CASA LP. Implantação e Partido Formal. Local: São Paulo Ano: 2012 Escritório: METRO Arquitetos Associados Autoria: Mariana Samurio

Transcrição

1 CASA LP Local: São Paulo Ano: 2012 Escritório: METRO Arquitetos Associados Autoria: Mariana Samurio Implantação e Partido Formal A casa LP está localizada na cidade de São Paulo e possui um caráter urbano, vinculando o uso regular unifamiliar a um espaço de trabalho, localizado no segundo pavimento. Inserida num terreno de formato triangular de esquina, com desnível a leste, a implantação da residência fica bastante limitada, ocupando a sua porção mais extensa e plana, ao norte. (Figura 1). Figura 1: Esquema da implantação e corte longitudinal da Casa LP. Duas barras horizontais, paralelas e tangentes, assumem a orientação noroeste-sudeste. Na barra mais estreita e orientada a sudeste, estão organizados os elementos de composição irregulares e de permanência temporária - como cozinha, banheiros e closets. Os ambientes sociais e os dormitórios ocupam a barra mais larga, que se volta para a orientação mais favorável (noroeste). Nesta fachada, as aberturas se dilatam entre os planos do teto e do piso, configurando uma grande abertura, que é emoldurada em O pelos demais planos opacos do volume (Figura 2). Área social e quartos Elementos irregulares Poente Nascente

2 Figura 2: Esquema da orientação solar, vista da fachada frontal envidraçada e esquema de fechamento em U. O partido formal é aditivo, composto por três volumes retangulares dois no primeiro pavimento e um no segundo. Os três volumes são organizados de forma linear, sendo o volume do segundo pavimento disposto de modo perpendicular aos demais. O volume a sudeste ganha expressão compositiva por exceder o volume principal nas laterais, bem como o volume superior, que configura balanços em três de suas faces. (Figura 3). Volume segundo pavimento Volume primeiro pavimento Volume posterior Figura 3: Esquema da volumetria. Configuração funcional Toda a casa funciona no pavimento térreo, sendo o segundo pavimento o escritório, que foi construído posteriormente, e possui, inclusive, acesso independente da casa. Os elementos irregulares citados anteriormente, como cozinha, banheiros e closets, são agrupados no perímetro externo da edificação, criando uma linha circulatória centralizada, que é somente sugerida através do layout dos móveis na parte social e especializada na parte íntima. A residência não possui hall, sendo necessário atravessar a área social para acessar tanto a cozinha como a área íntima (Figura 4).

3 É possível, ainda, relacionar os volumes com usos específicos. No volume principal, a zona íntima e social estão organizadas em faixas; no volume posterior, os serviços e apoios; e no volume do segundo pavimento, o escritório. Circulação sugerida Circulação especializada Espacialidade Figura 4: Esquema da circulação e perspectiva interna da circulação sugerida. Ao entrar no lote, o visitante já tem noção do que está por vir, pois a fachada envidraçada revela a sequência dos ambientes da residência. Da porta de entrada, sem a barreira de qualquer hall, vislubra-se que o ambiente que sucederá tem grandes proporções, dilatadas pela grande abertura que liga, física e visualmente, o interior com o exterior. Anucia-se que grande parte da vida familiar acontece na parte social, pois a cozinha, a sala e a copa são integradas (Figura 5). Figura 5: Vistas da entrada do lote, entrada de acesso à casa e logo após entrar na residência, respectivamente.

4 A configuração da casa é horizontalizada, reforçada pelos planos contínuos do forro e do piso. Essa configuração, junto com o layout do mobiliário e a posição dos acessos nos extremos, sugerem que o percurso a ser seguido é de um extremo ao outro da residência, de forma linear. Contudo, a fachada envidraçada a noroeste, que puxa o visitante para a borda externa dos ambientes, e os diversos percursos sugeridos pelo mobiliário, causam uma tensão multidirecional na sala, sem que haja um ponto focal específico. (Figura 6). Figura 6: Tensão multidirecional e perspectiva interna da fachada envidraçada (posição indicada pela seta azul). Na área íntima, a permeabilidade e facilidade de antecipação dos ambientes se perde. O corredor, com uma sequência de portas e pouca iluminação, facilita a dedução de que ali estão os quartos e banheiros e que esta é uma zona de passagem (Figura 7). Figura 7: Vista para zona íntima.

5 Até então, a residência não propiciou imprevistos ao seu visitante. O que pode surpreender (ignorando que já tenha visto a casa pelo exterior) são as aberturas avantajadas dos dormitórios para o jardim, trazendo muita luz e uma ótima vista para os quartos. Essas aberturas trazem certo dinamismo ao ambiente, ainda que suas proporções e uso sugiram uma relação mais estática (Figura 8). Dessa forma, percebe-se que os ambientes da zona social (cozinha, estar e jantar) têm uma relação mais aberta e dinâmica, pois a integração dos ambientes permite diversos percursos e acessos. Já na zona íntima, a relação entre os ambientes é mais fechada e estática, pela questão da privacidade. Conclusão Figura 8: Tensão unidirecional no dormitório. A Casa LP possui uma tipologia linear adotada como uma resposta aos condicionantes, como a topografia e a orientação solar. O arranjo tipológico é previsível, transgredido pelo arranjo do volume do segundo pavimento e pelo tratamento da grande abertura a noroeste, que proporciona grande dinamismo nos percursos e visuais.