INCORPORAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS NA APICULTURA FAMILIAR DA REGIÃO DE IRATI, CENTRO SUL DO PARANÁ

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Natália Barros Felgueiras
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1 INCORPORAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS NA APICULTURA FAMILIAR DA REGIÃO DE IRATI, CENTRO SUL DO PARANÁ Adalberto Klossowski (Bolsista SETI- UNICENTRO); Jairo Woruby (Bolsista SETI- UNICENTRO), Maicon Dziadzio (Bolsista SETI- UNICENTRO); Angela Guedes Moreira Lara (SETI- UNICENTRO); Gabriela Schmitz Gomes (Orientadora) Universidade Estadual do Centro-Oeste/ Setor de Ciências Agrárias/Departamento de Engenharia Florestal/ Laboratório de Agrossilvicultura/ Projeto Permanente de Extensão Apiários Rio de Mel Palavras-chave: boas práticas apícolas, inovação tecnológica, apicultura racional, manejo apícola Resumo: O trabalho esta sendo desenvolvido em propriedades que fazem parte da rede de fomentados do projeto permanente de extensão Apiários Rio de Mel, buscando inserir nos apiários técnicas de manejo e novas tecnologias para se conseguir um produto de melhor qualidade, ou seja, um mel que possa ser extraído em centrifuga, agregando valor a esse. Introdução A região Centro Sul do Paraná apresenta características favoráveis à prática da apicultura, já que boa parte de seu território é composto de áreas florestadas e predomina a agricultura familiar, no que a atividade contribui para a renda e a diversificação das propriedades rurais. No entanto, a apicultura familiar carece de tecnificação visando melhorar a qualidade de seu produto a partir da execução de Boas Práticas Apícolas, que envolvem a produção e o beneficiamento de mel e derivados das abelhas dentro de padrões sanitários. Dentre as boas práticas, a utilização de caixas padrão é ponto fundamental na criação racional de abelhas. Através desse sistema o mel é centrifugado em vez de ser esmagado ou prensado, o que prejudica a sua qualidade e, consequentemente, o preço. Através do projeto permanente de extensão Apiários Rio de Mel foi iniciada na região de Irati uma Rede de Fomento Apícola que almeja estender as boas práticas a apicultores familiares que já exercem a atividade e também propiciar o ingresso de outros na criação racional de abelhas. Neste trabalho serão apresentados os resultados obtidos com um grupo de fomentados do município de Fernandes Pinheiro, Paraná, vinculados à

2 Associação de Apicultores e Meliponicultores de Fernandes Pinheiro (AMFEPI). Materiais e Métodos O presente trabalho esta sendo desenvolvido desde agosto de 2008 nas propriedades de cinco agricultores familiares residentes nas comunidades de Bituva dos Killer, Bituva dos Machado, Bituva dos Saruva e Assungui, no município de Fernandes Pinheiro, Estado do Paraná. Localizado no segundo planalto com uma altitude de 893 m, é município essencialmente agrícola. Segundo dados de IPARDES (2009), possui uma produção anual de 7.300kg de mel, embora a sua potencialidade seja muito maior, face ao montante de áreas florestadas que cobrem seu território. Através de financiamentos externos foram adquiridos e entregues aos agricultores, em sistema de crédito rotativo solidário, kits de apicultura contendo equipamentos de proteção individual e cinco caixas padrão composta de ninho e melgueiras. O fomentado, ao receber os materiais, se comprometia a devolver o seu valor em produto-mel nas próximas safras, permitindo que outro agricultor pudesse se beneficiar. A metodologia de ação previu a realização de um treinamento teóricoprático e a realização de visitas técnicas periódicas às propriedades fomentadas. Paralelamente, cada propriedade recebeu um diagnóstico ambiental, que apontou problemas e soluções, e está sendo georreferenciada para fins de rastreabilidade da produção. Resultados e Discussão Inicialmente, os fomentados reunidos em um grupo de 15 famílias de diversas comunidades da região de Irati participaram de um curso sobre Boas Práticas Apícolas, ministrado pela equipe do projeto Apiários Rio de Mel, no mês de agosto de 2008, no Campus da Unicentro.

3 Figura 1- Colocação de cera alveolada em quadro de caixa padrão Langstroth, durante curso de Boas Práticas Apícolas, realizado na Unicentro, Campus de Irati. Agosto de O processo de transferência das abelhas para as novas caixas no sistema padrão Langstroh (Figura 2) ocorreu em conjunto com os apicultores logo após receberem os kits. Figura 2- À esquerda, o sistema caixão, e a direita, o sistema de criação racional de abelhas em colméias padrão Langstroth. Foto dos autores. O processo de transferência dos enxames é uma operação na qual todos os favos de crias e mel são transferidos do caixão para os quadros das caixas padrão, inclusive as abelhas, para que, a partir dessa transferência as abelhas possam fazer mel nas melgueiras, que ficam sobrepostas ao ninho. No caixão não há sub-divisões e as crias se misturam aos favos com mel, que só podem ser retirados manualmente.

4 O mel produzido em melgueiras com quadros removíveis é um mel mais valorizado no mercado, pois é extraído em centrífugas e não há contato da mão do apicultor com o mel, mantendo assim a higiene e as propriedades originais do mel. Adicionalmente aumenta a produtividade, pois o apicultor pode recolocar o favo que foi centrifugado para que as abelhas possam completá-lo novamente, reaproveitando o mesmo quadro. Na primeira safra (novembro/dezembro de 2008) os apicultores já extraíram mel em centrífuga, baseando-se nas boas práticas apícolas propostas pela equipe do projeto. Do total de cinco propriedades analisadas, observou-se que em três delas era utilizado o sistema de exploração apícola em caixões, com uma produtividade média em torno de 7,5Kg de mel por colméia. Já no sistema de exploração utilizando melgueiras essa produtividade aumentou para 15kg de mel por caixa, proporcionando um aumento de 50% na produtividade, além de ganhos na melhoria da qualidade e preço de venda. Essa produtividade poderá aumentar a partir de um bom manejo no ninho, onde o produtor poderá retirar realeiras (células especiais para criação de rainhas) para evitar a enxameação, diferente do sistema caixão onde o produtor não pode realizar esse tipo de manejo. Essa mudança ocorreu com sucesso e os apicultores estão se adaptando ao sistema de exploração proposta pela equipe do projeto. Foi constatado pelos próprios fomentados que a apicultura no sistema padrão é vantajosa em comparação a exploração em sistema caixão, pois, o manejo torna-se mais fácil, a extração do mel é mais rápida e o fator mais importante é que a qualidade do mel é mantida. As técnicas de manejo repassadas aos apicultores lhes proporcionaram uma nova visão da apicultura, onde por iniciativa própria os apicultores estão mudando outras caixas tipo caixão e adaptando melgueiras sobre as mesmas. Nessa mudança de sistema o produtor consegue agregar uma renda maior ao seu produto e facilitar o manejo das colméias. A apicultura da nossa região necessita de inovações tecnológicas para que consiga agregar renda na exploração apícola. Além do mel, o produtor pode e deve retirar das colméias outros produtos das abelhas tais como: pólen, própolis, cera, geléia real e apitoxina, gerando mais renda ao seu apiário. Desse modo o apicultor deve sempre realizar um manejo adequado nas colméias para que consiga ter esses produtos e estar disposto a trabalhar com a apicultura sempre de forma ecologicamente correta, mantendo as florestas e sempre que possível agregando a ela mais espécies vegetais de interesse apícola. Conclusões A incorporação de boas práticas à apicultura familiar, como a utilização de caixas padrão, pode trazer benefícios financeiros e agregar valor à produção, representando uma alternativa viável na diversificação da propriedade rural.

5 Agradecimentos A equipe agradece à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) pelo apoio financeiro através do Programa Universidade Sem Fronteiras/ Sub-Programa Agricultura Familiar; Ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) pelo apoio financeiro através do PROEXT-2007; À Associação de Apicultores e Meliponicultores de Fernandes Pinheiro (AMFEPI) pela parceria. Referências iro.pdf Acesso em 10/09/2009

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