Mandelas. (quase Mandalas, só que não) Bernardo Domingos

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2 Mandelas (quase Mandalas, só que não) Bernardo Domingos Para as culturas hindu e budista, a Mandala é muito mais do que um objeto estético. A Mandala é o próprio movimento da vida e sua relação com o uno universal. É através das mandalas que interagimos e evoluímos. Para estas culturas, a experiência da vida segue a movimentos circulares que se sucedem como espirais, possibilitando aos praticantes que saiam das chamadas rodas da vida, em que os desejos e os vícios estão, para as mandalas superiores, onde a experiência material dá lugar à espiritual. Para estas culturas, cada forma e cada espaço vazio representam um aspecto deste movimento e por isso, representar uma mandala é uma ação meditativa que nos conduz nesse movimento ascensional. De fato, uma tradução possível para a palavra mandala é a expressão movimento circular universal. Não sou religioso, portanto, seria uma mentira dizer que estas mandalas aqui expostas compartilham dessa definição. Minha meditação ao criar estas pinturas, foi a meditação de um artista compondo uma nova peça. A ligação entre estas peças e as mandalas védicas está na definição da palavra, procurei pintar em cada uma delas o movimento, ainda que sejam objetos estáticos. Para tanto, lancei mão de elementos sensoriais e seus efeitos psicológicos, a iniciar pela forma de cada uma, ora repousante, ora dinâmica. Por conta disso, não poderiam ser quadros, de forma retangular. Apenas o tondo (nome que os renascentistas davam às pinturas em suportes circulares) poderia suportar às mandalas sem aprisioná-las. Para satisfazer essa necessidade, criei então os chassis elípticos feitos com bambu. Tal escolha, ainda que inconsciente, trouxe outro elemento meditativo, a passagem do tempo como elemento de maturação obrigatório. Cada ripa de bambu verde deve descansar em seu molde circular por um mês até que assuma sua forma final, que nem sempre fica regular devido às fibras e aos gomos da planta. Somente após este período é que o bambu já trabalhado pode receber a tela de lona crua. Preparada a lona, os desenhos foram transpostos para os seus respectivos suportes. Aqui as formas e cores obedeceram a uma lógica rítmica, como notas em uma melodia, muitas vezes se deformando para melhor compor com a forma da tela. O uso de cores puras e saturadas, bem como a relação de oposição complementar que existe entre algumas cores primárias e secundárias, é que cria junto ao ritmo das formas, o movimento interno presente em todas elas. Como nas Mandalas não existe diferença substancial entre o individual e o coletivo, a diferença de tamanhos e formas é que possibilita a ressonância desses movimentos individuais no todo da série, em uma Mandala de Mandalas. No meio do processo de criação desta série, morreu o último Grande Homem do século XX, Nelson Mandela. A partir de agora, fora alguns genocidas e sociopatas que ainda parasitam a política mundial, os notáveis do novecento repousam na história. O que começou com um jogo de palavras infantil torna-se uma homenagem póstuma ao ícone da igualdade racial, que no fundo, é a visão dos seres humanos como um só corpo, ainda que formado de individualidades singulares, como uma Mandala. Deste modo, apresento-lhes as Mandelas (quase Mandalas, só que não). Janeiro de 2014

3 Ritmo - 20 cm diâmetro Prima - 14,5 cm diâmetro Zodíaco - 22 cm diâmetro Solar - 24 cm diâmetro Centrífuga - 30,5 cm diâmetro Flor-do-Sol - 27,5 cm diâmetro Medidas Aproximadas

4 Órbita - 34 cm diâmetro Palco - 42 cm diâmetro Lótus - 45 cm diâmetro Luz interna - 50 cm diâmetro Pentatônica - 50 cm diâmetro Medidas Aproximadas

5 Caleidoscópica - 60 cm diâmetro Rosa dos ventos - 60 cm diâmetro Medidas Aproximadas

6 Mandelas (quase Mandalas, só que não) Bernardo Domingos Lista de Preços Prima R$ 30,00 Ritmo R$ 35,00 Solar R$ 45,00 Zodíaco R$ 50,00 Centrífuga R$ 55,00 Flor-do-Sol R$ 60,00 Órbita R$ 65,00 Palco R$ 100,00 Lótus R$ 120,00 Luz interna R$ 200,00 Pentatônica R$ 200,00 Caleidoscópica R$ 300,00 Rosa dos Ventos R$ 300,00