INSTRUMENTOS DE POLÍTICA DO AMBIENTE. Isabel Mendes
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- Yago Meneses Pinto
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1 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA DO AMBIENTE Isabel Mendes
2 Objectivo: Introdução; Instrumentos de Regulação e Controle (IRC); Instrumentos Baseados em Incentivos (IBI); Critérios para a escolha dos instrumentos mais eficazes: comparação entre imposto, taxa, subsídos, mercados de direitos. Isabel Mendes ISEG/UTL 2
3 Introdução Porque são necessários os instrumentos de política ambiental? ECONOMIA é o estudo do uso dos Recursos Económicos pelos Agentes Económicos, com vista à satisfação das necessidades humanas. Os Recursos Económicos são escassos para a satisfação de todas as necessidades da Sociedade NECESSIDADE DE ESCOLHER; ESCOLHER DESISTIR de algo; DESISTIR de algo INSATISFAÇÃO; Isabel Mendes ISEG/UTL 3
4 Introdução(2) INSATISFAÇÃO CUSTO DE OPORTUNIDADE de usar recursos escassos na satisfação de uma necessidade em detrimento de outras que lhe são alternativas; CUSTO DE OPORTUNIDADE de usar recursos escassos para satisfazer uma necessidade = benefício (ou satisfação) de que se tem de abdicar, por não usar esses recursos na satisfação de outra necessidade alternativa. Se as decisões dos agentes económicos ultrapassarem a FPP, a sociedade sofrerá CUSTOS EXTERNOS (poluição, congestionamento, redução da biodiversidade, recursos naturais mais caros, inflação, diminuição das oportunidades de escolha, ). Isabel Mendes ISEG/UTL 4
5 Introdução(3) O objectivo da Economia é usar recursos escassos para maximizar o bem-estar social eficiência económica; Eficiência económica refere-se a uma situação na qual os custos de produção são mínimos (eficiência produtiva) e os consumidores querem os bens e serviços que são produzidos (afectação eficiente) e que lhes maximizam o bem-estar; Nos mercados competitivos, os direitos de propriedade privada + o mecanismo de preços (interacção Oferta/Procura) funcionam juntos para produzir produtos de mercado de forma eficiente para a sociedade (maximizam os benefícios líquidos); Isabel Mendes ISEG/UTL 5
6 3. 2 Instrumentos de Política Ambiental Introdução(4) Mas os mercados não são sempre competitivos: existem falhas que impedem a eficiência) = falhas de mercado + falhas institucionais + falhas políticas. Quando existem falhas, os mercados não conseguem, por si só, o bem-estar social para determinadas afectações de bens de consumo e de recurso produtivos que o Benefício Marginal Social não é igual ao Custo Marginal Social. FALHAS DE MERCADO: há 2 grupos de falhas de mercado que mais interessam ao meio-ambiente: 1. Externalidades; 2. Bens Públicos; Isabel Mendes ISEG/UTL 6
7 Introdução(5) 1. Externalidades: se os benefícos/custos privados das decisões não igualarem os benefícos/custos sociais então há externalidades. Exemplo do efeito de uma Externalidade Negativa sobre uma afectação óptima: Uma empresa competitiva q*: p(q*) = CMP(q*), produz um bem de mercado + efluentes que despeja directamente na ribeira da zona e que vão afectar negativamente a produção de uma outra empresa, sua vizinha. Neste caso existe uma externalidade negativa: os custos privados da empresa não coincidem com os custos que ela impõe à sociedade, ou seja, os custos sociais (Figura 1): Isabel Mendes ISEG/UTL 7
8 3. 2 Instrumentos de Política Ambiental Introdução(6) p;cmp; CMS p* CMS(q) Custo Marginal Externo p* c d b CMP(q) a q* S q* P q Figura 1 Efeitos da não Consideração da Externalidade Negativa sobre o Equilíbrio de Mercado Isabel Mendes ISEG/UTL 8
9 Introdução (7) Efeitos: na presença de externalidades negativas, a empresa concorrencial produz um output ineficiente: produz mais do que deveria; gasta mais recursos económicos do que deveria; e arrecada um maior excedente do que deveria. 2. Bens Públicos: são não-exclusivos e/ou não-rivais: bens públicos puros = não-exclusividade + não-rivalidade; bens públicos quasi-puros: admitem alguma exclusão e alguma exaustão de consumo (praias; piscinas; parques; áreas protegidas; bibliotecas públicas, pontes); Isabel Mendes ISEG/UTL 9
10 Introdução (8) bens comuns: são bens para os quais se torna muito cara a exclusão mas que admitem rivalidade (recursos piscatórios; aquíferos; pastagens comunitárias); bens de mérito: é um bem que existe porque é reconhecidamente bom para a sociedade, independentemente de ele ter sido ou não escolhido pelos consumidores (áreas protegidas). Os mercados privados não conseguem gerar níveis de produção de Bens Públicos compatíveis com um equilíbrio eficiente, por ser impossível (ou quase) fazer com que os utilizadores paguem por eles. Isabel Mendes ISEG/UTL 10
11 Introdução (9) FALHAS INSTITUCIONAIS: - Recursos de uso comum: baldios, mares, rios e lagos, atmosfera, água; - Direitos de propriedade mal definidos. Efeitos: sobre-utilização (os custos da sobre-utilização não fazem parte da decisão dos utilizadores); a escassez associada à sobre-utilização é desconhecida; o valor dos recursos não é conhecido. Isabel Mendes ISEG/UTL 11
12 Introdução (10) FALHAS POLÍTICAS: - Subsídios aos factores de produção (subsídios à energia; água; capital) redução dos verdadeiros custos de produção uso ineficiente e excessivo de recursos; - Protecção à Indústria limita as pressões externas para que a Indústria se torne mais eficiente e adopte bens e processos produtivos mais sustentáveis; - Protecção à Agricultura (PAC tradicional) incentiva produções não sustentáveis. Isabel Mendes ISEG/UTL 12
13 Introdução (11) Porque são então necessários os instrumentos de política ambiental? A coexistência dos três conjuntos de falhas ineficiência económica: Sub-valorização (ou desconhecimento do valor) significativa de recursos, bens e serviços ambientais; Custos sociais consideráveis (sobre-consumo; esgotamento de recursos; externalidades; desvio de recursos financeiros de outras áreas públicas); Isabel Mendes ISEG/UTL 13
14 3.2 Instrumentos de Política al Introdução (12) A existência de falhas, conjugada com a dimensão económica do meio-ambiente, impossibilita o mercado de levar os agentes económicos a tomarem decisões eficientes. É necessária a intervenção de organismos externos (Estado) para: motivar a alteração de comportamentos dos agentes económicos empresas, consumidores de forma a induzir uma re-afectação dos recursos mais sustentável; poupar e gerar recursos financeiros adicionais que possam ser usados para financiar projectos sustentáveis. Isabel Mendes ISEG/UTL 14
15 Introdução (13) O primeiro passo da política ambiental: definir os objectivos ambientais compatíveis com critérios de eficiência económica. Tipo de objectivos ambientais: Normas ambientais; Normas tecnológicas; Normas de execução. Isabel Mendes ISEG/UTL 15
16 Introdução (14) Normas ambientais = nível de qualidade desejável para uma componente ambiental (água, água). Expressas em níveis máximos de concentração de poluição admissível (ver normas ambientais da UE). A norma ambiental é uma meta a alcançar através de um limite à poluição. Este limite à poluição é implementado através das duas outras normas. Isabel Mendes ISEG/UTL 16
17 Introdução (15) Normas tecnológicos = definem o tipo de mecanismos que devem ser usados na diminuição e controle da poluição. Exemplo: obrigar todas as centrais térmicas a carvão a usarem depuradores das emissões de forma a que todas emitam o mesmo nível de emissões. Isabel Mendes ISEG/UTL 17
18 Introdução (16) Normas de execução = especificam o limite de emissões que deve ser alcançado por todos os poluidores regulamentados, mas não estipula a tecnologia que deve ser usada para atingir as metas. Permitem que sejam os próprios poluidores a escolherem o método e a tecnologia mais eficientes para atingirem a norma ambiental. Isabel Mendes ISEG/UTL 18
19 Introdução (17) A adopção de normas ambientais levanta duas questões económicas: 1ª - a determinação do nível de redução de efluentes compatível com a maximização do bem-estar social; 2ª - o controle da execução das normas ambientais, feito de forma compatível com a maximização do bemestar. Isabel Mendes ISEG/UTL 19
20 Introdução (18) 1ª - Como são calculadas as normas ambientais? Na perspectiva económica, devem ser definidas segundo critérios de eficiência, para que não existam perdas de bemestar para a sociedade definir o nível de redução das emissões economicamente eficiente (R*): Custo Marginal Social da Redução (CMS(R*)) = Benefício Marginal Social da Redução (BMS(R*)) Sendo: Isabel Mendes ISEG/UTL 20
21 Introdução (19) CMS(R ) = custos suportados pela sociedade à medida que as emissões são reduzidas: CMS(R ) = Σ custos marginais de cada uma das actividades de redução de emissões + custos marginais do governo com a monitorização e a execução das normas. BMS(R ) = ganhos sociais associados às melhorias ambientais (saúde, ecosistemas, paisagem, propriedade) medida da redução dos custos ou dos danos associados à poluição. Isabel Mendes ISEG/UTL 21
22 Introdução (20) Graficamente: CMS(R); BMS(R) BMS(R)> CMS(R) CMS(R*)= BMS(R*) CMS(R)> BMS(R) CMS(R) BMS(R) R 0 R * R 1 Redução R Figura 1 Determinação do Nível Eficiente de Redução das Emissões de Poluentes Isabel Mendes ISEG/UTL 22
23 Introdução (21) É possível calcular R* (normas de emissão) eficientes? É pouco provável porque: Há restrições legislativas: as normas ambientais nem sempre são definidas em termos de benefícios/custos. Muitas vezes são definidas apenas em termos dos benefícios para a sociedade, sem ter os custos em conta recursos a mais desviados para o ambiente; Há informação imperfeita: como a poluição é um bem público as preferências relacionadas com a redução das emissões não são imediatamente conhecidas; mas há métodos para monetarizar os benefícios associados à redução; no caso dos custos é difícil conhecer o custo de redução de cada agente poluído; Isabel Mendes ISEG/UTL 23
24 Introdução (22) Há diferenças regionais: os custos/benefícios da redução variam com as especificidades regionais dificuldades se os parâmetros são definidos a nível nacional; Os poluentes podem ter efeitos diferentes sobre o meioambiente de local para local. Isabel Mendes ISEG/UTL 24
25 Introdução (23) 2ª - Como é controlada a execução das normas ambientais? É necessário escolher instrumentos de contrôle, para: i) confirmar a aplicação das normas; ii) para verificar se a execução é feita ao mais baixo custo = custo-eficiente, em alternativa à norma ambiental eficiente R* - critério do second-best. Isabel Mendes ISEG/UTL 25
26 Definição dos Instrumentos e suas aplicações A política ambiental dispõe de dois grandes grupos de Instrumentos para executarem e fazerem executar as normas ambientais: 2.1 Instrumentos para cumprir as metas de redução de emissões usam as normas ambientais e/ou restrições tecnológicas para regular directamente as fontes de poluição; 2.2 Instrumentos baseados em mecanismos de mercado- usam incentivos que, através de mecanismos de mercado, motivam os agentes a adoptarem decisões sustentáveis; Isabel Mendes ISEG/UTL 26
27 3.2.1 Instrumentos de Controle Directo de Emissões(1) Instrumentos de Regulação e Controle (IRC): consistem na promulgação de leis e de regulamentações que fixam os objectivos, padrões e tecnologias que os poluidores devem aplicar. Os IRC s são os instrumentos mais convencionais e os primeiros a serem usados, quando começaram as políticas ambientais: anos 60 e 70 (países industrializados). A Figura 2 representa um esquema de classificação dos IRC s. Isabel Mendes ISEG/UTL 27
28 3.2.1 Instrumentos de Controle Directo de Emissões(2) NÍVEIS POLUIÇÃO AMBIENTAL NORMAS AMBIENTAIS FIGURA 2 Emissões por unidade de output Quantidade de Bens produzida Localização de emissões Licenças de emissão Quotas de output Zonamento de emissões Tecnologia Inputs usados Controles tecnológicos Restrições de inputs Poluentes nãouniformes (a) Produção/emissões (b) IRC nas fases de produção Isabel Mendes ISEG/UTL 28
29 3.2.1 Instrumentos de Controle Directo de Emissões(3) Na Figura 2: - Painel (a) representa as relações entre a produção com os níveis de poluição; - Painel (b) representa os IRC para intervir em cada uma das fases de produção. Na Figura 3 apresentamos alguns exemplos de aplicação de IRC e dos factores a considerar no estabelecimento das metas Isabel Mendes ISEG/UTL 29
30 3.2.1 Instrumentos de Controle Directo de Emissões(4) Campo de aplicação Ar Água Resíduos Sólidos Tipo de Cobertura Níveis de qualidade do ar Efluentes com origem estática e dispersa Definição e caracterização da deposição e tratamento Factores a considerar na definição dos limites Limites mínimos da qualidade do ar, compatíveis com objectivos de saúde pública: só devem ser considerados os benefícios da regulação Limites mínimos de qualidade da água para vários usos (potável, natação, pesca, ): devem ser considerados benefícios e custos Só devem ser considerados os benefícios da regulação mas não os custos Controle de Substâncias Restringir o uso de substâncias perigosas: químicos na agricultura, e na produção de alimentos As metas devem ser definidas em termos de eficiência. Benefícios e custos devem ser considerados Biodiversida de Restringir o uso de solos Benefícios e Custos devem ser considerados. Sistemas de compensações aos proprietários Figura 3 Exemplos de Aplicação dos IRC, Tipos de Cobertura e Factores a Considerar Isabel Mendes ISEG/UTL 30
31 3.2.1 Instrumentos de Controle Directo de Emissões(5) Todavia, o uso de regulamentos não tem tido o sucesso esperado. Algumas razões do insucesso relativo dos IRC: Os IRC não cumprem a regra do second-best: não são custo-eficientes os custos relativos de todos os instrumentos de controle não são calculados e não são seleccionados os instrumentos menos dispendiosos, na maior parte dos casos. [ver outras críticas mais adiante] Isabel Mendes ISEG/UTL 31
32 3.2.2 Instrumentos baseados em mecanismos de mercado(6) Por si só os mercados não resolvem os problemas ambientais: mas os incentivos que definem o funcionamento dos mercados são úteis à política ambiental. Como actuam os instrumentos de mercado? Genericamente, os preços e outras variáveis económicas são usados como incentivos aos poluidores e consumidores para adoptarem comportamentos sustentáveis. Os preços e as variáveis económicas obrigam os agentes Económicos a internalizarem os verdadeiros custos sociais associados às suas decisões e a serem eficientes (ver Introdução). Isabel Mendes ISEG/UTL 32
33 3.2.2 Instrumentos baseados em mecanismos de mercado(7) O principal objectivo do uso destes instrumentos é o de revelar a consumidores e produtores os verdadeiros Custos sociais das suas decisões e não apenas os Custos Privados política do preço total social (P) (Figura 5), segundo a qual: P = CMS(Q) Onde: P = preço total social de mercado; CMS(Q) = custo marginal social de produção e: Isabel Mendes ISEG/UTL 33
34 3.2.2 Instrumentos baseados em mecanismos de mercado(8) CMS(Q) = CMP(Q) + CMU(Q) +CAM(Q) CMP(Q) = custo marginal privado de produção (trabalho, capital, matérias-primas, ); CMU(Q) = custo marginal do utilizador (benefícios futuros perdidos devido aos efeitos da sobre-produção de produtos e de sobre-utilização de factores ambientais); CAM(Q) = custos marginais ambientais (danos impostos pela actividade poluente sobre os outros agentes, as outras actividades económicas e o meio ambiente. Isabel Mendes ISEG/UTL 34
35 3.2.2 Instrumentos baseados em mecanismos de mercado(9) P CMS=CMP 0 -S+CMU 0 +CME 0 CMP 0 -S+CMU 0 P* D CME 0 CMP 0 -S P 0 C B A CMU 0 S -1 = CMP 0 subsidiado -S D -1 =BMS Q* Q 0 Q Figura 5 Efeitos da Internalização dos Custos associados às falhas de Mercado sobre o Equilíbrio. Isabel Mendes ISEG/UTL 35
36 3.2.2 Instrumentos baseados em mecanismos de mercado(10) Tipos de instrumentos de mercado: Direitos de propriedade e criação de mercados; Instrumentos fiscais e subsídios; Instrumentos financeiros; Sistemas de depósito com devolução; Instrumentos de Responsabilidade Social Isabel Mendes ISEG/UTL 36
37 1 Direitos de propriedade e criação de mercados(11) Direitos de Propriedade Justificam a origem da falha de mercado com a não existência de direitos de propriedade bens definidos, seguros e transferíveis. Permitem internalizar os custos associados à sobreutilização dos recursos, nomeadamente dos recursos com acesso público o proprietário só iniciará a exploração se o preço do bem ambiental cobrir os custos de extracção + custos de oportunidade de utilização. Isabel Mendes ISEG/UTL 37
38 1 Direitos de propriedade e criação de mercados (12) Adequados: em situações associadas a recursos escassos com externalidades pouco significativas, que possam ser emparcelados ou delimitados, cujo perímetro possa ser demarcado e o seu acesso controlado. Há três tipos de direitos de propriedade (privada, comunal ou estatal): Direitos de propriedade (títulos de terras; usos de água; direitos de extracção); Direitos de uso (licenciamentos, regimes de concessão) Direitos de Desenvolvimento (patentes, direitos de prospecção). Isabel Mendes ISEG/UTL 38
39 1 Direitos de propriedade e criação de mercados (13) Não-adequados: à protecção ambiental; à gestão de recursos naturais não fixos e de acesso livre (recursos piscícolas, atmosfera, clima, aquíferos); ou quando há externalidades significativas que violam o direito de propriedade sobre o recurso (e.g. quando a água é receptora de efluentes produzidos a montante) a segurança e a exclusividade do direito ficam comprometidas; ou quando o recurso ou o seu uso geram externalidades significativas (caso de uma floresta com elevados benefícios de conservação). Isabel Mendes ISEG/UTL 39
40 1 Direitos de propriedade e criação de mercados (14) Vantagens: Vão à raiz da inexistência de mercado; Ao governo cabe apenas a tarefa de garantir as infra-estruturas institucionais e legais para o bom funcionamento do mercado: o governo afecta os direitos; o mercado afecta os recursos; Custos administrativos baixos; minimiza os efeitos de intervir no sistema de preços; Podem ser geridos em conjunto com outros instrumentos; São eficientes se forem claramente definidos, se forem exclusivos, transferíveis e executáveis e se não existirem outras falhas de mercado. Isabel Mendes ISEG/UTL 40
41 1 Direitos de propriedade e criação de mercados (15) Desvantagens: Custos políticos: corrupção, pagamento de favores políticos, obtenção de rendas; Tem implicações a nível da repartição: o proprietário apodera-se do valor total do recurso; Direitos de propriedade definitivos são uma arma de dois gumes; melhoram a repartição; mas simultaneamente criam oportunidades de exigências por parte de lobbys e afastam os pobres do usufruto dos recursos comuns. Isabel Mendes ISEG/UTL 41
42 1 Direitos de propriedade e criação de mercados (16) Mercados de Emissões: criam mercados para direitos de poluir transaccionáveis - definem o nível de poluição socialmente aceitável, emitem créditos ou autorizações a poluir e deixa-se o mercado fixar o preço de transaccção dos direitos. Baseiam-se na criação de mercados para gerir a qualidade ambiental: são afectados direitos de uso, é calculado um preço de transacção dos direitos, e a transacção de direitos é livre. Tipos de Mercados de Emissões: Direitos de emissão transaccionáveis (ar); Quotas transaccionáveis de desenvolvimento (pressões do sector turístico e da construção); Quotas de água transaccionáveis (o recurso é indivisível fisicamente mas divisível no seu uso). Isabel Mendes ISEG/UTL 42
43 1 Direitos de propriedade e criação de mercados (17) Vantagens: Os efeitos sobre a redução de emissões são semelhantes aos dos impostos/taxas: ambos incentivam à tomada de decisão acerca da redução das emissões ateravés do custo marginal de redução; É o mercado que define os preços dos direitos sem intervenção de terceira entidade: nas taxas é o governo tem que definir o montante compatível com a meta que se quer atingir; Este sistema é mais flexível do que o das taxas: o número de direitos podem ser ajustados às mudanças do objectivo ambiental. Desvantagens: O sistema de taxas gera rendimentos sobre as unidades de poluição não tratadas mas os mercados não o fazem, o que pode ser crítico quando existem situações graves de déficits orçamentais. Isabel Mendes ISEG/UTL 43
44 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(18) São usados para eliminar a diferença entre os custos privados e os custos sociais de produção. Incluem impostos,taxas e subsídios. Impostos: Imposto Pigouviano (Figura 6) : valor do imposto (taxa ou subsídio) = dano marginal ambiental que corresponde ao nível de poluição socialmente óptimo. Isabel Mendes ISEG/UTL 44
45 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(19) P;Cust os P* 1 P* 0 t B D C A CMS D -1 = BMS CMP Dano Marginal associado à produção de Q* 0. Equivale à perda sofrida pela sociedade. Receita Fiscal P S Q* 1 Q* 0 Q Figura 6 Representação de uma taxa Pigouviana sobre um produto poluente e dos seus efeitos sobre o equilíbrio Isabel Mendes ISEG/UTL 45
46 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(20) Consequências do imposto Pigouviano sobre o output: O equilíbrio muda de A para B output Q e preço de venda ao consumidor; A externalidade para além da socialmente aceite é reduzida a zero; É gerada uma receita fiscal. Os impostos podem ser aplicados: i) aos inputs cuja produção/uso está associado à poluição (combustíveis; pesticidas); ii) aos produtos consumo final (gasolina); iii) É muito aplicada a política de diferenciação de impostos. Isabel Mendes ISEG/UTL 46
47 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(21) Taxas de emissão Pigouviana: na prática a aplicação do imposto sobre um produto cuja produção gera poluição é difícil porque: 1º) É difícil calcular o valor monetário do dano ambiental e calcular Q* 1 ; 2º) A poluição é diminuída apenas pela redução do output, o que é uma restrição pouco realista em alguns casos. Uma solução mais prática será aplicar uma taxa sobre a emissão do poluente em vez do imposto. Isabel Mendes ISEG/UTL 47
48 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(22) A taxa de emissão atribui um preço directo à poluição custo de produção adicional para a empresa. O empresário, confrontado com os custos sociais da sua actividade, tem várias alternativas: Continua a produzir o mesmo output e paga o preço do poluente emitido com o output; Continua a produzir o mesmo output com a mesma tecnologia, mas introduz métodos de redução de poluição, reduzindo os custos de poluir; Continua a produzir o mesmo output mas adopta uma tecnologia mais limpa e poupadora de recursos; Passa a produzir outro tipo de output mais amigo do ambiente. Isabel Mendes ISEG/UTL 48
49 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(23) Como é fixada a taxa de emissão Pigouviana: A taxa é fixada de forma a que as firmas possam tomar decisões sobre a minimização dos custos de produção (Figura 7): 1º) O governo define um nível de redução considerado socialmente aceitável: R A ; 2º) A seguir é implementada uma política ambiental que confronta a firma com duas opções: ou paga uma taxa t unitária igual à diferença entre o custo do seu esforço de redução actual (R 0 ) e R A tal que: taxa total = t (R A -R 0 ) ; ou a firma suporta o custo de redução. Isabel Mendes ISEG/UTL 49
50 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(24) CMR(R) c TM = taxa marginal = carga de imposto; t a b TM CMR = custo marginal de redução de emissões da firma; 0 R 0 R A Redução R Figura 7 Cálculo de uma taxa de emissão para um a firm a Se TM > CMR(R ) R 0 a firma escolhe reduzir CTR(R 0 ) = 0aR 0 ; Se TM < CMR(R ) R A a firma escolhe pagar t custo fiscal total = R 0 ab R A; Custos Totais da firma para cumprir a política ambiental = 0ab R A. Isabel Mendes ISEG/UTL 50
51 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(25) Subsídios Pigouvianos ( impostos negativos): pagam-se ao poluidores subsídios para reduzirem as emissões. Internalizam a externalidade positiva associada ao consumo de actividades de redução de emissões. Para ser eficiente: Subsídio = BMR( R ) Com BMR (R ) medido para o nível de output eficiente (Figura 8). Podem ser pagos sob a forma de subsídio com origem no Orçamento de Estado, taxas de depreciação mais rápidas para tecnologias limpas, diferenciação de impostos, reduções nos impostos, tudo o que possa incentivar as firmas a investirem na redução da poluição. Isabel Mendes ISEG/UTL 51
52 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(26) P * P 0 P 1 CMS(Q) Subsídio = Extern. positiva D 0 = BMP D 1 = BMS Valor do subsídio pago pelo governo CMS (Q) = Custo Marginal Social com a produção Q; BMS (Q) = Benefício Marginal Social com a produção Q; BMP(Q) = Benefício Marginal Privado com a produção de Q 0 Q 0 Q* Output Q Figura 8 Subsídio Pigouviano à produção de tecnologias limpas Isabel Mendes ISEG/UTL 52
53 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(27) Diferenças entre imposto(taxa Pigouviana) e taxas não Pigouvianas: Taxa não Pigouviana (taxas de uso, de acesso, administrativas, de recolha, de tratamento, municipais): são definidas como pagamentos associados ao uso recursos naturais ou de serviços prestados preços dos bens públicos; são decididas administrativamente, por qualquer organismo governamental ou de utilidade pública; não estão integradas no orçamento de Estado. Impostos e taxas Pigouvianas: São ferramentas da política orçamental e fiscal criadas não como pagamento de serviços mas como veículo de recolha de fundos financeiros e de promoção de equidade social; só os impostos e taxas Pigouvianos podem ser genericamente interpretados com sendo taxas propriamente ditas; São parte integrante do Orçamento de Estado. Isabel Mendes ISEG/UTL 53
54 2 Instrumentos Fiscais e Subsídios(28) Diferenças dos impactes dos impostos versus subsídios: Em termos de eficiência económica estática ambos são igualmente eficazes e custo-eficientes; Os impostos são politicamente mais controversos; Em termos dinâmicos, os subsídios podem gerar um efeito contrário ao pretendido: sector subsidiado sector atractivo + firmas + output + poluição; Os subsídios (excepção aos Pigouvianos) violam o PPP: toda a sociedade suporta os subsídios; mas os impostos são suportados apenas pelo produtor/consumidor de produtos poluentes. Isabel Mendes ISEG/UTL 54
55 3 Instrumentos Financeiros (29) Instrumentos Financeiros (doações, revolving funds, green funds, incentivos à re - afectação, empréstimos com juros bonificados): Distinguem-se dos impostos e subsídios porque: Não fazem parte do Orçamento de Estado; São financiados através de ajuda externa, empréstimos externos, linhas de crédito para o ambiente, etc. São preferidos aos anteriores por motivos políticos para se evitarem problemas de déficit orçamental. Têm efeitos semelhantes aos subsídios e aos sistemas de incentivos baseados em impostos. Isabel Mendes ISEG/UTL 55
56 3 Instrumentos Financeiros (30) Vantagens\Desvantagens: São incontornáveis numa política ambiental com objectivos do tipo second best; politicamente aceites; Mas numa política ambiental com objectivos de eficiência, não são adequados, sendo preferível corrigir as imperfeições no mercado de capitais, afectar o orçamento eficientemente e praticar a política do preço social em oposição ao tradicional preço privado. Isabel Mendes ISEG/UTL 56
57 4 Sistemas de Depósito com Devolução (31) Sistemas de Depósito com Devolução: são instrumentos económicos que transferem a responsabilidade de controlar a poluição para os produtores e consumidores, os quais ficam responsáveis pelos danos que venham a acontecer. Aplicações: embalagens, baterias e sucata, plásticos, resíduos perigosos, computadores, electrodomésticos. Isabel Mendes ISEG/UTL 57
58 4 Sistemas de Depósito com Devolução (32) Como é aplicado: é aplicada uma taxa que tem de ser paga adiantadamente (depósito), respeitante ao dano potencial; o retorno (a devolução) da taxa fica garantido se se confirmar que os resíduos foram convenientemente recolhidos e tratados (Figura 9). Vantagens: - combina as características de incentivo, que tem uma taxa de emissão - depósito, que está incorporada num mecanismo de controle de custos de monitorização - devolução; - Uma vez aplicado, os incentivos funcionam com fiscalização mínima; incentiva ao uso mais eficiente de matérias-primas; - Muito usado para diminuir a diferença entre os custos privados/sociais dos lixos. Incentiva comportamentos responsáveis a baixo custo. Isabel Mendes ISEG/UTL 58
59 4 Sistemas de Depósito com Devolução (33) CMS(R) CMP(R) + Depósito ab = valor do depósito =custo marginal externo medido ao nível de deposição de resíduos eficiente; 0 b a Q R * Q R0 CMP(R) BMS(R ) = BMP(R ) 100% Figura 9 Sistema de Depósito-Devolução no Mercado dos Resíduos Sólidos Q R0 Q R* = quantidade de resíduos reciclados Resíduos Sólidos Incorrectamente Depositados (%) CMP(R )= custos com a recolha de lixos + custos com a deposição ilegal de resíduos recicláveis (gastos com recipientes, taxas pagas a sucateiros, benefícios perdidos por não ter optado pela reciclagem); CMS(R ) = CMP (R ) + CME(R ); BMP(R ) = procura de resíduos mal depositados; Isabel Mendes ISEG/UTL 59
60 4 Sistemas de Responsabilidade Social (34) Sistemas de Responsabilidade Social: internalizam as externalidades, criando as condições para que os poluidores auto-regulem os seus comportamentos não sustentáveis. Baseiam-se no mecanismo de Regateio (bargaining) defendido por Coase [TEXTO ANEXO],como sendo uma forma eficiente de internalizar os custos externos. Acordos Voluntários: baseiam-se em acordos feitos entre diferentes agentes que se comprometem a cumprir determinadas normas ambientais. Isabel Mendes ISEG/UTL 60
61 4 Sistemas de Responsabilidade Social (35) O governo cria condições para reduzir os custos e os impedimentos do regateio: Definindo claramente direitos de propriedade (se possível); Criando uma estrutura institucional que facilite o diálogo (como acontece para as questões de Trabalho); Assumindo parte da responsabilidade na monitorização do problema ambiental (identificação dos poluidores; fornecendo informação entre as partes); Garantindo o acesso ao sistema judicial. Isabel Mendes ISEG/UTL 61
62 4 Sistemas de Responsabilidade Social (36) Aplicado na regulação de problemas de poluição transfronteiriça, quando não existem instituições soberanas supra-nacionais: emissões de gases com efeitos de estufa; recursos piscatórios; protecção da biodiversidade; recursos hídricos. Desvantagens: Problemas relacionados com a ausência e/ou dificuldade de aplicar os direitos de propriedade; Não funciona com um grande número de intervenientes; Não funciona se a poluição tiver várias origens; Problema de informação: é difícil identificar os actores e as origens e a dimensão dos danos ambientais; Inaplicável inter-geracionalmente. Isabel Mendes ISEG/UTL 62
Instrumentos Econômicos: Tributos Ambientais.
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