RESIDÊNCIA BROOKLIN. Implantação e Partido Formal

Transcrição

1 RESIDÊNCIA BROOKLIN Local: SÃO PAULO, SP Ano: Escritório: SIAA Autora: Amanda Monteiro dos Santos, Wilton Medeiros e Ana Elísia da Costa Implantação e Partido Formal A Residência Brooklin localiza-se no bairro Cidade Monções da cidade de São Paulo-SP. Projetada no ano de 2004 pelo escritório SIAA, a casa foi construída em A sua implantação em lote estreito, alongado e de meio de quadra condiciona o estabelecimento de relações com edifícios vizinhos, e, por consequência, com o tecido urbano. Neste sentido, observa-se que o partido arquitetônico adotado volume compacto de dois pavimentos, com recuo frontal e afastamento em relação a uma das divisas laterais - dialoga com a tipologia edificada do seu entorno. Na maquete disponibilizada pelo escritório, há previsão de uma pequena edícula a ser construída nos fundos do lote. (Figura 1) (a) (b) (c) Figura 1: Implantação e volumetria. Casa Brooklin SP, SIAA Fonte: (a e b) SANTOS, Amanda Monteiro dos, 2015; (c) O volume compacto de base retangular sofre operações de subtração que não comprometem visualmente a sua integridade original. Nas duas fachadas transversais, um pequeno recuo é proposto entre os dois pavimentos, sendo arrematado pela platibanda contínua. No segundo pavimento, o recuo é novamente preenchido por dois pequenos volumes: na fachada frontal, pelo volume dos armários dos quartos (em azul) e, na fachada posterior, pelo volume da sacada (em vermelho). (Figura 2)

2 Figura 2: Tratamento das fachadas frontal e posterior. Casa Brooklin SP, SIAA Na fachada longitudinal, duas pequenas subtrações configuram rasgos verticais no volume, onde estão dispostas as portas que dão acesso ao recuo lateral (pavimento inferior) e à escada externa que conduz ao terraço da cobertura. (Figura 3) Figura 3: Tratamento da fachada longitudinal da Casa Brooklin SP, SIAA Assim, as fachadas frontal e posterior se mostram mais permeáveis ao exterior, contrapondo -se à fachada lateral que é mais fechada, prevalecendo nela os cheios sobre os vazios. Esta atitude pode revelar uma tentativa de garantir a privacidade dos moradores em relação aos vizinhos. Por outro lado, o tratamento envidraçado e simétrico das fachadas noroeste (frontal) e sudeste (posterior) evidencia que as visuais para o exterior são priorizadas no projeto em relação aos condicionantes impostos pela orientação solar. (Figura 4) Figura 4: Composição das fachadas frontal e posterior. Casa Brooklin SP, SIAA

3 Deve-se mencionar ainda o tratamento das pequenas janelas que rasgam sutilmente o volume, destacando as janelas de canto da cozinha (no pavimento inferior) e do banheiro (no pavimento superior), fazendo prevalecer o efeito das superfícies pesadas contrapostas às superfícies envidraçadas dos recuos nas fachadas frontal e posterior. (Figura 5) Figura 5: Janelas de Canto. Residência Brooklin SP, SIAA Fonte: SANTOS, Amanda Monteiro dos Configuração Funcional A casa obedece a um zoneamento por níveis. No térreo, encontram-se os setores sociais e de serviços e, no piso superior, o setor íntimo, Nos dois pavimentos, a casa é organizada em duas faixas longitudinais que guardam a proporção de 2:1. Na faixa menor, voltada para o recuo lateral, estão dispostos os elementos irregulares de composição, como banheiros e serviços, o que garante a fluidez da planta na faixa maior, orientada no sentido frente-fundos. No pavimento superior, um vazio central organiza o arranjo dos quartos, ficando com a mesma proporção dois quartos voltados para a fachada frontal e a suíte do casal para a fachada posterior, o que lhe proporciona maior privacidade em relação aos vizinhos. Assim, é possível observar que um parâmetro de proporção rege a ordem da planta. (Figura 6) elementos de composição irregulares parâmetros de proporção Figura 6: Elementos de composição irregulares e parâmetros de proporção. Casa Brooklin SP, SIAA

4 acesso social acesso serviço Conectam os ambientes entre si, bem como o recuo frontal e o pátio posterior, eixos de circulação longitudinais. Internamente, na faixa maior, a circulação é sugerida na periferia da planta, conectando diretamente o recuo frontal e o pátio posterior e fazendo a ligação com a escada que conduz ao pavimento superior. Na faixa menor, a circulação é especializada e centralizada. Conectando as circulações das duas faixas, são definidos dois pequenos eixos transversais que, no pavimento inferior, ligam a casa ao recuo lateral e, no pavimento superior, conduz à escada externa que leva ao terraço da cobertura. (Figura 7) acessos eixos longitudinais de circulação eixos transversais de circulação Figura 7: Eixos de circulação. Residência Brooklin SP, SIAA Espacialidade Pela ausência de hall, a pequeno recuo da fachada frontal funciona como o espaço de transição entre o interior e o exterior. Dali, a grande pele de vidro antecipa a experiência espacial a ser vivenciada na sala e até no pátio, aos fundos do lote. (Figura 8) Figura 8: Espacialidade no espaço de transição. Residência Brooklin SP, SIAA O ingresso na sala revela um espaço dinâmico. As duas superfícies translúcidas transversais e a amplitude vertical do mezanino definem diferentes pontos focais, consolidando assim uma tensão multidirecional. (Figura 9).

5 Figura 9: Espacialidade da sala. Residência Brooklin SP, SIAA A passagem do pavimento inferior para o superior promove uma gradativa compressão espacial, indo do vazio do mezanino, com dimensões e pé-direito ampliados, para o estreito corredor que leva ao banheiro e ao suíte. Essa experiência é acentuada pelos distintos níveis de iluminação natural que incide nestes ambientes. (Figura 8) Figura 10: Espacialidade das circulações. Residência Brooklin SP, SIAA Fonte: SANTOS, Amanda Monteiro dos. 2015

6 O ingresso nos quartos de solteiro promove nova compressão espacial. Adentra-se num território privado, que se relaciona com o exterior somente através da pequena janela verticalizada. Pelo alinhamento da porta de acesso no quarto com esta janela, considera-se que este é o ponto focal do ambiente. (Figura 11) Figura 11: Espacialidade quarto de solteiro. Residência Brooklin SP, SIAA Essa experiência contrapõe àquela vivenciada no ingresso do suíte. Depois do longo percurso no corredor estreito, a experiência espacial é fortemente dilatada, quer pelas dimensões do quarto, quer pelo modo como ele se relaciona com o exterior, através da pele de vidro que se abre para a sacada. Assim, a natureza privada que normalmente caracteriza os quartos é aqui relativizada. (Figura 12) Figura 12: Espacialidade quarto de casal. Residência Brooklin SP, SIAA Fonte: SANTOS, Amanda Monteiro dos. 2015