Re-início de atividades institucionais. Retomada de projetos no

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1 EDITORIAL Re-início de atividades institucionais. Retomada de projetos no ano em que APPOA completa vinte anos. Tempo de continui dade e renovação. Renovação necessária para que uma instituição possa seguir em sua aposta de sustentar o vigor e o rigor do discurso psicanalítico. A seção temática deste mês é um exemplo de abrir espaço para questões fundamentais da experiência e sua elaboração: Escrita e psicanálise é a segunda parte do trabalho iniciado com Escritas da experiência, em janeiro. No âmbito dos projetos, temos várias atividades que estão relacionadas em nosso programa de ensino: a Jornada de Abertura, que trata do ciúme em suas articulações clínicas. Relendo Freud, que discutirá a leitura freudiana de Memórias de um doente dos nervos, de Daniel Paul Schreber. Discussão que será acompanhada, ao longo deste ano, pela releitura do seminário As psicoses, de Jacques Lacan. Texto princeps para uma clínica das psicoses e da clínica psicanalítica em geral. Temos também o Congresso Internacional de Convergencia, em Buenos Aires, com o título A experiência da psicanálise. O sexual: inibição, corpo e sintoma. Além disto, seguem os trabalhos do Instituto APPOA e nossas articulações com as iniciativas de políticas públicas, bem como as áreas da literatura e cinema entre outras. Este rápido e conciso painel, está aí para afirmar que a implementação de um projeto, que neste 2009 está completando vinte anos, não se faz sem este movimento de continuidade e renovação. Sem descuidar da consolidação institucional que está intimamente articulada com responsabilidade frente a Polis, aos associados e a comunidade analítica. No final deste mês, realizaremos nova assembléia de membros que terá como pauta a renovação da Mesa Diretiva. Nas vésperas de uma mudança, podemos constatar o crescimento da APPOA. Em número de associados, em publicações, no relacionamento com a cidade e nos efeitos de transmissão. O reconhecimento destes efeitos possibilita que possamos confiar na renovação, nas surpresas, na capacidade de superar obstáculos e percalços como parte de uma trajetória comunitária e crítica simultaneamente. Como dizia o compositor: São as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração. 1

2 NOTÍCIAS NOTÍCIAS QUADRO DE ENSINO 2009 EIXO DE TRABALHO DO ANO ENCONTROS DE ESTUDO DO SEMINÁRIO AS PSICOSES DE JACQUES LACAN Reuniões sistemáticas de trabalho, que acontecerão ao longo do ano, para estudo do Seminário As Psicoses. Esse estudo envolverá toda a instituição, inspirando também seus eventos. Coordenação: Eda Tavares, Maria Lúcia Müller Stein e Otávio Nunes Quintas-feiras, 21h, reuniões quinzenais, gratuitas e abertas aos interessados. * As atividades que seguem (seminários, grupos de estudos, núcleos e oficinas) têm início previsto para o mês de março com exceção daquelas nas quais consta outra data de início. SEMINÁRIOS A TOPOLOGIA NA CLÍNICA DA NEUROSE E DA PSICOSE Coordenação: Ligia Víctora Sexta-feira, 18h15min, quinzenal. CLÍNICA PSICANALÍTICA NA CONTEMPORANEIDADE Coordenação: Rosane Ramalho Segunda-feira, 20h30min, mensal. O DIVÃ E A TELA Coordenação: Enéas de Souza e Robson de Freitas Pereira Sexta-feira, 19h, mensal. OS VINTE CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE LACAN Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Quarta-feira, 20h30min, quinzenal (1 e 3 quartas-feiras do mês). SEMINÁRIOS RSI E SINTHOMA: CONSTITUIÇÃO E CORTE DO NÓ Coordenação: Adão Costa Segunda-feira, 10h, semanal. A PSICANÁLISE NA CLÍNICA COM CRIANÇAS Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Bimensal, em Buenos Aires. A PSICOSSOMÁTICA NA INTERDISCIPLINA E TRANSDISCIPLINA Coordenação: Jaime Betts Sábado, 10h, mensal, em Novo Hamburgo. DE FREUD A LACAN CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICANÁLISE Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Bimensal, em Belém do Pará. NOVAS BATALHAS ENTRE A PSICANÁLISE E O POSITIVISMO Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Sábado, 9h, mensal, dias 21/3, 18/4, 16/05, 27/06, 15/08, 12/09, 17/10 e 14/11, em São Paulo. A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO Coordenação: Carmen Backes Sexta-feira,10h30min, quinzenal. GRUPOS TEMÁTICOS ADOLESCÊNCIA, EXPERIÊNCIA E LAÇO SOCIAL Coordenação: Roselene Gurski Sexta-feira, 12h30min, quinzenal. 2 3

3 NOTÍCIAS NOTÍCIAS ADOLESCÊNCIA, VIOLÊNCIA E LEI Coordenação: Marcia Menezes Ribeiro e Norton Cezar da Rosa Jr. Sexta-feira, 14h30min, mensal. AS FORMAÇÕES DO INCONSCIENTE Coordenação: Gerson Smiech Pinho Sexta-feira, 16h15min, quinzenal. CLÍNICA PSICANALÍTICA: ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS Coordenação: Carmen Backes Sexta-feira, 14h30min, quinzenal. FREUD E LACAN: A CLÍNICA PSICANALÍTICA E O SUJEITO CONTEMPORÂNEO Coordenação: Maria Ângela Brasil e Eduardo Mendes Ribeiro Segunda-feira, 10h30min, quinzenal. HISTÓRIAS DA PSICANÁLISE Coordenação: Ana Maria Gageiro e Maria Lúcia Müller Stein Segunda-feira, 18h15min, quinzenal. Início em abril LIDERANÇA E PODER NAS RELAÇÕES DE TRABALHO: UMA LEITURA PSICA- NALÍTICA Coordenação: Rosana Coelho Quarta-feira, 19h30min, quinzenal. LITERATURA E PSICANÁLISE Coordenação: Marieta Madeira Rodrigues Quarta-feira, 14h30min, mensal (2 quarta-feira do mês). Início em abril. NEUROCIÊNCIAS, PSICANÁLISE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL Coordenação: Fernanda da Silva Gonçalves e Simone Mädke Brenner Quinta-feira, 18h15min, mensal (1 quinta-feira do mês). O BEBÊ E OS PROCESSOS DE ESTRUTURAÇÃO PSÍQUICA DO LAÇO PARENTAL AO LAÇO SOCIAL Coordenação: Ana Paula Melchiors Stahlschmidt e Mercês Ghazzi Terça-feira, 10h, quinzenal. Início em maio. O SUJEITO NAS FRONTEIRAS: DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE ABORDAGENS PSICANALÍTICAS E BIOLOGIZANTES Coordenação: Marcelo Victor e Roselene Gurski Sexta-feira, 12h30min, quinzenal. PSICANÁLISE DE CRIANÇAS FUNDAMENTOS PSICANALÍTICOS Coordenação: Marta Pedó Segunda-feira, 10h30min, quinzenal. PSICANÁLISE E ANTROPOLOGIA Coordenação: Verónica Pérez Terça-feira, 18h30min, quinzenal. PSICANÁLISE E MÚSICA Coordenação: Heloisa Marcon Quinta-feira, 19h, quinzenal. TEMAS ATUAIS NA CLÍNICA DA ADOLESCÊNCIA Coordenação: Sandra D.Torossian e Tatiane Reis Vianna Sexta-feira, 16h, quinzenal. ANALISAR UMA CRIANÇA: CONSTITUIÇÃO SUBJETIVA E CLÍNICA DA INFÂNCIA Coordenação: Mercês Ghazzi e Siloé Rey Sábado, 10h, quinzenal, em Osório. ADOLESCÊNCIA: ENTRE A CLÍNICA, AS INSTITUIÇÕES E OS SINTOMAS SOCIAIS Coordenação: Ângela Lângaro Becker e Ieda Prates da Silva Sábado, 10h, mensal, em Novo Hamburgo. 4 5

4 NOTÍCIAS NOTÍCIAS A PSICANÁLISE, A INFÂNCIA E AS INSTITUIÇÕES Coordenação: Ieda Prates da Silva e Larissa Costa B. Scherer Terça-feira, 19h30min, quinzenal, em Novo Hamburgo. AS ESTRUTURAS CLÍNICAS NA PSICANÁLISE LACANIANA Coordenação: Marianne Stolzmann Mendes Ribeiro Data e horário a confirmar, em Novo Hamburgo. CLÍNICA PSICANALÍTICA DAS PSICOSES Coordenação: Rosane Ramalho Terça-feira, 15h, quinzenal, no Rio de Janeiro. COMO NASCE UM SUJEITO? A INFÂNCIA EM SEUS PRIMÓRDIOS Coordenação: Simone Mädke Brenner Quinta-feira, 19h30min, mensal, em Novo Hamburgo (2 quinta-feira do mês). ESPECIFICIDADES DA CLÍNICA PSICANALÍTICA NO CAMPO DA SAÚDE MENTAL Coordenação: Volnei Dassoler Quarta-feira, 18h30min, quinzenal, em Santa Maria. INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE CONCEITOS FUNDAMENTAIS Coordenação: Walter Cruz Segunda-feira, 19h, quinzenal, em Parnaíba (Piauí). PROBLEMAS DE CLÍNICA PSICANALÍTICA Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Sábado, 17h30min, mensal, em São Paulo (3 sábado do mês). GRUPOS TEXTUAIS A IMAGEM INCONSCIENTE DO CORPO, DE FRANÇOISE DOLTO Coordenação: Simone Mädke Brenner Quinta-feira, 18h15min, mensal (3 a quinta-feira do mês). GRUPO DE ESTUDOS SOBRE O LIVRO LACAN E A FILOSOFIA, DE ALAIN JURANVILLE Coordenação: Aidê Ferreira Deconte e Sonia Mara Moreira Ogiba Terça-feira, 18h, quinzenal. MOMENTO DE LER: Seminário XV de Lacan Coordenação: Maria Auxiliadora Sudbrack Data e horário a confirmar. SEMINÁRIO I DE JACQUES LACAN - OS ESCRITOS TÉCNICOS DE FREUD Coordenação: Norton Cezar da Rosa Jr Sexta-feira, 10h, quinzenal. SEMINÁRIO XXIV DE LACAN - O NÃO SABIDO QUE SABE DE UMA EQUIVOCAÇÃO OU O INSUCESSO DO INCONSCIENTE É O AMOR Coordenação: Maria Auxiliadora Sudbrack Quinta-feira, 14h, quinzenal. GRUPO DE ESTUDOS SOBRE O SEMINÁRIO X - A ANGÚSTIA DE LACAN Coordenação: Sidnei Goldberg Quarta-feira, 20h30min, quinzenal, em São Paulo. O SEMINÁRIO III DE LACAN AS PSICOSES Coordenação: Charles Elias Lang Quinta-feira, 19h, semanal, em Maceió. ATIVIDADES EM CONJUNTO COM O INSTITUTO APPOA CLÍNICA, INTERVENÇÃO E PESQUISA EM PSICANÁLISE CLINICANDO Coordenação: Ana Costa Quarta-feira, 20h, mensal. SEMINÁRIOS 6 7

5 NOTÍCIAS DESEJO E INSTITUIÇÃO Coordenação: Eduardo Mendes Ribeiro e Simone Paulon Terça-feira, 14h, quinzenal. Atividade vinculada ao Instituto de Psicologia da UFRGS. NÚCLEO DE PSICANÁLISE DE CRIANÇAS Sábado, 10h, reuniões mensais. Responsáveis: Alfredo Jerusalinsky, Beatriz Kauri dos Reis, Eda Tavares, Ieda Prates da Silva, Gerson Pinho, Marta Pedó, Siloé Rey e Simone Moschen Rickes. SEMINÁRIO: A ÉTICA DA PSICANÁLISE Coordenação: Maria Cristina Poli e Simone Moschen Rickes Quarta-feira, 14h30min, quinzenal (1 a e 3 a quartas-feiras do mês). GRUPOS TEMÁTICOS OFICINA DE TOPOLOGIA Coordenação: Ligia Víctora Sábado, 10h, semestral. OFICINAS A PRIMEIRA INFÂNCIA E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIAIS Coordenação: Inajara Erthal Amaral, Sandra Torossian e Gilson Firpo Quinta-feira, 14h, mensal (segunda quinta-feira do mês). OS DISPOSITIVOS CLÍNICOS NAS SITUAÇÕES SOCIAIS CRÍTICAS Coordenação: Jorge Broide Sábado, 10h, mensal. NÚCLEOS DE ESTUDO NÚCLEO PASSAGENS SUJEITO E CULTURA Responsáveis: Ana Costa, Edson Sousa e Lucia Pereira SEMINÁRIO A FICÇÃO NA PSICANÁLISE: FREUD, LACAN E OS ESCRITORES. Coordenação: Lucia Serrano Pereira Data e horário a confirmar, mensal, início no segundo semestre. NÚCLEO DAS PSICOSES Responsáveis: Ester Trevisan, Maria Ângela Bulhões, Mário Corso, Nilson Sibemberg e Rosane Ramalho APRESENTAÇÃO DE PACIENTES (com Alfredo Jerusalinsky) Atividade a ser desenvolvida em conjunto com o Cais Mental Centro Datas e horários a confirmar. EXERCÍCIOS CLÍNICOS Atividade marcada em função da proposição de algum membro da Instituição, e que ocorre aos sábados pela manhã. Datas: 25/04 e 07/11. LETRA VIVA Atividade proposta pela Comissão da Biblioteca, com leitura e discussão de trabalhos elaborados por colegas da APPOA. Acontecerá aos sábados pela manhã, datas a confirmar. PRINCIPAIS EVENTOS DO ANO JORNADA DE ABERTURA CIÚMES Data: 4 de abril Local: Santander Cultural Porto Alegre RS. REUNIÃO DOS DELEGADOS DAS ASSOCIAÇÕES DE CONVERGENCIA JUNTO AO COMITÊ DE ENLACE GERAL1 [1] Data: 6 e 7 de maio Local: Buenos Aires 8 9

6 NOTÍCIAS NOTÍCIAS IV CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONVERGENCIA: A EXPERIÊNCIA DA PSICANÁLISE. O SEXUAL: INIBIÇÃO, CORPO, SINTOMA Data: 8, 9 e 10 de maio Local: Faculdade de Direito, Universidade de Buenos Aires, Buenos Aires RELENDO FREUD E CONVERSANDO SOBRE A APPOA O CASO SCHREBER (1911) Data: 29, 30 e 31 de maio Local: Hotel Laje de Pedra Canela RS. JORNADA DO INSTITUTO APPOA PSICANÁLISE E INTERVENÇÕES SOCIAIS Data: 27 de junho Local: APPOA JORNADA DO PERCURSO DE ESCOLA Data: 8 de agosto Local: APPOA JORNADA DO PERCURSO DE PSICANÁLISE DE CRIANÇAS Data: 12 de setembro Local: APPOA JORNADA CLÍNICA Data: 17 e 18 de outubro Local: Centro de Eventos Plaza São Rafael PERCURSO DE ESCOLA TURMA: IX Quinto semestre: Transferência Sexto semestre: Temas cruciais da psicanálise; história e formação TURMA:X Primeiro semestre: O inconsciente Segundo semestre: Édipo e castração PERCURSO EM PSICANÁLISE DE CRIANÇAS Seminário compartilhado com o Núcleo de Estudos Sigmund Freud TURMA: III Primeiro e segundo semestres: Metapsicologia do sujeito infantil I e II; Constituição do sujeito psíquico de acordo com as diferentes escolas; Metapsicologia do sujeito infantil III e IV. [1] A APPOA é associação fundadora de Convergencia - Movimento Lacaniano para a Psicanálise Freudiana, movimento que reúne 41 instituições de diferentes países (8 brasileiras) há dez anos. JORNADA DE ABERTURA 2009 CIÚMES Dia: 04 de abril de 2009 Local: Santander Cultural Endereço: Rua Siqueira Campos, 1025 Porto Alegre/RS - Brasil Será o ciúme inerente ao humano? Freud respondeu que há um tipo de ciúme normal, o qual acompanha o sujeito desde a rivalidade entre os irmãos, até o ciúme do amor entre os pais. Na outra ponta, entretanto, diz-nos Freud, há outra espécie: a loucura de ciúme, formação delirante, acompanhada da convicção inabalável da traição do outro. No campo intermediário entre o ciúme comum e a loucura se descortina um campo a mapear: o amor vem sempre acompanhado do desejo de possuir o objeto? O ciúme é a demonstração de tal anseio de posse? Serão as mulheres mais ciumentas que os homens? Quando o ciúme se torna sintoma? Há um ciúme tipicamente masculino e um feminino? O que se pode afirmar é que o ciúme flerta com a totalidade: a encontrada 10 11

7 NOTÍCIAS NOTÍCIAS na certeza delirante da loucura, a pretendida pelo ciumento(a) que quer tudo saber sobre o desejo do outro, ou ainda, a totalidade da idealização do objeto que o sujeito teme perder para um outro. Na busca do domínio do objeto de amor e desejo, o ciumento é atormentado pela dúvida, o que a literatura tão bem demonstra, por exemplo, com Machado de Assis e sua enigmática Capitu. Dom Casmurro é a expressão da dúvida do ciumento, só esclarecida na composição de uma teoria que pode chegar a ser delirante. 9h30min Abertura Lucia Serrano Pereira Presidente da APPOA Ciúmes, eu? Maria Ângela Brasil Do ciúme à inveja. Danos do amar Marcia Helena Ribeiro 14h30min Delírio de ciúme Nilson Sibemberg Sobre os tipos de ciúme Lúcia Mees PROGRAMA Encerramento Coordenação do Eixo de Trabalho do Ano. INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES NO SITE OU NA SECRETARIA DA APPOA Antecipadas, até 21/03/09 Após ou no local Associados R$ 60,00 R$ 70,00 Estudantes R$ 70,00 R$ 80,00 Profissionais R$ 80,00 R$ 90,00 Informações e inscrições: - Sede da APPOA - Horário de funcionamento da Secretaria da APPOA: De segunda à quinta-feira, das 13h30min às 21h30min e as sextas-feiras, das 13h30min às 20h. - Inscrições mediante depósito bancário para o Banco Banrisul: agência: 0032, conta-corrente: ou Banco Itaú, agência: 0604, conta-corrente: Neste caso, enviar, por fax, o comprovante de pagamento devidamente preenchido para a inscrição ser efetivada. - Estudantes de Graduação deverão apresentar comprovante de matrícula em curso superior. - Inscrições pelo site: após efetuar a inscrição pelo site, enviar por fax ou o comprovante de pagamento devidamente preenchido. - As vagas são limitadas. ASSEMBLÉIA DA APPOA Lembramos aos membros da Associação Psicanalítica de Porto Alegre que a Assembléia Geral de renovação da Mesa Diretiva será realizada no próximo dia 03 de abril de 2009, na sede, em horário a ser definido. A convocatória e a pauta da assembléia serão encaminhadas por correspondência oportunamente. Trata-se de um momento muito importante da vida associativa e a participação dos membros neste trabalho da instituição é fundamental

8 Asessão temática deste número dá seguimento à discussão iniciada no correio anterior sobre a Escrita da experiência. Como os textos dão a ver, múltiplas são as entradas possíveis neste campo e diversas são as conseqüências para a Psicanálise de um atravessamento das questões que a reflexão sobre a escrita enseja. O romancista William Gaddis, lembrado por Valéria Brisolara, em uma de suas raras aparições públicas, para receber o importante American Book Award, surpreendeu a todos aqueles que se aglomeravam para ouvir sua inesperada fala. Fiel a seu princípio, não falou. Deixou que suas obras falassem por si mesmas. Tirou do bolso uma pilha de folhas amarrotadas, as ordenou calmamente, e leu trechos sublinhados. Sua postura queria interrogar a suposição de domínio de quem escreve sobre aquilo que está escrito. Ao se deixar falar pelos textos, denunciava a sua peculiar inclusão no ato de escrita. Seu ato/indagação ressoa em nosso campo, reverbera como uma questão que se desdobra na direção da inclusão do analista na travessia da transferência que está disposto a acolher. Como lembra Ana Costa, a experiência da clínica psicanalítica nos atesta que aquele que vai consultar um analista está colocado na posição de precisar construir um leitor, que possa ser incluído no endereçamento de sua letra, que, antes de tudo, é pulsional. Toda experiência inclusive a transmissão da psicanálise se inscreve numa lógica temporal. O empenho por incluir o sujeito instala um tempo de espera: um tempo de espera dos efeitos da linguagem, tempo esse trabalhado por Milán- Ramos que nos lembra o quanto a (...) linguagem teórica lacaniana contém esse germe. O estilo lacaniano mostra a entrada no desfiladeiro de uma experiência de subjetivação: por via muito específicas ele franqueia a passagem do leitor para que uma experiência de subjetivação possa vir a acontecer. Talvez tenha sido esta inclinação, que o texto lacaniano toma, no intuito de produzir efeitos de inclusão no leitor, uma das razões de sua paixão por Joyce. Claudia Lemos nos conduz pelos caminhos desta paixão: Lacan se próxima de Joyce ao fazer uso desse modo de estar na língua que fez corresponder a lalingua. Seu fazer de escritor atualiza aquilo que desde sempre foi reconhecido na Literatura e, principalmente na poesia, a saber, que palavras e cadeias de palavras podem se desfazer e se refazer em outras palavras e em outras cadeias. Sabemos que atravessar a leitura de Lacan é mesmo uma experiência, uma experiência que pede companhia de outros autores, de outros textos, de uma escuta, dos pares e nesta medida nos desafia na direção do projeto delineado por Lucy Linhares: a articulação entre convivência e alteridade, na perspectiva daquela fraternidade discreta referida no texto em Agressividade em Psicanálise. Convidamos aos leitores que, assim inspirados em Willian Gaddis, deixem falar os textos numa bricolagem que permita desdobrar as questões que a temática da escrita lhes suscita. Boa leitura. Maria Cristina Poli e Simone Rickes

9 COSTA, Ana. Letra e Inscrição LETRA E INSCRIÇÃO Ana Costa Oque me proponho a abordar neste artigo é a retomada de questões que tenho desenvolvido em outros trabalhos. Nesse sentido, contempla mais uma volta ao tema, para melhor enunciá-lo. Assim, não me pouparei a retomada de seus fundamentos. Mesmo que se trate de retomadas, não são questões simples. É o que reconhecemos ao acompanhar o texto de Lacan Lituraterra, por exemplo. Dele, quero destacar o que diz respeito à temporalidade implicada na relação entre inscrição e ato, onde temos uma das maiores subversões que Lacan traz à psicanálise. Quando Freud propôs dois registros de recalque originário e secundário deixounos com a dificuldade para análise da clínica na medida em que sempre podemos supor aí uma temporalidade progressiva. Desde o início Lacan vai romper com esse suposto, mas é somente em sua produção final que essa questão melhor se coloca. Dessa produção podemos deduzir que o ato se inscreve na transposição de registros e não como sendo dois tempos de um mesmo registro. É por essa dependência do ato como inscrição, na transposição de registros heterogêneos, que a psicanálise arrisca perder sua especificidade, na medida em que se relaciona a outros campos do saber. Nessa relação ela sempre precisa produzir o seu sujeito, que é o do inconsciente. Como se sabe, a produção desse sujeito se dá por uma disjunção entre enunciação e jogo de letras (lapso, sonho), onde uma escrita se mostra a uma leitura possível. Por outro lado, é a leitura que inscreve esse mesmo sujeito no lugar de seu ato. Numa publicação coletiva 1 pode-se acompanhar a dificuldade que os psicanalistas lacanianos têm para precisar a letra enquanto um tema da 1 Melman et alli O significante, a letra e objeto. Rio de Janeiro: Cia. de Freud, psicanálise. Da mesma maneira que tantas outras similares, essa expressão foi trazida por Lacan de outro campo, como algo que poderia fazer avançar na apresentação da clínica. No entanto, lendo todas essas produções de colegas com suficiente percurso conceitual e clínico, têm-se a impressão que essa importação trouxe algumas confusões. Como centro da dificuldade se coloca a impossibilidade de precisar a diferenciação entre letra e significante, ampliando-se também para a questão do objeto. Uma pergunta se impõe: se essas dificuldades se apresentam com tanta freqüência na teorização lacaniana, por que tomá-la para trabalhar a clínica? Na verdade, esta é uma falsa questão. Pode-se constatar que desde os primórdios da fundação do campo analítico qualquer abordagem para definição desta clínica traz dificuldades. Estas fazem parte do próprio objeto a ser definido. Freud aproximou-se disso com o conceito de resistência, dizendo que, assim como os pacientes numa cura, a comunidade intelectual resistia às proposições teóricas da psicanálise. O que significava que resistiam a aceitar essas proposições por se reconhecerem nelas. Não preciso enumerar as críticas lançadas às colocações freudianas. Ainda que não compartilhe dessas colocações, elas ressoam como uma forma de apresentar as dificuldades específicas ao campo. Tratarei de destacar outros elementos que penso estarem implicados em cada produção, e que trazem suas dificuldades: a transferência e a lógica temporal. A clínica não se apresenta da mesma maneira conforme o desdobrar destes termos nos diferentes percursos e tempos. Nesse sentido é preciso romper com a inclinação pela busca de uma essência, sempre presente em nossa forma de pensar. Toda experiência inclusive a transmissão da psicanálise se inscreve numa lógica temporal. Essa lógica implica numa organização complexa, de onde deriva o assinalamento de que a clínica é movimento. Esse movimento próprio à clínica situa-se na relação a um percurso de repetição sua entrada e saída. Inicialmente, interessa-me situar aqui essa letra que precisa ser transmitida, suas diferentes apresentações, segundo tempos e clínicas. Ou seja, para encontrar um ponto que me permita sua articulação, percorrerei alguns caminhos nos quais Freud e Lacan já 16 17

10 COSTA, Ana. Letra e Inscrição propuseram a inscrição do tema da letra na psicanálise. Acompanhemos essas diferentes circunscrições em sua articulação ao tema da escrita. Em Freud esse tema se anuncia já desde os textos de 1900 sobre as formações do inconsciente. Não é uma relação direta, mas a proposição do sonho como um rébus, para decifração tal qual uma escrita hieroglífica, já diz de uma aproximação. Desde seu trabalho sobre os sonhos, até suas constantes retomadas, essa condição de escritura será associada à produção onírica. Precisa ser sublinhado que o principal interesse freudiano nessa associação da elaboração onírica com escritas antigas diz respeito à permanência de uma figurabilidade, situada a partir de elementos compostos em linguagens distintas, tais como são a escrita da gramática e o desenho. Esta condição será retomada também nas Lições introdutórias à psicanálise 2, onde ele se detém na apresentação da escritura chinesa. O principal interesse de Freud aqui é a aproximação do sonho com uma escritura que não apresenta um texto unívoco, mantendo sentidos antitéticos, bem como uma condição primária de figurabilidade na composição entre letra e desenho. Detenhamo-nos um instante nessa especial condição, trazida pelo trabalho freudiano, da relação particular entre letra, figurabilidade e sentidos antitéticos. Há um elemento que merece ser destacado nos textos sobre as formações do inconsciente: o autor sublinha que, nestas, tanto existe uma aproximação entre letra e figura, quanto a palavra comporta sentidos antitéticos. O interesse pelo sentido antitético, ligado às palavras primitivas, é abordado por Freud em vários escritos. Num texto de , especialmente dedicado ao tema, ele se detém na análise desses duplos sentidos, trazendo o estudo de um lingüista chamado K. Abel, que posteriormente não teve grande expressão em sua área. Ele situa como no vocabulário egípcio antigo, por exemplo, uma palavra poderia servir para designar sentidos opostos entre si (forte e fraco, por exemplo, eram designados pela mesma pala- vra). Muitas vezes, o que distinguia na escrita era o acréscimo de um desenho à palavra. Freud serve-se deste trabalho para indicar como as formações do inconsciente usam deste tipo de construção. Numa primeira aproximação, e dialogando com este tema, os sentidos antitéticos de palavras se ligam a alguns desdobramentos de questões que não pertencem somente à psicanálise. Tanto a sociologia, quanto a antropologia transitaram pelo antitético relativo ao sagrado, como contendo em si o intocado e o impuro. Freud mesmo aborda amplamente essa vertente do sagrado no seu texto Totem e tabu 4. Seguindo essas proposições, esse antitético das palavras que Freud associa ao primitivo traz a memória da origem da criação das palavras por oposição. É muito curioso pensar nos termos que contém, em si mesmos, uma representação de oposição. Mesmo que usemos palavras diferentes, forte por exemplo traz junto uma representação de fraco evocada como parte dela mesma, e viceversa. E assim podemos seguir: dia-noite, quente-frio, etc. Lacan 5 lembra que a condição primária do significante se constitui por pares opositivos, como os destacados. Diz, mesmo, que isso faz parte da natureza, que já nos brinda com a oposição. Posso situar, seguindo os autores, que nessa questão está colocada uma condição primária de diferenciação. Ou seja, a diferenciação por oposição, faz parte do jogo simbólico e está na base na fundação de nossos sistemas representacionais. Como não lembrar aqui o que representa luz e sombra na raiz mesma do pensamento filosófico? Da mais simples construção representacional à mais complexa, o uso da oposição muitas vezes parece suficiente para sustentar qualquer sistema. A luz da razão, por exemplo, é sempre ameaçada pelas trevas que ela própria contém. Quero sublinhar, também, essa questão do primário nas formações do inconsciente e na própria formação de sintomas, como propõe Freud. Se 2 Freud, S. Lecciones introductorias al psicoanalisis. In: Obras Completas. Madrid: Biblioteca Nueva, Freud, S. El doble sentido antitetico de las palabras primitivas. In: op. cit. 4 Freud, S. Toten y tabu. In: op. cit. 5 Lacan, J. O Seminário. Livro 11. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,

11 COSTA, Ana. Letra e Inscrição nossos sistemas de pensamento se erigem na diferenciação, cuja oposição está na base, as formações do inconsciente mantém a indiferenciação que está na raiz da constituição dos símbolos. A produção freudiana sobre o tema sempre ressaltou essa condição de maleabilidade das representações inconscientes. De como no caso do sonho há uma utilização do contrário para fazer passar uma representação intolerável para o sujeito. De como o ato sintomático no obsessivo contém o seu contrário, que interpela o sujeito, acossando-o na procrastinação. Uma outra questão ligada ao tema da indiferenciação que me permitirá avançar nas proposições que me ocupam, situa-se nas representações que toma a palavra sagrado. Como mencionado anteriormente, esse termo traz em si as significações de puro, intocado e, ao mesmo tempo, impuro. Originalmente, nas sociedades tribais (isso foi tratado por Freud em Totem e tabu ) designava o interdito ao toque. O que ficava interditado era tanto o elevado como o chefe, ou o sacerdote quanto o excluído, como a mulher menstruada, etc. Pode-se reconhecer, nesta especificidade de indiferenciação, a relação com o excluído do corpo. Ou seja: o tema da indiferenciação situa seus elementos tanto na palavra, quanto no corpo. É com esses elementos que se constrói a pregnância do imaginário na constituição fantasmática. Eles também se fazem apresentar nos sonhos e nos pequenos sintomas que vão compor estruturas. Tal como menciona Freud, no sonho todos os elementos servem para representar o sonhador, as letras e fonemas das palavras se transmutam metonimicamente, uma imagem pode ser somente som, assim como todo signo pode fazer corpo. Essas questões nos levam a pensar a razão de Freud ter associado o inconsciente a uma escrita. A condição diferencial se dará a partir de uma possibilidade de inscrição, na transposição de registros que implica o fônico (homofonia) e a escrita. Retomo, aqui, o termo colocado na abertura deste artigo, trazendo a referência ao neologismo lituraterra, inventado por Lacan. Nele, o autor retoma uma colocação do escritor James Joyce de que ele produzia a letra como lixo: a letter a litter. O inusitado dessa colocação nos evoca a complexidade da inscrição da letra nos diferentes campos de saber produzidos pela cultura. Essa dificuldade diz respeito a uma questão específica e que tem relação com a clínica da psicose: a letra pode ser produzida desamarrada de um endereçamento ao laço social. Ou seja, não é certo que um escrito independente de sua qualidade tenha uma inscrição social pelo endereçamento que sua leitura convoque. Uma escrita delirante não supõe uma leitura. Lidamos, nessa escrita, com um fechamento, que se apresenta inicialmente se não encontra uma produção de transferência desamarrada de qualquer relação ao outro. Com isso, recortamos dois elementos que concernem à condição da letra, tal qual se apresenta na especificidade de sua abordagem pela psicanálise: a condição de resto e a tentativa de inscrição. A dificuldade atinente ao tema da inscrição diz respeito à necessidade de transmitir uma experiência que é por princípio intransmissível, na medida em que contém um apoio corporal. O tema do apoio, aqui, situa-se de par com a proposição freudiana da pulsão. Desdobra-se nas referências às formações do inconsciente, ou mesmo na angústia e no delírio. Num primeiro momento, podemos mesmo surpreender-nos que seja possível transmitir essa ordem de experiências tão reduzidas. Mesmo que se tenha tornado um campo de expressão na psicanálise, não deixa de surpreender-nos que seja possível transmitir a experiência solitária do sofrimento psíquico. A experiência da clínica psicanalítica nos atesta que aquele que vai consultar um analista está colocado na posição de precisar construir um leitor, que possa ser incluído no endereçamento de sua letra, que, antes de tudo, é pulsional. O que significa na possibilidade de encontrar um outro, a quem o sujeito se dirija, que não se posicione como exterioridade ao campo da transferência construída. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FREUD, S. Lecciones introductorias al psicoanalisis. In: Obras Completas. Madrid: Biblioteca Nueva, El doble sentido antitetico de las palabras primitivas. In: Obras Completas. Madrid: Biblioteca Nueva,

12 RAMOS, J. Guilhermo. Passar pelo escrito... Toten y tabu In: Obras Completas. Madrid: Biblioteca Nueva, Lacan, J. O Seminário. Livro 11. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud In: Escritos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., De um discurso que não seria do semblante. (inédito) MELMAN, C. et alli O significante, a letra e objeto. Rio de Janeiro: Cia. de Freud, PASSAR PELO ESCRITO: ANOTAÇÕES SOBRE O ESTILO LACANIANO 1 J. Guillermo Milán-Ramos 2 Pelo menos por um certo tempo, peguem o meu mel tal como eu lhes ofereço, e se encarreguem de fazer alguma coisa dele. Jacques Lacan, em Seminário 3, As psicoses Ainda hoje os textos de Lacan conservam intacto o caráter subversivo. Eles continuam sendo muito lidos: há re-edições, traduções, estu dos críticos, novas versões dos seminários inéditos, signos de uma assombrosa vitalidade. Eles continuam a reacender as velhas novas paixões: admiração, espanto ( é genial! ), frustração, rejeição ( não dá para entender nada! ). O atribulado leitor de Lacan surpreende-se a si mesmo tomado por sensações cruzadas, despreparado, desalinhado, com o sentimento crescente de que sua formação prévia não resolve o problema. Amor e ódio, se não desprezo... Que o diga um leitor iniciante de Lacan, suficientemente firme e destemido: de um parágrafo a outro, da leitura à re-leitura, a exaltação e o entusiasmo se cruzam com a inquietação e a angústia. Que o diga algum leitor de Lacan mais experiente: com uma ressalva aqui ou ali, condiria que os textos lacanianos transmitem uma calculada dose de ceticismo, que a chegada de qualquer certeza é precedida por uma fase de metódica incerteza. 1 O presente texto é um fragmento da Apresentação do livro Passar pelo escrito: Lacan, a psicanálise, a ciência Uma introdução ao trabalho teórico de Jacques Lacan, lançado em 2007 pela editora Mercado de Letras (Campinas, SP), com subsídio Fapesp. 2 Licenciado em Lingüística pela Universidad de la República (Uruguai) é Mestre e Doutor em Lingüística pela Unicamp. Atualmente é professor do programa de Mestrado da Universidade Vale do Rio Verde (Unincor-MG) e pesquisador do Centro de Estudos Outrarte (Unicamp)

13 RAMOS, J. Guilhermo. Passar pelo escrito... Nessa fase, o amor-próprio de leitor inteligente é contrariado. Que aquela definição, aquela fórmula, aquela página..., não era isso... Essa foi minha experiência, do princípio ao fim. Quais razões levaram Lacan a fazer desse estilo provocador uma parte constitutiva de seu ensino? A psicanálise comporta uma relação de saber entre um sujeito e um objeto. Essa é uma afirmação bastante genérica: de fato, a ciência moderna também postula uma relação de saber. Em última instância, a ciência moderna e a psicanálise não se diferenciam pelos meios literais que usam para postular uma relação de saber entre um sujeito e um objeto 3. Elas se diferenciam pelo destino que atribuem ao saber que resulta dessa relação (o saber do/ sobre o sujeito e o objeto). Entre psicanálise e ciência há uma convergência e uma diferença. Lacan postula uma correlação estrutural de primeira magnitude entre o sujeito da ciência e o sujeito da psicanálise. A diferença radica no destino concedido à dimensão da subjetividade: a ciência rejeita o saber do/ sobre o sujeito do inconsciente 4, não quer saber do saber inconsciente (de fato, essa rejeição é condição essencial da instauração do saber científico); a psicanálise, pelo contrário, incessantemente procura criar e aperfeiçoar as vias de inclusão do sujeito na teoria. O estilo performático provocador de Lacan é uma aposta para avançar nessa direção, é uma estratégia para a inclusão da dimensão subjetiva 3 Esses meios são a concepção sobre o Real e sobre as condições que garantem seu acesso e transmissibilidade. Segundo Lacan, a Psicanálise não é uma ciência mas pertence ao campo da ciência: elas são comensuráveis, falam uma linguagem comum, sobretudo porque há uma correlação forte entre a escrita lógico-científica e a escrita psicanalítica, meios de transmissibilidade da teoria. 4 Na teoria lacaniana a dimensão do sujeito é o operador essencial da comunhão-comdiferenças entre ciência e Psicanálise. Nessa ordem, a afirmação essencial é que o sujeito do inconsciente (o sujeito do desejo) é o sujeito da ciência. Mas diz Lacan em A ciência e a verdade se a Psicanálise se propõe incluir o sujeito na teoria, a ciência moderna (galileana) se define pela impossibilidade do esforço de cancelá-lo pela impossibilidade do esforço de fundar através desse cancelamento uma metalinguagem perfeita. na cena da teorização e na transmissão do saber em psicanálise. O movimento quase frenético que ele imprimia a seu pensamento; a diversidade e erudição das pressuposições de seu discurso; a não-compreensão e o nonsens que, intermitentes, apoderavam-se do ouvinte/ leitor; seus apelos ao auditório; a desorientação e o mal-estar que tudo isso muitas vezes provoca(va)...; enfim, o conjunto de elementos constitutivos do seu estilo apelativo, apontam nesta direção: despejar o caminho do sujeito do desejo na cena da teorização-transmissão. Eles pressagiam, antecipam, anunciam, preparam o terreno, colocam em jogo..., são a primeira sombra do sujeito do inconsciente. No fim das contas, fazem parte de suas vicissitudes, da circunstância do sujeito. Posso falar da minha experiência de leitor. Quando comecei a estudar Lingüística 5 me ensinaram uma espécie de chave de leitura, por assim dizer, uma forma de abordar e interrogar os textos. Essa chave de leitura consistia em identificar, em primeiro lugar, qual é a noção de linguagem que é posta, ou pressuposta, no texto em questão; e em segundo lugar, qual é a concepção de sujeito, de subjetividade, também ali posta ou pressuposta. Faço referência a isso porque quando comecei a ler Lacan... alguma coisa não dava certo, alguma coisa não fluía, travava. Resultava não ser tão simples nem imediato deduzir uma noção de linguagem ou de sujeito. Não havia trânsito, não acontecia aquele nível de compreensão e apreensão do significado do texto aquilo ao qual eu estava acostumado. As palavras pareciam funcionar de outro modo. Isso, é claro, produz uma tensão subjetiva, traz desconforto perplexidade, angustia. É um momento pleno em mi(s)tificações, cheio de fantasmas, de compromissos... O corpo fica comprometido nesse mal-estar, e isso se prolonga, isso dura. Trata-se de uma forma do gozo gozo na linguagem, gozo no sentido: o texto lacaniano interroga o desejo, e o sujeito responde como pode. 5 Em 1995 conclui estudos de graduação no programa de Licenciatura em Lingüística da Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación, Universidad de la República, em Montevidéu, Uruguai

14 RAMOS, J. Guilhermo. Passar pelo escrito... O mal-estar pode prolongar-se até certo momento, só-depois, em que começa-se a perceber que há um sentido em tudo isso, que o desconforto faz parte do sentido do texto: começa-se a perceber que esse mal-estar é a primeira forma do texto lacaniano nos incluir como sujeito. Esse gozo é a primeira forma de subjetivar o texto lacaniano, e aí já entramos no jogo, já fazemos parte da aposta de Lacan. Perguntávamos pelo sujeito... e o desconforto pela não-compreensão nos inclui como sujeito no texto, na letra psicanalítica. Perguntávamos pela linguagem... e o mal-estar da não-compreensão já era a primeira forma de colocar-nos numa experiência eletiva de linguagem. Procurávamos uma resposta, e o desconforto de não achá-la era a própria e essencial resposta. É essencial compreender esse movimento no qual o desconforto da não-compreensão é condição de superação, reverte-se em condição de possibilidade. O momento do gozo, da subjetivação do texto pelo desconforto, é seguido pelo momento de perda do gozo numa instância de escrita, que também é de castração-simbolização e nesse sentido, de perda-de-gozo, também é um momento de dessubjetivação, de queda de um lugar de gozo do sujeito. Trata-se do momento em que uma letra se precipita. Pura contingência, fortuna do encontro: algo cessa de não se escrever. Trata-se do momento exato em que sujeito e teoria sujeito e leitura teórica, sujeito e criação teórica... coincidem num mesmo ponto. Trata-se da subjetivação da teoria em psicanálise, da teorização psicanalítica como experiência de subjetivação. Lacan transforma o obstáculo em condição de possibilidade. Aquilo que muitas vezes foi identificado por Freud como obstáculo, dificuldade ou resistência externa à psicanálise, Lacan o re-significa como condição de possibilidade interna a seu processo teórico. Por exemplo, no texto Uma dificuldade no caminho da psicanálise, Freud (1917, p. 147) afirma: (...) não se trata de uma dificuldade intelectual, de algo que torne a psicanálise difícil de ser entendida pelo ouvinte ou pelo leitor, mas de uma dificuldade afetiva alguma coisa que aliena os sentimen- tos daqueles que entram em contato com a psicanálise, de tal forma que os deixa menos inclinados a acreditar nela ou a interessar-se por ela. Conforme se poderá observar, os dois tipos de dificuldade, afinal, equivalem-se. Onde falta simpatia, a compreensão não virá facilmente. (Grifo do autor). Alguns anos depois, em As resistências à psicanálise, Freud (1925 [1924], p. 243) comenta: Esse estado de coisas é suficiente para explicar a recepção relutante e hesitante da análise nos campos científicos. Ele contudo não explica as explosões de indignação, derrisão e escárnio que, com desprezo de todo padrão de lógica e bom gosto, caracterizaram os métodos controversos de seus oponentes. Uma reação desse tipo sugere que outras resistências das puramente intelectuais foram excitadas, e despertadas poderosas forças emocionais. (Grifo do autor) Os dois trechos citados colocam a ênfase nos obstáculos e resistências externas que encontra a transmissão da psicanálise. Trata-se das resistências dos que, pela primeira vez, entram em contato com a psicanálise ; trata-se dos métodos controversos de seus oponentes... Onde falta simpatia, a compreensão não virá facilmente, diz Freud... Mas não é possível que ao mesmo tempo exista, por assim dizer, algo de contraditório, um embate, uma luta... talvez resistência-e-simpatia, obstáculo-e-simpatia? (No fim das contas, são resistências do-sujeito!). Precisamente essa é a aposta de Lacan: aquilo que num primeiro momento aparece como obstáculo ou impedimento externo à teorização, no momento seguinte transforma-se em condição de possibilidade interna ao ato de teorizar. É crucial lembrar aqui que em sua prática clínica Freud também inclui no processo analítico as resistências do sujeito. Mas Lacan desloca esse traço essencial do método freudiano e o faz operar também na cena de teorização-transmissão representada no Seminário, e também nos Escritos. Isso ajuda a explicar as ferozes resistências provocadas pelo estilo lacaniano de transmissão

15 RAMOS, J. Guilhermo. Passar pelo escrito... O original estilo apelativo de Lacan é um ato de reconhecimento: ele desloca e realça em ato os processos inconscientes (o recalque e o retorno do recalcado); ele mostra e faz operar no ato de teorização-transmissão o fato de que as resistências são internas à dimensão subjetiva, são constitutivas do objeto da psicanálise. Lacan arma uma cilada, prepara o terreno. Seu estilo apelativo eleva a temperatura subjetiva: é um modo de atualizar, de expor-se e expor-nos à dimensão subjetiva, de não apagá-la nem esquecê-la, e a partir dai, a partir da experiência e dos efeitos que essa exposição suscita, fica(mos) numa posição melhor para apreender, reconhecer, incorporar, experimentar a natureza e o funcionamento dos processos inconscientes enquanto elementos constitutivos, determinantes e definitivos do pensamento teórico. O estilo apelativo lacaniano prepara o terreno para a inclusão do sujeito na escrita da teoria. Este é o cerne do materialismo lacaniano: a inclusão em ato do sujeito na cena de teorização-transmissão é condição essencial para a inscrição da dimensão subjetiva na escrita (na borda do Simbólico) da teoria. Tudo menos excluir o sujeito, colocando-o na conta das resistências inconvenientes e/ ou externas ; tudo menos deixá-lo suspenso no limbo idealista dos desvios subjetivos ao conhecimento objetivo ; tudo menos o empenho, próprio da ciência, de suturar sistematicamente a ferida subjetiva. O empenho por incluir o sujeito instala um tempo de espera: um tempo de espera pelos efeitos da linguagem, pela experiência de linguagem que sedimenta na leitura dos seminários e escritos de Lacan. A rotina de estudo de muitos lacanianos se caracteriza por uma fidelidade quase obsessiva à palavra à letra do mestre. Isso carrega um poderoso pressuposto: nas palavras de Lacan se declina uma singular experiência de linguagem. Uma experiência de linguagem, quando genuína, constitui para o sujeito uma experiência de subjetivação. Quando faz sentido para o sujeito e pouco a pouco ganha densidade, a leitura teórica começa a precipitar um residuu, um resto subjetivo, uma sobra subjetivante: transforma-se em uma experiência de subjetivação, que orienta o sujeito na direção do Real. Uma experiência de leitura-implicada-de-desejo reduz o sujeito-teórico-leitor a uma experiência de ex-timidade com seu objeto. Este é o âmago da experiência de subjetivação em questão: constituir as condições de possibilidade do próprio sujeito no ato de ler-teorizar-decifrar-inventar o objeto, dando lugar à singular experiência de castração/ subjetivação-da-teoria que chamamos aqui passar pelo escrito, orientada na direção do Real. A dimensão essencial da subjetivação da teoria é de castração, enquanto construção pela qual tentamos dizer a falta encarnada na própria estrutura do sujeito e o objeto. A linguagem teórica lacaniana contém esse germe. O estilo lacaniano mostra a entrada no desfiladeiro de uma experiência de subjetivação: por vias muito específicas ele franqueia a passagem do leitor para que uma experiência de subjetivação possa vir a acontecer. Se isso dá certo, a própria teoria é subjetivada, e se produz o que neste livro chamamos subjetivação da teoria. (Por isso, para os psicanalistas, uma relação constantemente renovada com a escrita da teoria é o complemento indispensável da prática clínica e da análise pessoal). Uma cilada de linguagem..., um tempo de espera..., um estreito desfiladeiro... Uma cilada de estilo nos trilhos do sujeito do desejo; a espreita pelos efeitos da linguagem que não demoram em chegar; e logo logo a pressa por avançar, pelas brechas subjetivas da escrita da teoria. Mudou o golpe da palavra, o tempo da frase, o lugar da certeza? Uma experiência de subjetivação terá acontecido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FREUD, S. (1917) Uma dificuldade no caminho da psicanálise. In: Obras psicológicas completas, vol. XVII. Rio de Janeiro: Imago, (1925 [1924]) As resistências à psicanálise. In: Obras psicológicas completas, vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago, LACAN, J. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, O Seminário (vários volumes). Rio de Janeiro: Jorge Zahar

16 LEMOS, Cláudia T.G. DE Joyce com Lacan... JOYCE COM LACAN, JOYCE MAIS LACAN, JOYCELACAN 1 Cláudia T. G. de Lemos 2 riverun, past Eve and Adam s, from swerve of shore to bend of bay James Joyce, Finnegan s Wake. riocorrente, depois de Eva e Adão, do desvio da praia à dobra da baía... (tradução de Haroldo de Campos) Foi um rio que passou na minha vida E meu coração se deixou levar... Paulinho da Viola. Otítulo desse trabalho deve ser lido como uma tentativa de traçar o movimento de Lacan em direção a Joyce a partir de algumas das marcas que dele ficaram na escrita lacaniana. Marcas a serem lidas como encontros que se ordenam menos pela sua cronologia do que pelos seus diferentes graus de imbricação. O primeiro, designado pela expressão Joyce com Lacan, se inspira no título do livro organizado por J. Aubert (1987) onde foram publicados, entre outros trabalhos, tanto a conferência Joyce, le symptôme I quanto o texto que a ela se segue e por isso mesmo recebe o mesmo nome e o número II. É J.-A. Miller que, ao prefaciar o livro Joyce avec Lacan justifica o título por ele próprio sugerido a Aubert, referindo-o ao artigo de Lacan Kant avec Sade (Lacan 1998/1966) e qualificando a relação de um autor com o outro como um modo de leitura por interferência. 1 Trabalho apresentado no Symposium Joyce-Lacan, realizado em Dublin, de 16 a 19 de junho de 2005, e publicado na coletânea que, organizada por Jacques Laberge (2007), deu a público grande parte dos trabalhos do mesmo simpósio. 2 Escola de Psicanálise de Campinas DL-IEL-UNICAMP. Que o encontro de Lacan com Joyce tenha incidido sobre os rumos do pensamento lacaniano, testemunha-o todo um seminário, o XXIII, denominado Le Sinthome. A recíproca, porém, fica para ser sustentada na sua diferença. Ler Lacan sobre Joyce é uma experiência transformadora da relação do psicanalista tanto com Joyce quanto com Lacan. Isso indica que se trata de ler um com o outro. Ou como diz Lacan, a respeito do que é a Filosofia da Alcova de Sade para a Crítica da Razão Prática de Kant: a primeira é não só compatível com a segunda, como a completa e fornece sua verdade (op.cit.: 777) Um segundo encontro que pode ressignificar retroativamente o primeiro é indicado pelo mais em Joyce mais Lacan que coloca Lacan na posição de quem lança a obra de Joyce para além da literatura, tratando-a como um saber-fazer com a língua/linguagem que escancara as brechas da relação entre ser e sentido. Um terceiro modo seria Joyce/Lacan, ou ainda JoyceLacan. Isto é, um no outro, Joyce em Lacan. Lacan, à moda de Joyce, despertando as palavras adormecidas nas letras ou nas sílabas de uma palavra e convocando assim várias cadeias em sincronia, em uma espécie de demonstração in vivo e in loco da homonímia radical que impele sua elaboração e, entre outras coisas, impede o leitor de restituí-la a algo que (re)conheça. É mesmo em torno da homonímia que esses modos de encontro entre Joyce e Lacan são tratados aqui. Na Lingüística, que não sobrevive sem unidades discerníveis, a homonímia tende a ser reduzida à homofonia, isto é, ao fato de haver palavras que coincidem em sua fonia e divergem em seu significado, o que, de certa forma, restringe o fenômeno à fala em que ritmo e melodia dão contorno, unidade e uma suposta univocidade a cada palavra, tirando o som de sua errância. O que justifica o que se diz por aí: que o ilegível de Finnegans Wake se torna mais legível lido em voz alta. Assim, reduzindo a homonímia à homofonia ou mesmo à homografia que deixa intacta a palavra enquanto unidade, descarta-se aquilo que desde Freud interessa à Psicanálise e desde sempre foi reconhecido na Literatura e, principalmente na poesia, a saber, que palavras e cadeias de palavras podem se desfazer e se refazer em outras palavras e em outras cadeias

17 LEMOS, Cláudia T.G. DE Joyce com Lacan... Nesse sentido a homonímia se dá como escrita que se presta a leituras várias, isto é, a diferentes segmentações, seqüências, pontuações. Leiam Finnegans Wake. Vocês vão perceber que é algo que joga, não a cada linha, mas a cada palavra, com o pun, um pun muito muito particular. Leiam, não há uma só palavra que não seja feita como aquelas primeiras cujo tom eu tentei dar a vocês com podrespera ( pourspère 3 ), feita de três ou quatro palavras que, ao se encontrar, por seu uso, faíscam, cintilam. É sem dúvida fascinante, ainda que na verdade, o sentido, no sentido que a ele damos habitualmente, se perde. (J. Lacan, 1987: 25, tradução minha) Essa citação termina com uma referência ao sentido e, mais precisamente, ao sentido que se perde na homonímia, o habitual, aquele que, assentada a pulverulência do real de lalíngua na cadeia, se apresenta como unívoco 4. Seria essa referência um aceno a um sentido outro, a um sentido que subsiste ao equívoco? O que, afinal, cintilando, por um instante, o equívoco ilumina? O passo/passagem para um sentido outro ou a própria possibilidade da perda de sentido que Lacan revela na homonímia de pas-desens? É um ou outro, ou um e outro? Essa é uma questão que tanto divide os estudiosos de Joyce quanto parece distanciar Lacan de Freud, na medida em que aproxima, pelo menos em parte, Lacan de Joyce. No que se refere aos estudos sobre Joyce, diz Margot Norris: Em alguns leitores e críticos, a dificuldade de Finnegans Wake inspira uma vontade de domar seu sentido, impulso que pode ser 3 Por que não ler como apodrece de (tanto) esperar?? 4 Não se pode deixar de apontar o efeito desse deslocamento de Lacan para o pun tem tanto sobre a metáfora (ver, a propósito, Harari 1996), quanto sobre sua condição, a saber, a substituição de uma palavra por outra em uma determinada posição (ver, a propósito, Milner 2000, pág. 157). um disfarce para o desejo de que Finnegans Wake pudesse ser realmente mais domesticável e convencional do que parece ser. Mas outros leitores e críticos dão vivas ao experimentalismo de Finnegans Wake e se deleitam em tratá-lo como uma obra de vanguarda [...]. Tais leitores se contentam em aceitar o Wake como impossível de ser dominado ou totalmente apreendido e a ilegibilidade do texto se torna para eles não um obstáculo mas causa de apreço. (M. Norris 1990: 170, tradução minha) Quanto ao que distancia Lacan de Freud, é preciso lembrar que, em contraste com Freud que se colocou apenas como analista/intérprete de sonhos, chistes e lapsos, isto é, de fenômenos do domínio da homonímia, sem nunca a ter praticado como escrita, Lacan se aproxima de Joyce ao fazer uso desse modo de estar na língua que fez corresponder a lalingua. Chamo a atenção para o fato de praticar e fazer uso serem modos de dizer que qualificam essa prática como metódica tanto no sentido que a associa a um método quanto no que aponta para uma insistência sistemática. Já no Seminário sobre a carta roubada, apresentado em 1955 e publicado pela primeira vez em 1957, saltam do texto expressões e frases inteiras em que a homonímia multiplica sentidos fazendo-os tanto convergirem quanto se desencontrarem. Mas é no Seminário O saber do psicanalista ( ) que Lacan deixa entrever quanto essa prática da homonímia se aproxima de um método ainda que sob a roupagem de um estilo. É na primeira lição desse seminário que ele faz de um lapso um nome lalangue que dá contorno a um conceito que consagra a homonímia como equivocidade. É na terceira lição desse seminário que se assiste à mudança de rumo e de sentido, à perda de referência e de forma da expressão idiomática parler aux murs (falar com as paredes). E a suas conseqüências teóricas. Surgindo na fala de Lacan como uma queixa dirigida a seu auditório no Hospital Sainte Anne, auditório esse que o faz sentir como se falasse 32 33

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