BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 001/2015
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- Gabriel Henrique Faria Meneses
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1 SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 001/2015 Gerência de Doenças Imunopreveníveis e de Transmissão Respiratória COQUELUCHE \\ Acompanhamento dos casos até 53ª semana epidemiológica 2014 Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2015.
2 A coqueluche é uma doença infecciosa aguda de alta transmissibilidade, e uma importante causa de morbimortalidade infantil. É causada pela bactéria Bordetella pertussis. O homem é o único reservatório natural e ainda não foi demonstrada a existência de portadores crônicos. Não existe uma distribuição geográfica preferencial, nem característica individual que predisponha à doença, a não ser presença ou ausência de imunidade específica. É uma doença de notificação compulsória imediata (<24h para SMS e SES) em todo o território nacional, a partir da Portaria GM 1.271, 06 de junho de Trata-se de um agravo imunoprevenível que atualmente tem o esquema vacinal composto por três doses da vacina pentavalente (DTP+Hib+Hepatite B), introduzida no calendário básico de vacinação em agosto de 2012, a serem administradas no 2º, 4º e 6º mês de vida, dois reforços da DTP, sendo o primeiro aos 15 meses e o segundo, no 4º ano de vida. Mais recentemente (novembro de 2014) a vacina dtpa foi incluída ao calendário de vacinação de gestantes e para profissionais de saúde que atendam recém-nascidos nas maternidades e UTI s neonatais. A dtpa deve ser administrada a partir da 27ª semana até, preferencialmente a 36ª semana podendo ser vacinada até 20 dias antes da data provável do parto. A eficácia da vacina varia entre 75 a 80% para pertussis, porém a imunidade conferida não é permanente e decresce com o tempo. Em média, de 5 a 10 anos, sendo que após os 10 anos da última dose a proteção pode ser totalmente ausente. O cenário epidemiológico da coqueluche apresentou importante redução na incidência do número de casos a partir da década de 90, no entanto, mais recentemente esse cenário tem se modificado. No Brasil, em meados de 2011, a incidência da doença quadriplicou em relação ao ano anterior. A incidência vem sendo mantida em 2,8/ habitantes, até (BRASIL, 2014). Estima-se que ocorram por ano 50 milhões de casos de coqueluche no mundo, com cerca de 300 mil mortes, em sua maioria nos países em desenvolvimento, ocorrendo na maioria em lactentes não vacinados ou com esquema incompleto de vacinação. No Estado do Rio de Janeiro (ERJ), a evolução da coqueluche comportou-se de forma semelhante ao cenário nacional. A partir de 2011, observa-se um crescimento no número de notificações, assim como no número de casos confirmados, com um crescimento ainda maior no ano de 2012, seguido de queda em 2013 e 2014, possivelmente decorrente de: a- subnotificações da doença, devido ao seu aspecto clínico ser confundido com outras complicações respiratórias; b- dificuldade de confirmação da doença através do diagnóstico laboratorial (cultura); c- mudanças cíclicas no padrão de incidência natural da doença. Diante dessas hipóteses, reforça-se a necessidade de sensibilização dos profissionais para notificações dos casos. Abaixo, apresentamos um gráfico comparativo da evolução de número de casos de coqueluche com a cobertura vacinal das vacinas que contém o componente pertussis, a qual vem se mantendo na meta de 95% preconizada pelo Programa Nacional de Imunização, com exceção de 2014 em função dos dados serem referentes apenas até 13/11/14 (SE 46). 2 P á g i n a
3 Casos e Cobertura BOLETIM EPIMIOLÓGICO 001/2015 Casos confirmados e cobertura vacinal de DTP, Pentavalente e Dtpa. ERJ, * CASOS CV Anos Em 2014, considerando todas as Semanas Epidemiológicas, foram notificados 338 casos com confirmação de 103 casos, sendo 1 óbito. Dentre os municípios com casos confirmados, o que concentrou o maior número foi o Rio de Janeiro (59 casos), porém, quando se analisa os municípios de acordo com a incidência, destaca-se o município de Italva com um coeficiente de 41% (6 casos). A incidência da doença em todo o Estado é de 0,6/ habitantes. O gráfico abaixo apresenta as regiões do ERJ com seus respectivos coeficientes de incidência. Coqueluche: Coeficiente de Incidência por Região de Saúde. ERJ, 2014* Baixada Litorânea Norte Metro I Metro II Noroeste Centro Sul Serrana Médio Paraíba A relação da faixa etária com a ocorrência do agravo é observada no Brasil, assim como em outros países, com um acometimento maior entre crianças menores de um ano de idade (cerca de 70%), sendo a maioria dos casos 3 P á g i n a
4 ocorridos nas crianças menores de três meses, em virtude de não terem recebido o esquema mínimo de vacinação (três doses da vacina Pentavalente). Neste ano, dos 103 casos confirmados no ERJ, 75 ocorreram em menores de 1 ano de idade, sendo o único óbito registrado por coqueluche ocorrido em uma criança de dois meses de idade. O gráfico abaixo apresenta a distribuição dos casos confirmados de acordo com os meses de vida em menores de um ano. 25 Coqueluche: casos por meses de vida. ERJ, 2014* Casos 5 0 <1M 1M 2M 3M 4M 5M 6M 7M 8M 9M 10M 11M 12M 4 P á g i n a
5 No que se refere à sazonalidade da doença no Estado, vemos um comportamento compatível com o esperado, com maior ocorrência nos meses com temperatura mais alta. No gráfico abaixo, observa-se que os meses de janeiro e fevereiro tiveram maior número de casos confirmados, com discreto aumento entre junho e julho, período que antecede a estação da primavera. Após esse período também se observa um aumento no mês de outubro Coqueluche: casos confirmados por mês de início dos sintomas, ERJ 2014* JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Casos Referente aos critérios de confirmação para coqueluche de 2011 a 2014 identifica-se que este foi majoritariamente clínico com 79% (81) dos casos, enquanto que o critério laboratorial foi utilizado em 9% (9) dos casos e o critério epidemiológico em 12% (13) dos casos. O critério de confirmação considerado atualmente como padrão ouro é a cultura, com pesquisa de isolamento da bactéria Bordetella Pertussis. Porém, apesar de o Estado contar com o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio de Janeiro (LACEN-RJ), que realiza este método para todos os municípios, ainda temos uma quantidade pequena de casos confirmados por este critério. Alguns fatores interferem na positividade da cultura como, por exemplo, a coleta realizada de casos em uso de antibiótico há mais de três dias, falhas na coleta de secreção nasofaríngea, armazenamento e transporte de material para exame. Em relação aos óbitos, no período de 2011 até a SE 53 de 2014, ocorreram 24 deles pela doença, sendo todos em menores de seis meses, distribuídos pelos seguintes municípios de residência: 9 no Rio de Janeiro seguido de 4 em Duque de Caxias, 3 em Nova Iguaçu, 3 em São Gonçalo, 1 em Barra do Piraí, Itaboraí, Magé, Nova Friburgo e Três Rios, respectivamente. No ano de 2014, de um total de 338 casos notificados, somente 112 tiveram amostras enviadas para confirmação laboratorial, sendo apenas 01 caso confirmado por este critério. Em levantamento feito junto ao LACEN- RJ, detectamos que em um período de um ano (outubro de 2013 a outubro de 2014), foram recebidas 306 amostras de casos suspeitos e contactantes. Dessas, apenas em uma amostra houve crescimento da bactéria. Este resultado sugere dificuldade no diagnóstico laboratorial motivado por diversos fatores ainda a serem analisados. Inicialmente, apontamos que do conjunto de amostras recebidas no LACEN_RJ, cerca de 30% estavam com inconformidades relacionadas à coleta, uso de antibiótico, transporte e armazenamento de material. Para tentar reverter este quadro, 5 P á g i n a
6 algumas estratégias vêm sendo realizadas como reunião com o LACEN-RJ, reuniões com alguns municípios visando atualização e treinamento de coleta, armazenamento e transporte das amostras. Conclusões e Recomendações Diante do cenário de crescimento do número de casos de coqueluche a nível mundial, e do agravamento da doença principalmente em menores de um ano, ressaltamos a importância das ações de vigilância epidemiológica, com notificação imediata e investigação de todo caso suspeito da doença, com subsequentes medidas de controle e assistência adequada. Além disso: Atentar para as mudanças presentes no Guia de Vigilância Epidemiológica (2014) referentes aos novos esquemas terapêuticos e quimioprofiláticos, definição de caso suspeito e critérios de confirmação da coqueluche:< Registrar no campo observações da FIE os exames complementares (leucograma, RX de tórax); Atentar para o fechamento oportuno e correto da FIE junto ao SINAN; Atentar para informações de diagnóstico laboratorial e coleta de secreção nasofaríngea (vide anexo A, pág. 102 e 103 do Guia de Vigilância Epidemiológica GVE, Ressalva: no Guia de Vigilância Epidemiológica, 2014 onde se lê coletar um swab de cada narina, leia-se coletar swab apenas de uma narina. Em ocasião da coleta de swab nasofaríngeo de comunicantes íntimos, registrar no campo observações da FIE, os nomes dos mesmos para localização no GAL; Em caso de dúvidas, entrar em contato com o Laboratório Central Noel Nutels, cujo endereço é: Rua do Resende, 118, Centro, Rio de Janeiro RJ. Tel; (21) /8597. Registrar a data de início da antibioticoterapia, assim como o antibiótico em uso na Ficha de Investigação Epidemiológica (FIE) e na ficha de envio de amostra ao LACENN; Intensificar ações de vacinação de rotina de menores de 7 anos, com ênfase aos reforços com 15 meses e 4 anos. Atentar para adultos com tosse persistente, haja vista que nesta população é comum a ocorrência de casos oligossintomáticos, provavelmente subnotificados e atuando como importantes transmissores e mantenedores da circulação deste agravo. Levando em consideração os dados levantados a respeito do baixo diagnóstico laboratorial para confirmação de casos, disponibilizamos abaixo um quadro de orientação para dar suporte às unidades de VE na realização do processo de coleta, armazenamento e transporte de material para exames. Quadro 1: Orientações para coleta, identificação, conservação e transporte de amostras para diagnóstico laboratorial de Coqueluche: Identificação da amostra Método Sítio de coleta Período de coleta Método de coleta Nome, idade, data de coleta e identificar se caso suspeito ou comunicante; Cultura Nasofaringe - (Amostras de swab nasal ou de orofaringe são inadequadas) Antes do início do ATB ou até 3 dias após a instituição Utilizar 1 swab alginatado fino com haste flexível (de 1 narina); retirar os tubos com meio de transporte (Reagan-Lowe) da geladeira e esperar atingirem 6 P á g i n a
7 Armazenamento e conservação Transporte temperatura ambiente; introduzir swab na narina até encontrar resistência na parede posterior da nasofaringe, realizando movimento rotatórios. Após coleta, estriar o swab na superfície inclinada do meio de transporte e introduzir na base do meio de transporte (tubo). Não refrigerar a amostra colhida (geladeira ou freezer). Conservar em temperatura ambiente ou não sendo possível o envio imediato, conservar em estufa em 35 a 37 C por 48h até o envio. Amostra enviada no dia em que foi coletada: enviar a amostra à temperatura ambiente (caixa sem gelo); Amostra enviada após incubação em estufa a C: enviar a amostra sob refrigeração entre 2 e 8 C (caixa com gelo reciclável) Referências Bibliográficas BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 7 ed. Brasília-DF : Ministério da Saúde, BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 8 ed. Brasília-DF : Ministério da Saúde, BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe Técnico para Implementação da Vacina Adsorvida Difteria, Tétano e Coqueluche (Pertussis Acelular) tipo adulto dtpa. Brasília-DF: Ministério da Saúde, Elaboração: Vigilância Epidemiológica da Coqueluche: Técnica: Valéria Rodrigues Residente em Saúde Coletiva: Ciane dos Santos Rodrigues tetano@saude.rj.gov.br Revisão: Gerência da Vigilância das Doenças Imunopreveníveis Responsável: Itacirema Bezerra ita.bezerra23@gmail.com Endereço: Rua México, 128 Sala 409 Castelo Rio de Janeiro-RJ Tels.: (21) / P á g i n a
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