O DISCURSO DE ANGELA MERKEL: A VERGONHA INESQUECÍVEL
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- Marcelo Fidalgo Sampaio
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1 2008/03/21 O DISCURSO DE ANGELA MERKEL: A VERGONHA INESQUECÍVEL Gilb erto Barros Lima[1] (Brasil) Diante da presença dos deputados do Parlamento de Israel, a chanceler alemã Ângela Merkel pronunciou um intrépido discurso (18/03/2008) onde reconheceu que é uma vergonha a ocorrência do Holocausto na Segunda Guerra Mundial. Embora, o fato histórico seja reconhecido pela sociedade mundial, o discurso de Merkel provou mais uma vez que a Alemanha tem sido um país preocupado, constantemente, em mudar essa imagem negativa de um doloroso passado. Ao longo do tempo, a realidade prova que o vergonhoso passado da Alemanha nazista decorreu de diversos problemas no âmbito político, econômico e principalmente numa questão racial contra o povo judeu e demais povos não integrantes da raça ariana. É importante sublinhar que Merkel é a primeira chefe de governo da Alemanha a ter a oportunidade de discursar no Parlamento de Israel; tendo em vista tal ocorrido, a chanceler alemã não omitiu diversas confissões de graves erros que foram cometidos pelo exército alemão (nazista) contra os judeus no período da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, o discurso pronunciado por Merkel, foi em hebraico, o conteúdo visava agradecer aos parlamentares israelenses pelo convite que lhe foi oferecido, no entanto, a continuidade de seu discurso ela o fez em sua língua nativa, o alemão propriamente dito. Naturalmente, nem todos foram favoráveis a Merkel, quando a chanceler discursou em alemão, neste instante houve o boicote de alguns deputados que protestaram pelo motivo de Merkel pronunciar no Parlamento em língua alemã, alegando ser a linguagem do Holocausto. Em um dos trechos pronunciados por Merkel, a chanceler afirmou que o assassinato em massa de seis milhões de judeus, feito em nome da Alemanha, trouxe sofrimento indescritível ao povo judeu, à Europa e a todo mundo. O shoah (termo usado pelos israelenses para designar o Holocausto) enche os alemães de vergonha. Para concretizar o emocionante discurso, Merkel enfatizou que: eu me curvo diante dos sobreviventes e diante de todos os que ajudaram a sobreviver. O rompimento com a civilização trazido pelo shoah não tem paralelos. Deixou feridas que ainda são sentidas hoje. Desta forma, a história se enriquece quando alguns erros dos passados são reconhecidos por autoridades como a chanceler Ângela Merkel, talvez a predominância do movimento neonazista seja consciente de que a civilização mundial não admitirá mais os fatos grotescos que mancham a índole de seus povos. Não se pode esquecer que, conforme Cardozo Jr (2005), os campos de concentração e de extermínio se constituíram no ápice do domínio totalitário pelo terror, onde os prisioneiros eram considerados indivíduos supérfluos para a sociedade em todos os aspectos possíveis. Existe uma confusão na interpretação dos vocábulos: Holocausto e Shoah, que merece ser explicado para diferenciar o significado entre ambos os termos. Conforme a explicação de Cardozo Jr, a diferenciação é descrita de que [...] o termo Holocausto, que não é utilizado por Hannah Arendt, não seria o mais adequado para definir o genocídio dos judeus na 2a Guerra; no entender do Rabino Henry Sobel, o termo Shoá seria o mais adequado, pois a palavra holocausto, usada na Torá, a Bíblia hebraica, para designar um ser vivo oferecido em sacrifício no altar do templo, é absolutamente inadequada para descrever o extermínio de 6 milhões de judeus pelos nazistas. Os judeus não foram oferecidos em sacrifício; foram simplesmente massacrados. (cf. HENRY Sobel, Deus nos ensina a escolher a vida, p.41-42). Para valorizar mais ainda a presença de Ângela Merkel no Parlamento de Israel, a chanceler alemã afirmou que a sua visita ocorre em um momento histórico, em consequência de Israel estar se preparando para a comemoração do sexagenário de sua fundação.
2 Com base no panorama geral sobre a visita de Merkel em Israel, a abrangência desse importante momento histórico aprofunda mais ainda as relações comerciais entre Alemanha e Israel, pois o país alemão é considerado o principal parceiro comercial de Israel no continente europeu. Outros assuntos como o programa nuclear do Irã serão discutidos e também consolidará a assinatura de um acordo bilateral para fortalecer os laços políticos, culturais, econômicos e de segurança, segundo a BBC. Quanto ao programa nuclear do Irã, o diário espanhol El País, publicou um trecho do discurso de Merkel onde a chanceler deixou claro que haverá el endurecimiento de sanciones en el Consejo de Seguridad, ou seja, nuestra responsabilidad histórica es parte fundamental de la política de mi país. La seguridad de Israel no es negociable. Se Irán consigue armas nucleares habrá consecuencias desastrosas. Tenemos que evitarlo. Em suma, o discurso da chanceler alemã Angela Merkel, no Parlamento de Israel, marcará profundamente as relações diplomáticas entre Alemanha e Israel, sendo que aos poucos as feridas causadas pela Segunda Guerra Mundial, possam ser deixadas para trás, mesmo que isso permaneça enraizado por muito tempo na mente dos dois povos. [1] Bacharel em Relações Internacionais (IBES) e Pós-graduando em Gestão de Negócios Internacionais (ICPG-Blumenau-SC); gbarroslima@yahoo.com.br 79 TEXTOS RELACIONADOS: 2012/08/26 EGIPTO. DA PRIMAVERA ÁRABE PARA A PRIMAVERA ISLÂMICA 2012/07/27 O TERRORISMO JIHADISTA NA EUROPA: ALGUMAS TENDÊNCIAS SOBRE RADICALIZAÇÃO E RECRUTAMENTO[1] Francisco Jorge Gonçalves[2] 2012/07/02 UM GOVERNO DE TRANSIÇÃO PARA A SÍRIA? 2012/06/12 INTERVIR MILITARMENTE NA SÍRIA? 2012/05/31 A ENCRUZILHADA EGÍPCIA 2012/05/05 A CIMEIRA DE CHICAGO E O RELACIONAMENTO TRANSATLÂNTICO 2012/02/20 O QUE PODE SALVAR ASSAD NO CURTO PRAZO 2012/01/17 A NOVA ESTRATÉGIA DE DEFESA DOS EUA E A EUROPA 2011/12/21 A TURQUIA E A ARÁBIA SAUDITA PERANTE A CRISE SÍRIA 2011/11/16 QUE DEVE SER FEITO EM RELAÇÃO AO IRÃO? 2011/09/23 PALESTINA, O ESTADO 194º DAS NAÇÕES UNIDAS?
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