ASPECTOS CLIMÁTICOS DA ATMOSFERA SOBRE A ÁREA DO OCEANO ATLÂNTICO SUL
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1 ASPECTOS CLIMÁTICOS DA ATMOSFERA SOBRE A ÁREA DO OCEANO ATLÂNTICO SUL Manoel F. Gomes Filho Departamento de Ciências Atmosféricas Universidade Federal da Paraíba UFPB Campina Grande PB, mano@dca.ufpb.br Audemar F. Ribeiro Júnior Bolsista ITI / Programa REVIZEE/CNPq Aluno do Curso de Meteorologia Universidade Federal da Paraíba - UFPB Campina Grande-PB RESUMO Apresenta-se uma análise das variáveis climáticas coletadas na área do Oceano Atlântico Sul em um período de trinta anos de observações por navios mercantes e oceanográficos. Estes dados que originalmente estavam armazenados em forma codificada, foram disponibilizados pelo Banco Nacional de Dados Oceanográficos BNDO da Diretoria de Hidrografia e Navegação DHN do Ministério da Marinha, através do Programa REVIZEE. Os resultados estão apresentados em forma de gráficos e diagramas e são referidos apenas ao Hemisfério Sul em três segmentos zonais sendo o primeiro para a zona de 0 a 10 de latitude sul; o segundo para a zona de 10 a 20 de latitude e o terceiro para a zona de 20 a 30 de latitude sul. INTRODUÇÃO As causas da grande variabilidade interanual do clima do Nordeste ainda não são completamente entendidas, assim como também não o são as razões determinantes da semiaridez da Região. Entretanto, vários autores têm gerado evidências de que o clima e a precipitação são provavelmente modulados por mecanismos de circulação geral da atmosfera 1922
2 e mecanismos oceânicos externos à Região. O fato é que estes fatores interferem profundamente na precipitação do Nordeste do Brasil, em particular na sua região semi-árida. Estudos meteorológicos e estatísticos, como aqueles que avaliam o processo interativo entre as condições oceânicas e suas influências sobre a Região Nordeste do Brasil, executados desde o início deste século e em particular nas últimas décadas, evidenciaram que as características de anos com secas ou enchentes sobre o semi-árido estão relacionadas com anomalias nas configurações atmosféricas e oceânicas a nível global. Como exemplo, verificamos que em decorrência do padrão de distribuição da pressão atmosférica no Oceano Atlântico Sul, com um centro de alta pressão localizado em torno de 30ºS, na Região Nordeste os Ventos Alísios de Sudeste predominam durante quase todo o ano. A posição e a intensidade do centro de alta pressão atmosférica, contudo, modifica-se sazonalmente, alterando conseqüentemente também o padrão de ventos. Durante o primeiro semestre do ano, o centro de alta pressão subtropical encontra-se localizado em torno de 32ºS / 5ºW, com menor intensidade, e por conseguinte os Ventos Alísios de Sudeste encontram-se mais fracos, ultrapassando o equador somente nas proximidades do Golfo da Guiné. Durante o segundo semestre, o desenvolvimento da Zona de Baixa Pressão Antártica força o centro de alta pressão do Atlântico Sul na direção noroeste, além do mesmo também se intensificar. O resultado é que a partir do segundo semestre do ano ocorre uma intensificação significativa dos Ventos Alísios de Sudeste. Essa variação nos padrões de vento e pressão, citadas acima, estão, além de outros fatores, associadas com anomalias na temperatura da superfície do mar. Logo podemos dizer que o que define a qualidade da precipitação sobre os Estados do Nordeste do Brasil são fatores oceânicos e atmosféricos sobre distintas partes do globo terrestre, como a temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico equatorial e Oceano Atlântico e não somente fatores inerentes à própria região. Além do mais, o conhecimento da climatologia para a área do Atlântico é crucial para o melhor entendimento das variações climáticas sobre o continente brasileiro e em particular no Nordeste. 1923
3 DADOS E METODOLOGIA Como já citado, os dados utilizados foram dados meteorológicos de superfície codificados na forma de SYNOP e SHIP coletados por navios e pertencentes ao BNDO da DHN. Estes dados foram disponibilizados através do Programa REVIZEE, sub-comitê Nordeste, Área de Meteorologia. Inicialmente foi feita uma triagem dos dados que estavam gravados em CDROM, após o que separou-se os dados relativos ao Hemisfério Norte dos dados aqui utilizados. Realizou-se também uma análise de consistência e a partir daí desenvolveu-se um programa de computador na linguagem FORTRAN para a decodificação dos mesmos. Uma vez estes dados foram decodificados, realizou-se estatísticas para se determinar o comportamento destes e tentar-se estabelecer uma climatologia para a área coberta pelas observações analisadas. Com os resultados obtidos foram construídos os gráficos apresentados na seção a seguir. RESULTADOS Os resultados estão aqui apresentados na seqüência de gráficos para os meses de janeiro e julho, verão e inverno, respectivamente. Entretanto, a análise foi realizada para todos os meses do ano mas não estão apresentados por problemas de tamanho do arquivo a ser enviado ao XII CBMet. Como principais resultados desta análise, podemos destacar a grande predominância dos ventos superficiais de nordeste/leste e leste/sudeste na faixa latitudinal de 0 a 10 Sul, independentemente de ser inverno ou verão. Na faixa de 10 a 20 Sul, apesar da predominância dos ventos de leste/sudeste, uma componente de sul/sudeste aparece também com uma boa freqüência tanto no verão quanto no inverno. Na faixa de 20 a 30 de latitude sul, em 70% do tempo, os ventos têm direção leste/sudeste em janeiro. No mês de julho, nesse faixa de latitude, a predominância é de ventos de sul/sudeste. 1924
4 Média Anual da direção dos ventos de janeiro entre 0ºS e 10ºS Média Anual da direção dos ventos de janeiro entre 10ºS e 20ºS Média Anual da direção dos ventos de janeiro entre 20ºS e 30ºS CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que os anos de dados obtidos, guardavam em seu bojo, importantes informações sobre as características climáticas da região do Oceano Atlântico Sul, o que sempre se constituiu em uma grande limitação para meteorologistas e oceanógrafos (físicos pelo menos). Essas características ainda não estão totalmente delineadas neste trabalho, devido ao seu caráter preliminar, porém já se antevê, a partir desses resultados, que importantes informações estão aqui contidas e que em um espaço curto de tempo, estarão disponibilizadas para toda a comunidade meteorológica e oceanográfica do país. 1925
5 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Aragão, J. O. R, 1975 : A study of the structure of synoptic perturbations i Northeast Brazil. M.Sc. dissertation. Instituto de Pesquisas Espaciais. São José dos Campos, S.P., Brazil, 51 p.p. Chan, S. C., 1990 : Analysis of the easterly wave disturbances over South Atlantic Ocean. M.Sc. dissertation. Instituto de Pesquisas Espaciais. São José dos Campos, S.P. Brazil, 104 p.p. Gomes Filho, M. F : Sistemas convectivos de mesoescala com precipitação intensa na Paraiba : Um estudo de caso. Rev. Bras. de Meteor., 11, Gomes Filho, M. F : Análise da precipitação do mês de março em Campina Grande - Paraiba no período 1987 a Rev. Atmosf. e Água, II, Kousky, V. E., : Diurnal rainfall variation on Northeast Brazil, Mon. Wea. Rev 108, Kousky, V. E. and Gan, M. A., 1981 : Upper tropospheric cyclonic vortices in the tropical South Atlantic., Tellus, 33, Oliveira, L. L., : Zonas de Convergência do Atlântico Sul e suas influências no regime de precipitação do Nordeste do Brasil. ( Dissertação de Mestrado em Meteorologia ) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, Pub. INPE TDL/074. Perrela, A. C. F : Classificação de sistemas de nuvens. In : III Curso de Inter pretação de Imagens de Satélites Meteorológicos. Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP, São José dos Campos - SP. Serra, A. B., 1941 : The general circulation over South America, Bull. Ame. Meteor. Soc., 22, Virji, H : A preliminary study of summertime tropospheric circulations patherns over South America estimated from clouds winds, Mon. Wea. Rev., 109, Yamazaki, Y. and Rao, V. B., 1977 : Tropical cloudness over the South Atlantic Ocean, J. Meteoro. Soc. Japan. 55,
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