Pombos urbanos: biologia, problemas, manejo e controle. por Maria Luisa Marinho de Noronha (Marilu de Noronha)
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- Ayrton Caldas Stachinski
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1 Pombos urbanos: biologia, problemas, manejo e controle. por Maria Luisa Marinho de Noronha (Marilu de Noronha)
2 Columba livia var. domestica Ave, Columbiformes, Columbidae (289 spp.) em cerca de spp. de aves existentes; Os columbiformes têm de mais 20 milhões de anos de história evolutiva no planeta; 23 spp no país, sendo 22 nativas; Habitat original de C. livia: mediterrâneo Introduzido no Brasil no século XVI; C. livia foi domesticada há mais de anos no antigo Egito;
3 Os pombos no mundo Foram utilizados como pombos-correio até o início do séc. XX (pombais militares), também em competições de tiro; Hoje: pombos de corrida (criadores no mundo todo e alto valor zootécnico), pombos para consumo humano, para pesquisa científica e obtenção de variedades para exposição; Inspiraram Charles Darwin (seleção artificial > seleção natural).
4 Aspectos biológicos Aves oportunistas e onívoras, adaptadas às cidades; Machos fêmeas; Coloração variada, alguns c/ plumagem selvagem; Cerca de 40 cm de comprimento x 45 cm de envergadura de asa; Andar característico; Bebem por sucção; Os casais permanecem unidos por toda vida; Após o acasalamento, o macho traz material (gravetos, palha) e ambos fazem o ninho com suave depressão e mal acabado; Fezes, penas e restos são incorporados ao ninho com o tempo; 2 ovos por postura (5 a 6 por ano).
5 Pombos arrulham; Incubação dura de dias; Ambos chocam (fêmea só no meio da manhã e no fim da tarde); Alimentados inicial/ com leite de papo (puro, 5 dias + 5 dias de dieta mista); Voam com dias; Aprendem com os pais e jovens do bando; Seguem com os pais até os 45 dias de vida; Tornam-se sexualmente ativos entre os 4 e os 8 meses; Quando podem, ficam no território onde nascem; A área de alimentação pode ser longe dos poleiros, ninhos, banhos e bebedouros; Alto índice de natalidade e de mortalidade; 57% não sobrevivem ao primeiro ano de vida; Em cativeiro e em vida livre vivem de 10 a 30 anos; Nas cidades: de 2 a 4 anos; Fartos recursos no ambiente explosão demográfica; Interferência humana hábitos alterados.
6 Os problemas Danos a estruturas e superfícies pintadas, metálicas e de alvenaria; Danos a equipamentos, alguns sofisticados; Obstrução de calhas e dutos de ventilação; Contaminação de cereais em silos; Barulho que incomoda no forro das casas; Imundice em áreas públicas e privadas; 2,5 kg excrementos/ pombo/ano; Invasão de recintos de outros animais; Transmissão de doenças a pessoas e a estoques de aves de granja, zoos e criadouros.
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11 Transmissão de doenças Assunto polêmico: Representantes da proteção animal (radicais) se revoltam quando veterinários tocam no assunto; Como as zoonoses costumam ser sub-notificadas, mal aparecem nas estatísticas da OMS (principalmente, as transmitidas por aves); Doenças próprias das aves prejuízo econômico, perda de aves de granja, criadouros e zoológicos; Zoonoses e doenças compartilhadas problema de saúde pública.
12 Zoonoses e doenças comuns (homem & aves) São conhecidas mais de 40 viroses e 60 doenças transmissíveis atribuídas a aves e a seus excrementos; Há poucos trabalhos publicados sobre casos humanos; Nem sempre é possível comprovar a participação da ave na cadeia de transmissão; Os riscos de contrair doenças com os pombos são menores do que é alardeado, mas existem, principalmente para indivíduos imunodeprimidos ou imunossuprimidos; Merecem destaque: a Criptococose, a Chlamydiose, a Salmonelose e as alergias.
13 As alergias Agentes: poeira com resíduos orgânicos (penas, plumas, escamas de pele, secreções corporais, pó das penas, excrementos) e exposição aos ectoparasitos de animais (ácaros de pele e pena, carrapatos, piolhos, pulgas e moscas) Fonte: aves, em especial, os pombos porque chegam perto demais das janelas, das caixas de ar condicionado onde há pessoas alérgicas; Sensibilização: pela inalação, pelo contato com os agentes irritantes e pela picada dos ectoparasitos;
14 Patologias: podem produzir diversos sintomas, que vão desde irritação e pruridos na pele e corizas, até sufocação por edema de glote. É comum a bronquite asmática alérgica, principalmente em crianças e idosos; Pessoas com doença pulmonar crônica podem sofrer muito com a proximidade das aves; Como evitar: impedir o acesso dos pombos aos beirais, janelas etc, e manter limpos os aparelhos de ar condicionado (sempre umedecendo as superfícies antes de limpar).
15 Ainda sobre doenças Vem aumentando o relato de casos de infestação de lares por Dermanyssus gallinae, um ácaro que vive nas camas e ninhos de galinhas e de outras aves de granja ou silvestres. À noite, o ácaro se alimenta do sangue das aves. As pessoas picadas durante o sono podem desenvolver urticária papular; os ninhos com excrementos, penas, plumas, aves mortas também atraem insetos e ratos, que podem invadir as residências anexas e/ou exalar mal-cheiro. Atenção! O pombo não transmite a Toxoplasmose para o homem (salvo se ele mesmo apresentar cistos do protozoário e for comido semi-cru).
16 Outras zoonoses transmitidas por aves são motivo de preocupação, embora sejam raras e/ou ainda não tenham sido registradas no país ou em certas regiões do país; São apresentadas como um alerta para todos os que lidam com aves e venham a encontrar, de uma hora para outra, aves morrendo em quantidades acima do esperado. São elas: Influenza Aviária (H5N1) e a Febre do Nilo Ocidental.
17 Sempre ouço a pergunta: Se essas doenças também podem ser transmitidas por outros animais, porque tanto alarde em relação aos pombos? Porque os pombos são os aves de vida livre que, no meio urbano, mais se aproximam das pessoas, ficando perto o bastante para veicularem doenças, mas em locais de difícil acesso para limpeza. Há casos de pombos que invadem cozinhas, comem nas mesas e no fogão. Frequentam as mesas dos bares e algumas pessoas até estimulam este comportamento.
18 Os Pombos e a pesquisa científica No Rio de Janeiro, as queixas sobre pombos começaram a chegar aos órgãos de saúde no final dos anos 90; No mundo, o problema é bem mais antigo; Já nos anos 60, os pombos eram vistos como pragas em Londres, em Veneza, em Barcelona etc; A pesquisa científica e o controle de pombos: (a) os trabalhos de C. J. Feare (1985, 1986, 1990 e 1991) sobre o controle de pombos com técnicas humanitárias; (b) nos estudos Daniel Haag, na Basileia, Suíça, a prova definitiva que: FEEDING PIGEONS IS ANIMAL CRUELTY.
19 Por que é crueldade alimentar pombos? Pombos em superpopulação vivem menos e e vivem mal; Pombos superalimentados procriam mais e mais... Pombos alimentados nas praças tornam-se preguiçosos e comem pior (menor variedade de itens, dieta não balanceada), embora comam muito (pombo mendigo x pombo caçador); Perfil dos alimentadores de pombos (Weber et al, 1994): mulher, idosa e solitária.
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21 Pombos em superpopulação Vida estressante: Disputa por alimentos (no lugar da caça sadia); Disputa por abrigos e poleiros ideais; Disputa pelos nichos de nidificação; Intensa troca de doenças e traumatismos (pisoteio); Queda da qualidade de vida (curta e sofrida); Escravidão à generosidade humana (o mais cruel). Na Suíça, alimentar pombos tornou-se um tabu (em quatro anos, 50% de redução). Em Londres, foi proibido em No Rio de Janeiro (há novidades)
22 Por que é tão difícil controlar pombos no Brasil?
23 Controle & manejo de pombos 1) O controle da população de pombos: visa reduzir, e manter baixo, o número de pombos nas cidades. É um problema de governo (com vontade política e coragem para agir); 2) O manejo de pombos: Visa a exclusão dos pombos de áreas onde vêm causando problemas. É um trabalho para empresas de controle de pragas. Sempre vai haver.
24 Controle de pombos: as queixas Chegam de formas diversas: telefonemas, queixas formais nas RA(s), pessoalmente, disque-denúncia, ouvidorias, através de outros órgãos, [em breve, pelo 1746]; Quando há provedores (alimentadores): tentar conseguir nomes e endereços; Mapear as queixas: quais as áreas da cidade onde o problema é mais sério (banco de dados); Censos nos locais onde for agir.
25 Os censos Em praças, pátios e largos (lugares amplos tradicionais): as aves preferem se alimentar onde podem avistar se o perigo se aproxima; Contagem de hora em hora (das 5 à 17 horas, uma semana) das quatro faces laterais e o piso de um cubo imaginário. Não contar aves em voo; Fazer o gráfico para comparar com outros censos posteriores;
26 Controle de pombos: o que não se deve fazer 1) Usar técnicas de extermínio: não devemos porque são cruéis, impopulares e pouco efetivas (exige o abate de 80-90% dos adultos); 2) Usar armadilhas, capturar e soltar longe das cidades: pombos urbanos são espécie exótica ao país e poderiam competir deslealmente com as espécies nativas, com prejuízo destas. Isso, se não voltarem por conta própria para seus nichos que podem, também, ser ocupados por outros pombos; 3) Usar anticoncepcionais: caríssimos, perigosos para o meio ambiente, difícil controlar (dose eficaz dose letal).
27 Controle de pombos: o que os governos devem fazer 1) Ampla campanha educativa em todas as mídias preconizando a não alimentação das aves, explicando o porquê. Mostrando a protetores de animais (radicais) que esta é a técnica humanitária de maior aceitação no planeta. Se a redução é gradual, cai a taxa reprodutiva e os pombos reaprendem a caçar seu alimento (que sempre haverá nas grandes cidades). Em alguns anos, a população de pombos se reduzirá a níveis que os recursos naturais do ambiente suportam. A regulação populacional natural é o que acontece com as outras aves urbanas e nos ecossistemas. Intervenção humana pragas;
28 2) Divulgar amplamente, através de cartilhas e panfletos, os danos provocados pelos pombos e o que se deve fazer para evitá-los; 3) As páginas de órgãos de saúde de governo na INTERNET devem disponibilizar a orientação sobre o assunto; 4) Retirar ninhos ou os ovos dos ninhos, a cada duas semanas, nos prédios públicos, caso não possam ser utilizadas técnicas de exclusão;
29 5) Pesquisas de opinião pública para respaldar as suas ações (confrontar o radicalismo); 6) Criar legislação que proíba a alimentação dos pombos em áreas públicas, instituir multas e penas de limpeza de monumentos públicos para os renitentes; 7) Informar e preconizar os cuidados de higiene no desalojamento de forros e na limpeza de superfícies (uso de EPI);
30 8) Contatar provedores e orientá-los para não alimentar as aves. Deixar claro que não se aprova o uso de venenos, mas que é a teimosia dos que insistem em alimentar que fomenta a ação dos que envenenam as aves. Pedir a colaboração de todos. Principal argumento: columbiformes 20 milhões de anos, homens (hominídeos) 5 a 7 milhões; 9) Abordar os provedores e, caso haja legislação municipal punitiva, aplicar a lei aos alimentadores renitentes. Alimentar pombos é torná-los escravos da generosidade humana.
31 Quando for necessário fazer mais do que isso... IBAMA - Instrução Normativa N o 141/2006 (Fauna Nociva): Considerando a necessidade de ordenar os critérios de manejo e controle da fauna sinantrópica nociva... resolve: Art. 1º - Regulamentar o controle e o manejo ambiental da fauna sinantrópica nociva. 1º - Declarações locais e temporais de nocividade de populações de espécies da fauna deverão, sempre que possível, ser baseadas em protocolos definidos pelos Ministérios da Saúde, da Agricultura ou do Meio Ambiente.
32 IBAMA - Instrução Normativa N o 141 (continuação): 2º - Com base no protocolo referido no parágrafo anterior, populações de espécies sinantrópicas podem ser declaradas nocivas pelos órgãos federal ou estaduais do meio ambiente ou, ainda, pelos órgãos da Saúde e Agricultura, quando assim acordado com o órgão do meio ambiente. Art. 2º - Para os efeitos desta Instrução Normativa, entende-se por:... IV - fauna sinantrópica: populações animais de espécies silvestres nativas ou exóticas, que utilizam recursos de áreas antrópicas, de forma transitória em seu deslocamento, como via de passagem ou local de descanso; ou permanente, utilizando-as como área de vida; V - fauna sinantrópica nociva: fauna sinantrópica que interage de forma negativa com a população humana, causando-lhe transtornos significativos de ordem econômica ou ambiental, ou que represente riscos à saúde pública;
33 IBAMA - Instrução Normativa N o 141 (continuação): Art. 7º - Fica facultada ação emergencial aos Ministérios da Saúde e ao da Agricultura, no que diz respeito ao manejo ambiental e controle da fauna sinantrópica nociva, observadas a legislação e as demais regulamentações específicas vigentes. 1º - Ação Emergencial caracteriza-se pela necessidade premente de adoção de medidas de manejo ou controle de fauna, motivadas por risco de vida iminente ou situação de calamidade e deve ser comunicada previamente ao Ibama por meio de ofício, via postal ou eletrônica, de forma que lhe seja facultado indicar um técnico para acompanhar as atividades. 2º - As atividades e resultados das ações emergenciais devem ser detalhados em relatório específico encaminhado ao Ibama 30 dias após sua execução. Art. 8º - Fica facultado aos órgãos de segurança pública, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, o manejo e o controle da fauna sinantrópica nociva, sempre que estas representarem risco iminente para a população.
34 Manejo de pombos: o que cabe às empresas de controle de pragas 1) Exclusão mecânica: redes, telas, alvenaria, cortina de vento etc; 2) Dissuasão do pouso: geleias, líquidos e tintas repelentes, serpentina, espículas, arame porcoespinho, eletro-repulsão, fios de arame fino com molas tensoras, coroa-de-cristo (planta artificial) etc; 3) Desconforto ambiental: auditivos e visuais;
35 4) Susto: utilização de predadores treinados por falcoeiros (o IBAMA já autorizou); 5) Desalojamento de forros, higienização e desodorização: (enzimas digestoras, bactericidas e inseticidas); 6) Piscinas: rebaixamento do espelho d água ou elevação/inclinação (60º) da borda. 7) Observação: Qualquer produto, químico ou mecânico empregado, precisa ser seguro para as aves, meio-ambiente e homem. Precisa ser registrado na ANVISA.
36 Soluções de manejo (exemplos)
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39 A NOVIDADE Em outubro, INEA e COMLURB fecharam um convênio; 1 peça de teatro com 15 minutos de duração; Várias apresentações em cada uma das 30 praças escolhidas; Peça em DVD para distribuição para Secretarias de Saúde municipais em todo o estado. Enfoque: não fornecimento de alimentos aos pombos.
40 Mensagem (quase) final Sabendo que a observação de aves é uma atividade prazerosa, lúdica, educativa, que proporciona contato sadio com a natureza e belos ambientes, além de ser própria para todas as idades, recomendamos:
41 Dados para contato Maria Luisa M. de Noronha (Marilu de Noronha) Médica Veterinária e Bióloga, Mestranda em Epidemiologia em Saúde Pública na ENSP/Fiocruz, Pesquisadora colaboradora do Laboratório de Ornitologia, do Instituto de Biologia da UFRJ. Servidora da SMSDC do Rio de Janeiro, lotada no Unidade de Diagnóstico, Vigilância, Fiscalização Sanitária e Medicina Veterinária Jorge Vaitsman Av. Bartolomeu de Gusmão, 1120, São Cristóvão CEP Rio de Janeiro, RJ Tels: / / / Telefax: : marilunoronha@yahoo.com.br
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