A TRANSAÇÃO PENAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "A TRANSAÇÃO PENAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS"

Transcrição

1 JANAINA BILÉSSIMO A TRANSAÇÃO PENAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS Monografia apresentada à Diretoria de Pós-Graduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC, para obtenção do título de especialista em DIREITO Latu Sensu, sob orientação do professor Arnildo Steckert Júnior. Criciúma,

2 TERMO DE APROVACAO BANCA EXAMINADORA Presidente 1º (ª) examinador(a) 2º (ª) examinador(a) 2

3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Dilu e Zelma, pela confiança e incentivo sempre prestados durante a vida de estudante e em todos os momentos, que foram fundamentais para a conclusão de mais este curso. Em especial a meu namorado Jorge Luis, pelo amor e compreensão. 3

4 AGRADECIMENTOS - Professor e amigo Arnildo Steckert Júnior, que orientou este trabalho; - Dr. Ricardo Figueiredo Coelho Leal, Promotor de Justiça da Comarca de Turvo/SC, pela iniciação no tema estudado; - Zuê e Clóvis pelo incentivo; - Especial aos meus irmãos, Larissa e Samuel. 4

5 RESUMO Este trabalho tem como objetivo geral, analisar a eficácia da transação penal no âmbito dos juizados especiais criminais, e como objetivos específicos, comentar sobre os juizados especiais criminais, examinar os princípios da discricionariedade regrada e da despenalização, e por fim analisar o instituto da transação penal. Para tanto, utilizou-se a técnica de pesquisa bibliográfica. O trabalho traz um breve histórico sobre os juizados, o conceito de infrações de menor potencial ofensivo, a competência e a composição dos Juizados, identificando seus princípios e objetivos, e os institutos despenalizadores; discorre sobre a composição dos danos, os efeitos da homologação do acordo de reparação dos danos e as conseqüências da renúncia ao direito de representação; explana, finalmente, sobre a transação penal, abordando o conceito, a possibilidade de transação, as causas que impedem a proposta, os efeitos da homologação do acordo e do descumprimento da transação penal. Os institutos aqui estudados abrangem grande parte dos delitos previstos no Código Penal e nas legislações específicas, tendo como conseqüência que o autor do fato não é privado de sua liberdade, criando na sociedade, uma cultura de que os crimes não são punidos e de que a justiça, em sua aplicação, é falha. 5

6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO DISPOSISÕES GERAIS Histórico Conceito de infrações de menor potencial ofensivo Composição dos juizados especiais criminais Competência do juizados especiais criminais Competência em razão da matéria Competência em razão do lugar Conexão com infrações do juízo comum Conexão entre infração de menor potencial ofensivo estadual e federal Desclassificação para infração penal de menor potencial ofensivo no júri Princípios processuais dos juizados especiais Princípios específicos dos juizados especiais criminais Objetivos do processo nos juizados especiais criminais Dos institutos despenalizadores DA COMPOSIÇÃO DOS DANOS Disposições gerais Audiência preliminar Tentativa de conciliação Composição dos danos, homologação do acordo e decisão como título executivo Efeitos da Homologação ou da frustração da composição dos danos Na ação penal privada e pública condicionada a representação Na ação penal pública incondicionada Renúncia ao direito de queixa ou representação

7 3 DA TRANSAÇAO PENAL Disposições gerais Possibilidade de transação Na ação penal publica incondicionada e na condicionada a representação Na ação penal privada Nas contravenções penais Causas impeditivas de transação Inadmissibilidade da transação por condenação anterior Inadmissibilidade da transação por benefício anterior Inadmissibilidade da transação por ausência de condições ou circunstâncias pessoais Proposta de aplicação imediata de pena alternativa Poder dever do Ministério Público e possibilidade de concessão de ofício pelo juiz Homologação Efeitos da transação penal Descumprimento da pena alternativa pelo autor do fato...43 CONSIDERAÇÕES FINAIS...46 REFERÊNCIAS...48 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

8 INTRODUÇÃO A presente Monografia, apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pós-Graduação em Direito da UNESC, terá como objetivo geral, analisar a eficácia da transação penal no âmbito dos juizados especiais criminais, e como objetivo específico: comentar sobre os juizados especiais criminais; examinar os princípios da discricionariedade regrada e da despenalização; e analisar o instituto da transação penal. Para tanto, serão analisados através da doutrina e jurisprudência, quais os entendimentos comuns entre os autores e juristas pesquisados e também suas divergências. O primeiro capítulo traz as disposições gerais sobre o tema, dispondo sobre a regulamentação legal dos Juizados Especiais Criminais, que veio com a Lei 9.099/95 no âmbito estadual, e posteriormente com a Lei n /01, que regulamentou os Juizados Especiais no âmbito Federal. De acordo com a legislação, constituem infrações de menor potencial ofensivo, em qualquer âmbito, estadual e federal, todos os crimes e contravenções penais a que a lei comine pena privativa de liberdade igual ou inferior a dois anos, que tenham ou não procedimento especial. Com a criação deste instituto, quase todos os crimes previstos pelo código penal, inclusive as contravenções penais e outros crimes previstos em legislação especial, estão sujeitos à possibilidade de conciliação, nas modalidades de composição dos danos e transação. A composição refere-se aos danos de natureza civil e integra a primeira fase do procedimento, e será abordada no segundo capítulo; a segunda fase compreende a transação penal, isto é, o acordo penal entre o Ministério Público e o autor do fato, pelo qual é proposta a este uma pena não privativa da liberdade, ficando dispensado dos riscos de uma pena de reclusão ou de detenção, que poderia ser imposta em uma futura sentença, que será estudada no terceiro capítulo. Com a aplicação destes novos institutos despenalizadores, surgem uma série de posicionamentos sobre o real objetivo pretendido por esta nova regra: despenalização, discricionariedade regrada ou mitigada, juntamente com problemas 8

9 como a desmoralização da Justiça no Brasil, em que o criminoso não vai preso, ficando difícil o entendimento da sociedade. Este instituto vem abrandar o princípio da obrigatoriedade da propositura da ação penal pública pelo Ministério Público. Surge assim, um novo tipo de jurisdição, que coloca a transação e o entendimento como metas e a vítima como prioridade. O estudo dos juizados especiais criminais é de suma importância para a sociedade, pois abrange grande parte dos crimes previstos no Código Penal e em nossa legislação, surgindo aí o interesse da população nesta nova lei, principalmente quanto à composição dos danos cíveis, e à transação penal. Tendo estas mudanças, atingido, indiretamente, a sociedade como um todo, indaga-se sobre quais os verdadeiros objetivos e aplicabilidade destes novos institutos, trazendo uma forte alteração nos conceitos de justiça em nosso país, decorrente de princípios determinados pela carta política de Quanto a metodologia, será utilizada a técnica de pesquisa bibliográfica através de ensinamentos doutrinários e jurisprudenciais. 9

10 1. DISPOSIÇÕES GERAIS 1.1. Histórico O artigo 98, inciso I da Constituição Federal estabelece que a União, o Distrito Federal, os Territórios e os Estados devem criar juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitindo, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. Para regulamentar este preceito constitucional, foi promulgada, em 26 de setembro de 1995, a Lei n que definiu infração de menor potencial ofensivo e estabeleceu as regras para a transação penal, a composição dos danos, a suspensão condicional do processo, e para o procedimento sumaríssimo, dentre outras várias providências. A idéia de um procedimento menos burocrático para as infrações menos graves começou a surgir antes mesmo da promulgação da constituição de As falhas na organização judiciária, somadas à deficiência de vários órgãos auxiliares da justiça, e o despreparo de profissionais aliado à precariedade das condições de trabalho, levaram os legisladores a perceber que modificações profundas seriam necessárias para evitar uma crise no judiciário. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, várias propostas tramitaram na Câmara dos Deputados com o objetivo de regulamentar o artigo 98, inciso I. Como as matérias eram semelhantes, um anteprojeto foi elaborado em substituição aos primeiros apresentados, contendo as disposições sobre os juizados especiais cíveis e criminais, selecionados entre todos, pelo Deputado Ibrahin Abi- Ackel (Relator da Comissão de Constituição e Justiça), o Projeto de Lei nº D do Deputado Michel Temer, no âmbito penal, e o Projeto de Lei nº 3.689/89 do Deputado Nelson Jobim, na área civil. O projeto selecionado foi enviado ao Senado, onde o Relator propôs um 10

11 substitutivo, de normas genéricas, deixando que a matéria fosse regulamentada por leis estaduais. De volta à Câmara dos Deputados, foi mantido o projeto por esta aprovado, transformando-se assim na Lei n , de 26 de setembro de 1995, que autoriza a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, seis anos após a apresentação dos primeiros projetos. Esta legislação causou grande impacto no ordenamento jurídico, pois trouxe à baila quatro medidas despenalizadoras: conciliação civil extintiva da punibilidade, prevista no artigo 74; a transação penal, no artigo 76; a exigência de representação nos crimes de lesão corporal dolosa leve e lesão corporal culposa, no artigo 88; e a suspensão condicional do processo, no artigo 89, todos da Lei n /95. Além disso, rompeu-se com o tradicional sistema do nulla poena sine judicio, permitindo a aplicação imediata de pena não-privativa de liberdade. Para grande parte da doutrina, estas foram as mais relevantes, substanciais e inovadoras modificações introduzidas no ordenamento penal e processual penal brasileiro até então Conceito de infrações de menor potencial ofensivo A regulamentação legal dos Juizados Especiais Criminais, veio com a Lei 9.099/95 no âmbito estadual, e posteriormente com a Lei n /01, que regulamentou os Juizados Especiais no âmbito Federal. A partir da entrada em vigor da Lei n , de 12 de julho de 2001, alterou o conceito de infrações de menor potencial ofensivo em seu art. 2º, que dispõe: Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo. Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa Por esta razão, estão submetidas ao procedimento dos Juizados Especiais Criminais, tanto da Justiça Comum Estadual quanto da Justiça Federal, 11

12 são consideradas como tal: - todas as contravenções penais, qualquer que seja o procedimento previsto; - os crimes a que a lei comine pena máxima igual ou inferior a dois anos de reclusão ou detenção, qualquer que seja o procedimento previsto; - os crimes a que a lei comine, exclusivamente, pena de multa, qualquer que seja o procedimento previsto. Até então, eram consideradas de menor potencial ofensivo as infrações descritas no artigo 61 da Lei n /95: a) todas as contravenções penais; e b) os crimes a que a lei cominasse pena máxima de um ano (de reclusão ou detenção), desde que não previsto procedimento especial. O artigo 61 da Lei n /95 determinava: Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a um ano, excetuados os casos em que a lei preveja procedimento especial. No início da vigência da lei, surgiram duas correntes em virtude da interpretação sobre o assunto: uma entendendo que as infrações de menor potencial ofensivo abrangiam todas as contravenções penais, e outra que não. Entretanto, como as contravenções penais são consideradas como delitos de menor gravidade, esta polêmica logo foi resolvida, e todas as contravenções, independentemente da pena, foram abrangidas pela Lei n /95, sendo consideradas infrações de menor potencial ofensivo. Embora a Lei n /01 se refira somente à Justiça Federal, na verdade acabou fixando uma nova definição que alcança não apenas as infrações de competência dos Juizados Federais, mas também os Estaduais, provocando, conseqüentemente, uma derrogação do artigo 61 da Lei n /95. Com efeito, não é possível manter dois conceitos diversos dessa expressão, um para as Justiças Estaduais e outro para a Justiça Federal. Primeiro, porque a legislação inferior não pode dar duas definições para o mesmo conceito previsto no artigo 98, inciso I, do Texto Constitucional; segundo, porque o tratamento diferenciado importaria em 12

13 ofensa ao princípio da proporcionalidade. Ora, restringir a aplicação do novo artigo às infrações penais de competência da Justiça Federal Comum é inconcebível. Admitir tal situação levaria a absurdos jurídicos, por exemplo, aplicar os benefícios da Lei n /95 a indivíduo que desacatasse policial federal, e veda-los quando o desacato fosse cometido contra policial militar. Isso porque, no primeiro caso, a competência para julgamento de eventual ação penal seria da Justiça Federal, por força do art. 109, IV, da CF, e, no segundo, da Justiça Estadual. Como a infração prevista no art. 331 do CP tem como pena máxima cominada a de dois anos de detenção, somente seria a infração considerada de menor potencial ofensivo perante o juízo federal, o que é, obviamente, um contra-senso permitir que o autor de um delito de competência da Justiça Federal tenha tratamento privilegiado pelo juízo (LAUAND; PODVAL, 2001). Dessa maneira, em qualquer Juizado Especial Criminal, seja de âmbito comum, seja de âmbito federal, os chamados crimes de menor potencial ofensivo passam a seguir a definição do art. 2º, par. ún., da nova lei (GOMES, 2001). Idêntico entendimento tem Damásio de Jesus (2001). No tocante às contravenções penais, a mencionada lei nada fala, até porque, nos termos da Súmula n. 38 do STJ, tais infrações são de competência da Justiça Comum Estadual. No entanto, não se pode admitir que os crimes sejam todos de competência dos juizados, tenham ou não procedimento especial, enquanto as contravenções sofram com tal limitação. À vista disso, o parágrafo único do artigo 2º da Lei n /01 modificou a redação do artigo 61 da Lei n /95, passando a constituir de menor potencial ofensivo, em qualquer âmbito, estadual ou federal: todos os crimes a que a lei comine pena privativa de liberdade igual ou inferior a dois anos, ou apenas multa, estejam ou não sujeitos a procedimento especial, sejam ou não de competência da Justiça Federal; e todas as contravenções penais, tenham ou não procedimento especial. 13

14 Os juizados especiais criminais estaduais e federais seguem o mesmo procedimento, de acordo com o artigo 1º da Lei n /01, que dispõe: São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de Composição dos juizados especiais criminais O artigo 60, da Lei n /95, determina a composição dos juizados especiais criminais, que será provido por juízes togados, ou togados e leigos. Entretanto, o artigo 95 do mesmo diploma legal prevê que a composição dos juizados especiais depende de legislação estadual, que poderá ser composto apenas por juízes togados pertencentes ao quadro da magistratura, ou com estes, e juízes leigos, que atuarão apenas como conciliadores sob a orientação do Juiz, de acordo com a determinação do artigo 73, caput, parágrafo único da Lei 9.099/95. Todavia os conciliadores atuarão apenas como auxiliares da justiça, conduzindo o entendimento entre as partes, na coleta de provas e na condução da audiência preliminar, não podendo, no entanto, homologar acordos de composição de danos nem propor transação penal, e muito menos, o julgamento do processo, o que sempre caberá ao Juiz Competência dos juizados especiais criminais O artigo 60 da Lei n /95 também estabelece a competência material dos juizados especiais criminais, determinando a competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações de menor potencial ofensivo, enquanto que a competência territorial está determinada no artigo 63 do mesmo diploma legal. 14

15 Competência em razão da matéria A Constituição Federal, em seu artigo 98, inciso I, já estabeleceu a competência material dos Juizados Especiais, delimitando que somente as infrações de menor potencial ofensivo serão de competência dos juizados especiais criminais, de modo que a legislação estadual não poderá dispor diversamente. Assim, esta competência é absoluta, não sendo possível o processamento de outros delitos nos Juizados Especiais Criminais que não sejam os previstos pela própria lei que os instituiu, sob pena de nulidade absoluta. Caso se trate de crime cuja lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa, e seja de competência da Justiça Federal (artigo 109 da Constituição Federal de 1988), caberá ao Juizados Especiais Criminais Federais seu processo e julgamento. Nos demais casos, ou seja, em se tratando de contravenções penais ou crimes cuja pena máxima não exceda dois anos, a competência será dos Juizados Especiais Criminais Estaduais Competência em razão do lugar De acordo com o artigo 63 da Lei n /95, a competência para as infrações de menor potencial ofensivo será fixada em razão do lugar em que a infração penal foi praticada, seja por ação ou por omissão. Entretanto, há entendimento de que a competência é do lugar em que foi praticada a infração, independentemente do resultado, e, de que tanto o local onde ocorreu o resultado quanto o que ocorreu a ação ou omissão são competentes. De qualquer forma, é excluída a hipótese do artigo 70, caput, do Código Penal, que determina a competência pelo local da consumação do crime. A competência em razão do lugar do juizado especial criminal é relativa e está sujeita às regras de prorrogação de competência determinadas pelo Código de Processo Penal. 15

16 Conexão com infrações do juízo comum Se houver conexão entre infração penal de menor potencial ofensivo e infração penal de competência do Juízo Comum, este último terá competência para julgá-la, por força do artigo 78, inciso II do Código de Processo Penal (posição de Damásio de Jesus e Mirabete). Estes doutrinadores entendem que o texto constitucional proibiu que outras infrações penais fossem julgadas e processadas pelo Juizado, o que só ocorrerá excepcionalmente, quando for necessária a citação do acusado por edital ou diante da complexidade da causa Conexão entre infração de menor potencial ofensivo estadual e federal E possível, ainda, que sejam praticadas duas infrações penais de menor potencial ofensivo, sendo uma delas de competência da Justiça Estadual, outra da Federal, aplicando-se assim a sumula n. 122 do STJ ( compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do CPP ) Desclassificação para infração penal de menor potencial ofensivo no júri A desclassificação de crime doloso contra a vida para infração de menor potencial ofensivo ocorre com uma certa freqüência (ex: tentativa de homicídio desclassificada para lesão corporal leve). Numa situação como esta, deve o juiz aguardar o transito em julgado da decisão, e, não havendo interposição de recurso, determinar a remessa dos autos ao juizado, afim de que lá sejam aplicados os institutos da Lei 9.099/95 (posição de GRINOVER, 1996, p. 79). 16

17 1.5. Princípios processuais dos juizados especiais Com a entrada em vigor da Lei n /95, que criou os institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo, ocorreram algumas mudanças quanto aos princípios da ação penal pública para as infrações abrangidas pela nova legislação. Assim, com a possibilidade de transação entre o Ministério Público e o autor do fato infracional, com a aplicação imediata de pena não privativa de liberdade, ficou afastado o princípio da obrigatoriedade da ação pública, substituído pelo princípio da discricionariedade regrada. Isto é observado devido ao fato de, o Ministério Público, não ter mais a obrigatoriedade de propor ou não a ação penal, devendo sempre respeitar as exigências da lei. Com a criação do instituto da suspensão condicional do processo, que tem pôr efeito a extinção da punibilidade do agente, sem julgamento do mérito com uma ação penal, adotou-se o princípio da oportunidade ou discricionariedade, que são opostos da obrigatoriedade, e os princípios da autonomia da vontade e a desnecessidade de prisão, para as infrações abrangidas pela Lei n /95. [...] A lei, no âmbito do Juizado Criminal, ao lado de favorecer a "conciliação", reservou pouco espaço para a tão difundida "barganha penal". No que concerne à transação que leva à aplicação imediata da pena, não estamos próximos nem no guilty plea (declarar-se culpado) nem do plea bargaining (que permite amplo acordo entre acusador e autor da infração sobre os fatos, a qualificação jurídica e a pena). O Ministério Público, nos termos do art. 76, continua vinculado ao princípio da legalidade processual (obrigatoriedade, "dever agir"), mas sua "proposta", presentes os requisitos legais, somente pode versar sobre uma pena alternativa (restritiva ou multa), nunca sobre uma privativa de liberdade. Como se percebe, ele dispõe sobre a sanção penal original, mas não pode deixar de agir dentro dos parâmetros alternativos. A isso dá-se o nome de princípio da discricionariedade regulada ou regrada (ou, ainda, oportunidade regrada). Não é adequada a locução legalidade mitigada (GRINOVER, p. 42). A citada lei, para definição de suas finalidades, seguiu o caminho da despenalização, ou seja, não deixou de considerar crime certas infrações, apenas aplica-se aos delitos uma medida alternativa à pena privativa de liberdade. 17

18 Neste sentido, Grinover menciona as quatro medidas despenalizadoras da Lei n /95, que são medidas penais ou processuais alternativas que procuram evitar a pena de prisão: [...] 1 a ) nas infrações de menor potencial ofensivo de iniciativa privada ou pública condicionada, havendo composição civil, resulta extinta a punibilidade (art. 74, parágrafo único); 2 a ) não havendo composição cível ou tratando-se de ação pública incondicionada, a lei prevê a aplicação imediata de pena alternativa (restritiva ou multa) (transação penal, art. 76); 3 a ) as lesões corporais culposas ou leves passaram a exigir representação da vítima (art. 88); 4 a ) os crimes cuja pena mínima não seja superior a um ano permitem a suspensão condicional do processo (art. 89) (GRINOVER, 1996, p. 44). A Lei n /95, que instituiu os Juizados Especiais, trata primeiramente dos critérios genéricos e finalidades a serem utilizados, em seu artigo 2 o que prevê: O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação. Nota-se que a lei fala em critérios e não em princípios, e em finalidades e não em objetivos. De acordo com Grinover (1996, p. 60), o artigo traça as linhas mestras dos Juizados [...], divisíveis em critérios orientativos e finalidades dos Juizados, e, de acordo com a mesma autora (1996, p. 60) apresenta redação semelhante ao artigo 68, específico dos Juizados Especiais Criminais Princípios específicos dos juizados especiais criminais O artigo 62 da Lei n /95, em sua primeira parte, trata dos princípios específicos dos Juizados Especiais Criminais: O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade. Praticamente, repete a redação do artigo 2 o do mesmo diploma legal, apenas omitindo o princípio da simplicidade, que é aplicável aos Juizados Especiais Criminais por estar previsto neste artigo, e novamente rotulando 18

19 em critérios e não em princípios orientativos, ocorrendo aí, um impasse terminológico: Lastimável a opção terminológica do legislador ao chamar de critério o que na teoria geral do processo tem sido claramente referido como princípio. Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele; disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere à tônica e lhe dá sentido harmônico (FIGUEIRA JÚNIOR, 1997, p. 415). Igualmente a este autor, entendem a maioria dos doutrinadores, e assim será tratada na presente monografia, a terminologia princípios ao invés de critérios, como determina o legislador. Estes princípios orientaram o legislador e são de fundamental relevância na aplicação da lei e na resolução de contradições sobre sua utilização, inclusive nas interpretações razoáveis que possam aparecer sobre o mesmo dispositivo, assim como também servem de parâmetro para a convicção do juiz, acerca de questões não tratadas especificamente pela lei. a) Princípio da oralidade: impõe-se de que os atos praticados nos juizados serão, preferencialmente, realizados na forma oral, constando do termo apenas um breve resumo sobre os fatos ocorridos, salvo nas hipóteses em que a lei estabelecer em sentido contrário. Ocorre assim um predomínio da forma falada sobre a escrita, sem a exclusão desta, que será usada para os atos havidos como essenciais, conforme o artigo 65, parágrafo 3 o da já citada Lei n /95. Ao impor este critério, quis o legislador aludir não à exclusão do procedimento escrito, mas à superioridade da forma oral à escrita na condução do processo. A experiência tem demonstrado que o processo oral é o melhor e o mais de acordo com a natureza da vida moderna, como garantia de melhor decisão, fornecida com mais economia, presteza e simplicidade (MIRABETE, 2000, p. 32). 19

20 A lei dos juizados especiais prevê a elaboração, pela autoridade policial, do termo circunstanciado em seu artigo 69, caput, que conterá um resumo dos fatos narrados pela vítima, pelo autor do fato, pelas testemunhas e agentes policiais, etc. Serão então orais: os esclarecimentos do juiz na audiência preliminar, com relação a possibilidade de composição dos danos e aceitação da proposta de aplicação imediata da pena não privativa de liberdade; a proposta feita pelo Ministério Público com relação a transação penal e sua aceitação ou não; o oferecimento da denúncia ou queixa; a defesa prévia; a oitiva da vítima e testemunhas; o interrogatório do autor do fato e os debates; sempre sendo reduzido a termo seus resultados em forma de resumo, tudo previsto nos artigos 72; 74; 76; 77; 77, parágrafo 3 o ; e 81, caput da Lei n /95. b) Princípio da informalidade: decorrente do princípio da instrumentalidade das formas que impera no Processo Civil, afasta o rigorismo formal nos atos praticados perante o Juizado Especial. É o que prevê o artigo 65, parágrafo 1 o, afirmando de maneira enfática, que não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo ; o artigo 65, parágrafo 3 o, que só serão feitos registros escritos de atos considerados essenciais; o artigo 81, parágrafo 2 o, que dispensa-se o relatório de sentença; o artigo 77, parágrafo 1 o, em que não se exige o exame de corpo de delito, para o oferecimento da denúncia, admitindo-se a prova da materialidade por boletim médico ou prova equivalente, todos artigos da Lei n /95. Segundo Mirabete (2000, p. 35) há uma libertação do formalismo, substituído pela finalidade do processo, o que não se refere à exclusão dos atos processuais, mais da possibilidade de praticá-los com mais liberdade, desde que atinjam sua finalidade. Esta liberdade não atinge, por exemplo, a citação do acusado, em que a já citada lei prevê que seja pessoal, conforme seu artigo 66. Contudo, deve-se aplicar a simplicidade aliada à informalidade, para que se alcance a reparação dos danos da vítima, evitando assim a instauração do processo. Porém, esta informalidade deve ser aplicada de maneira a não violar os direitos constitucionais do acusado no processo penal, como o princípio do 20

21 contraditório e a ampla defesa, que deverão ser observados pelo juiz. c) Princípio da economia processual: no qual procura buscar o máximo de resultados possíveis na atuação do direito, com a mínima prática de atos processuais. Além disso, a lei prevê o aproveitamento de atos processuais, quando for possível, para economia de tempo, muito importante para o bom andamento dos Juizados Especiais. Exemplos práticos da aplicação deste princípio foram a abolição do inquérito policial e a previsão de que, em tese, todos os atos processuais sejam realizados em uma única audiência. d) Princípio da celeridade processual: busca reduzir o tempo entre a prática do delito e a sua solução judicial, objetivando para a sociedade uma resposta mais rápida. Todos os princípios elencados são informativos do Juizado Especial Criminal, e resumem-se na celeridade, facilitando assim o alcance da prestação jurisdicional com a agilização do procedimento judicial, sempre buscando a verdade real. Com a presença destes princípios no Juizado Especial, pode-se realizar a audiência preliminar, com a proposta de reparação de danos, e em seguida, a transação penal, com uma solução rápida para o conflito. Porém, os princípios constitucionais que regem o processo penal não devem ser desconsiderados, devendo o juiz observá-los e cumpri-los, quais sejam, os princípios da ampla defesa, do contraditório, da publicidade, do juiz natural e do estado de inocência Objetivos do processo nos juizados especiais criminais O artigo 62 da Lei n /95, em sua segunda parte, trata dos objetivos do processo nos Juizados Especiais Criminais: a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade, sem esquecer dos objetivos 21

22 genéricos da conciliação e transação, elencados no artigo 2 o do mesmo diploma legal. a) Reparação dos danos sofridos pela vítima: que é o real objetivo dos Juizados Especiais, em que o legislador preocupou-se em privilegiar a vítima, criando o instituto da composição dos danos cíveis, sendo então desnecessária a proposição de ação ordinária para reparação dos danos e a espera do trânsito em julgado da decisão para futura execução. Com a possibilidade do acordo, aumentam as possibilidades de a vítima ser reparada. Assim, quando a ação penal for de iniciativa privada ou condicionada à representação da vítima, o acordo homologado acarretará na renúncia ao direito de queixa ou representação por parte da vítima, ocorrendo, assim, a extinção da punibilidade ao acusado. Na hipótese de ação penal pública incondicionada, a composição dos danos exclui a possibilidade da proposição de nova ação reparatória na esfera cível, mas não impede a proposição de ação penal, embora sua sentença penal condenatória não possa ser executada na esfera cível. Trata-se de mais um passo na operação denominada despenalização, evitando-se a aplicação da sanção penal nas infrações penais de menor gravidade. Nesse passo, a lei dá mais relevância à reparação do dano causado ao ofendido do que à persecução do autor do ilícito (MIRABETE, 2000, p. 58). b) Aplicação imediata de pena não privativa de liberdade: também objetivo dos Juizados Especiais, na busca de evitar a privação da liberdade do acusado, sempre que possível, surgindo assim o benefício da transação penal. Por este instituto, a composição entre o Ministério Público e o autor do fato, nos crimes de ação penal pública impede o início da ação penal, pela aplicação imediata de uma pena não privativa da liberdade ou de multa, com a grande vantagem de não gerar a reincidência, registrando-se apenas para impedir nova transação no prazo de cinco anos, e de não constar da folha de antecedentes criminais. 22

23 1.6. Dos institutos despenalizadores As medidas criadas pela Lei n /95, que visam evitar o processo e afastar a possibilidade de encarceramento do autor de uma infração penal de menor potencial ofensivo, são: a) transação civil extintiva da punibilidade nas infrações de menor potencial ofensivo de ação penal pública condicionada e ação penal privada; b) transação penal nas infrações de menor potencial ofensivo de ação penal pública; c) suspensão condicional do processo d) representação nas lesões corporais leves e lesões culposas. 23

24 2. DA COMPOSIÇÃO DOS DANOS 2.1. Disposições gerais A composição dos danos civis somente é possível nas infrações que acarretem prejuízos morais ou materiais a vítima. A conciliação será conduzida pelo juiz ou conciliador sob sua orientação (artigo 73, caput). Obtida a conciliação, será homologada pelo juiz togado, em sentença irrecorrível, e terá eficácia de titulo executivo a ser executado no juízo civil competente (artigo 74, caput), sendo o valor até 40 vezes o salário mínimo, executa-se no próprio Juizado Especial Cível. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou pública condicionada a representação do ofendido, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação (artigo 74, parágrafo único), extinguindo-se, por conseguinte, a punibilidade do agente. Os crimes de lesão corporal culposa e leve, segundo o artigo 88, todos da Lei n /95, dependem de representação, de tal sorte que se submetem a essa regra. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo (artigo 75, caput, do mesmo diploma legal). Não o fazendo, não há que se falar em decadência, devendo-se aguardar o decurso do prazo decadencial de que trata o artigo 38 do Código de Processo Penal (seis meses a contar do conhecimento da autoria), de modo que o direito de representação não se esgota na audiência (artigo 75, parágrafo único, da Lei n /95) Audiência preliminar O artigo 72 da Lei n /95 estabelece que: Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de 24

25 aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. Conteúdo do art. 72: apresenta uma norma genérica que prevê as formas de conciliação, que estão nos arts. 74 (composição dos danos) e 76 (transação ou proposta do Ministério Público de aceitação de pena alternativa) (DAMÁSIO DE JESUS, 1996, p. 67). Estes esclarecimentos serão no sentido de demonstrar as conseqüências, tanto para o autor do fato como para a vítima, da composição dos danos e da aceitação da proposta de transação penal. Assim, o Juiz deverá explicar que: na hipótese de ação penal privada e de ação penal pública condicionada a representação, a composição dos danos acarretará a renúncia por parte da vítima ao direito de representação contra o autor do fato, gerando assim a extinção da punibilidade deste; na hipótese de ação penal pública incondicionada, a composição dos danos não impedirá a proposta de transação penal e conseqüentemente se esta não ocorrer, não impedirá o prosseguimento da ação penal em seus moldes normais; com a homologação da transação, não ocorrerá a instauração da ação penal, o que levará o autor do fato a ser submetido automaticamente à pena restritiva de direitos ou multa, que será proposta pelo Ministério Público. Salienta-se, porém, que os esclarecimentos do juiz devem ser feitos genericamente e de maneira cautelosa, não podendo se manifestar quanto ao conteúdo da proposta, que deverá ser feita pelo representante do Ministério Público, não podendo também, aconselhar as partes, o que lhe acarretaria suspeição, conforme dispõe o artigo 254, inciso III, do Código de Processo Penal Tentativa de conciliação Pela primeira vez em nosso ordenamento jurídico, permite-se a tentativa 25

26 de conciliação entre o autor do fato e a vítima, perante o Juizado Especial Criminal, buscando assim que seja atingido o especial fim que é a pacificação social, com o mínimo de movimentação do judiciário. Esta novidade, instituída pela Lei n /95 veio regulamentar o artigo 98, inciso I, da Constituição Federal de 1988, dando oportunidade aos envolvidos no fato infracional da autocomposição em matéria civil e penal. Para a vítima, opção de uma possível composição dos danos e, para o autor do fato, a possibilidade de aceitação imediata de pena não privativa de liberdade. A finalidade do processo comum, de descobrir a verdade real, é colocada em plano secundário nas infrações de menor potencial ofensivo, predominando a busca da paz social com um mínimo de formalidade. Torna-se a reparação do dano prioritária de acordo com o princípio orientador do procedimento de competência do Juizado Especial Criminal (MIRABETE, 2000, p. 104). Na conciliação, o autor do fato pode-se apresentar por seu representante legal ou seu responsável civil, o que é permitido também com a vítima que poderá se fazer presente por seu representante legal, porém, a ausência do autor do fato impossibilitará a composição. Quanto à presença de advogado na audiência preliminar, o artigo 68 da lei mencionada estabelece que o autor do fato deverá comparecer necessariamente acompanhado de advogado, sendo que na falta deste, será nomeado um defensor público para acompanhá-lo. Na hipótese de não se chegar a um consenso, mesmo com a intervenção do juiz, prevalecerá sempre a vontade da vítima e do autor do fato, que são os verdadeiros interessados na composição dos danos. No entanto, ressalta-se que a conciliação não será possível na hipótese de o sujeito passivo da infração ser o Estado, o que ocorre, via de regra, com as contravenções penais e igualmente quando o ofendido for a coletividade. Nestes casos, como a ação penal é pública incondicionada excluí-se a possibilidade de extinção da punibilidade pela renúncia, restando apenas a proposta de aplicação 26

27 imediata de pena não privativa de liberdade ou multa Composição dos danos, homologação do acordo e decisão como título executivo A conciliação entre as partes ocorre mediante a composição dos danos e da transação penal proposta pelo Ministério Público. Comenta Damásio de Jesus: a conciliação é o gênero; a composição dos danos e a transação, que se concretiza na proposta do Ministério Público de aceitação de pena mais leve, espécies. (1996, p. 76). Deverá constar do acordo os termos finais da conciliação obtida pelas partes, o que abrange as obrigações, sejam elas de dar, de fazer ou não fazer, principalmente às do autor do fato. Não sendo obtida a conciliação, esta poderá ser proposta novamente na audiência de instrução e julgamento quando a couber. A reparação do dano, por parte do autor do fato, não significa dizer que este será considerado culpado pela infração, tanto que não caracterizará reincidência na eventual prática de nova infração penal. Novamente, é necessário ressaltar que, a homologação do acordo na ação penal privada ou pública dependente de representação extingue a punibilidade do agente, e leva à renúncia ao direito de queixa ou de representação contra o autor do fato; na ação penal pública incondicionada, não impede o prosseguimento do processo, dando possibilidade ao representante do Ministério Público de propor a transação penal. Efetivado o acordo, deverá este ser reduzido a termo, firmado pelas partes e homologado pelo juiz. A decisão homologatória do acordo firmado entre as partes, com relação a composição dos danos cíveis, embora não seja proveniente de uma sentença penal condenatória, torna-se título executivo judicial, que poderá ser executado na hipótese de não cumprimento por parte do autor do fato. No entanto esta sentença é irrecorrível conforme dispõe o artigo 74, caput, da Lei n. 27

28 9.099/95. A execução desta sentença, no caso de descumprimento será processada no juízo civil competente, que poderá ser o Juizado Especial Cível conforme o valor da causa Efeitos da homologação ou da frustração da composição dos danos A homologação do acordo sobre a composição dos danos cíveis pode gerar vários efeitos, o que também ocorre no caso da não realização do acordo. Senão vejamos: Na ação penal privada e pública condicionada a representação A homologação do acordo de composição dos danos cíveis nestas hipóteses acarretará a extinção da punibilidade do agente e a renúncia da vítima ao direito de representação contra o autor do fato. No caso de não se obter a composição dos danos, ao ofendido será dado a oportunidade de representar contra o autor do fato no ato da audiência ou, se preferir, no prazo decadencial de seis meses. Na ocorrência da representação, o representante do ministério público fará a proposta para o autor do fato de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade ou multa, que poderá ou não ser aceita pelo autor da infração. Necessário aqui evidenciar que, após o advento do artigo 88 da Lei 9.099/95, dependem também de representação, os crimes de lesões corporais culposas e lesões corporais leves, previstos nos artigos 129, caput e parágrafos 4 o, 5 o, 6 o, e 7 o, do Código Penal. Embora o artigo 75, parágrafo único, da Lei n /95 só mencione o direito de representação, o mesmo se estende ao ofendido em caso de queixa crime, por aplicação da analogia, objetivando a rapidez e eficiência na prestação 28

29 jurisdicional Na ação penal pública incondicionada A homologação do acordo sobre a composição dos danos ou a inexistência deste, no caso de ação pública incondicionada, não impedirá a propositura da ação penal. O Ministério Público então, terá a oportunidade de se manifestar, podendo requerer o arquivamento do feito, se entender que não há indícios suficientes de autoria e materialidade para a proposição da ação penal ou propor a aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. No caso de arquivamento, este deverá ser requerido oralmente ao Juiz, no ato da audiência preliminar, conseqüência dos princípios da oralidade e informalidade. Os efeitos da homologação do acordo civil na esfera penal somente serão produzidos no caso de ação penal pública incondicionada ou condicionada a representação. Nestas hipóteses, a reparação do dano permite o arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal, a ser aplicado na transação penal e na sentença proferida no rito sumaríssimo Renúncia ao direito de queixa ou representação Como já dito anteriormente, a homologação do acordo civil gera a renúncia ao direito de queixa ou representação nos casos em que os crimes forem de ação penal privada ou pública condicionada a representação. Esta possibilidade é relevante no aspecto de prevenção geral. Sendo assim, a renúncia ao direito de queixa ou representação, mesmo na hipótese de se verificar o acordo cível judicial ou extrajudicial, ressurte como causa incentivadora da reparação do dano pelo autor do fato ao ofendido, que é um dos postulados desta legislação, não se podendo perder de vista, outrossim, o enunciado de informalidade (DEMERCIAN, 1996, p. 58). 29

30 Aplica-se, aqui, o princípio da autonomia da vontade, previsto antes da Lei n /95 apenas para a ação penal privada, que foi estendido para a ação pública condicionada a representação, fundado no princípio da despenalização das infrações penais de menor potencial ofensivo. A extinção da punibilidade pela renúncia somente se dará mediante a homologação do acordo, portanto, o simples fato de a vítima reconhecer que não houve prejuízo ou sua manifesta vontade de ser indenizada, não implica na renúncia, que só se efetivará com a composição dos danos, seguida da homologação pelo juiz. No entanto, pode a vítima, expressamente, mesmo que não haja conciliação, declarar de imediato que não deseja representar o autor do fato, o que deve ser lavrado a termo, tendo o juiz que declarar a extinção da punibilidade do infrator. Concluindo: Em suma, se a Lei nº 9.099/95 prevê a extinção da punibilidade pela renúncia, decorrente de acordo judicial na audiência preliminar, tal solução deve também se verificar sempre que houver a composição dos danos antes do oferecimento da denúncia ou da queixa-crime, como forma de dar ao novo ordenamento seu real propósito (DEMERCIAN, 1996, p. 58). 30

31 3. DA TRANSAÇÃO PENAL 3.1. Disposições gerais penal. Superada a fase da composição civil do dano, segue-se a da transação Trata-se de medida despenalizadora na qual o Ministério Público abre mão do ajuizamento da ação penal mediante a aceitação, por parte do autor do fato, e de seu defensor do cumprimento imediato de uma pena alternativa. São pressupostos da transação penal: não ser o fato, caso de arquivamento. Os requisitos são: - Objetivos: tratar-se de infração penal de menor potencial ofensivo; autor do fato não pode ter sido condenado em sentença irrecorrível, por crime a pena privativa de liberdade; não pode ter sido beneficiado, nos últimos cinco anos, pelo artigo 76 da Lei n /95; aceitação pelo autor do fato e pelo defensor. - Subjetivos: o autor do fato deve ter as circunstâncias judiciais favoráveis (os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, devem demonstrar a necessidade e suficiência da medida). Presentes estes requisitos, caberá ao Promotor de Justiça formular a proposta, indicando especificamente a pena alternativa (restritiva de direitos ou multa), que deverá ser aceita pelo autor do fato e seu defensor (artigo 76, parágrafo 3º, da Lei n /95). Este artigo trouxe efetivamente ao mundo jurídico, um instituto que, até então, era totalmente estranho ao campo de atuação do direito processual penal, que é a possibilidade de transação entre o Ministério Público e o autor do fato. A transação em seu sentido comum significa um negócio, mas, 31

32 juridicamente, é a possibilidade de o juiz, após proposta do Ministério Público, aplicar uma pena alternativa ao acusado que não seja privativa de liberdade e que seja justa, tanto para a acusação quanto para a defesa, objetivando o encerramento do processo, sem a necessidade de instauração de ação penal. A Escola Paulista do Ministério Público, em suas conclusões, conceitua: A transação penal é instituto jurídico novo, que atribui ao Ministério Público, titular exclusivo da ação penal pública, a faculdade de dela dispor, desde que atendidas as condições previstas na Lei, propondo ao autor da infração de menor potencial ofensivo a aplicação, sem denúncia e instauração de processo, de pena não privativa de liberdade (MIRABETE, 2000, p. 117). despenalização. Na hipótese de aceitação da proposta, a transação constitui uma forma de 3.2. Possibilidade de transação O artigo 76 da Lei n /95 permite que, antes do oferecimento da denúncia, o Ministério Público proponha um acordo, transacionando o direito de punir do estado, com o direito à liberdade do autor do fato, desde que presentes os pressupostos objetivos e subjetivos, previstos na citada lei para a oferta. Depois de encerrada a tentativa de conciliação, havendo representação ou sendo o crime de ação penal pública incondicionada, ocorrendo ou não a composição dos danos, se o Ministério Público entender que o fato não constitui crime ou não tenha indícios suficientes de autoria e materialidade do delito para a propositura da ação, pedirá o arquivamento dos autos. Não sendo caso de arquivamento, far-se-á então a proposta de transação penal. É o que estabelece o artigo 76 da legislação aludida: Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. 32

33 ação penal. Será analisada a seguir, a possibilidade de transação nos vários tipos de Na ação penal pública incondicionada e na condicionada a representação Faz-se necessário ressaltar que a inexistência da composição dos danos cíveis não prejudica a proposta de transação penal na ação penal condicionada ou não. Assim, para as infrações de ação penal pública incondicionada e condicionada a representação, a regra é, se não houver nenhum dos impedimentos previstos no parágrafo 2 º, do artigo 76, da Lei n /95, a proposta de aplicação de pena restritiva de direitos ou multa deverá ser feita Na ação penal privada A já citada lei, em seu artigo 76, somente prevê a transação penal para a ação penal pública incondicionada e condicionada a representação, excluindo possibilidade da proposta para a ação penal privada. O tema é bastante divergente, o que propõe dois entendimentos, um em que é possível a transação penal nos crimes de ação penal privada, e outro em que é incabível a proposta. Tourinho Filho (2000, p. 96) afirma [...] ser possível a transação nos delitos de alçada privada, citando o Enunciado n. 26 do VI Encontro Nacional de Coordenadoria de Juizados Especiais Cíveis e Criminais: cabe transação e suspensão condicional do processo também na ação penal privada, e a 11 ª conclusão da Comissão Nacional da Escola Superior de Magistratura: o disposto no art. 76 abrange os casos de ação penal privada. privadas: Grinover também é favorável a aplicação da regra para as ações 33

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal Procedimento comum sumaríssimo - Lei nº 9.099 de 1995 - Lei dos Juizados Especiais Criminais JECRIM Parte 2 Prof. Gisela Esposel - Artigo 62 da lei 9099/95.

Leia mais

Juizados Especiais Criminais

Juizados Especiais Criminais Direito Processual Penal Juizados Especiais Criminais Constituição Federal Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados,

Leia mais

Processo Penal. Professor Luiz Lima CONCURSO TJSP - VUNESP

Processo Penal. Professor Luiz Lima CONCURSO TJSP - VUNESP Processo Penal Professor Luiz Lima CONCURSO TJSP - VUNESP BLOCO II: Conhecimentos em Direito (24) Questões de português; (16) Questões de informática; (4) atualidades; (6) matemática; (40) questões: 1.

Leia mais

Aula nº 09. Juizados Especiais Criminais Objetivo Aula 09 - Exercícios Comentados

Aula nº 09. Juizados Especiais Criminais Objetivo Aula 09 - Exercícios Comentados Página1 Curso/Disciplina: Juizados Especiais Criminais Objetivo Aula: Juizados Especiais Criminais Objetivo Aula 09 Professor(a): Elisa Pittaro Monitor(a): Analia Freitas Aula nº 09. Juizados Especiais

Leia mais

26/08/2012 PROCESSO PENAL II PROCESSO PENAL II

26/08/2012 PROCESSO PENAL II PROCESSO PENAL II II 5ª -Parte Professor: Rubens Correia Junior 1 II Acessem!!!!!! www.rubenscorreiajr.blogspot.com 2 1 RASCUNHAO DO PROFESSOR RUBENS 2 Lei 9.099 de setembro de 1995; Todas as contravenções penais; Os crimes

Leia mais

DIREITO AMBIENTAL. Responsabilidade ambiental Leis dos Crimes Ambientais-Lei nº 9.605/98 Parte 3. Prof. Rodrigo Mesquita

DIREITO AMBIENTAL. Responsabilidade ambiental Leis dos Crimes Ambientais-Lei nº 9.605/98 Parte 3. Prof. Rodrigo Mesquita DIREITO AMBIENTAL Responsabilidade ambiental Leis dos Crimes Ambientais-Lei nº 9.605/98 Parte 3 Prof. Rodrigo Mesquita A lei nº 9.605/98 tutela o direito de todos os homens possuírem o direito fundamental

Leia mais

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Procedimento Sumaríssimo. Gustavo Badaró aulas de 5 e 19 de abril de 2017

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Procedimento Sumaríssimo. Gustavo Badaró aulas de 5 e 19 de abril de 2017 Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Procedimento Sumaríssimo Gustavo Badaró aulas de 5 e 19 de abril de 2017 PLANO DA AULA 1. Noções gerais 2. Infrações penais de menor potencial ofensivo

Leia mais

Quanto à informalidade, vale conferir o artigo 65 da Lei 9.099/95:

Quanto à informalidade, vale conferir o artigo 65 da Lei 9.099/95: Curso/Disciplina: Processo Penal Aula: Processo Penal - 78 Professor(a): Marcelo Machado Monitor(a): Thales Pinto Freitas Aula 78 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO Trata-se do procedimento cabível aos crimes de

Leia mais

LEGISLAÇÃO Extravagante Jecrim

LEGISLAÇÃO Extravagante Jecrim LEGISLAÇÃO Extravagante Jecrim Professor Thalisson Faleiro LEI Nº 9.099/95 DISPÕE SOBRE OS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAL. Infração penal: Crimes Reclusão Detenção Máximo da pena e de 30 anos. Multa Contravenção

Leia mais

JUIZADOS ESPECIAIS (LEI 9099/95)

JUIZADOS ESPECIAIS (LEI 9099/95) JUIZADOS ESPECIAIS (LEI 9099/95) Previsão: Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes

Leia mais

Juizados Especiais Criminais Elisa Pittaro

Juizados Especiais Criminais Elisa Pittaro Juizados Especiais Criminais Elisa Pittaro www.masterjuris.com.br 1-Godofredo tem a obrigação legal de cuidar de determinado idoso, mas o abandonou em um hospital conduta prevista no art. 98, do Estatuto

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal Procedimento comum sumaríssimo - Lei nº 9.099 de 1995 - Lei Prof. Gisela Esposel - Procedimento Comum Sumaríssimo - Artigo 394 do CPP. O procedimento será comum

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal dos Juizados Especiais Criminais JECRIM Parte 4 Prof. Gisela Esposel - Do procedimento Sumaríssimo. Artigo 77 e seguintes da Lei 9099/95 - Recusada a transação,

Leia mais

TEMAS CENTRAIS DA LEI DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. JH MIZUNO Editora Distribuidora. Leme, 2006

TEMAS CENTRAIS DA LEI DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. JH MIZUNO Editora Distribuidora. Leme, 2006 FERNANDO CÉLIO DE BRITO NOGUEIRA Promotor de Justiça no Estado de São Paulo, lecionou na Faculdade de Direito da Fundação Educacional de Barretos e na Escola Superior de Advocacia de Barretos, é associado

Leia mais

Pesquisa e Ação V2 N2: Setembro de 2016 ISSN Edição Especial - Curso de Direito 50 anos

Pesquisa e Ação V2 N2: Setembro de 2016 ISSN Edição Especial - Curso de Direito 50 anos Pesquisa e Ação V2 N2: Setembro de 2016 ISSN 2317-3793 Edição Especial - Curso de Direito 50 anos TRANSAÇÃO PENAL: DA POSSIBILIDADE DA TRANSAÇÃO PENAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA Nelson Eduardo Ferreira

Leia mais

Súmula vinculante 35-STF

Súmula vinculante 35-STF Súmula vinculante 35-STF Márcio André Lopes Cavalcante DIREITO PROCESSUAL PENAL TRANSAÇÃO PENAL SÚMULA VINCULANTE 35-STF: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz

Leia mais

DIREITO ELEITORAL. Processo Penal Eleitoral. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

DIREITO ELEITORAL. Processo Penal Eleitoral. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues DIREITO ELEITORAL Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues Código Eleitoral Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública. Ac.-TSE 21295/2003: cabimento de ação penal privada subsidiária

Leia mais

Contravenção Penal (Decreto nº 3.688/41) Crime anão Delito liliputiano Crime vagabundo

Contravenção Penal (Decreto nº 3.688/41) Crime anão Delito liliputiano Crime vagabundo Contravenção Penal (Decreto nº 3.688/41) Crime anão Delito liliputiano Crime vagabundo Extraterritorialidade Art. 2º. A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional. Tentativa

Leia mais

PROJETO DE LEI Nº..., DE 2013 (Do Sr. Jorge Tadeu Mudalen)

PROJETO DE LEI Nº..., DE 2013 (Do Sr. Jorge Tadeu Mudalen) PROJETO DE LEI Nº..., DE 2013 (Do Sr. Jorge Tadeu Mudalen) Altera a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os juizados especiais cíveis (artigos 1º ao 59º), tornando-o sob o ponto de

Leia mais

LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS

LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS Lei nº 9.099, de 26 de Setembro de 1995 (Atualizado até Lei 13.105/2015) AULA 2 JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal Procedimento comum sumaríssimo - Lei nº 9.099 de 1995 - Lei dos Juizados Especiais Criminais JECRIM Parte 3 Prof. Gisela Esposel - Da representação. - Artigo

Leia mais

XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA

XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA Princípios Devido Processo Legal Juiz Natural PRINCÍPIOS IMPORTANTES Ampla Defesa Presunção de Inocência Aplicação da lei processual Art. 2º,

Leia mais

STJ José Laurindo de Souza Netto PROCESSO PENAL. Modificações da Lei dos Juizados Especiais Criminais

STJ José Laurindo de Souza Netto PROCESSO PENAL. Modificações da Lei dos Juizados Especiais Criminais José Laurindo de Souza Netto PROCESSO PENAL Modificações da Lei dos Juizados Especiais Criminais Princípios Processuais Transação Penal Conciliação Suspensão Condicional do Processo Medidas Alternativas

Leia mais

Professor Wisley Aula 05

Professor Wisley Aula 05 - Professor Wisley www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 5 AÇÃO PENAL 1. CONCEITO É o direito público subjetivo de provocar o Estado-Juiz a

Leia mais

Direito Processual Penal

Direito Processual Penal Direito Processual Penal Juizado Especial Cível Professor: Giuliano Tamagno www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Processual Penal Juizado Especial Cível Fundamento: Lei nº 9.099/1995. Objetivo é conciliar,

Leia mais

AÇÃO PENAL. PROF. VILAÇA

AÇÃO PENAL. PROF. VILAÇA AÇÃO PENAL PROF. VILAÇA NETO @vilaca_neto Persecução Penal PERSECUÇÃO PENAL: Atividade estatal de perseguir/apurar o crime. Tem 2 etapas: Investigação preliminar + Ação Penal Investigação preliminar, em

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento penal Outros Procedimentos Especiais Prof. Gisela Esposel - Procedimento da lei 11.340/06 Lei Maria da Penha - A Lei 11.340/06 dispõe sobre a criação de Juizados de

Leia mais

Aula 03. Pela leitura do art. 76 da Lei nº só se permitiria transação em crimes de ação pública, mas há diversas correntes sobre o tema:

Aula 03. Pela leitura do art. 76 da Lei nº só se permitiria transação em crimes de ação pública, mas há diversas correntes sobre o tema: Turma e Ano: Juizado Especiais Criminais (2016) Matéria / Aula: Juizados Especiais Criminais 03 Professora: Elisa Pittaro Monitor: Gabriel Desterro e Silva Pereira Aula 03 Continuação: Juizados Especiais

Leia mais

OS JUIZADOS ESPECIAS CRIMINAIS E O INSTITUTO DA TRANSAÇÃO PENAL RESUMO

OS JUIZADOS ESPECIAS CRIMINAIS E O INSTITUTO DA TRANSAÇÃO PENAL RESUMO 60 OS JUIZADOS ESPECIAS CRIMINAIS E O INSTITUTO DA TRANSAÇÃO PENAL Laura Ferreira Tassar 1 RESUMO O presente trabalho analisa o instituto da transação penal nos Juizados Especiais Criminais, inserido em

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br A Responsabilidade Penal do Cirurgião-Dentista Karla dos Santos da Costa Profª: Edna Raquel Hogemann Disciplina: Direito e Bioética "Bioética - estudo interdisciplinar do conjunto

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Lei nº 11.313/2006: novas alterações nos Juizados Criminais Luiz Flávio Gomes* *doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madri, mestre em

Leia mais

INICIO DA AÇÃO PENAL

INICIO DA AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL INICIO DA AÇÃO PENAL OFERECIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA ART.24CPPeART.129,I,CF/88 REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA- APLICA-SE AO DIREITO AO CASO CONCRETO, RESPONDENDO AO PLEITO DO INTERESSADO.

Leia mais

Sumário. Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 Processo Penal Capítulo 3 Ação Penal... 5

Sumário. Capítulo 1 Introdução Capítulo 2 Processo Penal Capítulo 3 Ação Penal... 5 Sumário Capítulo 1 Introdução... 1 Capítulo 2 Processo Penal... 3 Capítulo 3 Ação Penal... 5 3.1. Considerações Gerais...5 3.1.1. Ação penal pública incondicionada...5 3.1.2. Ação penal pública condicionada

Leia mais

Tratado nos artigos a a do d o CP C. P

Tratado nos artigos a a do d o CP C. P AÇÃO PENAL Tratado nos artigos 100 a 106 do CP. Conceito: Direito de exigir do Estado a aplicação da norma penal ao infrator. É o ius puniendi do Estado. CLASSIFICAÇÃO Conhecimento Cautelar Execução Art.

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL I. Princípios que Regem o Processo Penal... 002 II. Lei Processual Penal e Sistemas do Processo Penal... 007 III. Inquérito Policial... 009 IV. Processo e Procedimento... 015 V.

Leia mais

PROCESSO E PROCEDIMENTO PROF. DR. VANDER FERREIRA DE ANDRADE

PROCESSO E PROCEDIMENTO PROF. DR. VANDER FERREIRA DE ANDRADE PROCESSO E PROCEDIMENTO PROF. DR. VANDER FERREIRA DE ANDRADE PROCEDIMENTO E DEVIDO PROCESSO LEGAL Quando a lei fixa um procedimento, o juiz deve observá-lo (como regra), ainda que haja concordância das

Leia mais

Conteúdo: Procedimento na Lei de Drogas (Lei /06). Procedimento nos Crimes contra a Propriedade Material.

Conteúdo: Procedimento na Lei de Drogas (Lei /06). Procedimento nos Crimes contra a Propriedade Material. Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 19 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Procedimento na Lei de Drogas (Lei 11.343/06). Procedimento nos Crimes contra a Propriedade Material.

Leia mais

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Faculdade de Direito

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Faculdade de Direito I. EMENTA: A disciplina tem a finalidade de realizar um estudo da Lei 9.099 de 26 de setembro de 1995, e da Lei n.º 10.259, de 12 de julho de 2001, destacando a importância histórica da criação e implantação

Leia mais

PROFESSORA RAQUEL TINOCO

PROFESSORA RAQUEL TINOCO PROFESSORA RAQUEL TINOCO PODER JUDICIÁRIO - PRIMEIRA INSTÂNCIA Juízos de Direito Juizados Especiais e suas Turmas Recursais Tribunais do Júri Juizados da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher

Leia mais

Na esfera estadual os Juizados Especiais Criminais estão regulados pela Lei 9099/1995 e na esfera federal pela Lei /2001.

Na esfera estadual os Juizados Especiais Criminais estão regulados pela Lei 9099/1995 e na esfera federal pela Lei /2001. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS FASE PRELIMINAR E PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (ARTS. 394, 1º, III, DO CPP, E ARTS. 77 A 81 DA LEI 9099/1995) Processos que tiverem por fim a apuração

Leia mais

Direito Processual Penal

Direito Processual Penal Direito Processual Penal Procedimento Comum Sumaríssimo (Lei nº 9.099 de 1995) Professor Joerberth Nunes www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Processual Penal PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO CONSTITUIÇÃO

Leia mais

31. Nos exatos termos do art. 253 do CPP, nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes,

31. Nos exatos termos do art. 253 do CPP, nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, 31. Nos exatos termos do art. 253 do CPP, nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, (A) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o

Leia mais

PRINCIPAIS PRAZOS NO CÓDIGO PENAL (Decreto-Lei nº 2.848, de )

PRINCIPAIS PRAZOS NO CÓDIGO PENAL (Decreto-Lei nº 2.848, de ) PRINCIPAIS PRAZOS NO CÓDIGO PENAL (Decreto-Lei nº 2.848, de 7-12-1940) Contagem Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Imposição

Leia mais

R. A. R. RECORRIDO L. C. R. VÍTIMA A C Ó R D Ã O

R. A. R. RECORRIDO L. C. R. VÍTIMA A C Ó R D Ã O APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA. ART. 147 DO CP. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO RÉU. RETRATAÇÃO DA VÍTIMA ANTES DA SENTENÇA. POSSIBILIDADE. 1. A finalidade conciliadora dos Juizados Especiais Criminais torna incompatível

Leia mais

JUIZADOS ESPECIAIS (LEI 9.099/ 95)

JUIZADOS ESPECIAIS (LEI 9.099/ 95) JUIZADOS ESPECIAIS (LEI 9.099/ 95) 1. PREVISÃO CONSTITUCIONAL Art. 98, CF/88 - A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados,

Leia mais

INQUÉRITO POLICIAL - V TERMO CIRCUNSTANCIADO - ARQUIVAMENTO

INQUÉRITO POLICIAL - V TERMO CIRCUNSTANCIADO - ARQUIVAMENTO INQUÉRITO POLICIAL - V TERMO CIRCUNSTANCIADO - ARQUIVAMENTO TERMO CIRCUNSTANCIADO TERMO CIRCUNSTANCIADO -Substitui o inquérito policial, é utilizado para crimes de menor potencial ofensivo (pena máxima

Leia mais

4. AÇÃO CIVIL EX DELICTO 4.1 Questões

4. AÇÃO CIVIL EX DELICTO 4.1 Questões SUMÁRIO 1. APLICAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 1.1 A lei processual no espaço 1.2 A lei processual no tempo (irretroatividade) 1.3 A lei processual em relação às pessoas 1.3.1 Imunidades 1.3.2 Imunidade

Leia mais

Direito Processual Penal

Direito Processual Penal Direito Processual Penal Lei nº 9.099, de 26.09.1995, artigos 60; 61; 76 e 1º a 6º; 89 e 1 a 7º Professor Joerberth Nunes www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Processual Penal LEI Nº 9.099, DE 26.09.1995,

Leia mais

Juizados Especiais. Aula 13 (21.05.13) Vinicius Pedrosa Santos (magistrado e professor) e-mail: vinipedrosa@uol.com.br.

Juizados Especiais. Aula 13 (21.05.13) Vinicius Pedrosa Santos (magistrado e professor) e-mail: vinipedrosa@uol.com.br. Juizados Especiais Aula 13 (21.05.13) Vinicius Pedrosa Santos (magistrado e professor) e-mail: vinipedrosa@uol.com.br Ementa da aula Juizado Especial Criminal Competência Princípios JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal

DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal Procedimento comum sumário Prof. Gisela Esposel - Do procedimento comum sumário: Procedimento comum sumário - Artigo 394, caput do CPP. O procedimento será comum

Leia mais

- Jurisdição - Competência é o limite dentro do qual juízes e tribunais exercem jurisdição.

- Jurisdição - Competência é o limite dentro do qual juízes e tribunais exercem jurisdição. Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 09 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Princípios da Jurisdição: Aderência. Competência: Natureza Jurídica; Competência Absoluta x Relativa;

Leia mais

Direito Processual Civil

Direito Processual Civil Alexia Brotto Cessetti Direito Processual Civil Juizados Especiais Cíveis O QUE SÃO OS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS Os Juizados Especiais Cíveis, concebidos para a resolução de causas de menor complexidade,

Leia mais

CRIMES DE TRÂNSITO I

CRIMES DE TRÂNSITO I Crimes de Trânsito I LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO CRIMES DE TRÂNSITO I Neste curso, vamos trabalhar os crimes de trânsito previstos na Lei n. 9.503/1997. DOS CRIMES DE TRÂNSITO (ARTS. 291 AO 312 DO CTB) Art.

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal Prof. Gisela Esposel - O procedimento comum ordinário será aplicado para a apuração de crimes cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro)

Leia mais

SUBSTITUTIVO ADOTADO PELA CCJC AOS PROJETOS DE LEI N os 215, E 1.589, DE 2015

SUBSTITUTIVO ADOTADO PELA CCJC AOS PROJETOS DE LEI N os 215, E 1.589, DE 2015 SUBSTITUTIVO ADOTADO PELA CCJC AOS PROJETOS DE LEI N os 215, 1.547 E 1.589, DE 2015 Estabelece causa de aumento de pena para o crime contra a honra praticado com o emprego de equipamento, aparelho, dispositivo

Leia mais

Professor Wisley Aula 06

Professor Wisley Aula 06 - Professor Wisley www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 7 AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA 1. PRINCÍPIOS a) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE: presente

Leia mais

ENUNCIADOS APROVADOS ENUNCIADOS CÍVEIS

ENUNCIADOS APROVADOS ENUNCIADOS CÍVEIS ENUNCIADOS APROVADOS ENUNCIADOS CÍVEIS Prolatada a sentença, não se conhece do agravo de instrumento interposto contra a decisão que apreciou o pedido de tutela antecipada. É inadmissível o recurso de

Leia mais

Extinção da Punibilidade

Extinção da Punibilidade Extinção da Punibilidade Denison Machado Oliveira Fabricio Nunes da Costa João Carlos Ramos Pinheiro Júnior Jonh Climaco Rodrigues Marques Kaio de Araújo Flexa Luiz Eduardo Monteiro da Silva Luiz Carlos

Leia mais

Aula 08. LEIS 9099/95 e LEI /01

Aula 08. LEIS 9099/95 e LEI /01 Turma e Ano: Tribcast 2016 Matéria / Aula: Leis Penais 2016 Professor: Marcelo Uzeda Monitor: Mário Alexandre de Oliveira Ferreira Aula 08 LEIS 9099/95 e LEI 10.259/01 Os Juizados Especiais têm fundamento

Leia mais

IUS RESUMOS. Inquérito Policial Parte II. Organizado por: Max Danizio Santos Cavalcante

IUS RESUMOS. Inquérito Policial Parte II. Organizado por: Max Danizio Santos Cavalcante Inquérito Policial Parte II Organizado por: Max Danizio Santos Cavalcante SUMÁRIO I INQUÉRITO PÓLICIAL PARTE II... 3 1. Destino do Inquérito Policial... 3 2. Novas diligências requeridas pelo Ministério

Leia mais

Turma e Ano: Master B Matéria /Aula: ECA Art. 120 ao 128 e art. 141 ao 144. Professora: Angela Silveira Monitora: Kathleen Feitosa Aula 08

Turma e Ano: Master B Matéria /Aula: ECA Art. 120 ao 128 e art. 141 ao 144. Professora: Angela Silveira Monitora: Kathleen Feitosa Aula 08 Turma e Ano: Master B - 2015 Matéria /Aula: ECA Art. 120 ao 128 e art. 141 ao 144. Professora: Angela Silveira Monitora: Kathleen Feitosa Aula 08 DO REGIME DE SEMILIBERDADE Art. 120. O regime de semiliberdade

Leia mais

SUMÁRIO. Abreviaturas...

SUMÁRIO. Abreviaturas... SUMÁRIO Abreviaturas.............................. II CAPÍTULO I - PARTE GERAL 1. Direito processual penal...... 14 2. Leis processuais brasileiras............... 14 3. Sistemas processuais......... 14

Leia mais

SUMÁRIO PARTE CÍVEL LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE CAPÍTULO I Disposições Gerais

SUMÁRIO PARTE CÍVEL LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE CAPÍTULO I Disposições Gerais SUMÁRIO PARTE CÍVEL Introdução ao Juizado Especial Cível... 41 LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 CAPÍTULO I Disposições Gerais Comentários... 49 Art. 1º... 50 Referências... 50 Comentários... 50

Leia mais

REINALDO ROSSANO LÉO MATOS INFORMÁTICA EXERCÍCIOS QUADRIX LINUX DIREITO PROCESSUAL PENAL

REINALDO ROSSANO LÉO MATOS INFORMÁTICA EXERCÍCIOS QUADRIX LINUX DIREITO PROCESSUAL PENAL REINALDO ROSSANO LÉO MATOS INFORMÁTICA EXERCÍCIOS QUADRIX LINUX DIREITO PROCESSUAL PENAL CARGOS: OFICIAL DE JUSTIÇA E ANALISTA JUDICIÁRIO FUNÇÃO JUDICIÁRIA PROVA OBJETIVA: 9.1.3. A Prova Objetiva será

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento penal Procedimento Especial dos Crimes de Competência do Parte 1 Prof. Gisela Esposel - Previsão Constitucional: artigo 5º, inciso XXXVIII CR/88 - Previsão legal:

Leia mais

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA. Profa. Luanna Tomaz

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA. Profa. Luanna Tomaz SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Profa. Luanna Tomaz INTRODUÇÃO Origem: Surge na França em 1884. Medida judicial que determina o sobrestamento da pena, preenchidos determinados requisitos. Natureza Jurídica:

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br BuscaLegis.ccj.ufsc.Br Prescrição Penal Paulo Henrique Moura Lara* Vania Maria Benfica Guimarães Pinto Coelho ** Resumo: O instituto da prescrição penal, previsto nos Artigos 107 e 109 do código penal

Leia mais

Direito Processual Penal CERT Promotor de Justiça 6ª fase

Direito Processual Penal CERT Promotor de Justiça 6ª fase CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Processual Penal CERT Promotor de Justiça 6ª fase Período 2010-2016 1) CESPE Promotor de Justiça - MPE/TO - 2012 Jair, dirigindo de maneira imprudente, causou a

Leia mais

- Procedimento Juizados Especiais (Lei 9.099) Qual o recurso cabível da decisão que não homologa a transação penal?

- Procedimento Juizados Especiais (Lei 9.099) Qual o recurso cabível da decisão que não homologa a transação penal? Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 16 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Lei 9.099: Audiência Preliminar; Audiência de Instrução e Julgamento; Recursos; Suspensão Condicional

Leia mais

Ponto 11 do plano de ensino. Suspensão condicional da pena: conceito e jurídica.

Ponto 11 do plano de ensino. Suspensão condicional da pena: conceito e jurídica. Ponto 11 do plano de ensino Suspensão condicional da pena: conceito e jurídica. natureza Comparação da suspensão condicional da pena e da suspensão condicional do processo do artigo 89 da Lei 9.099/95.

Leia mais

Em várias situações a legislação consagra da junção das jurisdições civil e criminal.

Em várias situações a legislação consagra da junção das jurisdições civil e criminal. Ação civil ex delicto Objetivo: Propiciar a reparação do dano causado pelo delito. Sentença penal condenatória e reparação do dano Art. 91, I, CP: Obrigação de indenizar o dano Art. 63, CPP e 475-N, II,

Leia mais

- A Lei nº 9.99/1995 dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências.

- A Lei nº 9.99/1995 dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. - A Lei nº 9.99/1995 dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. - Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no

Leia mais

S U R S I S SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

S U R S I S SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA S U R S I S SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA arts. 77 a 82 do CP e 156 e s. da LEP. Deriva do verbo surseoir (suspender). Quer dizer suspensão. Expressão já utilizada pelo CP/1940. Conceitos: É o ato pelo

Leia mais

Atos de Ofício Processo Penal. Professor Luiz Lima CONCURSO TJMG - BANCA CONSULPLAN

Atos de Ofício Processo Penal. Professor Luiz Lima CONCURSO TJMG - BANCA CONSULPLAN Atos de Ofício Processo Penal Professor Luiz Lima CONCURSO TJMG - BANCA CONSULPLAN Cargo Especialidade Escolaridade Vencimentos Oficial de apoio judicial Oficial Judiciário (Classe D) --- Conclusão de

Leia mais

Direito Penal. Teoria da Pena Parte VII

Direito Penal. Teoria da Pena Parte VII Direito Penal Teoria da Pena Parte VII 1 - Conceito. - Instrumento alternativo de sanção penal, que objetiva a suspensão da execução da pena privativa de liberdade, mediante compromisso prestado pelo condenado

Leia mais

1. Sobre as medidas cautelares pessoais no processo penal, é correto afirmar que:

1. Sobre as medidas cautelares pessoais no processo penal, é correto afirmar que: P á g i n a 1 PROVA DAS DISCIPLINAS CORRELATAS DIREITO PROCESSUAL PENAL 1. Sobre as medidas cautelares pessoais no processo penal, é correto afirmar que: I - De acordo com o Código de Processo Penal, as

Leia mais

ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL

ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL Ação Penal ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL 1) PÚBLICA a) Incondicionada b) Condicionada 2) PRIVADA a) Exclusivamente Privada; b) Subsidiária da Pública c) Personalíssima AÇÃO PENAL PÚBLICA Ação Penal Pública Incondicionada

Leia mais

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Sujeitos Processuais. Gustavo Badaró aula de

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Sujeitos Processuais. Gustavo Badaró aula de Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Sujeitos Processuais Gustavo Badaró aula de 11.10.2016 1. Noções Gerais 2. Juiz PLANO DA AULA Peritos, interpretes e auxiliares da justiça 3. Ministério

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direitos Constitucionais Penais e Garantias Const. do Processo Parte 4 Profª. Liz Rodrigues - Art. 5º, LXIV, CF/88: o preso tem direito à identificação dos responsáveis

Leia mais

DISPOSIÇÕES PENAIS. CRIMES ELEITORAIS São todas condutas que, durante o

DISPOSIÇÕES PENAIS. CRIMES ELEITORAIS São todas condutas que, durante o CRIMES ELEITORAIS São todas condutas que, durante o processo eleitoral atingem ou maculam a liberdade do direito ao voto, os procedimentos das atividades eleitorais, desde o alistamento até a diplomação

Leia mais

DA COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS E DAS INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO

DA COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS E DAS INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 1 DA COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS E DAS INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO André Olhera MEDINA 1 Fabiana Junqueira Tamaoki NEVES 2 RESUMO: A competência dos Juizados Especiais Criminais

Leia mais

PLANO DE ENSINO. Promover o desenvolvimento das competências e habilidades definidas no perfil do egresso, quais sejam:

PLANO DE ENSINO. Promover o desenvolvimento das competências e habilidades definidas no perfil do egresso, quais sejam: PLANO DE ENSINO CURSO: Direito PERÍODO: 5º semestre DISCIPLINA: Ação Penal CARGA HORÁRIA SEMANAL: 1,5 horas/aula CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 30 horas I EMENTA Persecutio criminis. Inquérito policial. Ação

Leia mais

CONTEUDO PROGRAMÁTICO DIREITO PROCESSUAL PENAL I. 1. Introdução: 1.1 Conceito de Direito Processual; 1.2 Conteúdo; 1.3 Objeto;

CONTEUDO PROGRAMÁTICO DIREITO PROCESSUAL PENAL I. 1. Introdução: 1.1 Conceito de Direito Processual; 1.2 Conteúdo; 1.3 Objeto; CONTEUDO PROGRAMÁTICO DIREITO PROCESSUAL PENAL I 1. Introdução: 1.1 Conceito de Direito Processual; 1.2 Conteúdo; 1.3 Objeto; 2. Evolução História do Processo Penal 2.1 Processo penal no Brasil; 2.2 Sistemas

Leia mais

- INQUÉRITO POLICIAL -

- INQUÉRITO POLICIAL - Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 04 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Inquérito Policial - INQUÉRITO POLICIAL - 4. INSTAURAÇÃO DO IP: a) Ação Penal Pública Incondicionada:

Leia mais

CRIME AMBIENTAL: TRANSAÇÃO PENAL E OS EFEITOS INTERDEPENDENTES DAS SANÇÕES CÍVEIS, ADMINISTRATIVAS E CRIMINAIS.

CRIME AMBIENTAL: TRANSAÇÃO PENAL E OS EFEITOS INTERDEPENDENTES DAS SANÇÕES CÍVEIS, ADMINISTRATIVAS E CRIMINAIS. CRIME AMBIENTAL: TRANSAÇÃO PENAL E OS EFEITOS INTERDEPENDENTES DAS SANÇÕES CÍVEIS, ADMINISTRATIVAS E CRIMINAIS. Lino Edmar de Menezes Procurador Regional da República Professor da Universidade Federal

Leia mais

DIREITO ELEITORAL. Processo Penal Eleitoral. Prof. Karina Jaques

DIREITO ELEITORAL. Processo Penal Eleitoral. Prof. Karina Jaques DIREITO ELEITORAL Prof. Karina Jaques As infrações eleitorais submetem-se a procedimento detalhado nos arts. 355 a 364 do Código Eleitoral. Embora sejam crimes com diferentes graus de periculosidade, apenados

Leia mais

Sumário. Parte I JUIZADOS ESPECIAIS ESTADUAIS CÍVEIS

Sumário. Parte I JUIZADOS ESPECIAIS ESTADUAIS CÍVEIS Sumário Parte I JUIZADOS ESPECIAIS ESTADUAIS CÍVEIS Capítulo I NOÇÕES GERAIS... 23 1. Origem e fundamento... 23 2. Natureza da Lei 9.099/95... 25 3. Princípios informativos dos Juizados... 26 3.1. Oralidade...

Leia mais

Aula 17. Competência Internacional Parte II

Aula 17. Competência Internacional Parte II Turma e Ano: Direito Processual Civil - NCPC (2016) Matéria / Aula: Competência Internacional (Parte II) / 17 Professor: Edward Carlyle Monitora: Laryssa Marques Aula 17 Competência Internacional Parte

Leia mais

AÇÃO PENAL. PÚBLICA Ministério Público denúncia PRIVADA

AÇÃO PENAL. PÚBLICA Ministério Público denúncia PRIVADA AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA Ministério Público denúncia PRIVADA 1 Art. 129 da Constituição da República: São funções institucionais do Ministério Público: I promover, privativamente, a ação penal pública,

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Súmula 122 do Superior Tribunal de Justiça e competência para o julgamento de contravenções penais: uma análise à luz da jurisprudência dos Tribunais Superiores Alexandre Piccoli

Leia mais

PLANO DE ENSINO. Promover o desenvolvimento das competências e habilidades definidas no perfil do egresso, quais sejam:

PLANO DE ENSINO. Promover o desenvolvimento das competências e habilidades definidas no perfil do egresso, quais sejam: PLANO DE ENSINO CURSO: Direito SÉRIE: 6º Semestre DISCIPLINA: Ação Penal CARGA HORÁRIA SEMANAL: 1,5 horas/aula CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 30 horas/aula I EMENTA Persecutio criminis. Inquérito policial. Ação

Leia mais

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior (01/10/2018).

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior (01/10/2018). CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior (01/10/2018). Juizados Especiais Cíveis, lei n.º 9.099/95. Competência. A opção do requerente pelo

Leia mais

- PARA CRIMES CUJA PENA MÁXIMA SEJA IGUAL OU SUPERIOR A QUATRO ANOS: PROCEDIMENTO ORDINÁRIO;

- PARA CRIMES CUJA PENA MÁXIMA SEJA IGUAL OU SUPERIOR A QUATRO ANOS: PROCEDIMENTO ORDINÁRIO; ESQUEMA DE ESTUDO PROCEDIMENTOS PENAIS PROFESSOR: PIETRO CHIDICHIMO JUNIOR NOVA FORMA DE ESCOLHA DOS PROCEDIMENTOS COMUNS COM O ADVENTO DA LEI N.º 11.719/08. EXCEÇÕES: PROCEDIMENTO DE FUNCIONÁRIO E HONRA

Leia mais

o TRIBUNAL DO JÚRI E OS CRIMES DE

o TRIBUNAL DO JÚRI E OS CRIMES DE 169 o TRIBUNAL DO JÚRI E OS CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO MARCOS DE HOLANDA Professor de "Direito Processual Penal" da Faculdade de Direito da UFC; Mestre em Direito Público pela UFC; Advogado Criminal;

Leia mais

PONTO 1: Procedimentos

PONTO 1: Procedimentos 1 PROCESSO PENAL PONTO 1: Procedimentos PROCEDIMENTOS Procedimento/rito é a forma pela qual se desenvolve o processo. Indicações bibliográficas: Nucci e Avena, ambos edição de 2009. Art. 394 do CPP. Hoje,

Leia mais

b) as medidas de segurança e as penas são aplicáveis tanto aos inimputáveis como aos semi-imputáveis;

b) as medidas de segurança e as penas são aplicáveis tanto aos inimputáveis como aos semi-imputáveis; DIREITO PENAL II - CCJ0032 Título SEMANA 16 Descrição 1) As medidas de segurança diferem das penas nos seguintes pontos: a) as penas são proporcionais à periculosidade do agente; b) as medidas de segurança

Leia mais

1. Previsão Constitucional: 2. Leis Instituidoras: 3. Competência:

1. Previsão Constitucional: 2. Leis Instituidoras: 3. Competência: 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL PONTO 1: Previsão Constitucional PONTO 2: Leis Instituidoras PONTO 3: Competência PONTO 4: Causas de exclusão/ afastamento da competência do JECRIM PONTO 5: O JECRIM e as Leis

Leia mais

6 - Réu Lídio Laurindo: restou absolvido de todas as acusações; 7 - Réu Cildo Ananias: restou absolvido de todas as acusações.

6 - Réu Lídio Laurindo: restou absolvido de todas as acusações; 7 - Réu Cildo Ananias: restou absolvido de todas as acusações. PROCEDIMENTO ESP.DOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DO JÚRI Nº 2004.71.04.005970-2/RS AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ACUSADO : IRENI FRANCO : ZIGOMAR TEODORO : LEOMAR CORREIA : CILDO ANANIAS : SERGIO ANANIAS

Leia mais

DIREITO ELEITORAL. Processo penal eleitoral Parte 2. Prof. Roberto Moreira de Almeida

DIREITO ELEITORAL. Processo penal eleitoral Parte 2. Prof. Roberto Moreira de Almeida DIREITO ELEITORAL Processo penal eleitoral Parte 2 Prof. Roberto Moreira de Almeida Competência Regra geral A competência da Justiça Eleitoral, inclusive a criminal, nos termos do caput do art. 121 da

Leia mais