Sistemas Meteorológicos que atuaram sobre o Estado de Sergipe no dia 11 e 12 de Janeiro de 2010

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1 Sistemas Meteorológicos que atuaram sobre o Estado de Sergipe no dia 11 e 12 de Janeiro de 2010 David Nogueira dos Santos 1, Inajá Francisco de Sousa 2, Overland Amaral Costa, 3, Vicente de Paulo Rodrigues de Silva 4, Pedro Vieira de Azevedo 4 1 Mestre em Meteorologia SEMARH-SE, bolsistas CNPq (david_nsantos@yahoo.com.br) Avenida Gonçalo Prado Rollemberg, 53, São José, CEP , Aracaju - SE. 2 Prof. Dr. Universidade Federal de Sergipe (ifsousa@ufs.br) 3 Coordenador do Centro de Meteorologia de Sergipe - SEMARH-SE (overland.costa@semarh.se.gov.br), 4 Prof. Dr. Universidade Federal de Campina Grande (vicente@dca.ufcg.edu.br), (pvieira@dca.ufcg.edu.br) RESUMO O presente trabalho teve como objetivo mostrar os sistemas que atuaram no dia de janeiro de 2010 no Nordeste do Brasil (NEB), em particular na região noroeste do Estado de Sergipe, com precipitação intensa, com ventos muito fortes e até relatos de granizos. Para análise e caracterização das condições meteorológicas foram analisadas as imagens realçadas do satélite GOES-12, análise sinótica CPTEC/INPE e dados de superfície de uma plataforma de coleta de dados (PCD) situada próxima ao local da região mais atingida. ABSTRACT The present work had the objective to show the sistems that acted in the days 11 and 12 of January of 2010, in Brazil s northeast, specially in the state of Sergipe s northwest, with an intense rainfall, with very strong winds and even notices of hail. To analysis and characterization of the meteorologic conditions, we have analysed the images accentuateds from the GOES-12 satellite, synoptic analysis CPTEC/INPE and surface data of a data collect platform, located close to the most affected en region. Palavras-Chave: Tempo Severo, Granizo e Estado de Sergipe. 1 - INTRODUÇÃO Os desastres naturais mais freqüentes estão associados a fenômenos meteorológicos extremos. Os grandes temporais, os tornados os ciclones e os sistemas frontais, com ventos muito fortes e precipitações intensas, podem ser devastadores. O Estado de Sergipe está localizado nas seguintes coordenadas geográficas 9º 31 S a 11º 33 S e 36º 25 W a 38º 14 W, na faixa tropical e possui como problema climático a irregularidade espacial e temporal da distribuição da precipitação pluviométrica, sendo decrescente do Litoral em direção ao Semiárido. Devido à sua posição geográfica espacial, Sergipe possui uma característica de transição entre os regimes pluviométricos do norte (com máximos de fevereiro a maio) e do sul do NEB (dezembro a fevereiro). Essa transição é observada no início da estação chuvosa alterando a precipitação e causando veranicos. O máximo pluviométrico ocorre em maio, entretanto quando há um deslocamento anômalo da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), mais para o norte, durante o regime pluviométrico do norte do NEB, o início da estação chuvosa do Leste do NEB é afetado consideravelmente, chegando a haver veranicos (Costa et al., 2004). E entre os vários sistemas meteorológicos que afetam o Estado temos o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN). Gan e Kousky (1986) observaram que os VCAN no Nordeste do Brasil e no Atlântico Sul tropical adjacente se formam com maior freqüência nos

2 meses de verão, quando o escoamento da alta troposfera sobre a América do Sul é anticiclônico. Assim se formam e se intensificam a frente de sistemas frontais de latitudes médias que se encontram num estágio de forte desenvolvimento, de modo que a penetração do cavado associado em altos níveis e a advecção quente nos níveis baixos e médios amplificam a crista sobre o continente em altos níveis, o que conseqüentemente leva à amplificação do cavado subseqüente situado sobre a costa leste do continente sul americano (Kousky e Gan, 1981). O aquecimento na parte inferior junto ao vórtice pode criar situações instáveis que consigam vencer os efeitos dominantes da subsidência e dissipar o sistema (Kousky e Gan 1981). O objetivo deste trabalho é identificar os sistemas meteorológicos que atuaram entre os dias 11 e 12 de janeiro de 2010 e suas condições no momento em que passavam sobre a região do Estado de Sergipe causando ventos fortes, chuvas intensas consideráveis e relatos de granizos. 2 - MATERIAIS E METODOLOGIA Para a identificação dos sistemas atmosférico que atuaram no Nordeste do Brasil, foram utilizadas as imagens realçadas do satélite GOES-12 e as cartas sinóticas obtidas no site do CPTEC/INPE, para o período compreendido entre as 17:00 horas, do dia 11 de janeiro de 2010 até as 01:00 hora, do dia 12 de janeiro de 2010, além de dados de temperatura do ar (máxima e mínima), umidade relativa, precipitação e velocidade máxima do vento, onde estão sendo representados graficamente, obtidos na plataforma de coleta de dados (PCD), da estação automática de Poço Redondo - SE. 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas cartas sinóticas as linhas de corrente em 250 hpa (Figura 01) mostram uma circulação ciclônica fechada sobre nordeste do Brasil, com seu centro em torno de 40ºW e 10ºS, e com um forte escoamento de sul no centro do continente, que é característico dos meses de verão para a atuação do VCAN. Figura 01 Carta sinótica no nível de 250 hpa mostrando a atuação do vórtice ciclônico de altos níveis no Nordeste do Brasil. A Figura 02 identifica a seqüência do desenvolvimento do sistema convectivo nas imagens do satélite GOES-12, para o horário das 1800UTC (15:00 hora local do dia 11/01)

3 até as 0400UTC (01:00 hora local do dia 12/01). Foram selecionados estes horários com o intuito de mostrar o comportamento desde o início até o instante de maior intensidade do sistema convectivo que atuou em praticamente todo Estado, embora as maiores conseqüências tenham sido sofridas pela região noroeste (Sertão). Também é possível identificar nas imagens de satélite, as nuvens com grande desenvolvimento vertical, através de seu topo que chegaram a obter temperaturas com valores inferiores a -50ºC, justamente localizado sobre a região mais atingida. Figura 02 Imagens do Satélite GOES-12, T_REALCE para os dias compreendidos em 11 e 12 de janeiro de 2010, em vários horários ilustrando a evolução do fenômeno estudado. Observa-se um escudo de nuvens que cobre o território do Estado de Sergipe. Nas áreas do noroeste do estado observaram-se nuvens com maior desenvolvimento vertical, com topos de CBs entre -40 e -50ºC. Fonte: CPTEC/INPE.

4 Foram verificados de alguns elementos meteorológicos na intenção de esclarecer melhor o que aconteceu sobre a região e são mostradas na Figura 03 as ilustrações gráficas da velocidade máxima do vento (Figura 3) ocorrida no dia 11/01 para o dia 12/01, no município de Poço Redondo - SE, um dos locais atingidos pelo sistema convectivo, que atingiu aproximadamente 27 m/s, o que significa 97,2 km/h. Também a brusca variação de umidade relativa (Figura 3B). Na Figura 3C podemos verificar que as temperaturas máximas ficaram bem elevadas, em torno de 35 C. Esses são fatores climáticos que podem ter contribuído para a formação da grande área de instabilidade, assim desencadeando o fenômeno. No dia 12/01 foi registrado um índice pluviométrico de 40 mm, um valor muito elevado e intenso somente para um dia com relação à distribuição média normal climatológica do mês. Figura 03 Dados da estação automática de Poço Redondo-SE. (A) Velocidade Máxima do Vento (m/s), (B) Umidade relativa (%); (C) Temperaturas máximas (T mx) e mínimas (T mn) (ºC.); (D) Precipitação acumulada (mm). Fonte: CPTEC/INPE. 4 - CONCLUSÃO Este trabalho teve como objetivo mostra as condições em que a atmosfera se encontrava durante a atuação de um sistema de grande escala, que é vórtice ciclônico de altos níveis, também verificar qual de sua intensidade em tão pouco tempo, causando vários prejuízos, principalmente pela atuação da grande rajada de vento associado à passagem desse sistema. Em geral, os fenômenos naturais destruidores não podem ser evitados, mas os seus impactos podem ser minimizados no que se refere à perda de vidas e bens. Mas primeiramente recomenda - se que sistemas de alerta de tempestades sejam implantados com

5 o intuito de reduzir não somente danos materiais, mas também os prejuízos humanos, e que os órgãos responsáveis pelas notificações de desastres, estejam atentos às previsões dos centros meteorológicos, a fim de alertar a população no que se refere aos riscos que poderão enfrentar. 5 AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq e SEMARH-SE pelo desenvolvimento deste trabalho. 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Kousky, V.E.; Gan, M.A., Upper tropospheric ciclonic vortices in the tropical South Atlantic. Tellus, 33, Gan, M.A.; Kousky, V.E., Vórtices ciclônicos da alta troposfera no oceano Atlântico Sul. Revista Brasileira de Meteorologia, 1, Costa, O. A.; Sousa, I. F.; Santos, L. M, V.; Costa, A. G. Sistemas Atmosféricos atuantes no Nordeste do Brasil durante a estação de Verão. XIII Congresso Brasileiro de Meteorologia. Fortaleza, 2004.