÇÕES EM DIFERENTES PERÍODOS DE ESTUDO DE PASSAGEM DE SISTEMAS FRONTAIS NO BRASIL

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1 COMPARAÇÕES EM DIFERENTES PERÍODOS DE ESTUDO DE PASSAGEM DE SISTEMAS FRONTAIS NO BRASIL Diego Simões Fernandes, Claudia Rejane Jacondino de Campos RESUMO No Brasil, os sistemas frontais atuam o ano inteiro. Devido a incursões de frentes frias no território brasileiro, pode ocorrer geadas nas regiões centro-sul do país, além de ocasionar precipitações, principalmente na Região Sul. Utilizou-se dados de passagem de sistemas frontais obtidos no Boletim de Monitoramento e Análise Climática Climanálise. Este trabalho teve como objetivo estudar a passagem de sistemas frontais que atuaram no Brasil no período de 99 a e comparar com os estudos realizados por Oliveira (9) e Lemos e Calbete (99). A quantidade de passagem de sistemas frontais é maior na banda B (º-ºS) e decresce até a banda D (acima de ºS) progressivamente. Em termos climatológicos, a comparação entre dois períodos anteriores, 9-9 e 9-99, indica um aumento significativo de sistemas frontais nas faixas latitudinais mais ao sul do país, e isto se verifica na análise do período estudado, 99-. Abstract In Brazil, the front systems act the whole year. Owed to incursions of cold fronts in the Brazilian territory, it can happen frosts in the areas center-south of the country, haul of causing precipitations, mainly in the South Area. It was used data of passage of front systems obtained in the Bulletin of Monitoring and Analyze Climatic - Climanálise. This work has as objective studies the passage of front systems that they acted in Brazil in the period from 99 to and to compare with the studies accomplished by Oliveira (9) and Lemos and Calbete (99). The amount of passage of front systems is larger in the band B (º-ºS) and it decreases progressively until the band D (acima de ºS). In climatological terms, the comparison among two previous periods, 9-9 and 9-99, it indicates a significant increase of front systems more in the latitudinal strips to the south of the country, and this is verified in the it analyzes of the studied period, 99-. Palavras-chave: sistemas frontais, climatologia Aluno do curso de Bacharelado em Meteorologia Universidade Federal de Pelotas Campus Universitário s/nº Caixa Postal, Pelotas, RS diegosifer@gmail.com Professora Doutora do Departamento de Meteorologia Universidade Federal de Pelotas Campus Universitário s/nº Caixa Postal, Pelotas, RS cjcampos@ufpel.edu.br

2 INTRODUÇÃO A cordilheira dos Andes influência a circulação atmosférica num grande espectro de escalas, desde a geração de ondas de montanha (Seluchi et al. ) até o posicionamento das ondas planetárias (Styamurty et al. 9). Em particular, a presença dos Andes provoca profundas modificações nos sistemas transientes que se deslocam sobre o continente sul americano. Em geral, após passarem sobre os Andes, os sistemas ciclônicos e anticiclônicos são canalizados para o norte imediatamente a leste das montanhas favorecendo seu deslocamento até latitudes baixas, enquanto que seu núcleo em latitudes médias apresenta um deslocamento quase zonal. Por esta razão as incursões de frentes frias são relativamente freqüentes no território brasileiro, podendo provocar em algumas ocasiões situações favoráveis para a ocorrência de geadas, especialmente na região centro-sul do país (Marengo et al., 99; Garreaud, 999). Pelo contrário, as frentes frias dificilmente atingem a costa oeste da América do Sul com intensidade significativa, o que explica parcialmente a extrema secura da costa norte do Chile e Peru. Cavalcante e Kousky () afirmam que no Brasil, as frentes frias atuam durante todo o ano e afetam mais significativamente as Regiões Sul e sudeste, sendo responsáveis pelas chuvas, principalmente no sul do país. Oliveira (9) fez uma climatologia das frentes frias e da interação com a convecção sobre a Amazônia, utilizando imagens de Satélite. Em continuidade ao trabalho de Oliveira (9), Lemos e Calbete (99) fizeram a climatologia dos sistemas para o período de 9 a 99, utilizando análises de cartas sinóticas. O objetivo geral deste estudo foi fazer uma análise dos sistemas frontais que passaram no Brasil no período de 99 a, continuando o trabalho de Oliveira (9) e Lemos e Calbete (99). Também foi feita uma comparação entre os períodos de estudo, 9 a 9, 9 a99 e 99 a. MATERIAIS E MÉTODOS Os dados para contabilizar as passagens de sistemas frontais foram obtidos nos Boletins de Monitoramento e Análise Climática Climanálise, disponibilizados no site do Centro de Previsão e Estudos Climáticos CPTEC/INPE, que faz uma análise mensal das ocorrências de sistemas frontais em estações de superfície no Brasil, separando-as em uma linha de estações costeiras, uma linha interna e uma linha mais interna ainda. Primeiramente contabilizou-se todos os sistemas frontais que atuaram no Brasil no período de 99 a. Após foi feita uma classificação dos sistemas frontais, a mesma utilizada por Oliveira (9) e Lemos e Calbete (99), para podermos fazer posteriores comparações. Estes autores utilizaram três bandas latitudinais: A banda (B) ºS-ºS, está entre as cidades de Santa Vitória do

3 Palmar-RS e Iguape-SP, a banda (C) de ºS-ºS de Iguape-SP até Vitória-ES e a região acima de ºS desde Vitória-ES até Ceará mirim-rn correspondente a banda (D), (figura ). Figura. Mapa da América do Sul com as localizações das Bandas B, C e D. Depois de classificar os sistemas frontais nas bandas em estudo, foi feita uma comparação da passagem dos sistemas frontais nos períodos citados anteriormente e também uma comparação com as bandas de cada período, afim de analisar se houve alguma mudança dos períodos anteriores com o período estudado. RESULTADOS E DISCUSSÕES A figura mostra a média mensal da passagem de sistemas frontais para o período de 99 a. Observa-se que a média foi de, a passagens de sistemas frontais. Nota-se uma intensificação na passagem de sistemas frontais a partir do mês de junho, ficando a média sempre acima de sistemas. As menores médias de passagem de sistemas frontais foram observadas nos meses de março e abril,, e,, respectivamente. Apesar de não se observar uma grande variação de passagem de sistemas frontais nas médias mensais, salienta-se que em outubro e dezembro foi observado as maiores médias,, e,9 passagens de sistemas frontais, respectivamente. Número de Sistemas Frontais Meses Media Figura. Media Mensal de Sistemas Frontais atuantes no período de 99 a.

4 A figura apresenta as médias mensais dos sistemas frontais que atuaram no período de estudo nas três bandas e no total. Podemos observar que, em geral, o comportamento dos sistemas frontais seguiu uma similaridade nas três bandas (B, C e D). A passagem de sistemas frontais é maior na banda B e decresce até a banda D progressivamente. Os sistemas frontais de banda B e C tiveram um maior número de passagem em setembro, outubro e dezembro. Já os sistemas de banda D tiveram maior ocorrência nos meses de julho e setembro. Os sistemas que atuaram na banda B tiveram os menores números de passagens de sistemas frontais em março, abril e maio, na banda C, isso ocorreu em janeiro, março e abril na banda D nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril, pois nesses meses as características que se encontra na atmosfera não permitem condições favoráveis para que os sistemas frontais cheguem a latitudes baixas. Numero de sistemas frontais Banda B Banda C Banda D Totais Figura. Média Mensal de Sistemas Frontais divididos por bandas (B, C e D) atuantes no período de 99 a. Após analisar as médias mensais dos sistemas frontais que atuaram no período estudado em conjunto com as médias por bandas, pode-se fazer uma comparação com os registros obtidos por Lemos e Calbete, 99, e os registros desse trabalho. Essa comparação serve para mostrar se houve alguma mudança na passagem de sistemas frontais durante o passar dos anos, (figura ). (9-99) (99-) Figura. Comparação da passagem de sistemas frontais para o período 9 a 99 e o período 99 a.

5 Observa-se que o período 99 a apresentou um maior numero de passagem de sistemas frontais do que o período de 9 a 99. somente no mês de abril o período 99 a ficou abaixo do período 9 a 99. Nos demais meses a diferença não foi tão significativa. Foi feita também uma comparação entre as bandas B e C (figuras e ) para os períodos em que foram feitos estudos de sistemas frontais. O primeiro estudo feito de sistemas frontais realizado por Oliveira (9) para o período de 9 a 9, o segundo período, Lemos e Calbete (99), 9 a 99) e, o período atual de 99 a. A figura mostra que as médias mensais dos sistemas frontais para janeiro, fevereiro, março, abril, setembro e dezembro, para o primeiro e terceiro período estudado, não tiveram grandes variações. Já a media mensal para o mês de maio tem um decréscimo considerável de sistemas frontais do primeiro para o terceiro período. Em junho, julho, agosto, outubro e novembro, também se observa um decréscimo do primeiro para o terceiro período, a diferença mensal é de aproximadamente sistema frontal. O segundo período, que compreende os anos de 9 a 99, teve as menores médias de todos os períodos estudados. Ao comparar o segundo período com o primeiro, observa-se diferenças mensais de ou mais sistemas frontais, como pode ser visto em maio e julho. Número de Sistemas (9-9) (9-99) (99-) Figura. Comparação dos sistemas frontais da banda B para os três períodos de estudos. A figura mostra a mesma análise feita anteriormente, só que para a banda C. Podemos visualizar que de fevereiro a julho, o período de 99 a sempre mostrou um maior número de sistemas frontais se comparado com os outros dois períodos estudados. A maior diferença entre terceiro período e o primeiro foi em fevereiro, a diferença foi de mais de sistemas frontais. Agora se compararmos, ainda em fevereiro, o terceiro período de estudo com o segundo período, 9 a 99, a diferença é de sistemas frontais na média mensal. Ao fazermos uma analise detalhada observa-se um aumento na média de sistemas frontais no terceiro período de estudo, quando comparados com os dois primeiros períodos estudados.

6 Número de Sistemas (9-9) (9-99) (99-) Figura. Comparação dos sistemas frontais da banda C para os três períodos de estudos. CONCLUSÕES Durante o período de 99 a atuaram nos meses de janeiro, fevereiro e março um total de sistemas frontais para cada mês. Para os meses abril, junho, agosto, setembro e outubro o total atingido foi de sistemas mensais e no mês de dezembro chegou a atingir sistemas. Verificou-se que durante os meses de abril a dezembro para as latitudes entre e ºS (Banda B) o número de sistemas é superior a quatro. Para as latitudes entre e ºS (Banda C) as médias mensais de passagem de sistemas frontais foram de, a,. Nos meses de abril a junho e de outubro a novembro a banda D, atingem latitudes acima de ºS, foram de a, sistemas frontais. Em termos climatológicos, a comparação entre dois períodos anteriores, 9-9 e 9-99, indica um aumento significativo de sistemas frontais nas faixas latitudinais mais ao sul do país, e isto se verifica na análise do período estudado, 99-. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cavalcante, I.F.A, V.E. Kousky,. Climatology of Sout American cold fronts. In: VII International Conference on Southern Hemisphere Meteorology and Oceanography, Ellington, New Zealand,. Climanálise - Boletim de Monitoramento e Análise Climática- INPE/CPTEC, 99-. São José dos Campos - SP, Brasil. Garreaud, R.D., 999: Cold air incursions over subtropical and tropical South America. A numerical case study. Mon. Wea. Rev.,, -. Lemos, C. F., N. O. Calbete. Sistemas Frontais que atuaram no litoral de Climanalise Especial Edição comemorativa de anos. MCT/INPE/CPTEC. Cap., 99. Marengo, J., A. Cornejo, P. Satyamurty, C. Nobre and W. Sea, 99: Cold surges in tropical and extratropical South America: The strong event en June 99. Mon. Wea. Rev.,, 9-. Oliveira,A.S.,9. Interações entre Sistemas Frontais na América do Sul e Convecção na Amazônia. INPE--TDL/9. Satyamurty P., Pinheiro Dos Santos R., and Maringolo Lemes M.A., 9: On the stationary trough generated by the Andes. Mon. Wea. Rev.,, -. Seluchi, M.E., Norte F.A., Satyamurty P., and Chou S.C, : Analysis of three situations of Foehn effect over the Andes (Zonda wind) using the Eta/CPTEC regional model. Wea & Forec,, -.