UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS THIBÉRIO MEDEIROS FERNANDES DE MACEDO ANÁLISE DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO: UMA ABORDAGEM TEÓRICA E METODOLÓGICA NATAL - RN 2015

2 THIBÉRIO MEDEIROS FERNANDES DE MACEDO ANÁLISE DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO: UMA ABORDAGEM TEÓRICA E METODOLÓGICA Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito básico necessário à obtenção do título de Bacharel em Economia. Orientadora: Prof.ª Maria da Luz Góis Campos NATAL - RN 2015

3 Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA. Macedo, Thibério Medeiros Fernandes de. Análise da desindustrialização no Brasil na indústria de transformação: uma abordagem teórica e metodológica / Thibério Medeiros Fernandes de Macedo. - Natal, RN, f. Orientadora: Profa. Ma. Maria da Luz Góis Campos. Monografia (Graduação em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Economia. Curso de Graduação em Ciências Econômicas. 1. Economia - Monografia. 2. Desindustrialização brasileira - Monografia. 3. Indústria de transformação - Monografia. 4. Produto interno bruto Monografia. I. Campos, Maria da Luz Góis. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU (81)

4 AGRADECIMENTOS Inicialmente quero agradecer a Deus por sempre me guiar para o lado das realizações e paz, e principalmente por ter colocado em minha vida pessoas tão boas e especiais. Aos meus pais Maurício e Conceição que sempre me proporcionaram o melhor que podiam, nunca desistiram e sempre confiaram em mim, poder retribuir todo o esforço que fizeram, me ver concluindo o curso e saber o que quero da vida profissional, com certeza é a melhor retribuição que eles podem ter. Aos meus irmãos, Thalita e Thúlio, que sempre me incentivaram e acreditaram que eu seria capaz, além de serem grandes exemplos. A minha namorada Marcelly, por ter me apoiado e ajudado para que eu obtivesse êxito nessa jornada. Aos meus amigos, onde contei e sei que posso contar com vocês para os próximos objetivos. Em especial à minha orientadora Maria da Luz, por ter abraçado esse trabalho comigo mesmo no pequeno prazo que tive e pela dedicação, apoio, ensinamentos e correções necessárias para que o trabalho pudesse dá certo. Enfim, meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma doaram um pouco de si para que a conclusão deste trabalho se tornasse possível.

5 EPÍGRAFE Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. Charles Chaplin

6 RESUMO A desindustrialização é um tema que está em evidência e que vem sendo alvo de muitos estudiosos e discussões por parte de economistas e teóricos. No caso do Brasil, essa discussão começou a partir dos anos 1980, quando a indústria de transformação começou a perder participação no Produto Interno Bruto (PIB) e virou alvo de uma série de debates e contrapontos por parte dos estudiosos na área. Partindo disso, e de acordo com o conceito definido de desindustrialização, o projeto de pesquisa busca analisar a desindustrialização na Indústria de Transformação através de seus aspectos históricos, teóricos, metodológicos e conjunturais. Para isso, serão feitas pesquisas documentais e bibliográficas com os autores e órgãos específicos, a fim de conceituar o tema proposto e suas fundamentações em relação à Teoria Econômica. Através dessa pesquisa e tomando com base a literatura brasileira apresentada, a indústria de transformação brasileira mostrou evidências conclusivas a respeito da ocorrência de desindustrialização na economia brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Desindustrialização, Indústria de Transformação, Produto Interno Bruto.

7 ABSTRACT De-industrialization is a topic that is in evidence and that has been the target of many scholars and discussions by economists and theorists. In Brazil, this discussion started from 1980, when the manufacturing industry started losing share in the Gross Domestic Product (GDP) and became the target of a series of debates and counterpoints by the scholars in the area. From this, and according to the defined concept of deindustrialization, the research project aims to analyze de-industrialization in the Manufacturing Industry through its historical, theoretical, methodological and situational aspects. For this, they will be made documentary and bibliographic research to the authors and specific organs in order to conceptualize the theme and its foundations in relation to economic theory. Through this research and taking based Brazilian literature presented to the Brazilian manufacturing industry showed conclusive evidence of the occurrence of de-industrialization in the Brazilian economy. KEYWORDS: De-industrialization, Manufacturing Industry, Gross Domestic Product.

8 LISTA DE FIGURAS Gráfico 1: Brasil - Evolução da Participação da Indústria de Transformação no PIB.. 27 Gráfico 2: Brasil Participação da Indústria de Transformação no PIB - % Gráfico 3: Taxa de Crescimento do PIB e da Indústria de Transformação (%) e Taxa real Efetiva de Câmbio Gráfico 4: Participação do Valor Adicionado da Indústria de Transformação a Preços de Gráfico 5: Balança Comercial Brasileira em US$ milhões Tabela 1: Participação Relativa da Indústria de Transformação no valor adicionado (VA) e no pessoal ocupado (PO) em %... 29

9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO: CAUSAS E EFEITOS Causas da Desindustrialização Efeitos da Desindustrialização DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS ASPECTOS MACROECONÔMICOS CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS... 38

10 1. INTRODUÇÃO Um tema em evidência e que gera diversas opiniões e discussões entre os economistas é sem dúvidas a desindustrialização. Partindo desse pressuposto, Marquetti (2002), realizou um dos primeiros estudos a apontar para a desindustrialização da economia brasileira. Esse autor apresentou dados para a indústria de transformação, mostrando que a economia brasileira, entre as décadas de 1980 e 1990, passara por um processo de desindustrialização, tanto em termos da participação no valor adicionado como em termos da participação do emprego, onde a participação no PIB da indústria de transformação reduziu aproximadamente 35% no período 1985 a Para Marquetti (2002), a desindustrialização ocorreu nesse período devido ao baixo investimento, em particular na indústria, realizado na economia do Brasil. Ainda com base nesse autor, devido à associação entre a transferência de recursos e de trabalho da indústria para setores com uma menor produtividade do trabalho, gerando menor crescimento do produto potencial no longo prazo, o processo de desindustrialização ocorrido nesse período seria essencialmente negativo sobre os prospectos de crescimento da economia brasileira. Por outro lado, Bonelli (2005) realizou um novo estudo, o qual aponta resultados que reforçam o estudo anterior feito por Marquetti sobre a desindustrialização no Brasil nas décadas de 1980 e As contas nacionais do Brasil forneceram informações que mostram uma redução de 42,3% em 1985 e de 31,4% em 1995, da participação da indústria de transformação no PIB, isto é, perda em torno de 25% em relação ao PIB em dez anos. Outro ponto a ser apontado, trata das mudanças pelas quais a economia brasileira sofreu no final da década de 1980 e início da década de 1990, que levaram a essa perda de participação da indústria de transformação no PIB, que podemos destacar: privatização em vários segmentos da indústria, sobrevalorização da taxa real de câmbio no período e a abertura comercial e financeira. Diante disso, outros autores também contribuíram com estudos acerca da desindustrialização na economia brasileira durante as décadas de 1980 e 1990, entre eles: Feijó, Carvalho e Almeida (2005, p.1) destacam que: o peso da indústria de transformação cai de 32,1% do PIB em 1986 para 19,7% do PIB em 1998, queda de 12 pontos percentuais, muito alta sob qualquer critério de avaliação. 10

11 Destarte, Almeida (2006), seguindo a mesma linha dos estudos anteriores, aponta uma nítida tendência à queda, por parte da participação da indústria de transformação no PIB, onde há uma redução de 37% no período compreendido entre 1985 e Contudo, essa tendência teria sido parcialmente revertida a partir de 1999, pois houve mudança no regime cambial brasileiro, que viabilizou, pelo menos até 2005, a diminuição ou eliminação da sobrevalorização cambial ocorrida no período Por outro lado, dados apresentados pelo IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) mostram resultados distintos em relação a desindustrialização, onde: Resultados mostram que a indústria brasileira preserva representatividade de todos os segmentos básicos segundo a classificação tecnológica. A desindustrialização ocorrida no Brasil, portanto, não exclui ou eliminou os setores de mais alta tecnologia, muito embora as políticas adotadas desde os anos 1990 não tenham beneficiado a maioria dos segmentos inclusos nesta categoria, exceção para o segmento de outros equipamentos de transporte (aeronaves) e refino de petróleo, neste caso, devido às políticas de substituição de importações e de desenvolvimento tecnológico, aplicadas pela estatal Petrobrás. Por outro lado, essas mesmas políticas na medida em que represaram os aumentos de emprego e de renda da população levaram a um retrocesso dos setores de mais baixa intensidade tecnológica na estrutura industrial brasileira. Tais setores, no entanto, são os mais empregadores da indústria. (IEDI, 2005, p.20). Nesse sentido, podemos ressaltar que os estudos teóricos apresentados pelos pesquisadores apontam que a desindustrialização é um fato que vem ocorrendo desde 1985, isso posto, quando analisado do ponto de vista das variáveis macroeconômicas, em especial: valor adicionado e participação do emprego industrial. Além disso, os pesquisadores apresentam dados que mostram a perda de participação da indústria no PIB do país. Nesse contexto, o presente estudo tem como propósito verificar o contra ponto entre os autores destacados e os dados apresentados pelo IEDI, além de aprofundar e esclarecer o debate entre ou autores na questão da desindustrialização. Dessa forma, o trabalho deve contribuir como base para futuros estudos e críticas, levantadas a partir da abordagem comparativa entre os autores, onde alguns pesquisadores destacam variáveis macroeconômicas como valor adicionado e participação no emprego industrial e outros apresentam resultados a partir do saldo da balança comercial. 11

12 Diante disso, o objetivo geral do estudo realizado é analisar a desindustrialização na indústria de transformação brasileira através dos seus aspectos históricos, teóricos, metodológicos e conjunturais. E para operacionalizar os fins a que se tratam, apresentamos os seguintes objetivos específicos: Apresentar o conceito de desindustrialização através da bibliografia pesquisada; Analisar as causas e efeitos do processo de desindustrialização e suas consequências dentro da economia do país e analisar dados estatísticos acerca da situação da indústria de transformação brasileira. De acordo com os objetivos da presente pesquisa podemos delimita-la como do tipo descritiva, tendo em vista, apresentarmos dados conjunturais da econômica brasileira no que se refere à indústria de transformação, apresentando um panorama macroeconômico do setor, através do método estatístico de análise descritiva. O procedimento metodológico adotado na elaboração desse estudo se deu mediante pesquisa bibliográfica, documental e levantamento de dados. Esses dados são de base secundária, tendo sido coletados através de relatórios de pesquisa e tabelas estatísticas, produzidos pelas seguintes instituições: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEADATA. Por outro lado, a pesquisa bibliográfica teve por base teórica os seguintes autores: Cano (2012), Marquetti (2002), Rowthorn E Ramaswamy (1999), Bresser-Pereira (2008), Palma (2005). O presente trabalho está dividido em três capítulos, além da introdução e das considerações finais. No primeiro capítulo é realizada uma abordagem histórica acerca do processo de instalação da indústria no Brasil. No segundo, busca-se apresentar o conceito de desindustrialização segundo a Teoria Econômica, bem como suas causas e efeitos. Destarte, no terceiro capitulo, realiza-se uma análise do desempenho da indústria de transformação brasileira, buscando as variáveis ou fatores que foram responsáveis pelo processo de desindustrialização na indústria pesquisada. 12

13 2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL Para que possamos entender como o processo de desindustrialização se instalou e passou a ser discutido no Brasil é preciso, a priori, entender como ocorreu o processo de industrialização no país. Suzigan (1988) destaca que o processo de industrialização da economia brasileira até fins da década de 1920, não apresentava elevados índices de produtividade na economia. A indústria estava atrelada ao setor agrícola-exportador e dependia da renda gerada por este setor para a produção dos manufaturados. Após a Primeira Guerra mundial, houve incentivo do Estado para estimular algumas indústrias especificas, não configurando em um investimento geral. A partir da década de 1930, a intervenção estatal em defesa do setor agrícola exportador, em crise, gerou maiores investimentos para o desenvolvimento industrial. Com a expansão da renda devido às atividades ligadas ao mercado interno, aumentou expressivamente a demanda por produtos manufaturados. Tais intervenções do governo, no setor industrial, permitiram a adoção de políticas macroeconômicas expansionistas, protecionismo à indústria e substituição na pauta de importações, o que gerou mecanismos de avanço para a industrialização no país. Estes mecanismos permitiram na década de 1940, geração de investimentos diretos para o setor de bens intermediários e na produção de motores pesados, o que formava a base para o desenvolvimento da atividade industrial no Brasil. Pode-se, então, compreender que as medidas tomadas para o desenvolvimento industrial no Brasil no período de 1930 até o final da década de 1940, permitiram a formação de uma base para o início da expansão dos investimentos no setor. Logo, em 1950, a intervenção do Governo condicionou a formação da estrutura do setor produtivo industrial, através do capital privado nacional, capital estrangeiro e do próprio Estado. Estabeleceu-se uma estratégia geral de desenvolvimento ou Plano de Metas, com a função de orientar a implementação de indústrias específicas, o que segundo Bacha e Bonelli (2005) foi decisivo para definir o padrão de industrialização inserido no Brasil. 13

14 Ainda conforme Suzigan (1988), a elevada proteção ao mercado interno e atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) que financiava o desenvolvimento industrial que estava concentrado nas indústrias de base e de infraestrutura. Além disso, o avanço da estrutura produtiva contribuiu para inserir segmentos da indústria pesada, da indústria de bens de consumo e indústrias de bens de capital, através do processo de substituição de importações de insumos básicos tornando-se suporte para o crescimento industrial no final da década de 1960 e meados da década de 1970, o chamado ciclo expansivo. A primeira fase do ciclo expansivo ( ), inserida no regime militar, foi definida por elevado crescimento industrial que decorreu pelos elevados investimentos que absorveram os níveis de capacidade ociosa que se encontravam as indústrias nacionais, nos anos anteriores. O Estado subsidiou a formação de capital industrial, através das isenções de impostos, subsidio nos financiamentos de longo prazo e incentivos fiscais, administrado por órgãos regionais, para reduzir os desequilíbrios regionais. A ampliação do mercado interno resultou da expansão da demanda por produtos manufaturados que se derivaram das políticas macroeconômicas adotadas, através de investimentos na infraestrutura econômica e social, em grande parte financiada por recursos externos, devido à facilidade de tomar empréstimos no mercado financeiro internacional, e também por recursos obtidos junto ao BNDE. Suzigan (1988) destaca que o auge da produção industrial no período do ciclo expansivo ( ), também chamado de milagre econômico 1, foi alavancado por setores como a indústria automobilística e indústria de bens de consumo duráveis. Houve aumento dos níveis de exportação decorrente do dinamismo do comércio mundial. 1 É a denominação dada à época de excepcional crescimento econômico durante o Regime Militar no Brasil, entre 1968 e 1973, também conhecidos pelos oposicionistas como "anos de chumbo". Nesse período do desenvolvimento brasileiro, a taxa de crescimento do PIB saltou de 9,8% a.a. em 1968 para 14% a.a em 1973, e a inflação passou de 19,46% em 1968, para 34,55% em Paradoxalmente, houve aumento da concentração de renda e da pobreza.( Singer 1972). 14

15 Fatores que contribuíram para o progresso industrial no Brasil, o que, segundo Almeida (2004), permitiu ao governo o lançamento do primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), entre os anos de 1972 a 1974, com o objetivo de modernizar a estrutura da economia brasileira, visando à integração nacional e desenvolvimento regional, através de investimentos, principalmente, na área de infraestrutura e no setor produtivo voltado para aumentar a competitividade e dinamismo da economia. No entanto, Suzigan (1988) ressalta que após o primeiro choque do petróleo 2, em 1973, houve queda na produção industrial, maior endividamento externo e déficit da balança comercial, devido à elevação dos preços das matérias primas no mercado internacional ( ). Como resultado de um maior esforço de acumulação de capital e diversificação da estrutura produtiva industrial foi introduzido o segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), período de 1975 a 1979, que visava uma nova fase de investimentos públicos e privados nas indústrias de insumos básicos e bens de capital, o que seria o segundo ciclo expansivo. O contexto econômico no qual foi inserido o II PND não apresentava bons aspectos, segundo Mantega (1997), a economia brasileira encontrava-se em deficiência estrutural, principalmente, nos setores de bens intermediários e de capital, tal situação foi agravada no período do milagre econômico somada à crise do petróleo que ao elevarem a demanda por consumo na economia, geraram maior escassez de matériaprima para a produção. Ainda com base em Mantega (1997), o II PND pretendia promover como prioridade investimentos nos setor de bens de capital e insumos básicos, como consequência, o governo reduziria o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que no ano 1974, estimava-se em 9,7%, porém, em 1978, aproximava-se de 5%. O governo financiava com baixas taxas de juros os investimentos na produção de bens de capital e na produção de petróleo para dar suporte para o desenvolvimento industrial, no qual era executado pelas empresas estatais, com o maior volume de capital, e empresas nacionais. 2 Ocorreu em 1973, quando os países do Oriente Médio descobriram que o petróleo é um bem não renovável e que, por isso, iria acabar algum dia. Os produtores então diminuíram a produção, elevando o preço do barril de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas três meses. As vendas para os EUA e a Europa também foram embargadas nessa época devido ao apoio dado Israel na Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). Com isso, as cotações chegaram a um valor equivalente a US$ 40 nos dias de hoje. 15

16 Percebe-se no final da década de 1980 que o II PND produziu uma alteração no padrão de acumulação de capital no Brasil. Através da conservação dos índices de participação da produção de bens de capital na indústria de transformação, o nível foi mantido em 16% desde 1975 até o final da década. Nota-se que houve alguns cortes de investimento em setores não prioritários, contudo, preservou-se o nível de crescimento nos demais setores da economia, como o de bens intermediários, bens de capital, bens duráveis e bens não duráveis, mesmo com a tendência de queda da participação da indústria de transformação na economia. Tais condições permitiram a economia brasileira atingir um equilíbrio inter setorial, não apresentando grandes mudanças nos índices de produção ao longo da década de 1980 (MANTEGA, 1997). Ao final do ciclo expansivo ( ) e de uma mudança não favorável da conjuntura econômica internacional, notava-se uma ausência de investimento nos setores de desenvolvimento cientifico e tecnológico, o que gerava ineficiência e falta de competitividade com o mercado externo. O esforço realizado pelo governo que se configurou no II PND teve maior participação do capital estrangeiro, devido á falta de recursos do setor nacional e das empresas estatais, o que vinculava o crescimento industrial à tecnologia estrangeira. Em linhas gerais, o desenvolvimento industrial brasileiro foi bastante estimulado no período de 1950 a 1973, formando a estrutura produtiva nacional. No final da década de 1980, houve uma tendência à redução da participação da indústria de transformação na economia, substituído pelo investimento em insumos básicos, produção de bens de capital e energia que estavam insuficientes para a demanda de consumo da economia. No mercado interno, a condição de alta rentabilidade para se produzir gerou indústrias com elevados índices de ineficiência e obsoletas, devido ao elevado protecionismo e falta de exigência quanto a metas de produção. As dificuldades para obtenção de crédito no mercado financeiro internacional somado as condições que se encontravam a economia brasileira resultaram no retrocesso do desenvolvimento industrial, logo no inicio da década de

17 3. ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO PROCESSO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO: CAUSAS E EFEITOS Rowthorn e Wells (1987) trazem o conceito de desindustrialização, como sendo um processo de mudança social e econômica causada pela eliminação ou redução da capacidade industrial ou atividade em um país ou região, especialmente a indústria pesada ou indústria transformadora. É um termo oposto de industrialização. Contudo, o conceito clássico de desindustrialização foi definido por Rowthorn e Ramaswamy (1999) como sendo uma redução persistente da participação do emprego industrial no emprego total de um país ou região. Com base nesse conceito, os assim chamados países desenvolvidos ou do primeiro mundo teriam passado por um forte processo de desindustrialização a partir da década de 1970, onde apresentavam uma taxa de 26,8% da participação industrial no emprego total, e na década de 1990, essa taxa reduziu para 20,1%. Por outro lado, a América Latina teria passado pelo mesmo processo na década de 1990, cuja participação industrial no emprego total era de 16,8% e no ano de 1998 passou para 14,2%. Um estudo mais recente promovido por Tregenna (2009) redefiniu de forma ampliada o conceito clássico de desindustrialização como sendo uma situação na qual tanto o emprego industrial como o valor adicionado da indústria se reduzem como proporção do emprego total e do PIB, respectivamente. A primeira observação importante a respeito do conceito ampliado de desindustrialização é que o mesmo é compatível com um crescimento expressivo da produção da indústria em termos físicos. De outro modo, uma economia não se desindustrializa quando a produção industrial está estagnada ou em queda, mas quando o setor industrial perde importância como fonte geradora de empregos e/ ou de valor adicionado para uma determinada economia. Dessa forma, a simples expansão da produção industrial não pode ser utilizada como prova da inexistência de desindustrialização. 17

18 A segunda observação é que a desindustrialização não está necessariamente associada a uma reprimarização da pauta de exportação 3. Visto que a participação da indústria no emprego e no valor adicionado pode se reduzir em função da transferência para o exterior das atividades manufatureiras mais intensivas em trabalho e/ou com menor valor adicionado. Nesse caso, a desindustrialização pode vir acompanhada por um aumento da participação de produtos com maior conteúdo tecnológico e maior valor adicionado na pauta de exportações. Diante disso, a desindustrialização é classificada como positiva. No entanto, se a desindustrialização vier acompanhada de uma reprimarização da pauta de exportações, ou seja, por um processo de reversão da pauta exportadora na direção de commodities, produtos primários ou manufaturas com baixo valor adicionado e/ou baixo conteúdo tecnológico; então isso pode ser sintoma da ocorrência de doença holandesa, ou seja, a desindustrialização causada pela apreciação da taxa real de câmbio resultante da descoberta de recursos naturais escassos num determinado país ou região. Desse modo, a desindustrialização é classificada como negativa, pois é o resultado de uma falha de mercado 4 na qual a existência e/ ou a descoberta de recursos naturais escassos, para os quais o preço de mercado é superior ao custo marginal social de produção, gera uma apreciação da taxa de câmbio real, produzindo assim uma externalidade negativa sobre o setor produtor de bens manufaturados (Bresser-Pereira, 2008). Em contrapartida, Cano (2012) considera que para uma análise detalhada sobre a desindustrialização é essencial a principio lembrar os conceitos de desenvolvimento e de subdesenvolvimento econômico, assim como o sentido da industrialização em tais processos. Desenvolvimento é o resultado de um longo processo de crescimento econômico, com elevado aumento da produtividade média, sem o qual o excedente não cresce o bastante para acelerar a taxa de investimento e diversificar a estrutura produtiva e do emprego. Esse processo intensifica a industrialização e urbanização para transformar de maneira progressista as estruturas sociais e políticas do país. 3 Quando uma economia industrializada passa a exportar mais produtos primários em detrimento de produtos manufaturados esse fenômeno é conhecido como reprimarização, isto é, um retorno à fase histórica quando essa economia exportava mais produtos primários do que manufaturas. 4 São fenômenos que impedem que a economia alcance um estado de bem estar social através do livre mercado, sem interferência do governo. 18

19 Por outro lado, o subdesenvolvimento, como mostrou Furtado (2000), seria uma forma de organização social no interior do sistema capitalista, sendo contrário à ideia de que seja uma etapa para o desenvolvimento, como podem sugerir os termos de país "emergente" e "em desenvolvimento". Na verdade, o subdesenvolvimento é um processo estrutural específico e não uma fase pela qual tenham passado os países hoje considerados desenvolvidos. Os países subdesenvolvidos tiveram, segundo Furtado, um processo de industrialização indireto, ou seja, como consequência do desenvolvimento dos países industrializados. Este processo histórico específico do Brasil criou uma industrialização dependente dos países já desenvolvidos e, portanto, não poderia jamais ser superado sem uma forte intervenção estatal que redirecionasse o excedente, até então usado para o "consumo conspícuo" das classes altas, para o setor produtivo. Note-se que isto não significava uma transformação do sistema produtivo por completo, mas um redirecionamento da política econômica e social do país que levasse em conta o verdadeiro desenvolvimento social. Nesse sentido podemos destacar com base no que foi apresentado pelos autores acima citados, que o conceito de desindustrialização apresenta diversas vertentes, desde sua relação com a redução da participação do emprego industrial no emprego total de um país, definido por Rowthorn e Ramaswamy (1999), como a metodologia usada por Tregenna (2009) que conceitua a desindustrialização a partir de duas observações, visto que a primeira mostra que a desindustrialização não ocorre quando a produção industrial está estagnada, mas sim quando apresenta uma perda de importância no PIB. A segunda, por sua vez, classifica a desindustrialização como sendo positiva ou negativa. Onde seria positiva quando a transferência da atividade de um setor para outro, mesmo se tratando de uma desindustrialização, vier acompanhada de aumento na participação de produtos de alta tecnologia. E seria negativa caso venha acompanhada de uma reversão da pauta exportadora na direção de commodities e produtos primários, ou seja, a desindustrialização causada pela apreciação da taxa real de câmbio resultante da descoberta de recursos escassos e matérias-primas em determinado país. 19

20 Cano (2012) destaca que o conceito de desindustrialização deve ser entendido, a partir da compreensão de dois outros conceitos, desenvolvimento e subdesenvolvimento. Visto que, desenvolvimento é o resultado de um longo processo de crescimento econômico, acompanhado de um elevado aumento da produtividade industrial. E o subdesenvolvimento seria um processo estrutural específico e não uma fase pela qual tenham passado os países hoje considerados desenvolvidos. 3.1 Causas da Desindustrialização Rowthorn e Ramaswamy (1999) destacam que a desindustrialização pode ser causada por fatores internos e externos a uma determinada economia. Os fatores internos seriam basicamente dois: uma mudança na relação entre a elasticidade renda da demanda por produtos manufaturados e serviços; e o crescimento mais rápido da produtividade na indústria do que do setor de serviços. Nesse contexto, o processo de desenvolvimento econômico levaria naturalmente todas as economias a se desindustrializar a partir de certo nível de renda per capita. Isso porque a elasticidade renda da demanda de serviços tende a crescer com o desenvolvimento econômico, tornando-se maior do que a elasticidade renda da demanda por manufaturados. Dessa forma, a continuidade do desenvolvimento econômico levará a um aumento da participação dos serviços no PIB e, a partir de um dado nível de renda per capita, a uma queda da participação da indústria no PIB. Além disso, como a produtividade do trabalho cresce mais rapidamente na indústria do que nos serviços, a participação do emprego industrial deverá iniciar seu processo de declínio antes da queda da participação da indústria no valor adicionado. Os fatores externos que induzem a desindustrialização estão relacionados ao grau de integração comercial e produtiva das economias, ou seja, com o estágio alcançado pelo assim clamado processo de globalização. Nesse contexto, os diferentes países podem se especializar na produção de manufaturados, caso da China e da Alemanha, ou na produção de serviços, caso dos Estados Unidos e Reino Unido. Além disso, alguns países podem se especializar na produção de manufaturados intensivos em trabalho qualificado, ao passo que outros podem se especializar na produção de manufaturados intensivos em trabalho não 20

21 qualificado. Esse padrão de desenvolvimento gera uma redução do emprego industrial em termos relativos no primeiro grupo e um aumento do emprego industrial no segundo grupo. Por fim, a relação entre a participação do emprego e do valor adicionado da indústria, e a renda per capita pode ser afetada pela doença holandesa (Palma, 2005). Assim, a abundância de recursos naturais pode induzir a uma redução da participação da indústria no emprego e no valor adicionado por intermédio da apreciação cambial, a qual resulta em perda de competitividade da indústria e déficit comercial crescente da mesma. Em outras palavras, a desindustrialização causada pela doença holandesa está associada a déficits comerciais crescentes da indústria e superávits comerciais crescentes no setor não industrial. A desindustrialização causada pela doença holandesa é também denominada de desindustrialização precoce, uma vez que a mesma se iniciaria a um nível de renda per capita inferior ao observado nos países desenvolvidos quando os mesmos iniciaram o seu processo de desindustrialização. Sendo assim, os países afetados pela doença holandesa iniciam o seu processo de desindustrialização sem terem alcançado o ponto de maturidade de suas respectivas estruturas industriais e, portanto, sem ter esgotado todas as possibilidades de desenvolvimento econômico que são permitidas pelo processo de industrialização. Por outro lado, Cano (2012) aponta que a desindustrialização no Brasil teve como causa pelo menos cinco fatores, entre eles estão: 1. A política cambial instaurada a partir do Plano Real. Conforme as reformas liberais e a política de estabilização, o câmbio excessivamente valorizado cumpre, até hoje, o papel de âncora dos preços. Esse fato produz parte do pagamento dos juros da dívida pública. O resultado da foi a crescente perda de competitividade internacional da indústria nacional perante outros países; 2. Outra razão resulta da abertura comercial pela qual o Brasil passou desde 1989, no governo Sarney, quando ocorre uma primeira investida quanto à proteção sobre as importações. A segunda ocorreu no governo Collor, em A terceira foi realizada no governo de Fernando Henrique Cardoso, a partir de Essa desregulamentação manteve-se e assim está até hoje. A abertura comercial com a 21

22 queda das tarifas e demais mecanismos protecionistas da indústria nacional complementou o efeito do câmbio valorizado, reduzindo bruscamente o grau de proteção em relação à concorrência internacional; 3. A taxa de juros elevada do país faz com que o empresário capitalista, compare-a com a taxa de lucro, com a expectativa de acumular capital. O empresário nacional fica atento a esse fenômeno e só investe em última instância, se necessário investir. Caso contrário, quebra e fecha. Em tais condições, o investimento é fortemente inibido, o que deixa a indústria vulnerável. Enfim, perde produtividade, novas oportunidades e competitividade, passando a ser um forte obstáculo ao desenvolvimento econômico do país; 4. IDE ou investimento direto estrangeiro. É visto que cresceu em números absolutos nos últimos anos, mas não se trata apenas no sentido global, no volume e participação no PIB. O investimento, contudo, é uma variável tão importante na economia que deve ser tratada com mais cuidado. Uma taxa de investimento precisa ser analisada estruturalmente, pois inicialmente é deduzido o investimento em carteira do fluxo total de capital estrangeiro, em geral, de caráter especulativo; 5. Os economistas ficam ainda mais preocupados pelo fato da economia mundial ter desacelerado de 2007 aos dias atuais. A partir da política econômica norteamericana e a da União Europeia, percebe-se que a maioria das economias desenvolvidas devem atravessar um período de longa crise, assim como, economistas críticos e várias instituições haviam previsto. Algumas dessas economias, como EUA e China (que perdeu parte dos mercados que disputava) estão obtendo taxas elevadas de crescimento das exportações e recuperando parte dos mercados, através de políticas agressivas no que se trata de mercado internacional de produtos. A taxa de juros e a oferta de commodities têm sido os primeiros pontos da discussão sobre a causa da desindustrialização. No que se refere ao setor de commodities trata-se do resultado da competitividade do Brasil com outros países, a 22

23 qual, o país sabe bem explorar. Já a taxa de juros alta é motivo de muitas insatisfações, pois afeta diretamente a atividade industrial, inviabilizando o investimento no setor. Além disso, comparada aos países centrais, a taxa de juros brasileira é expressivamente elevada (13,75%), o que favorece a entrada volumosa de divisas para especulação, valorizando o real e dificultando as exportações. Nesse caso, o aumento da produtividade é visto como fator de recuperação dessa situação, ao possibilitar a redução de custos e compensar a perda com o câmbio. Para que ocorra esse aumento da produtividade é necessário que haja investimento. Neste ponto, pode ocorrer outro gargalo causador da desindustrialização: o baixo nível de poupança nacional. Países com baixo níveis de poupança sofrem com escassez de recursos para investimentos e apresentam quedas na produção industrial. Diante disso, o país se sente obrigado a recorrer a capitais estrangeiros tornando vulnerável esse setor da economia. Soma-se a tudo isso a baixa qualificação da mão de obra que, na maioria dos casos, torna insuficiente a oferta da mesma. Com baixa qualificação da mão de obra, as indústrias, em grande parte, tomam iniciativas próprias de capacitação técnica dos trabalhadores (treinamentos, cursos de capacitação, etc.), o que impacta no aumento do seu custo. Cabe, nesse caso, ao Estado criar programas de capacitação de profissionais para estimular o crescimento industrial. 3.2 Efeitos da Desindustrialização No contexto dos modelos neoclássicos de crescimento a ocorrência ou não do fenômeno da desindustrialização é irrelevante, haja vista o crescimento de longo prazo é consequência apenas da acumulação de fatores e do progresso tecnológico, sendo independente da composição setorial da produção. Para esses modelos, uma unidade de valor adicionado tem o mesmo significado para o crescimento de longo prazo seja ela gerada na indústria, na agricultura e no setor de serviços. As diversas correntes do pensamento heterodoxo, contudo, consideram que o processo de crescimento econômico é setor-específico. 23

24 Os economistas heterodoxos Thirwall (2002) e Tregenna, (2009) acreditam que a indústria é o motor do crescimento de longo prazo das economias capitalistas, uma vez que: (i) Os efeitos de encadeamento para frente e para trás na cadeia produtiva são mais fortes na indústria do que nos demais setores da economia. (ii) A indústria é caracterizada pela presença de economias estáticas e dinâmicas de escala, de tal forma que a produtividade na indústria é uma função crescente da produção industrial. Esse fenômeno é conhecido na literatura econômica como lei de Kaldor-Verdoorn 5. (iii) A maior parte da mudança tecnológica ocorre na indústria. Além disso, boa parte do progresso tecnológico que ocorre no resto da economia é difundido a partir do setor manufatureiro. (iv) A elasticidade renda das importações de manufaturas é maior do que a elasticidade renda das importações de commodities e produtos primários. Dessa forma, a industrialização é tida como necessária para aliviar a restrição de balanço de pagamentos ao crescimento de longo prazo. Em suma, a indústria é vista como especial pelo pensamento heterodoxo, pois ela é a fonte de retornos crescentes de escala, pois é indispensável para a sustentação do crescimento no longo-prazo, é a fonte e/ou a principal difusora do progresso tecnológico e permite o relaxamento da restrição externa ao crescimento de longo prazo. Nesse contexto, a desindustrialização é um fenômeno que tem impacto negativo sobre o potencial de crescimento de longo-prazo, pois reduz a geração de retornos crescentes, diminui o ritmo de progresso técnico e aumenta a restrição externa ao crescimento. Nesse contexto, pode-se aferir que não houve confluência metodológica no que se pode frisar entre os autores, onde Cano (2012) mostra que a valorização cambial observada no período seria uma das causas da perda de competitividade da indústria nacional que passaria a sofrer a concorrência de produtos importados a preços competitivos e, com isso, o Brasil entraria em um processo de desindustrialização. Por 5 Associação do crescimento do emprego (e) com o crescimento do produto (q), partindo-se da identidade básica de que p º q e. 24

25 outro lado, o processo de desindustrialização, apresentado por Rowthorn e Coutts (2004), é inerente ao desenvolvimento econômico, diferente da visão apresentado por Cano (2012), e mostram que as ideias desse autor representam pontos de estreitamento e, não, desindustrialização precoce. 25

26 4. DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS ASPECTOS MACROECONÔMICOS Entre 1947 e 2013, a participação da indústria de transformação no produto interno bruto (PIB) apresentou dois períodos distintos, conforme observado no gráfico 1. Dos anos 1950 até 1985 transcorreu o primeiro período, caracterizado por um intenso processo de crescimento, diversificação e consolidação da estrutura industrial brasileira. Foi nesse período que a participação da indústria de transformação no PIB mais que duplicou, saltando dos 10,8% em 1952 para 27,2% em Já no segundo período, com início em 1986, observa-se uma expressiva perda de participação da indústria na produção agregada do país, o que configura um processo de desindustrialização. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estimativas da FIESP, a participação da Indústria de Transformação no PIB declinou mais de 51% ao longo do último período, atingindo, em 2013, a marca dos 13,0% Com o propósito de destacar alguns fatores explicativos dos dois períodos anteriormente ressaltados, será apresentado, nas páginas a seguir, um breve retrospecto do desenvolvimento da indústria no Brasil. 26

27 Gráfico 1: Brasil - Evolução da Participação da Indústria de Transformação no PIB Participação da Indústria de Transformação no PIB Brasileiro em % ( ) Fonte: IBGE - Elaboração Própria. No período que se estende do pós Segunda Guerra Mundial até o primeiro choque do petróleo (1973), a economia mundial passou por um processo de forte crescimento econômico liderado pela indústria. O Brasil aproveitou esse cenário externo favorável para implementar duas grandes políticas industriais capazes de alterar a estrutura industrial doméstica: o Plano de Metas ( ) e o II PND ( ). Planejado e fomentado pelo Estado ao longo desse período, o processo de industrialização brasileiro ganhou força com a instalação das indústrias de bens de consumo duráveis, bens de capital, insumos básicos e energia. Portanto, em face desse período de intensas transformações estruturais, a participação da indústria no PIB aumentou fortemente. Conforme Bonelli (2005), após esse período, a economia mundial passou por vários eventos adversos que influenciaram negativamente o ambiente macroeconômico, a demanda agregada e, por consequência, o crescimento da indústria. Destacam-se o segundo choque do petróleo (1979), o forte aumento da taxa de juros pelos EUA e a consequente crise da dívida pela qual o Brasil e outros emergentes sofreram, a aceleração da inflação doméstica nos anos 1980 e as crises financeiras da década de 1990 (mexicana, asiática e russa). A partir dos anos 1980, todos esses fatores 27

28 contribuíram para uma mudança de patamar na participação da produção industrial no PIB da economia mundial. De acordo com Cano (2012) no caso do Brasil, o processo de desindustrialização é precoce e nocivo à economia nacional, pois se associa a fenômenos negativos, tais como a perda de competitividade das exportações industriais, que se manifesta por meio da reprimarização da pauta exportadora; e o aumento das importações não somente de bens de capital e de consumo, sobretudo da China, como também de insumos industriais, o que afeta nocivamente diversas cadeias produtivas da indústria brasileira. Com relação a esse último fenômeno, observa-se um aumento da participação de produtos importados no consumo interno da indústria de transformação, perceptível nos resultados do Coeficiente de Importação da indústria de transformação (CI), divulgado pelo Departamento de Comércio Exterior da FIESP (DEREX), que saltou de uma média de 15,2% no período entre 2006 e 2007 para 22,7% no 4º trimestre de Esse aumento expressivo do CI em um curto intervalo de tempo evidencia a ocorrência de um vazamento do crescimento da indústria para o exterior. Marquetti (2002) apresentou um dos primeiros estudos acerca do tema desindustrialização da economia brasileira e mostrou através de dados apresentados na Tabela 2 que houve um processo de desindustrialização entre as décadas de 1980 e 1990, tanto em relação à participação do emprego, como o valor adicionado. Essa desindustrialização teria sido causada pelos baixos investimentos realizados na economia, especialmente na indústria. Esse processo de desindustrialização teria sido negativo sobre a economia, pois estaria associado à transferência de recursos e de trabalho da indústria para setores de menor produtividade, causando um menor crescimento do produto potencial no longo prazo. 28

29 Tabela 1: Participação Relativa da Indústria de Transformação no valor adicionado (VA) e no pessoal ocupado (PO) em % DISCR VA 31,3 31,6 28,6 25,7 23,8 22,7 21,6 21,0 20, ,2 19,1 PO 15,5 14,6 13,9 13,9 13,8 13,5 13,4 12,9 12, Fonte: Marquetti (2002, p 121) - Elaboração Própria. Bonelli (2005) reforça o estudo realizado por Marquetii (2002), através de dados fornecidos pelas contas nacionais do Brasil, que apontam uma redução de 42,3% em 1985 para 31,4% em 1995, por parte da participação da indústria no PIB. Essa queda foi resultado da redução da participação da indústria de transformação, que reduziu de 31,62 % em 1985, para 20,60% em O processo de perda de participação, segundo o autor, foi causado por mudanças, as quais passou a economia brasileira no final dos anos 1980 e inicio de 1990, entre elas: aumento da competição interna e externa, devido à abertura comercial e financeira; privatização em diversos segmentos industriais; e sobrevalorização da taxa real de câmbio Outros estudiosos a apontar evidências sobre a desindustrialização durante as décadas de 1980 e 1990 foram Feijó, Carvalho e Almeida (2005). Segundo dados apresentados por esses autores o peso da indústria de transformação cai de 32,1% do PIB em 1986 para 19,7% do PIB em Almeida (2006) seguindo a mesma linha dos estudos anteriores destaca que a participação da indústria de transformação no PIB apresentou tendência a queda no período compreendido entre 1985 e 1998, como mostra o Gráfico 2. Contudo, essa tendência teria sido parcialmente revertida a partir de 1999, com a mudança do regime cambial brasileiro, o que possibilitou, pelo menos até 2005, a redução ou eliminação da sobrevalorização cambial ocorrida no período

30 Gráfico 2: Brasil Participação da Indústria de Transformação no PIB - % Fonte: Almeida (2006) - Elaboração Própria. Argumentos contrários à tese de desindustrialização foram apresentados por Nassif (2008). Segundo esse autor, Não se pode falar que o Brasil tenha passado por um processo de desindustrialização porque não se assistiu a um processo generalizado de mudança na realocação de recursos produtivos e no padrão de especialização dos setores com tecnologias intensivas em escala, diferenciada e sciencebased para as indústrias baseadas em recursos naturais e em trabalho (Nassif, 2008, p. 89). A sua afirmação está apoiada numa análise detalhada acerca da composição do valor adicionado na indústria brasileira, por tipo de tecnologia, para o período De acordo com os dados apresentados por Nassif, a participação no valor adicionado da indústria dos setores intensivos em recursos naturais e em trabalho teria passado de 46,26% em 1996 para 49,79% em 2004; ao passo que a participação conjunta dos setores intensivos em escala, diferenciada e baseada em ciência passou de 30

31 53,72% em 1996 para 50,15% em Dessa forma, se observa uma relativa estabilidade da estrutura industrial brasileira no período em consideração, o que descartaria, portanto, a ocorrência de um processo de desindustrialização. Contudo, o autor em consideração parece confundir os conceitos de desindustrialização e doença holandesa. Deste modo para Nassif, a desindustrialização não seria um processo de perda de importância da indústria no emprego e no valor adicionado, mas de mudança na estrutura interna da própria indústria em direção a setores intensivos em recursos naturais e trabalho. Definido dessa forma, o conceito de desindustrialização não pode ser distinguido ao conceito de doença holandesa. Contudo, a literatura sobre desindustrialização deixa claro que a mesma pode ocorrer mesmo na ausência de doença holandesa. De acordo com estudos de autores brasileiros sobre o tema, parece impossível negar que a economia brasileira tenha passado por um processo de desindustrialização no período De fato, os estudos de Marquetti (2002), Bonelli (2005), Feijó et al (2005), Almeida (2006) e, até mesmo, Nassif (2008) apontam nessa direção. Contudo, a controvérsia recente sobre o tema, principalmente o debate travado nos jornais de grande circulação diária e em outros veículos de comunicação, parece se limitar ao comportamento da indústria brasileira no período posterior a mudança do regime cambial, notadamente o período , no qual se verificou uma aceleração da taxa de crescimento do valor adicionado da indústria de transformação relativamente ao período Os economistas ortodoxos insistem na tese de que, para esse período, não existem dados que comprovem a continuidade do processo de desindustrialização da economia brasileira. Pelo contrário, as mudanças macroeconômicas pelas quais o Brasil passou pós-1999, com a implementação do tripé metas de inflação-superávit primáriocâmbio flutuante, teria permitido um crescimento bastante robusto da produção industrial, eliminando assim o fantasma da desindustrialização. A grande dificuldade para se avaliar a continuidade ou não do processo de desindustrialização no período posterior à mudança do regime cambial brasileiro se encontra na mudança da metodologia de cálculo do PIB implementada pelo IBGE no primeiro trimestre de

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